tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post8989687593421661763..comments2023-12-08T08:38:41.871+00:00Comments on CyberCultura e Democracia Online: Travestis, Transgéneros e TransexuaisJ Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comBlogger53125tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-52528815196786752122011-06-15T18:10:46.028+01:002011-06-15T18:10:46.028+01:00Olá, preciso urgente ajuda para poder assumir minh...Olá, preciso urgente ajuda para poder assumir minha identitade crossdresser, sou casado mas adoro me vestir de mulher. Já tive algumas vezes a oprtunidade de sair as ruas travestido, e em algumas delas chamei tanto a atenção que terminei por aceitar fazer programa remunerado cheguei a ganhar 300,00 em uma noite e gostei muito, preciso encontar parceira que tenha esse mesmo tesão preciso também de alguém que possa doar uma peruca preta de cabelos longos, pode ser sintética aceito propostas de homens que queiram curtir uma gostosa relação, sou completamente submissa, adoro lavar roupas, cuidar de casa, ser tratada como uma verdadeira putinha escrava, ser humilhada etc...<br /><br />contato através do e-mail: brunhinhacrossdresser@yahoo.com.br<br /><br />sou de joão pessoa-pb<br />não sei a quem pertence o e-mail através do qual deixo minha mensagem, estava aberto na lan house.banda-anjosdecristohttps://www.blogger.com/profile/10544902520481003387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-14755887696525773542010-06-02T19:24:53.955+01:002010-06-02T19:24:53.955+01:00Seria então interessante compreender o porquê dess...Seria então interessante compreender o <i>porquê</i> dessa diferença entre latinos e não-latinos, pois concordo consigo, pelo menos o caso português é atípico.<br /><br />Uma hipótese que foi formulada por uma conhecida minha, há uma década atrás, tinha a ver com o facto da homossexualidade, em Portugal, ter sido fortemente reprimida. Muitas das crossdressers portuguesas que conheço não se assumem de todo como homossexuais; e, inversamente, muitos homens (sem qualquer interesse em se transvestirem), sentem-se no entanto atraídos por crossdressers, sem, no entanto, se auto-classificarem como homossexuais ou sequer bi-sexuais...<br /><br />Seria um estudo interessante!Sandra M. Lopeshttps://www.blogger.com/profile/00008119198361090865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-51174083258451331582010-06-01T18:50:34.724+01:002010-06-01T18:50:34.724+01:00Oi Sandra Lopes
Já escrevi outros posts sobre est...Oi Sandra Lopes<br /><br />Já escrevi outros posts sobre estes assuntos.<br /><br />O que não compreendo é a razão de ser da sua negação da androfilia dos transexuais macho-para-femêa portugueses. As amostras holandesas e outras revelam essas variações de orientação sexual nesse grupo, mas nos países latinos não temos essa diversidade.<br /><br />Eu não identifico sexo e género, embora os transexuais exibam esse desconforto com a sua identidade corporal, assumindo os papéis do género oposto. Um homem que deseja ser mulher comporta-se como mulher muito antes de se submeter à cirurgia.<br /><br />Julgo ter sido mal compreendido, mas veja post sobre transexualidade e amputação.J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-91116058522514888232010-06-01T14:55:58.698+01:002010-06-01T14:55:58.698+01:00A sua interpretação de que esta transição passa in...A sua interpretação de que esta transição passa invariavelmente pelos espectáculos de travestis e/ou prostituição é uma lamentável consequência da discriminação neste país, mas não é, de todo, uma razão fundamental. Embora acredite (mesmo que não conheça nenhum caso) que existam indivíduos que realmente querem seguir uma vida de espectáculo e/ou prostituição, a maioria não a quer — não tem é infelizmente outra hipótese.<br /><br />Devo ainda notar que, também infelizmente, a carreira profissional de um transsexual depende imenso do resultado das cirurgias. Em muitos casos, certos indivíduos têm "sorte" por, do ponto de vista genético, começarem à partida com uma figura já andrógina, podendo assim transitar com facilidade para o sexo desejado. Quando um transsexual completa a última etapa da sua longa lista de intervenções cirúrgicas, o Estado português permite-lhe a mudança dos seus documentos de identificação para o seu novo sexo. Se fisicamente não for possível identificar neste indivíduo qualquer característica, mesmo que ligeira, do sexo com que nasceu fisicamente, existe a abertura para seguir qualquer carreira profissional. Ora infelizmente esta situação é muito rara (ou muito cara!), sendo talvez o caso mais conhecido em Portugal o da Filipa Gonçalves, filha do antigo jogador de futebol Nené. Mas claro está que a esmagadora maioria dos transsexuais (nacionais ou estrangeiros!) não têm nem o físico, nem a capacidade financeira, para poderem obter um resultado final semelhante.<br /><br />O caso das <i>crossdressers</i>, dado ser apenas ligado ao vestuário e não a alterações físicas do corpo, é ainda mais difícil: em Portugal (e na maioria dos países), estes indivíduos não podem mudar a sua documentação para o género com que se identificam, pois a identificação é baseada no sexo e não no género. Mais uma vez, embora existam indivíduos andróginos que, com roupa adequada, possam passar "despercebidos" no local de trabalho, seja com que sexo se apresentem, a esmagadora maioria está muito, muito longe disso. Significa isto que existe efectivamente uma discriminação de género. Em Portugal levou-se muito tempo para chegar a um ponto em que, por exemplo, homens homossexuais pudessem ter um emprego e adoptarem um vestuário com que se identifiquem: desde professores universitários a cabeleireiros, todos os tipos de profissões são, actualmente, possíveis, embora alguns sejam mais frequentes que outros. No entanto, como foi dito, o vestuário com que alguns homens homossexuais se identificam não é verdadeiramente <i>feminino</i> — é apenas não-masculino, o que é bem diferente. É <i>outro</i> tipo de vestuário. As <i>crossd ressers</i>, pelo contrário (e exceptuando as <i>drag queens</i>) usam vestuário marcadamente feminino, independentemente da sua orientação sexual, e isso, na nossa sociedade, não estamos preparados para aceitar...Sandra M. Lopeshttps://www.blogger.com/profile/00008119198361090865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-83857770813941456842010-06-01T14:55:47.084+01:002010-06-01T14:55:47.084+01:00- Uma percentagem muito pequena (talvez menos de 1...- Uma percentagem muito pequena (talvez menos de 1%) de indivíduos que rejeitam o seu sexo biológico ("transsexuais"). A esmagadora maioria destes casos adopta o mais cedo que pode um comportamento transgénero (e daí ser muito frequente, do ponto de vista externo, serem referidos também como <i>crossdressers</i>). A esmagadora maioria (de novo, 80%) sentirá forte atracção pelo sexo biológico com que nasceu, mas com o qual não se identifica. Isto significa que <i>transsexualidade</i> representa mais um <i>processo</i> do que uma classificação: um indivíduo, após completar a cirurgia de alteração de sexo biológico, passa a ser física e legalmente reconhecido como passando a pertencer ao novo sexo, e a sua atracção por elementos do sexo oposto ao que adquiriu durante a cirurgia. Mas existe obviamente uma percentagem não-negligível de indivíduos que rejeitam o seu sexo biológico, mas que têm preferências sexuais com parceiros do sexo biológico oposto ao com que nasceram (ou que são bi-sexuais)<br />- Verdadeiros hermafroditas são estisticamente mesmo muito, muito raros. Não são "indivíduos com forte propensão para a mudança de sexo". A maior parte dos casos apresenta órgãos sexuais de ambos os sexos, mas geralmente em circunstâncias vestigiais, rudimentares, ou não funcionais. Nos países ocidentais mais desenvolvidos, a partir de 1960 (e pelo menos até 1980), era frequente estes indivíduos, à nascença, terem os órgãos femininos removidos cirurgicamente e mantidos (e corrigidos, se for o caso) os masculinos; mais tarde, o indivíduo acaba por questionar a escolha feita pelos médicos e reverter a cirurgia. Estes casos não devem, de todo, ser confundidos com os transsexuais que não apresentam <i>fisicamente qualquer sinal externo</i> do sexo com que se identificam (embora o estudo de Zhou, pelo menos o de 2000 que encontrei, tenda a confirmar a propensão neurológica), e que, de longe, são mais frequentes. A totalidade de indivíduos transsexuais e hermafroditas não representa mais de 1% da população, estimando-se que apenas 1 a 3 entre 100.000 sejam realmente hermafroditas.<br /><br />Notei também que o final do seu artigo está em muito maior conformidade com a literatura que cita (ao contrário do início!) e parece-me essencialmente correcto. Ressalvo apenas que o travestismo/<i>crossdressing</i> não é meramente uma <i>fase</i> pela qual todos os transsexuais passam (alguns dos quais nunca chegam a saír dela). Mais uma vez volto à questão de saber distinguir a disforia sexual da de género. Um indivíduo transgénero não tem interesse em mudar o seu sexo biológico, e não há nenhuma "fase" após o <i>crossdressing</i>. Um indivíduo transsexual, pelo contrário, almeja mudar fisicamente o seu sexo biológico, identifica-se com o género correspondente ao sexo biológico oposto ao com que nasceu, e normalmente tem também preferências sexuais de acordo com o sexo oposto. No entanto, tal como referiu no seu artigo, estes indivíduos, no seu progresso ao longo desta vida, podem nunca ter oportunidade — leia-se: dinheiro... — para obterem a tão desejada operação cirúrgica, que na realidade não é apenas uma, mas uma série delas, começando por terapia hormonal, remoção do pelo e implantes de cabelo, feminização do rosto e redução da traqueia, implantes mamários, alargamento das ancas, e, finalmente, alteração dos órgãos genitais masculinos e remodelação dos mesmos numa neovagina (não se pratica castração! Apenas os testículos são removidos). À excepção do último caso, e de alguns efeitos permanentes da terapia hormonal, a maioria das restantes intervenções pode ser revertida, daí ser frequente muitos transsexuais nunca darem o último passo. Uma variante nem sequer deseja essa última operação (conhecidas popularmente por <i>she-males</i>) por questões associadas a um comportamento sexual fetichista.Sandra M. Lopeshttps://www.blogger.com/profile/00008119198361090865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-85843956352952387272010-06-01T14:55:33.441+01:002010-06-01T14:55:33.441+01:00No entanto, pelo menos em Portugal, o crossdressin...No entanto, pelo menos em Portugal, o <i>crossdressing</i> (já não falando na transsexualidade!) é activamente condenado. São muito raros os casos de <i>crossdressers</i> que se revelam publicamente — o <i>crossdressing</i> é essencialmente uma actividade reprimida e escondida, realizada em casa ou entre grupos muito restritos de amigos. Não há sequer locais públicos explicitamente para <i>crossdressers</i> em Portugal, embora existam alguns ambientes LGBT onde <i>crossdressers</i> sejam <i>tolerados</i>. Para <i>crossdressers</i> que tenham uma preferência sexual homossexual ou (mais frequentemente) bi-sexual, esta é uma alternativa viável — mas estes casos não são estudados estatisticamente. Os poucos que o são geralmente incidem nos grupos que recorrem ao espectáculo transformista (travestis, <i>drag queens</i>) que é tolerado em Portugal, e à prostituição, que, mesmo que não abertamente tolerada, é ao menos <i>estudada</i>. O resto dos <i>crossdressers</i> mantém-se longe das estatísticas e dos <i>media</i>.<br /><br />Podemos assim apenas especular àcerca dos números reais em Portugal, assumindo que sejam, no fundo, semelhantes ao de sociedades mais tolerantes:<br /><br />- A esmagadora maioria da população (±80%) terá alinhamento pleno entre sexo, género, e preferência sexual ("heterossexuais")<br />- ±10% terá alinhamento entre sexo e género, mas preferência sexual por parceiros do mesmo sexo ("homossexuais"). Entre estes, a maioria não reflectirá o seu comportamento e vestuário em público de acordo com a preferência sexual. Uma percentagem relativamente reduzida adoptará um vestuário e comportamento consoante o que é "comum" neste grupo (influenciado essencialmente pelos media) — roupas garridas nos homossexuais masculinos, o estilo "butch" nas homossexuais femininas. No entanto, os <i>media</i> tendem a exagerar a percentagem destes casos.<br />- ±10% terá uma diferença de alinhamento entre sexo e género ("transgénero"). Aqui as coisas começam a complicar-se, pois a preferência sexual divide-se. O maior grupo de entre estes são <i>crossdressers</i> masculinos, que vestem roupa feminina enquanto fetiche ou enquanto identificação de género (neste caso, autoginecofilia), e terão um comportamento fundamentalmente heterossexual (apenas desejam ter sexo com parceiros do sexo masculino). Este grupo é aquele que é mais "escondido" (60-80% das <i>crossdressers</i> encontram-se neste grupo) pois não têm qualquer intenção de se assumirem publicamente ou de avançarem para uma "transição". O segundo maior grupo (10-40% do total, e que. aparentemente, em Portugal é maior do que acontece noutros países, mas não existem estudos a comprová-lo) apresenta tendências bi-sexuais ou mesmo homossexuais, usando o "pretexto" da utilização de roupas femininas para obterem um parceiro (normalmente temporário e fora da relação habitual) do sexo masculino. Por vezes só são aceites parceiros do sexo masculino que sejam eles próprios <i>crossdressers</i> do mesmo grupo.Sandra M. Lopeshttps://www.blogger.com/profile/00008119198361090865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-42295159278617789552010-06-01T14:55:21.102+01:002010-06-01T14:55:21.102+01:00Uma crossdresser ocasional que, enquanto travestid...Uma crossdresser ocasional que, enquanto travestida, tenha desejos de estar com um homem (ou que tenha mesmo um amante do sexo masculino), mas que passe a maior parte da vida casada com uma mulher (possivelmente com filhos) e no papel principal do género masculino, provavelmene será uma crossdresser bi-sexual. Um indivíduo do sexo masculino que se submeta à cirurgia vulgarmente conhecida de mudança de sexo para obter órgãos sexuais secundários femininos (não é ainda possível obter um transplante de ovário...), mas que depois tenha uma vida sexual apenas com <i>mulheres</i>, é uma transsexual homossexual. No meio destas classificações todas existem toda a espécie de possibilidades e combinações possíveis...<br /><br />No entanto, é importante compreender duas coisas. Uma delas é a distribuição estatística pelas classificações: há casos bem mais raros que outros, por várias ordens de grandeza. E depois existe a exposição dos <i>media</i>: certos subgrupos são muito mais falados e apontados pelos <i>media</i> pelo que tende a ser sobrevalorizada a sua importância. Penso que é neste erro que o amigo J Francisco está a incorrer: baseado numa análise do léxico português, obtida possivelmente a partir de estudo de informação propagada pelos <i>media</i>, tirou as suas conclusões relativamente à frequência dos termos utilizados.<br /><br />Nos estudos relativos à <i>frequência</i> das populações dos diversos grupos o maior problema é obter uma amostra credível. Por exemplo, antes de 1974, seria impossível obter uma estatística realista de quantos indivíduos se auto-classificavam de homossexuais, dado que teriam medo de serem perseguidos pelo regime. Hoje em dia, com a possibilidade de casamento de indivíduos do mesmo sexo biológico, a população homossexual <i>parece</i> ter aumentado. Mas essa é uma realidade distorcida: o número de indivíduos é bem provavelmente o mesmo (em termos de percentagem), a única diferença é que têm muito menos "medo" de se revelarem publicamente — e de responder a inquéritos.Sandra M. Lopeshttps://www.blogger.com/profile/00008119198361090865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-21928852794857170832010-06-01T14:55:09.976+01:002010-06-01T14:55:09.976+01:00É importante, pois, e lamento insistir nisto — mas...É importante, pois, e lamento insistir nisto — mas é o ponto fundamental — não misturar as questões de sexo biológico (fisicamente estabelecido através da genitália), identificação de género (aparentemente ligado a uma condição neurológica, segundo o estudo que citou, e independente da genitália), e preferência sexual (independente tanto da genitália como da estrutura do cérebro). São coisas distintas. É certo que estão relacionadas: a esmagadora maioria dos indivíduos (mas é importante referir que não são <i>todos</i>!) tem as três facetas relacionadas entre si: o seu sexo biológico está alinhado com o seu comportamento de género e tem uma preferência sexual por indivíduos do sexo biológico oposto. Mas esta é apenas uma das múltiplas permutações possíveis (que classificamos como <i>heterossexual</i>...) e nem sequer entra em linha de conta com fetichismo ou estilo de vida...<br /><br />Assim deixo algumas dicas onde se podem encontrar online taxonomias e classificações, que dependem muito da abordagem e metodologia usada pelos investigadores. Mais uma vez, "não sou eu que digo". O facto de estar na posição privilegiada de fazer parte do grupo em questão não me dá qualquer autoridade para "dar opiniões". No entanto, não me custa absolutamente nada ler estudos científicos validados e usá-los como referência, em vez de inventar classificações de acordo com as minhas percepções ou preconceitos. Basta para isso ir a http://scholar.google.com/ e pesquisar por "crossdressing taxonomy" (ou algo do género) e ler os artigos mais recentes, especialmente os escritos já neste século XXI.<br /><br />Um artigo ligeiro e pouco técnico, a título de exemplo, é: http://balkwell.myweb.uga.edu/kimberj.html<br /><br />Mas sugiro também os relatórios da Associação Americana de Psicologia em http://www.apa.org/topics/sexuality/transgender.aspx que explicam muito bem, sem preconceitos, estas diferenças de taxonomia e classificação.<br /><br />Posso depois não "gostar" do resto das suas misturadas de vocabulário, mas isso confesso que é já uma questão de gosto, seja seu, seja das fontes que cita. Em países onde o <i>crossdressing</i> é socialmente aceitável, é possível usar os termos "travesti" (originalmente surgido para designar artistas de uma forma de espectáculo) para designar "crossdresser", e depois, se se quiser, subdividir em transformismo, <i>drag queen</i>, etc. Aqui o problema está na identificação do tipo de taxonomia apropriada, que varia consoante o que está a ser estudado: a fisiologia, a psicologia, o desejo sexual, a auto-identificação, o comportamento e preferências sexuais, o estilo de vida, até mesmo o tipo de roupas que usa (e o que pretende afirmar com esse estilo!) e assim por diante — cada abordagem terá uma taxonomia diferente. Por exemplo, uma crossdresser que opte por um estilo de vida no palco enquanto artista transformista, cuja imagem seja indistinguível de uma mulher no palco, e que depois volte a casa para fazer amor com a mulher, provavelmente não se importará com a designação <i>travesti</i> mas ficará ofendida com <i>drag queen</i> (que normalmente aparentam um aspecto deliberadamente exagerado com o objectivo de chocar a audiência), e certamente que não será homossexual. Uma crossdresser que, por sua vez, enverede pela prostituição e que sinta desejo e atracção física por indivíduos do sexo masculino, será homossexual.Sandra M. Lopeshttps://www.blogger.com/profile/00008119198361090865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-88206683980190246732010-06-01T14:54:32.323+01:002010-06-01T14:54:32.323+01:00Ui, nunca mais tinha voltado a este blogue, e vejo...Ui, nunca mais tinha voltado a este blogue, e vejo que continuam a aparecer algumas pequenas incorrecções, o que é pena, porque o resto do artigo, e o seu tema, são interessantes e merecem ser lidos e relidos!<br /><br />Continuo a ver a insistência em não diferenciar entre <i>sexo</i> (biologicamente determinado) e <i>género</i> (socialmente determinado). Continua-se a misturar (deliberadamente?) travestismo e transsexualidade, e a afirmar que travestis/transsexuais são (sempre) homossexuais.<br /><br />Seria bom explicar correctamente esta diferenciação. Relembro que o propósito do artigo é muito louvável: pretende fazer uma sensibilização para uma realidade onde, de entre a comunidade LGBT em Portugal, o "T" da sigla é sempre esquecido. Hoje em dia, até já temos casamento entre pessoas do mesmo sexo (e provavelmente a adopção de crianças por casais do mesmo sexo virá em breve), mas, no entanto, travestis e transsexuais continuam a ser espancados até à morte e os autores destes crimes hediondos recebem sentenças muito ligeiras — já nem falando, claro, na total impossibilidade de uma <i>crossdresser</i> obter, em Portugal, um emprego em que se possa vestir como quer, por exemplo num escritório ou mesmo a servir à mesa... em Portugal, <i>crossdressers</i> ou se tornam artistas de espectáculos de travestis, ou simplesmente recorrem à prostituição.<br /><br />Logo, mais uma vez, e como já disse ano passado, regozijo-me com a motivação por trás deste artigo, que me parece muito positiva. Lamento apenas as incorrecções técnicas, muitas delas, infelizmente, motivadas pelo que me parece mais ser um preconceito do que ignorância.<br /><br />Vamos voltar aos pontos mais graves. Uma coisa é a recusa em distinguir entre sexo e género. Não encontrei o artigo de Zhou (1995), mas encontrei outro, também de Zhou e da sua equipa, de 2000 (http://jcem.endojournals.org/cgi/content/full/85/5/2034). Explica, de forma notável, de como transsexuais têm efectivamente uma predisposição genética para se identificarem com o sexo oposto. É reconfortante saber isto — a psiquiatria já há algumas décadas que sabe que a transsexualidade não é "curável", mas é bom saber que existe uma base neurológica. O estudo que cito até indica que mesmo tratamentos hormonais não têm efeitos sobre essa predisposição. Assim, como o estudo diz, uma mulher em menopausa, mesmo sem estar sujeita às doses hormonais durante o período fértil, não perde o número de neurónios identificados no núcleo do leito da estria terminal dentro dos limites médios para um indivíduo do sexo feminino; similarlmente, um indivíduo geneticamente do sexo masculino, que tenha uma predisposição para se identificar com o sexo oposto, quer assuma o género feminino publicamente ou em privado, quer se sujeite a tratamentos hormonais, quer efectue uma operação, quer não faça nada disso... terá igualmente um número de neorónios no dito núcleo do leito da estria terminal que é muito mais próximo da média dos indivíduos do sexo feminino que do masculino.<br /><br />Importante é de referir que os indivíduos homossexuais, seja de que sexo forem, têm este número de neurónios dentro da média para o seu sexo biológico. Este resultado é fundamental, e se leu bem o artigo e o compreendeu, é um forte indicativo de que é cientificamente incorrecto afirmar que a homossexualidade (uma preferência sexual) tem alguma relação biológica com a transsexualidade (aparentemente uma condição neurológica estabelecida durante o desenvolvimento do feto). Se continuar a insistir nisto, agradeço que leia o estudo que citou com bastante mais atenção. O estudo prova precisamente o contrário!Sandra M. Lopeshttps://www.blogger.com/profile/00008119198361090865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-22749038644410646442010-02-26T14:23:11.362+00:002010-02-26T14:23:11.362+00:00Caro Hamelin
Obrigado pelo seu comentário. Usei o...Caro Hamelin<br /><br />Obrigado pelo seu comentário. Usei o termo travesti para designar os indivíduos homossexuais que se vestem de mulheres. A perspectiva que apresento é a perspectiva dos próprios homens gay: a associação com a prostituição é factual. Em Portugal, os travestis prostituem-se, isto é, fazem sexo a troco de dinheiro. Indivíduos homo vestem-se de mulher e, à noite, em determinados locais, prostituem-se, juntamente com indivíduos transexuais. Desenvolvi estes conceitos noutros posts, onde uso o travestismo em sentido clínico, porque neste post apreendo este fenómeno a partir do léxico erótico gay português. Os resultados são similares aos de estudos brasileiros e italianos, mas divergem de estudos holandeses.<br /><br />A extensão que faz do travestismo é interessante, mas coloca outros problemas - apenas insinuados neste post. Há indivíduos heterossexuais que se excitam usando roupa feminina, mas isso é fetichismo travestido. :)J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-29578142985814325212010-02-26T12:36:15.992+00:002010-02-26T12:36:15.992+00:00Bom dia, mancebo (ao menos aqui no Brasil ainda é ...Bom dia, mancebo (ao menos aqui no Brasil ainda é o período matutino, faltam algumas horas para entrarmos no vespertino).<br /><br />Andei lendo por algum tempo sua postagem e alguns comentários antes de decidir-me a também comentar; no entanto confesso: não li todos os comentários - não sei dizer quantos pulei, sinto muito!<br />Para começo de conversa, não sei qual dicionário você costuma usar mas eu particularmente uso o Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Dicionário da Língua Portuguesa - um dicionário muito popular aqui no Brasil - e, de acordo com o que já li no mesmo, travesti é apenas sinônimo de um indivíduo, independente do sexo, gênero ou comportamento sexual que assuma ter, fantasiado do que quer que seja! Isso me levou a concluir que até mesmo aquele garotinho de três anos que vai com os pais a uma matinê de carnaval fantasiado de algum de seus super-heróis favoritos (exemplo: Homem-Aranha, Tarzan, Jim das Selvas, ...) já está sendo um travesti, pois está fantasiado. Outra conclusão: um ator - que trabalha como ator, é héterossexual, casado e pai de família (é apenas uma suposição para exemplificar, ok?) - que vai representar um papel também de um homem héterossexual do sexo masculino, casado e pai de família, mas que tem um prenome diferente do seu, tal ator é também um travesti, pois encarna uma outra pessoa, ou seja, se fantasia dessa outra pessoa para representar. Tendo em vista tais conclusões a que cheguei, lhe pergunto de onde tirou que os travestis, independente se brasileiros ou portugueses, se prostituem. Acaso aí em Portugal não há atores a atrizes que no Teatro, no Cinema e na Televisão vivem outra identidade de sexo e sexualidade idênticas à sua? Oras, tais atores, por estarem fantasiados, também são travestis, mancebo. Eu mesmo sou um travesti, embora não use roupas femininas, não adote adereço feminino algum atualmente, mas sou músico e adotei um nome artístico diferente de meu nome de registro civil e batismo apenas para diferenciar o artista do ser humano, ou seja, minha personalidade também veste uma fantasia - embora pertencente ao sexo masculino, o mesmo que o meu sexo real - e, no entanto, sou casado e jamais me prostituí! Creio que você deveria se informar melhor sobre as várias definições e conotações que o vocábulo travesti tem antes de fazer tal afirmação - desculpe a ofensa, apenas quero ser franco em minha opinião - mui tola, infantil e barata que em nada condiz com a realidade, apenas generaliza, como se só existisse um único aspecto do travestismo; a linha que o define porém é muito tênue.<br />Em contrapartida, afirmo que, apesar de casado, sou um indivíduo que já se assume - e faz tempo - publicamente com andrógino, pansexual e pangênero - e nem mesmo isso me faz buscar a prostituição, jamais precisei dela!<br />Então gostaria de lhe aconselhar a estudar, pesquisar mais sobre as fronteiras existentes entre sexo, sexualidade, gênero e travestismo. É como redigi: a linha delimitória é muito tênue, não totalmente clara portanto!<br />Eu sou o músico Hamelin (nome civil: Jonathan Malavolta), flautista, regente, e também trabalho com outras formas de manifestação artística, como a literatura, por exemplo!<br /><br />Amplexos sinfônicos!Pangéiahttps://www.blogger.com/profile/00441805958915304878noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-20757545234233357412009-02-16T17:32:00.000+00:002009-02-16T17:32:00.000+00:00Oi Sandra LopesA diferença entre o tamanho do núcl...Oi Sandra Lopes<BR/><BR/>A diferença entre o tamanho do núcleo do leito da estria terminal dos transexuais e o do homens hetero e homossexuais é uma diferença biológica: o padrão transexual é atípico e ligeiramente menor do que nas mulheres heterossexuais. Ora, este núcleo pode ser responsável pela identidade de género, a qual pode ser moldada pela cultura. Os homens hetero e homo têm núcleos com tamanho típico: eles não se sentem desconfortáveis com a sua identidade, enquanto os transexuais sim... Este é um dado científico, entre tantos outros, que desmente a sua teoria do cabide! O género não é só uma questão social! :)J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-77495172697021213022009-01-26T17:10:00.000+00:002009-01-26T17:10:00.000+00:00Caro J Francisco,Não se trata da "minha" distinção...Caro J Francisco,<BR/><BR/>Não se trata da "minha" distinção entre sexo e género (não pretendo tal arrogância!...) mas a definição <I>oficial</I>: sexo é o aspecto biológico, género é o comportamental/social.<BR/><BR/>Há felizmente imensa literatura sobre o assunto e recomendo o <A HREF="http://www.med.monash.edu.au/gendermed/sexandgender.html" REL="nofollow">curto workshop online da Monash University</A>, incluído no curriculum da licenciatura em medicina.<BR/><BR/>Explica muito bem, de forma simples e acessível, a diferença entre os dois conceitos. E não é de longe a única referência, poderá encontrar imensa literatura sobre o assunto online, sempre de autores ligados à investigação científica nas áreas da medicina, psicologia, e sociologia.<BR/><BR/>Saliento a importância de eliminar a confusão referida no seu comentário: "[...] até porque parece ser uma distinção entre biologia e comportamento como se fossem duas províncias diferentes. Por isso, pode adornar livremente o género, embora este seja determinado biologicamente."<BR/><BR/>É precisamente este ponto que convêm não confundir. O que é determinado biologicamente é efectivamente o <I>sexo</I>, não o <I>género</I>. A distinção das duas palavras existe justamente para diferenciar o que é determinado biologicamente (mais uma vez: o sexo) daquilo que não é (o género), embora <I>evidentemente</I> que o género é <I>influenciado</I> biologicamente (ou seja, a esmagadora maioria dos indivíduos do sexo masculino apresentam comportamentos do género masculino também).<BR/><BR/>Pode evidentemente discordar desta classificação, mas não está a discordar de mim, ou do que considera politicamente correcto, mas sim de definições científicas. E como tudo na ciência, nada está "escrito na pedra", mas terá de demonstrar cientificamente que toda a literatura produzida pela investigação científica sobre o assunto até hoje está, efectivamente, <I>errada</I>. Como diz o velho ditado, "afirmações extraordinárias requerem provas extraordinárias".<BR/><BR/>Na ausência dessas provas, no entanto, eu pelo menos assumo que a ciência está correcta ao afirmar que os aspectos biológicos determinam o sexo, e que o género é uma aquisição comportamental e social. No entanto, esta afirmação deve ser entendida que o género pode ser (e normalmente é) influenciado pelo sexo do indivíduo; o que não é é <I>determinado</I> por este. Há um oceano de diferença!...<BR/><BR/>Não posso evidentemente comentar sobre a questão do ostracismo enfrentado pelos homossexuais "efeminados" ou "abonecados" pois não tenho dados sobre o assunto; no entanto, a sua afirmação de que "os transsexuais precisam de tratamento, incluindo tratamento psicológico" não é, como afirma, isenta de preconceito negativo. Mas não irei insistir no assunto, pois trata-se de uma afirmação suficientemente neutra para me satisfazer. Afirmar que os transsexuais são doentes mentais que têm de ser curados para abandonarem da sua disforia através de terapia que conduza a uma re-identificação do seu género com o sexo biológico é uma coisa; afirmar que devem ser encorajados a procurarem a terapia como uma forma de lidarem com a ansiedade, angústia, depressão e stress enquanto não conseguem orientar fisicamente o seu sexo de forma a se identificar com o género que pretendem é uma coisa completamente diferente. A primeira afirmação é, obviamente, preconceito negativo; a segunda é apenas uma expressão do procedimento adequado para lidar com estes casos. O J Francisco não usou nenhuma destas expressões, pelo que posso ficar tranquila :)<BR/><BR/>Quanto ao seu último comentário, trata-se efectivamente de uma questão quantitativa: "Sim, os "travestis" (em sentido genérico) portugueses e brasileitos prostituem-se frequentemente: é uma matéria factual." Sem dúvidas. A questão social é saber quantos é que efectivamente o fazem, e porquê. O comentário é semelhante a dizer que "a maioria das mulheres nas cidades tailandesas prostitui-se", o que é um pequeno exagero, mas não deixa de ser matéria factual. Porquê? Não por uma obcessão qualquer não explicada, mas pura e simplesmente de não existir realmente uma alternativa de emprego legítima. Este é pelo menos o caso da prostituição tailandesa.<BR/><BR/>E no caso dos transsexuais e travestis que enveredam pela prostituição? Não tenho dados que me permitam afirmar que para estes raramente existe uma alternativa para a sobrevivência. Nem todos os transsexuais têm a sorte de serem filhas do Nené e conseguirem emprego como actrizes e modelos. Assim, se me apresentar uma estatística mostrando que a esmagadora maioria dos indivíduos transsexuais não têm outro remédio senão prostituir-se porque não existem outras oportunidades de emprego para eles, não ficaria muito surpreendida. Aliás, acredito mesmo que o baixo número de casos de transsexuais que recorrem à operação de reassignamento de sexo em Portugal deve-se principalmente ao facto da maior parte dos indivíduos transsexuais não quererem ter uma vida condenada à prostituição. Em alguns casos, obviamente, é o "mal menor" — mais vale isso a sofrer angústia e depressão. E uma limitadíssima fatia fá-lo de certeza pelas razões que descreve: um desejo de se prostituir (há sempre alguns casos desses, independentemente do sexo ou género ou preferência sexual).<BR/><BR/>A propósito, está a ser desenvolvido <A HREF="http://www.cies.iscte.pt/en/projectos/ficha.jsp?pkid=328" REL="nofollow">um estudo pelo ISCTE neste sentido</A>.<BR/><BR/>Reparei a sua preocupação em tentar evitar a discussão "ideológica". Pois a verdade é que essa é a questão fulcral, como impedir que uma sociedade relegue estes indivíduos para a prostituição como única (?) forma de sobrevivência financeira? Mas como não tratou deste assunto no seu artigo, não sou eu que o vou levantar...Sandra M. Lopeshttps://www.blogger.com/profile/00008119198361090865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-67501975694529084302009-01-24T18:55:00.000+00:002009-01-24T18:55:00.000+00:00Sim, os "travestis" (em sentido genérico) portugue...Sim, os "travestis" (em sentido genérico) portugueses e brasileitos prostituem-se frequentemente: é uma matéria factual. E mesmo os que fazem espectáculos também se prostituem e andam ligados a determinados tipos de figuras masculinas pouco credíveis, sendo frequentemente espancados por tais figuras. Eles preferem idealmente "homens (supostamente) heterossexuais". A figura feminina que encarnam é geralmente a da prostituta mais vulgar. É assim a realidade sem véus ideológicos!J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-3855624209280287852009-01-24T18:49:00.000+00:002009-01-24T18:49:00.000+00:00Ah, quanto aos homens homossexuais apresentei uma ...Ah, quanto aos homens homossexuais apresentei uma tipologia: o elemento efeminado ou abonecado prevalece e a sua identidade de género é desconfortável, condenando-os ao ostracismo por parte dos homossexuais mais masculinos. E repare que os efeminados preferem o papel receptivo, um traço sexualmente atípico: admiram a masculinidade nos outros mas não em si próprios.<BR/><BR/>Sim, os transexuais precisam de tratamento, incluindo tratamento psicológico. Afirmar isto não significa nenhum preconceito negativo.J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-52501138976914778672009-01-24T18:41:00.000+00:002009-01-24T18:41:00.000+00:00Sandra LopesObrigado pelo seu comentário. Ainda nã...Sandra Lopes<BR/><BR/>Obrigado pelo seu comentário. Ainda não o li inteiramente, mas devo dizer que o análise que faço deriva de um estudo estatístico do vocabulário erótico gay. A minha perspectiva foi apresentada noutros posts. Contudo, a distinção que faz entre sexo e género é muito rigída, até porque parece ser uma distinção entre biologia e comportamento como se fossem duas províncias diferentes. Por isso, pode adornar livremente o género, embora este seja determinado biologicamente. Um aspecto fundamental é não ficar preso na terminologia dos próprios indivíduos que exibem esses comportamentos: o politicamento correcto não significa cientificamente verdadeiro.J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-20061033600715940682009-01-24T12:31:00.000+00:002009-01-24T12:31:00.000+00:00Desculpem deixar-vos um comentário quase depois de...Desculpem deixar-vos um comentário quase depois de um ano, mas não pude resistir a corrigir uma falha fundamental de raciocínio, que curiosamente depois nos comentários até é levantada sem deixar a conclusão...<BR/><BR/>"O travestismo designa mais do que o gosto pelo vestuário do sexo oposto". Logo essa primeira frase, e as suas consequências, são um conjunto de falácias que infelizmente continuam a ser propagadas como se fossem verdade, conduzindo não só à discriminação como principalmente à desinformação...<BR/><BR/>Mas vamos por partes. A primeira, não referida no artigo, é a distinção entre <I>sexo</I> (atributo físico) e <I>género</I> (atributo comportamental). Na maior parte dos indivíduos, ambos coincidem: um rapaz do sexo masculino é educado para ter um comportamento do género masculino (e, de forma semelhante, o mesmo se passa no caso feminino). Exceptuando em muitos poucos casos, o sexo é efectivamente determinado geneticamente (há excepções, mas são uma raridade — há muito poucos verdadeiros hermafroditas, por exemplo). O género é normalmente assumido pelo indivíduo como melhor representando o comportamento socialmente adequado ao seu sexo. Este comportamento é essencialmente <I>aprendido</I> mediante a acção educativa dos pais, dos professores, e dos restantes indivíduos na sociedade que disciplinam o género dos indivíduos de acordo com o seu sexo.<BR/><BR/>Este comportamento não é de todo uniforme em todas as sociedades ou épocas, como é evidente. Não se limita sequer ao vestuário. Assim, a noção de que os homens vestem roupas sóbrias, de cores monótonas, em estilos de linhas direitas, é uma noção essencialmente victoriana e remonta ao início do século XIX. No século XVIII, pelo menos nas classes médias-altas, a complexidade e colorido das cores das indumentárias masculinas apresentava uma variedade e complexidade rivalizando as indumentárias femininas; recuando ainda mais no tempo, vemos que a noção de cor e complexidade de vestuário é mais associada ao homem do que à mulher.<BR/><BR/>Mas adiante. Transsexual é o indivíduo que assume a noção de ter nascido com o sexo (físico) errado e que deseja, eventualmente, a correcção física necessária para a mudança do mesmo. Transgénero é um indivíduo que assume o <I>comportamento</I> (género) do sexo oposto. Ou seja, embora muitos indivíduos transgénero muitas vezes sejam igualmente transsexuais, o contrário não é — de todo — verdade.<BR/><BR/>Mais ainda, sexo físico e comportamento não determinam sequer o comportamento sexual!... Assim sendo, a preferência por um parceiro pode ser do mesmo sexo (homossexual), do sexo oposto (heterossexual), de ambos os sexos (bissexual), ou mesmo de nenhum (assexual). A atracção <I>física</I> que leva à escolha do parceiro não depende, pois, do <I>comportamento</I> (género), embora existam, evidentemente, todas as combinações possíveis.<BR/><BR/>Não há obviamente uma forma de classificação "precisa" (tal como um indivíduo nunca é "branco" ou "preto" mas sempre uma gradação entre ambos os extremos). No entanto, é lícito afirmar que a maioria das sociedades tende a fomentar as relações em que os indivíduos são de sexos opostos, de géneros opostos, e procuram companheiros de sexo oposto (nem que seja porque, historicamente, são estas as combinações que perpetuam a espécie e, como tal, por questões tradicionais, são os casos "esperados" ou mesmo "desejados" e certamente os casos "encorajados").<BR/><BR/>Há logo aí no artigo uma enorme confusão da origem das categorias de certos machos homossexuais, como na frase em que descreve "começam por ser travestis e [...] resolvem mudar de sexo", acrescentando-se que este processo normalmente passa por uma fase de prostituição: "Para os machos homossexuais, o travestismo e o transexualismo estão intimamente ligados à prostituição como estilo de vida."<BR/><BR/>Lamento que a sua discriminação pejorativa nasça de uma série de lugares-comuns e clichés completamente <I>errados</I>, mas é assim que, infelizmente, é passada e transmitida a mensagem.<BR/><BR/>Em primeiro lugar, é importante referir que o indivíduo de sexo masculino que se considere homossexual tem normalmente uma preferência por parceiros, também eles de sexo masculino, mas <I>quase exclusivamente</I> com comportamento (género) masculino. Para estes indvíduos, tanto o sexo como o género feminino não apresenta qualquer interesse ou estímulo sexual. Logo, não existe de forma alguma uma noção de que "um homem gay gosta de se vestir de mulher" (com a intenção, presumível, de atrair outros parceiros do mesmo sexo). Pelo contrário: um "homem gay" (assumindo-se um indivíduo de sexo masculino com preferência de parceiros homossexuais, ou seja, do mesmo sexo masculino) tem uma forte tendência para exibir um comportamento do género masculino (com que se identifica) e desejar essencialmente parceiros com o mesmo comportamento. Na maioria das relações homossexuais, portanto, sexo e género coincidem, e é esse o estímulo que leva ambos a juntarem-se numa preferência de escolha de parceiro.<BR/><BR/>Mas vamos ver os casos que tentou abordar de forma infelizmente errada. "Travesti" é uma designação politicamente incorrecta que deriva de espectáculos populares nos anos 20 e 30 onde actores e cantores de sexo masculino se apresentavam no palco com um comportamento e vestuário de género feminino, geralmente com o propósito de entreter (ou chocar...) a audiência. O indivíduo em questão podia, no entanto, seguir todo o espectro possível de comportamentos, desejos, e escolha de parceiros. Na maior parte das vezes eram heterossexuais (ou seja, escolhiam parceiros do sexo feminino) e assumiam o género masculino em todas as situações fora do palco. Alguns, certamente, seriam homossexuais. Alguns, muito provavelmente, gostariam de ser transsexuais para identificarem o seu próprio sexo com o comportamento (género) que assumiam. E alguns ainda poderiam, mesmo após uma operação de mudança de sexo, sentir atracção física por qualquer um dos sexos. É igualmente verdade que muitos estavam associados à prostituição, mas não se pode julgar colectivamente a classe dos travestis a partir apenas de alguns casos — há, sem sombra de dúvida, uma muito maior predominância de prostituição heterossexual e de indivíduos cujo comportamento é determinado pelo seu sexo físico, do que fora dele. Pura e simplesmente pela razão de que a esmagadora maioria (90%) dos indivíduos se comportam de acordo com o seu sexo físico e sentem atracção física pelo sexo oposto. Logo, há muito mais prostituição (pelo menos dez vezes mais...) fora do mundo do travestismo do que dentro dele.<BR/><BR/>O termo travesti, no entanto, ficou demasiado associado a um certo tipo de espectáculo. Mesmo quase 80 anos depois (três gerações!) da altura em que o travestismo era uma forma corrente de entreternimento, o termo perdurou, e continua bem presente, como se pode ver no parágrafo "Um número significativo destes indivíduos faz regularmente sessões de «transformismo» em determinados bares-discotecas".<BR/><BR/>Obviamente que a realidade nada tem a ver com isto.<BR/><BR/>O termo transformista que usou mais à frente é um pouco mais preciso e ligeiramente menos pejorativo, embora continue normalmente associado à noção de espectáculo. No entanto, todos esses termos — travesti, transformista, drag queen, etc. — estão geralmente associados ao mundo do especáculo e nada têm a ver com o fenómeno propriamente dito, ou seja, a exibição de traços do género oposto ao do sexo físico com que se nasceu. Seria igualmente pejorativo dizer que todas as mulheres (indivíduos de sexo e género femininos) são strippers ou dançarinas eróticas. A esmagadora maioria não o são, evidentemente, e são mesmo muito poucas que sequer têm essa fantasia ou fetiche, mesmo na intimidade.<BR/><BR/>O mesmo se passa com indivíduos de género oposto ao sexo físico, e evidentemente que foi preciso introduzir uma designação mais "neutra" que não estivesse associada meramente ao espectáculo.<BR/><BR/>Optou-se, desde o final dos anos 1970, pela designação <I>crossdresser</I> para designar um indivíduo de qualquer sexo que opta por vestuário do <I>género</I> oposto. Desde essa altura, o termo normalmente designa um indivíduo de sexo masculino que usa roupas do género feminino, dado que desde os anos 1970 é popular a utilização de roupas do género masculino por indivíduos do sexo feminino, pelo que já não é legítima a expressão de <I>crossdresser feminino</I> nos dias de hoje (o termo, no entanto, ainda existe, dado que pelo menos até ao período da 2ª guerra mundial, existiam efectivamente crossdressers femininos).<BR/><BR/>O termo designa ainda normalmente um fetiche, e como foi referido num comentário, é uma manifestação física da autoginofilia. Mais uma vez: um indíviduo de sexo masculino pode <I>imaginar-se</I> como sendo do género feminino para se auto-estimular sexualmente e tirar prazer dessa fantasia; só se torna crossdresser quando (ocasionalmente) veste roupas do género feminino; mas em nada isto determina o seu comportamento ou preferência sexual. Na sua esmagadora maioria, com muito poucas excepções, os crossdressers masculinos são todos heterossexuais (desejam apenas ter parceiros do sexo feminino).<BR/><BR/>Um pequeno grupo de crossdressers, no entanto, pode ser transgénero: sem desejar a mudança física dos seus genitais, adopta, no entanto, durante a sua vida o <I>comportamento</I> do sexo oposto, assumindo portanto o género oposto ao com que fisicamente nasceu, no seu dia-a-dia. Estes são os indivíduos transgénero. A sua preferência sexual pode, no entanto, ser homossexual (o comportamento do género feminino condicona, nesse indivíduo, a atracção por parceiros do sexo masculino) ou continuar a ser heterossexual.<BR/><BR/>O seu texto dá um excesso de predominância a este caso sem o referir explicitamente: ou seja, traduz a noção de que todos os travestis, pelo facto de assumirem, nem que ocasionalmente, um papel normalmente associado ao género feminino, adoptam um comportamento homossexual. Na realidade, este caso é relativamente pouco frequente: conforme explicado anteriormente, um homossexual masculino raramente sente atracção por um parceiro que se assuma do <I>género</I> feminino, mas quase sempre por um parceiro que apresente o mesmo género que o sexo masculino.<BR/><BR/>Há, obviamente, excepções. Tal como o acto de crossdressing pode ser visto com uma forma de fetichismo (auto-erotismo através de uma fantasia sexual), há, de facto, indivíduos que, sem serem autoginéfilos, são no entanto <I>atraídos</I> por indivíduos que apresentam um <I>género</I> feminino, embora se assumam quase sempre como heterossexuais. Este caso não é frequente, mas é na realidade bastante fácil de explicar. Como disse, a noção de <I>género</I> é realmente condicionada pela educação, pelo ambiente, pelas regras de comportamento social. Logo, um indivíduo do sexo masculino é ensinado a comportar-se de acordo com o género masculino, e a apreciar (de início visualmente) indivíduos do <I>género</I> feminino como potenciais parceiros sexuais.<BR/><BR/>De notar que esta aprendizagem condiciona, de facto, a "apreciação do género" e não necessariamente a "apreciação do sexo". Porquê? Porque os contactos entre indivíduos numa sociedade moderna precedem a actividade sexual, e, logo, a escolha de parceiro requer normalmente um contacto. Dado que na maioria dos indivíduos o género e o sexo coincidem, esta abordagem é obviamente eficaz em mais de 90% dos casos: basta apreciarmos o género que, em 90% dos casos, estamos a apreciar o sexo também.<BR/><BR/>Para alguns indivíduos, no entanto, a apreciação do género é mais importante do que o sexo desse indivíduo. Assim, um indivíduo pode auto-classificar-se como sendo do sexo e género masculinos, e heterossexual quanto às suas preferências de parceiro, mas no entanto sentir-se essencialmente atraído por indivíduos do <I>género</I> feminino, 90% dos quais serão efectivamente também do sexo feminino, embora alguns não o sejam. Curiosamente este é, de facto, o comportamento esperado, visto que as sociedades modernas contemporâneas advogam o uso de <I>comportamento</I> para invocar o sexo, e a educação vai no sentido de identificar comportamentos de um determinado género. O sexo, esse, é só visível durante o acto sexual propriamente dito. Contraste-se com a vivência em sociedades histórica ou fisicamente remotas, onde a ausência quase completa de vestuário proporciona um tipo diferente de educação: o sexo encontra-se sempre visível, pelo que os comportamentos associados ao género são menos importantes nessas sociedades.<BR/><BR/>É nestas subtilezas que infelizmente se vêm as falhas do seu artigo, que até refere uma série de estudos interessantes e alguns termos técnicos correctos. Fala-se de disforia do género quando um indivíduo se identifica com um género oposto ao do seu sexo. Esta disforia não pode ser "curada" via psicoterapia, mas o indivíduo pode de facto aliviar a tensão e depressão associada à disforia de duas formas: pode mudar o seu comportamento de acordo com o género com que se identifica (transgénero; no qual se engloba, por exemplo, a actividade de vestir roupas do género oposto, ou seja, crossdressing) ou fisicamente mudar o sexo para o mesmo do género com que se identifica (transsexual; ou seja, a substituição dos genitais e órgãos sexuais secundários para os normalmente exibidos pelos indivíduos do género com que se identifica). Normalmente, claro, a alteração física do sexo tende a implicar a mudança de comportamento (género) associada ao novo sexo. O contrário, no entanto, não é necessário. E finalmente, a adopção de um novo sexo (ou apenas de um novo género, sem alteração de sexo) não tem nada a ver com o novo comportamento sexual assumido daí em diante. Tecnicamente, um indivíduo transsexual passa a ser designado por homossexual se continuar a sentir-se atraído por indivíduos do sexo que agora tem e escolhê-los como parceiros (por outras palavras, um indivíduo do sexo masculino que se sente atraído por indivíduos do sexo feminino — comportamento heterossexual — mas que muda o seu sexo, mantendo a preferência sexual, deixa de ser heterossexual para ser homossexual). Estes são casos pouco frequentes, mas não são, de todo, inexistentes. A frase coloquial "sou uma lésbica em corpo de homem" tem como origem este tipo de indivíduos, que efectivamente ambiciona ter um comportamento homossexual com parceiras do sexo feminino, mudando assim o seu próprio sexo a fim de poder ter este tipo de relação. Os casos são mais frequentes do que se possa julgar.<BR/><BR/>A existência de machos homossexuais "abonecados" e "hermafroditas" é sem dúvidas uma invenção colorida (passe a expressão...) mas claramente muito pouco correcta. A maioria dos machos homossexuais não tem intenção alguma de mudar de género, nem que superficialmente ("abonecar-se"); o comportamento "abonecado" ou "hiperefeminado" é apenas mais um fetiche que existe, de facto, em alguns indivíduos com desejos homossexuais, mas não é de todo uma "condição" nem sequer é tão "frequente" como os <I>media</I> tendem a fazer-nos crer. Trata-se efectivamente muito mais de "modas" do que propriamente de preferências sexuais. Por contraste, a criação da designação "metrossexual" para os machos heterossexuais que gostam de se "abonecar" (no sentido em que sentem especial prazer por artigos de vestuário de luxo e um cuidado extremo com o seu corpo físico, comportamentos esses associados tradicionalmente ao género feminino) é apenas uma designação de "moda". No século XVIII, por exemplo, a esmagadora maioria dos machos heterossexuais seria efectivamente designada por metrossexual, por esse ser o comportamento esperado do género masculino (era o comportamento predominante). Nos séculos XIX e XX, esse tipo de preocupações estéticas por parte dos indivíduos de sexo e género masculinos passou a ser suprimida. Actualmente está de novo a ganhar "moda" e pode, de facto, passar a ser um comportamento dominante: mesmo em países conservadores como Portugal, os indivíduos de sexo e género masculinos já frequentam habitualmente manicures, pedicures, centros de estética para tratamento de pele, ou efectuam a depilação integral, e sempre exercitaram o seu corpo de forma a exibir um físico saudável. A noção de que um indivíduo do género masculino deva ter preocupações estéticas no seu dia-a-dia é actualmente de novo "moda" (tal como o foi em muitos períodos no passado) e é um comportamento socialmente aceitável pelos indivíduos de género feminino; não indica, pois, qualquer "efeminização" mas apenas uma moda, em que o realçar do físico masculino começa a ser socialmente mais aceitável. No entanto, esse comportamento — o de realçamento dos atributos do físico masculino — começou por ser mais praticado por indivíduos homossexuais do sexo masculino (pois, como disse, a maior parte dos indivíduos homossexuais de sexo masculino sentem especial prazer por um corpo masculino que esteja bem cuidado), pelo que ganhou um certo estatuto de "tabu" nas últimas décadas. Tabu esse que tem-se vindo a perder.<BR/><BR/>"Hermafrodita" também me parece ser desenquadrado do contexto. Tecnicamente, um indivíduo hermafrodita é aquele que apresenta órgãos sexuais intactos de ambos os sexos. Na prática, estes casos são incrivelmente raros, e mesmo os casos em que um dos tipos de órgãos sexuais está atrofiado, são excepções raríssimas. Penso que se está a referir aos vulgarmente conhecidos <I>she-males</I>, que designam pejorativamente indivíduos que apresentam órgãos sexuais secundários femininos (através de cirurgia plástica), mas genitais masculinos. É efectivamente um tipo extremo de fetichismo sexual e (infelizmente) realmente muito associado à prostituição.<BR/><BR/>É por isso que, com algum espanto (e repugnância!) vejo essas citações todas fora de contexto onde é associado ao "travesti" (uma palavra que originalmente designou uma profissão ma área do espectáculo de palco) tantas e tão estranhas caracterizações — a associação à prostituição sendo talvez a mais repugnante — quando a realidade é que se está, efectivamente, a projectar uma série de preconceitos associados a uma pequena parte da população transgénero (alguns travestis, efectivamente, recorrem à prostituição; da mesma forma como algumas dançarinas eróticas também o fazem; são realmente profissões "borderline") para a <I>totalidade</I> dessa população. Há também referências a explicações pseudo-científicas que procuram explicar as causas do comportamento transgénero em crises psicológicas passadas na juventude, ou inadequação de formas de educação erradas, ou aquisição de comportamentos inadequados por falta de orientação ou baixa auto-estima. Se fosse assim, a psicoterapia moderna poderia efectivamente <I>reverter</I> esse tipo de comportamentos — a disforia de género poderia ser, efectivamente, "curada" como qualquer outra doença do foro psiquiátrico.<BR/><BR/>A realidade, no entanto, não é essa; e tal como a preferência de parceiro sexual não é uma disforia passível de ser tratada psiquiatricamente, a identificação de género também não é. O trabalho dos psicoterapeutas nesta área deve ser, e efectivamente até o é frequentemente, meramente a <I>diminuição da angústia e depressão</I> causada por uma condição (não tratável) socialmente não aceitável mas com a qual os indivíduos transgénero podem efectivamente aprender a lidar melhor sem conduzi-los ao desespero. Um bom psicoterapeuta clínico saberá aliviar estes indivíduos do seu desespero e ensiná-los-á a aceitarem-se enquanto elementos desenquadrados de uma sociedade que não os aceita.<BR/><BR/>Talvez só assim consiga explicar que a sua conclusão, efectivamente, é a correcta: há uma rejeição, tanto pelas comunidades heterossexuais, como pelas homossexuais, dos comportamentos transgénero e transsexual, desde as suas formas mais simples (autoginefilia, crossdressing) à mudança física dos órgãos genitais. O caso português é particularmente triste, pelo facto das organizações LGBT tenderem a esquecer-se que o elemento "T" também está na sigla; ironicamente, os movimentos LGBT tendem a conseguir uma série de direitos e liberdades (especialmente quanto à sua não-discriminação) para os elementos L, G e B, mas delegam os casos "T" para o foro psiquiátrico para que sejam "tratados", aprendendo a suprimir os seus desejos e vontades. Não há um movimento transgénero em Portugal — quanto muito, se há "movimento", é para empurrar transsexuais para dentro de poços e apedrejá-los até à morte. É certo que não tenho sequer a pretensão de algum dia vir a ver nas cidades portuguesas os indivíduos transgénero a serem contratados por bancos conservadores, tal como se vê em cidades como S. Francisco, mas pelo menos que se reconheça a necessidade destes indivíduos a existirem na sociedade e a terem o direito a um devido aconselhamento sem preconceitos que conduza a uma maior aceitação da sua própria condição, em vez de os relegar para o campo da discriminação e da "cura psiquiátrica".<BR/><BR/>Concordo, pois, com a sua conclusão: a pequena população transgénero em Portugal (a autoginefilia, a forma mais "fraca", não deverá ultrapassar 5% dos indíviduos de sexo masculino; poucos de entre estes passarão sequer à fase seguinte, o crossdressing) é efectivamente marginalizada pelos grupos L, G, e B, assim como pelo <I>mainstream</I> heterossexual, mas especialmente por uma razão: a divisão entre sexo físico, comportamento de género, e preferência de parceiro sexual não está clara (nem esclarecida), e faz ainda muita confusão a muita gente... mesmo entre a comunidade LGB (onde apenas a preferência sexual é determinante).<BR/><BR/>Ironicamente há uma classe de transsexuais que não é de todo discriminada... os que consigam obter uma operação executada na perfeição, como a Filipa Gonçalves, um dos (vários) casos em que tanto o sexo final, o género, e a preferência sexual estão perfeitamente integrados de forma que a esmagadora maioria dos portugueses nem sequer se apercebe de que a pessoa em questão passou por uma fase transsexual. Infelizmente isto não se passa com a esmagadora maioria das pessoas.Sandra M. Lopeshttps://www.blogger.com/profile/00008119198361090865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-10714273980747505122008-03-15T13:21:00.000+00:002008-03-15T13:21:00.000+00:00Excuse me?!?O F. definiu pedofilia como "as crianç...Excuse me?!?<BR/><BR/>O F. definiu pedofilia como "as crianças como alvo erótico."<BR/>Eu não distingui, nem o F, pedofilia "criminosa", da "consentida"; porque NITIDAMENTE, (uma vez que estamos no plano das "obviedades"), a pedofilia "consentida" n é tão problemática ou consequente.<BR/><BR/>E, sim, o assunto é muito mais complexo, por isso, "caso encerrado".E. A.https://www.blogger.com/profile/10998297156907464840noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-14389894512612459822008-03-15T13:13:00.000+00:002008-03-15T13:13:00.000+00:00O assunto é mais complexo e não gosto de assumir o...O assunto é mais complexo e não gosto de assumir o papel de "carrasco": muitas "crianças" não encaram esse "sexo" como abuso, porque o consentiram. Não estamos a tratar da pedofilia organizada e criminosa!J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-34545949193267444142008-03-15T12:45:00.000+00:002008-03-15T12:45:00.000+00:00É "claro", mas com o seu exemplo relativizou o pro...É "claro", mas com o seu exemplo relativizou o problema. Algumas gotas de sensilidade, seria um excelente receita para o omnisciente F...E. A.https://www.blogger.com/profile/10998297156907464840noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-34901665416862442272008-03-14T22:38:00.000+00:002008-03-14T22:38:00.000+00:00Claro...Claro...J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-17532719432981673722008-03-14T22:05:00.000+00:002008-03-14T22:05:00.000+00:00Pois, mas há abusos aos 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 an...Pois, mas há abusos aos 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 anos... que deixam traumas. A realidade da pedofilia, infelizmente, n é só de meninos pré-adolescentes gays que se iniciam na sexualidade.E. A.https://www.blogger.com/profile/10998297156907464840noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-16782266169889502602008-03-14T21:27:00.000+00:002008-03-14T21:27:00.000+00:00Sim, também é verdade. Mas existem estudos america...Sim, também é verdade. Mas existem estudos americanos que mostram que os rapazes gay não vêem esse "abuso" como Abuso, mas como uma oportunidade de terem a sua primeira experiência gay sem temer represálias. Portanto, a relação é consentida e pode ser psicologicamente gratificante em termos de desenvolvimento de identidade. Isto desde que não haja uso da força ou de outro meio coercitivo. Deu origem a uma polémica científica. Na minha amostra, muitos relataram sem trauma essa experiência precose com parceiros muito mais velhos.J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-67140912359087501892008-03-14T20:08:00.000+00:002008-03-14T20:08:00.000+00:00Quanto aos exemplos de zoofilia:Se calhar bastava ...Quanto aos exemplos de zoofilia:<BR/><BR/>Se calhar bastava chamar-lhe "cadela". <BR/>Por acaso, ontem (http://www.spiegel.de/international/zeitgeist/0,1518,541437,00.html) a Holanda decretou a proibição de sexo com animais. Sendo que por lá havia/há casas onde se vendiam/vendem sexo com animais. Eu n acho muito normal que um homem tenha prazer em penetrar a vagina ou o ânus de uma ovelha ou de uma cadela; se elas têm prazer não sei.<BR/><BR/>Quanto ao último comentário, n sei a que idades se está a referir. Mas se são "abusados", como se pode tornar "gratificante"? Isso já é o ponto de vista do perversor, que se transfere para o da criança, que começa a pensar que a culpa é da própria, por ser bonita/sedutora.E. A.https://www.blogger.com/profile/10998297156907464840noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-17300272659945988162008-03-14T19:46:00.000+00:002008-03-14T19:46:00.000+00:00Os gay e lésbicas são muito abusados sexualmente n...Os gay e lésbicas são muito abusados sexualmente nesse período, mas a maior parte vê nisso uma relação gratificante. Alguém os aceita como são!J Francisco Saraiva de Sousahttps://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com