tag:blogger.com,1999:blog-18926893784161951382024-02-19T15:13:52.440+00:00CyberCultura e Democracia OnlineUm espaço virtual de debate filosófico, político e científico.J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.comBlogger1296125tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-77500805376058398052013-11-27T16:40:00.000+00:002013-11-27T16:40:04.389+00:00Dossier Filosofia Médica (7)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEiB4AL3Ur2UhaQBmk6wIKmEotlwweHRl3Ift2po9q1WZCuvCp54DAUznuv2R-mFVWdo99HeHf6OgmNb45xBm72vEyerqsN3Ay2YjNcutoaGoCI3CyvYUbo4dP3WQlM8iFO9qFxmbza_eK/s1600/SL371082.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEiB4AL3Ur2UhaQBmk6wIKmEotlwweHRl3Ift2po9q1WZCuvCp54DAUznuv2R-mFVWdo99HeHf6OgmNb45xBm72vEyerqsN3Ay2YjNcutoaGoCI3CyvYUbo4dP3WQlM8iFO9qFxmbza_eK/s320/SL371082.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><b>Porto: Casa do Roseiral</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mais algumas ideias para a elaboração da Filosofia Médica:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> Em Portugal, com os "filósofos" que temos, é impossível fazer o <b>elogio da Filosofia</b>: Eles mataram a Filosofia. Porém, a Filosofia atravessa um mau momento em todos os países ocidentais: as modas parisienses desgastaram a pesquisa filosófica e quebraram a continuidade da pesquisa fundamental. É preciso repensar a filosofia nas suas conexões com a ciência e a política: o <b>mito positivista </b>deve ser desinstitucionalizado. A Filosofia é conhecimento: esquecer isso é reduzir a filosofia a nada ou - o que é pior - a algo inofensivo. O <b>Império da Opinião</b> deve ser demolido e os seus portadores eliminados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> Os alemães têm produzido as melhores obras de <b>Filosofia Médica</b>. Hoje estive a ler algumas. Porém, o campo da Filosofia Médica é extremamente complicado. Sempre privilegiei a via que vai da patologia à fisiologia, mas neste momento vacilo: as teorias médicas disponíveis não captam a complexidade da <b>biomedicina</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> Steussloff & Gniostko (1968) escreveram uma obra monumental "<i>A Imagem Marxista do Homem e Medicina</i>", onde estabelecem como meta da <b>medicina marxista</b> o «homem social sadio». Ora, a medicina marxista é aqui pensada como antropologia. No entanto, acho ser possível questionar Marx sobre o problema do normal e do patológico: a minha intuição é que Marx concede prioridade ao patológico, até porque a sua "utopia social" é algo que ainda não foi realizado. Há portanto um repto marxista à abordagem de Comte.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> De certo modo, Marx herda os problemas e as temáticas da <b>medicina hipocrática</b> e aprofunda-os. Ora, os princípios da medicina marxista permitem-nos detectar os erros das análises de Michel Foucault: o conceito de <b>natureza</b> não pode ser despachado. Direccionar o nosso olhar para a medicina permite-nos actualizar Marx. A <b>Marxfobia</b> é uma doença mental.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> Só há um caminho para impedir a <b>catástrofe</b>: Usar a genética e a biomedicina para eliminar a maldade dos indivíduos de Direita.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> O Jovem-Marx analisou conceitos-chave da <b>Tradição da Medicina</b>, em especial os conceitos de natureza e da relação do homem com outro homem que se comporta como "animal político". Deste modo, o seu <b>Humanismo </b>cristaliza-se a partir do <b>Naturalismo</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7. </b>Se a meta da medicina marxista é o <b>homem social sadio</b>, então podemos dizer que ela aprofunda a medicina hipocrática. A natureza pode eliminar o que torna a pessoa doente e restituir-lhe a saúde. Isto significa que a medicina grega é essencialmente <b>formação do homem</b>, é <b>medicina antropoplástica</b>, cuja arte terapêutica consiste no cuidado privado do corpo e num serviço público em prol da saúde denominado "politike". Com os novos progressos da medicina, é fácil recuperar estes conceitos gregos a partir da abordagem antropológica de Marx.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> Ao esquecer a <b>tradição marxista</b>, a Esquerda europeia ficou sem orientação teórica e política. A Direita está a aproveitar essa <b>amnésia da esquerda</b> para destruir o Estado Social e o Serviço Nacional de Saúde. Marx continua a ser a luz que orienta as práticas políticas de esquerda; sem ele, não há política de esquerda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> Sou mesmo teimoso e não desisto facilmente das tarefas que me proponho: Pensar a biomedicina de modo a elaborar uma nova Filosofia Médica e uma <b>Teoria Geral da Medicina</b>. Passei todo o dia a estudar a evolução das ideias biológicas e médicas, na tentativa de descobrir um fio condutor. Porém, já ao fim da tarde, a minha mente foi caçada por uma ideia: a do <b>desaparecimento do normal e do patológico</b> ou, pelo menos, a emergência de uma abordagem plural. Quando passamos do macroscópio ao microscópio, torna-se oneroso classificar as doenças: a revolução do objecto e da óptica - a biologia molecular - faz desaparecer a <b>nosologia</b>. No entanto, suspeito que podemos actualizar a medicina hipocrática a partir desta revolução sem precedente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10. </b>A <b>Clínica</b> surgiu no século XVII, fazendo o termo referência ao leito onde o doente repousa. Ora, o desenvolvimento das teorias médicas nos finais do século XIX e no decorrer do século XX tornou desnecessária a clínica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> Ao longo da história, a medicina produziu mais mortes do que "curas". A sua amplitude contrastava com a sua fraca eficácia: muitas das <b>pestes</b> referidas pela história de Portugal foram crises de fome; as pessoas morriam de fome e não da peste. No entanto, nos conceitos da medicina hipocrática descobrimos ideias seminais que moldaram a evolução das ideias médicas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> Com a descoberta dos <b>micróbios</b>, o homem sentiu-se estranho num universo repleto de <b>inimigos invisíveis</b>. A <b>bacteriologia</b> levou à <b>imunologia</b>: a <b>imunidade humoral</b> é uma homenagem a Hipócrates.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>13.</b> "<i>Abram os cadáveres</i>": Esta palavra de ordem deu origem à <b>anatomia</b> e, posteriormente, à <b>anatomia patológica</b>. Logo aqui a medicina ocidental marca a diferença: a <b>medicina chinesa</b> é uma medicina sem anatomia. Porém, a <b>dissecação dos cadáveres</b> matou muitos "médicos" com a "picada anatómica". A ideia de infecção andava no ar, não podendo ser tematizada sem instrumentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>14.</b> O desenvolvimento da medicina foi bloqueado por diversas forças: a Igreja Católica tentou travar o <b>uso dos cadáveres </b>para a descrição anatómica e os "amigos dos animais" lutaram contra a <b>experimentação animal</b> sem a qual não haveria <b>fisiologia</b>. Porém, todos estes obstáculos foram superados e hoje todos beneficiam com o <b>progresso da medicina</b>. A história da <b>anestesia</b> pode ilustrar esta luta entre forças retrógradas e forças revolucionárias.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com340tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-30411028897462631962013-11-14T16:54:00.000+00:002013-11-14T16:57:48.722+00:00Dossier Filosofia Médica (6)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNe1xWNyZYFOG5LioWTs7VnKjwo49Vr5IQH3gb0d1z6d5UsdMlKHz2DocQfLV2JbXLfiKP7tDCzbmI2Baome-iOLli6A38sU0-VPSHVyGD7ReH6zbyPD2EkEvVMGYwoMuFjXIrdBlBgoe0/s1600/1456662_492353390862103_1822787421_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNe1xWNyZYFOG5LioWTs7VnKjwo49Vr5IQH3gb0d1z6d5UsdMlKHz2DocQfLV2JbXLfiKP7tDCzbmI2Baome-iOLli6A38sU0-VPSHVyGD7ReH6zbyPD2EkEvVMGYwoMuFjXIrdBlBgoe0/s320/1456662_492353390862103_1822787421_n.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Cidade do Porto: Massarelos</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> Hoje foi dia de estudar o pai da psiquiatria americana: <b>Benjamin Rush</b> (1746-1818). Concordo com o seu amigo Jefferson: os seus tratamentos da loucura eram demasiado cruéis e condenáveis: aparelhos como o <b>tranquilizador</b> ou o <b>girador</b> são <b>aparelhos de tortura</b>. Mas o que me chamou a atenção foi a sua <b>teoria da lepra da negritude </b>dos escravos. A cor negra é uma doença que, segundo Rush, pode ser tratada. Em termos ideológicos, Rush diz o seguinte: o negro pode ser um empregado doméstico aceitável do ponto de vista médico, embora deva ser alvo de <b>segregação sexual</b> para impedir a transmissão de uma doença hereditária temida. Os brancos não devem tiranizá-los - os negros - e não devem casar com eles: a doença poderá ser curada no futuro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> Negando as diferenças entre <b>doenças do corpo</b> e <b>doenças da mente</b>, Benjamin Rush abusou da <b>metáfora médica</b> para medicalizar a vida social: o <b>Pennsylvania Hospital</b> foi a materialização da <b>ideologia psiquiátrica</b> que fez do <b>desvio social</b> uma <b>doença mental</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> Infelizmente, Portugal é um país entregue aos burros: O <b>Bode Expiatório</b> da psiquiatria institucional foi sempre o <b>Homossexual</b>. O <i>auto de 1723</i> relata um caso que ocorreu em Lisboa, cuja sentença foi a flagelação e dez anos de serviço nas galés. A homossexualidade era tratada como um <b>delito</b> e o delito como uma <b>heresia</b>: o <b>castigo</b> era a <b>relaxação</b> - queima na fogueira - ou <b>flagelação</b> - açoitamento - e as <b>galés</b>. A chamada <b>libertação dos loucos</b> não ocorreu em Lisboa, mas sim no Porto: o Hospital Conde de Ferreira protagoniza esse movimento em Portugal, embora usasse ainda alguns <b>instrumentos de tortura</b>. Porém, ainda não temos uma <b>história da loucura</b> em Portugal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> A <b>masturbação</b> foi outra prática sexual condenada e punida pela Psiquiatria Institucional: a ideologia psiquiátrica da masturbação é deveras bizarra. Porém, ainda hoje os pacientes que se masturbam compulsivamente nas enfermarias são objecto de um tratamento clássico: as mãos são amarradas às grades da cama. Mas como devem ter reparado falei de <b>masturbação compulsiva</b>: o que quer dizer que há formas patológicas de masturbação. Devemos criticar a <b>violência psiquiátrica</b> sem deitar fora a Psiquiatria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> Enfim, concordo com a crítica da violência psiquiátrica levada a cabo pela Antipsiquiatria, mas também condeno os excessos deste movimento, em especial a <b>política do orgasmo</b>. Chegou a hora de mandar à merda o orgasmo. Descarta-te do sexo e cultiva a tua mente! Todos os movimentos de <b>emancipação sexual</b> fracassaram. Hoje sabemos que o sexo não liberta; pelo contrário, escraviza, destruindo a mente, a vida pessoal e social e a saúde mental e física.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> A <b>teoria da negritude</b> de Benjamin Rush parece ser um disparate e assim é. Mas faz algum sentido no contexto americano oitocentista. Com efeito, por volta de 1792, começaram a surgir zonas brancas no corpo de um escravo negro chamado Henry Moss, que, no espaço de três anos, ficou completamente branco. Ele era portador de uma doença hereditária chamada <b>vitiligo</b>: </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">uma doença não-contagiosa em que ocorre a perda da pigmentação natural da pele, tanto nos negros como nos brancos. (Rush desconhecia que a perda de pigmentação pode ocorrer nos brancos.) </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ora, quando soube disso, Rush pensou que a cor biologicamente normal do negro era uma doença que, no caso de Moss, tinha sido curada de modo espontâneo. Daí que tenha sugerido que a cor negra era resultado do </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">sofrimento de lepra </b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">pelos seus ancestrais africanos. Ora, nalguns casos, em especial entre os habitantes das ilhas de lepra do Pacífico Sul, a lepra é acompanhada pela cor negra da pele.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-10087837169256507662013-11-05T16:10:00.000+00:002013-11-06T16:15:29.890+00:00Dossier Filosofia Médica (5)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia5CcWpgGGEy-Be8mYpIFp91Eip1s5VqZ2wO2b7js19k_Y312VTxMgZa4CR1v5GKp-bH0wh0ywMYTOytl7vHNVs5AfeYapbIcfN3OdjJxe_FAJXEa5nOF2Msi5DmVJZS_dTYzsxzzN3tt1/s1600/59673990.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia5CcWpgGGEy-Be8mYpIFp91Eip1s5VqZ2wO2b7js19k_Y312VTxMgZa4CR1v5GKp-bH0wh0ywMYTOytl7vHNVs5AfeYapbIcfN3OdjJxe_FAJXEa5nOF2Msi5DmVJZS_dTYzsxzzN3tt1/s200/59673990.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cidade do Porto</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mais ideias sobre <b>Filosofia Médica</b> na sua relação com a <b>Antipsiquiatria</b>:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> R. D. Laing legou-nos um conceito primordial: <b>Segurança Ontológica</b>. A Antipsiquiatria inspira-se no existencialismo de Sartre. A transição da segurança ontológica à <b>insegurança ontológica</b> permite compreender o modo de <b>ser-no-mundo</b> daqueles - os <b>psicóticos</b> - que a psiquiatria hospitaliza: o indivíduo ontologicamente inseguro pode viver três formas de angústia: <b>ser tragado</b>,<b> implosão</b> e <b>petrificação e despersonalização</b>. A <b>Filosofia Dialéctica </b>da Antipsiquiatria ainda não foi devidamente estudada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> A <b>política de empobrecimento</b> do Governo de Portas-Coelho mina completamente o <b>sentimento de segurança ontológica</b> dos portugueses, os quais não possuem um <b>sentido de realidade</b> forte em circunstâncias normais. A penúria lança-os na insegurança ontológica e perturba-os nas suas relações com os outros. Porém, no caso dos portugueses, em virtude da sua propensão para a loucura, é necessário introduzir novas manifestações de angústia, nomeadamente o <b>vampirismo existencial</b> e a <b>inveja patológica</b>. Portugal caminha na direcção de um país pobre e louco.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> O meu encanto pela antipsiquiatria levou-me a desenterrar das estantes todas as obras dos fundadores deste movimento e a relê-las com mais atenção. Durante a minha vida só devo ter lidado com meia dúzia de <b>esquizofrénicos</b> e, por isso, não tenho grande experiência da <b>experiência esquizofrénica</b>. Hoje acompanhei o desenvolvimento intelectual de Laing e aprendi a reler "<i>A Política da Experiência</i>", talvez a sua obra mais antipsiquiátrica. E a apreciar o modo como Cooper politiza o movimento da antipsiquiatria à <b>não-psiquiatria</b>, a partir de uma <b>mudança profunda da sociedade</b>. Marx foi redescoberto pelos fundadores da antipsiquiatria. Ora, um tal questionamento radical da psiquiatria clássica implica uma reformulação do próprio <b>campo da medicina</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4. </b>A <b>revolução antipsiquiátrica</b> deve ser entendida como uma <b>revolução da consciência </b>que denunciou a violência exercida sobre os esquizofrénicos e os danos causados pelo <b>imperialismo da norma</b>. A revolução fundamental preconizada pela antipsiquiatria contra a dominação será o resultado de uma <b>evolução da consciência humana</b>: Laing libertou a <b>subjectividade</b> ao acentuar a <b>continuidade entre o normal e a loucura</b>. As consequências mais importantes da antipsiquiatria resultam deste acto de fazer ir pelos ares a barreira-ruptura entre o normal e a loucura.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> Convém não ver uma ruptura entre <i>The Divided Self</i> (1960) e <i>The Politics of Experience</i> (1967). O conceito de <b>experiência transcendental</b> de Laing corresponde aos conceitos de <b>reversão</b> de Esterson e de <b>anoia </b>de Cooper: «<i>A verdadeira saúde mental implica de uma maneira ou de outra a dissolução do ego normal, desse falso eu sabiamente adaptado à nossa realidade social alienada, a emergência dos arquétipos "interiores" mediadores da potência divina, o desembocar desta morte numa re-nascença e a re-criação de uma nova função do ego, em que o eu já não traia o divino, mas o sirva</i>» (Laing).</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> A Antipsiquiatria fez uma crítica justa da psiquiatria clássica e sua <b>ideologia clerical</b> e da ciência e seus "<b>métodos cegos</b>", embora tenha fracassado no "tratamento" dos esquizofrénicos. Ora, a <b>psiquiatria institucional</b> aboliu-a dos manuais de psiquiatria e, quando a refere, é para dizer que os seus "bons loucos" são como os "bons selvagens" de Rousseau. Porém, o que interessa na antipsiquiatria é a sua<b> teoria da experiência </b>e a sua crítica justa da <b>ciência objectiva</b>. Além disso, a antipsiquiatria abre a medicina ao <b>mundo social </b>e, quando apresenta a <b>norma</b> como <b>alienação</b>, converte-se em crítica social e política. A <b>adaptação social</b> não é critério de saúde mental.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> A <b>psiquiatria institucional </b>está ao serviço da manutenção da sociedade estabelecida e, nessa função, deve ser criticada: a antipsiquiatria pode ser encarada como <b>crítica da ideologia psiquiátrica</b>. Os antipsiquiatras foram grande profetas: o mundo presente confirma as suas profecias. Se tivessem sido escutados nos anos 60, o mundo não estaria hoje à beira do abismo. A <b>vida saudável</b> não pode ser dissociada da <b>vida justa</b>: a medicina precisa mais de filosofia do que de psicologia.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> Aprovo o <b>programa pré-revolucionário</b> proposto por Cooper: a criação de <b>Centros Revolucionários de Consciência</b>. A psiquiatria pode integrar um tal programa de investigação científica. O <b>atraso estrutural de Portugal </b>tem uma dimensão humana: o país não se desenvolve porque os portugueses são <b>seres mental e cognitivamente atrasados</b>. A reformulação do programa pré-revolucionário de Cooper pode ajudar os portugueses a superar-se a si mesmos e a renascer como novas pessoas. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> Aprovo a <b>crítica antipsiquiátrica da família e da escola</b>. De facto, devemos gerar um movimento de <b>Antipedagogia </b>e defender a criação de <b>anti-escolas</b> e de <b>anti-universidades</b>. A <b>mente arcaica dos portugueses</b> refugiou-se na pedagogia para não aprender: o <b>fracasso da educação</b> em Portugal fornece-nos todos os elementos para pensar a <b>antipedagogia</b>. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> Defendo a <b>libertação da subjectividade rebelde</b>, mas não a situo ao nível da loucura. A psiquiatria institucional tende a colocar <b>loucos</b> e <b>génios</b> do mesmo lado da barreira entre norma e loucura, exigindo a ambos a adaptação social à média social. A noção antipsiquiátrica de <b>viagem</b> deve ser diferenciada: a <b>viagem do louco</b> é diferente da <b>viagem do revolucionário</b>. Neste terreno, o diálogo com a antipsiquiatria pode ser muito produtivo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-57633521187673921432013-11-04T17:24:00.000+00:002013-11-05T16:13:47.309+00:00Dossier Filosofia Médica (4)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4U7_McQFPz9IM_huXNk4Zq69djkZfQ0DDQC0uEgcb6K78bYBAPaBIh5MdsH5c9kUnOhcHzfAnZLa6LHq67A0XeH-kIHLFJtk4iA7NpWKntSbgHJ8wfzBxPATJEZKHyCBDYbomibvcbs3w/s1600/1940+os+macondes+de+mocambique+(2).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4U7_McQFPz9IM_huXNk4Zq69djkZfQ0DDQC0uEgcb6K78bYBAPaBIh5MdsH5c9kUnOhcHzfAnZLa6LHq67A0XeH-kIHLFJtk4iA7NpWKntSbgHJ8wfzBxPATJEZKHyCBDYbomibvcbs3w/s200/1940+os+macondes+de+mocambique+(2).jpg" width="146" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mais ideias sobre <b>Filosofia Médica</b> nas suas relações com a <b>Psiquiatria</b>:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> Hoje tenho passado o dia chuvoso a estudar psiquiatria portuguesa e americana. tendo relido uma conferência dada por Goffman a uma audiência de psiquiatras. A psiquiatria tem um passado macabro que revejo no excesso de autoridade dos psiquiatras portugueses, desde o século XIX até ao 25 de Abril. Conheço de perto a <b>síntese antropológica da medicina</b> proposta pela psiquiatria portuguesa, embora não a entenda teoricamente. Devemos combater o <b>imperialismo psiquiátrico</b> no seio da medicina: não acredito na eficácia das <b>psicoterapias</b> e os novos ramos da psiquiatria - <b>psiquiatria comunitária</b>, <b>psiquiatria geriátrica</b> e <b>psiquiatria forense</b>, entre outros ramos - estão claramente ao serviço da manutenção do <i>status quo</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> Os profissionais da saúde mental temem a <b>desmedicalização da psiquiatria</b>. Em Portugal, a recepção do movimento da <b>antipsiquiatria </b>foi muito má: todos temiam ficar sem emprego. "A violência em psiquiatria é preeminentemente a violência <i>da</i> psiquiatria" (David Cooper), isto é, a subtil e tortuosa violência perpetrada pelos outros, pelos "sadios", contra os rotulados de loucos. A <b>neurocirurgia</b> praticada por EGAS MONIZ foi um acto de <b>violência da psiquiatria</b>. Qualquer história arqueológica da psiquiatria devia ter um capítulo final consagrado à "<i>Violência e Psiquiatria</i>". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> Infelizmente, não temos um bom estudo sobre a vida e obra de EGAS MONIZ: os portugueses não sabem fazer análises finas do pensamento daqueles que pensaram neste ermo que é Portugal. Já escrevi 3 ou 4 textos sobre a <b>homofobia de Egas Moniz</b>: a sua prática psiquiátrica é pura violência <i>da</i> psiquiatria. A destruição de partes do encéfalo é mais devastadora do que o <b>encarceramento dos loucos</b>. Egas Moniz comportou-se como um <b>psiquiatra fascista</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Ontem, num piso inferior do Shopping do Bom Sucesso, foi brutalmente assassinado um homem gay que tinha marcado um <b>encontro clandestino</b>: a busca compulsiva de parceiro sexual levou a um encontro com a morte brutal. Ora, o <b>crime do Bom Sucesso</b> traz à baila o <b>estilo de vida promíscuo</b> dos homens homossexuais. A <b>busca compulsiva de novos parceiros sexuais </b>coloca em perigo a vida dos homens homossexuais, não só em termos de <b>doenças sexualmente transmissíveis</b>, mas também em termos de saúde mental e de criminalidade: <b>sexo casual</b> é sinónimo de <b>encontro com a morte</b>. A <b>comunidade homossexual </b>exibe um vasto espectro de <b>perturbações mentais</b>: o <b>modelo de intervenção psiquiátrica</b> junto da comunidade homossexual é relevante para a Filosofia Médica. A <b>psiquiatria comunitária</b> pode ser avaliada a partir deste modelo de intervenção psiquiátrica.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> E. Goffman caracterizou o <b>Hospital Psiquiátrico</b> como uma <b>instituição total</b>, dando destaque ao seu "<b>ciclo metabólico</b>": a entrada ou recrutamento, a mastigação e o regurgitamento dos seres humanos. A <b>analogia biológica</b> chocou os psiquiatras, bem como M. Mead, a qual alegou que o ser humano não é um <b>excremento</b> ou um <b>vómito</b>. Porém, a mesma analogia foi usada por David Cooper: «<i>No hospital psiquiátrico tradicional, actualmente, a despeito da proclamação de progresso, a sociedade consegue o melhor de ambos os mundos - a pessoa, que é "vomitada" para fora da família, para fora da sociedade, é "engolida" pelo hospital e, então, digerida e metabolizada, fora da existência como pessoa identificável. Creio que isto deve ser encarado como violência</i>». </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-84987539391286309372013-11-02T17:47:00.000+00:002013-11-03T17:22:48.077+00:00Dossier Filosofia Médica (3)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2kX6EckPsPd6vITKzA89nWKqaOwcUyZ9HEhglubUjk1EUEhVM8GPK3VDiRxDH5BgWH9J1i38I8pNVYNId3BtAvua1XCtwRqYiuiZGBbHt_Gq-4aFWZ_b9WDHh_RvtIqBTTCqVFvQvVGBJ/s1600/1239721_10201327519122832_330615235_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2kX6EckPsPd6vITKzA89nWKqaOwcUyZ9HEhglubUjk1EUEhVM8GPK3VDiRxDH5BgWH9J1i38I8pNVYNId3BtAvua1XCtwRqYiuiZGBbHt_Gq-4aFWZ_b9WDHh_RvtIqBTTCqVFvQvVGBJ/s200/1239721_10201327519122832_330615235_n.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"> Mala Moçambicana</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eis mais algumas ideias sobre <b>Filosofia Médica</b>:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> O <b>nazismo</b> forçou o <b>exílio</b> de muitos intelectuais alemães. Adorno que nunca foi feliz no seu exílio americano falou da sua "<b>vida danificada</b>". Ora, nascer português é nascer para a vida danificada. Esta é uma verdade terrível que devia ser discutida publicamente pelos portugueses. A <b>maldade humana</b> manifesta-se em diversos momentos da história. Mas não é permanente como a <b>maldade portuguesa</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> Deleuze dedicou um livro à explicitação da <b>filosofia de Foucault</b> sem no entanto ter alcançado esse objectivo. Desconheço a existência de uma análise da "<i>Arqueologia do Saber</i>" de Foucault, obra onde ele se debate com o <b>estruturalismo</b>. Além disso, a relação de Foucault com o <b>marxismo</b> ainda não foi explicitada, embora as entrevistas forneçam muitas indicações a esse respeito. Eu comecei a ler Foucault durante a minha adolescência: a articulação entre <b>relação de produçã</b>o (Marx) e <b>relação de poder</b> sem teoria política (Nietzsche) nunca me seduziu: o <b>aparelho de Estado</b> ocupou sempre um lugar de destaque no meu pensamento. Estou convencido de que podemos analisar o Hospital, a Prisão, o Exército, etc., a partir da <b>teoria do poder de Marx</b> sem rejeitar o contributo de Foucault.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> <b>Hospital Psiquiátrico</b>: Foucault e Goffmann aliaram-se à <b>Anti-Psiquiatria</b> para demolir esta instituição de saúde. Devo reconhecer que sempre estive associado a essa tendência num terreno estritamente científico: a defesa de uma <b>Psiquiatria Biológica</b>. No entanto, não sou favorável ao fechamento dos Hospitais Psiquiátricos. A crítica de Goffmann do Hospital Psiquiátrico como<b> instituição total </b>é justa: aprecio tudo o que disse sobre os <b>territórios do eu </b>e sobre os processos de <b>mortificação do eu</b>. Estes fenómenos ocorrem em qualquer tipo de <b>internamento</b>. Precisamos de uma <b>Filosofia da Hospitalização</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Infelizmente, ainda não temos uma <b><i>História da Escola Médico-Cirúrgica do Porto</i></b>, a vanguarda da medicina e da psiquiatria portuguesas. As obras fundadoras da <b>Psiquiatria Portuense </b>não estão disponíveis no mercado do livro. Barahona Fernandes tentou suprir essa lacuna dos estudos médicos portugueses escrevendo "<i>A Psiquiatria em Portugal</i>" como complemento de "<i>Um Século de Psiquiatria</i>" de P. Pichot. Porém, a obra é francamente medíocre. </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Barahona Fernandes limita-se a condenar a anti-psiquiatria tal como a entende Foucault. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> Os <b>médicos portuenses</b> dão nome a diversas <b>instituições de saúde</b> espalhadas pelo país. Destaco três nomes: Júlio de Matos, Miguel Bombarda e Magalhães de Lemos, para já não falar de Ricardo Jorge. Júlio de Matos escreveu duas obras fundamentais: "<i>Os Alienados nos Tribunais</i>" e "<i>A Loucura</i>", nas quais se afirma como <b>alienista-filósofo</b>. Magalhães Lemos defendeu a face neurológica da psiquiatria. António Maria de Sena legou-nos uma obra profunda: "<i>Os Alienados em Portugal</i>". Enfim, uma série de obras que ainda não foram estudadas. De certo modo, a anti-psiquiatria tal como a entende Foucault percorre cada uma delas. O cerne da <b>anti-psiquiatria </b>é a luta com, dentro e contra a instituição psiquiátrica: o questionamento do poder na prática anti-psiquiátrica leva à <b>desmedicalização da loucura</b>. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> <b>António Mendes Correia</b> é outro ilustre portuense que nos legou um conjunto de obras em diversas áreas científicas, da biologia à história, passando pela antropologia e pela criminologia: <i>O Génio e o Talento na Patologia</i> (1911), <i>Criminosos Portugueses</i> (1913), <i>Crianças Delinquentes</i> (</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">1915</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">), </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Antropologia</i> (</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">1915</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">), </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Raça e Nacionalidade</i> (1919), </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Homo </i>(1921), </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Os Povos Primitivos da História</i> (1924), </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>A Antropologia nas suas relações com a Arte </i>(1925), </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>A Nova Antropologia Criminal </i>(1931),<i> </i></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Origens da Cidade do Porto</i> (1932), </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Da Biologia à História </i>(1934), </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Da Raça e do Espírito</i> (1940), </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Uma Jornada Científica na Guiné Portuguesa </i>(1946) e<i> </i></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><i>Antropologia e História</i> (1954). A <b>malvadez dos portugueses</b> condena ao esquecimento as obras dos ilustres portuenses.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> Interrompi o meu estudo sobre a evolução da psiquiatria portuguesa para estudar a situação da psiquiatria nos países asiáticos, tais como China, Coreia, Tailândia, Japão e Índia. Fiquei encantado com a abordagem cultural da <b>psiquiatria asiática</b>. Entretanto, tenho espreitado a <b>psiquiatria forense</b> americana, em especial o <b>homicídio sexual em série</b> porque ela me permite reintroduzir a <b>noção de maldade</b>, de modo a pensar a <b>natureza perversa dos portugueses</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> O aumento do número de <b>assassinos em série</b> nos USA levou alguns teóricos a reintroduzir a noção de maldade dentro da <b>esfera da psiquiatria</b>. As noções de <b>mal</b> e de <b>pecado</b> transitam da <b>esfera religiosa</b> para a esfera da psiquiatria e da filosofia, dando-nos uma plataforma conceptual de pensamento sobre a experiência humana universal de crueldade e dor (Cf. Andrew Delblanco, 1995). Doravante, a maldade ocupa um lugar privilegiado nos vocabulários profissionais da psiquiatria e da filosofia: as pessoas que cometem actos de crueldade devem ser consideradas responsáveis pelos seus actos, mesmo que uma doença mental possa estar presente.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> Cesare Lombroso (1836-1909) acreditava que havia uma forte correlação entre certas <b>configurações faciais</b> e várias <b>tendências criminais</b>: o <b>self exterior</b> compartilhava assim da mesma "degeneração" manifestada pelo <b>self interior</b> do insano (Morel). De Cardano e Della Porta a Lombroso, passando por Gall, predominava o interesse pela <b>fisionomia</b>, no caso dos italianos, e pelo <b>formato do crânio</b>, no caso de Gall. Ora, em Portugal, a obra de António Mendes Correia situa-se nessa linhagem teórica da criminalidade: o ilustre portuense elaborou uma <b>nova antropologia criminal</b> - e do génio, tal como Lombroso, que urge analisar nesse contexto cultural.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> A <b>síndrome japonesa de ka-roh-shi</b> - cujo significado literal é "<b>morte por excesso de trabalho</b>" - tem preocupado os psiquiatras japoneses. À carga de trabalho imposta pelas empresas japonesas aos executivos médios, eles acrescentam as <b>pressões parentais</b>. Com efeito, a elevada expectativa parental por <b>desempenho académico</b> está na base da criação de um <b>sistema de escolas</b> extremamente exigentes, onde os alunos continuam debruçados sobre os seus livros após o termo do seu já longo dia escolar. No Japão, as crianças estudam e fazem tudo para obter boas classificações escolares. Ora, as pressões familiares e sociais levam aqueles que não conseguem alcançar as notas exigidas à <b>depressão</b> ou mesmo à <b>delinquência</b>. A <b>taxa de suicídio</b> é alta no Japão. Em Portugal, as escolas já não funcionam: a <b>paixão pela ignorância</b> converteu as escolas portuguesas em recreios de engate.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> O meu interesse pelas <b>neurociências espirituais</b> abriu a minha mente ao estudo de Tomio Hirai (1989) sobre uma forma de <b>meditação Zen</b> - <i>Zazen</i> - em relação ao tratamento psiquiátrico. O Zazen - a meditação sentada - está relacionado com os <b>ensinamentos budistas </b>e o estado de tranquilidade que proporciona é chamado <i>satori</i> (iluminação) que significa <i><b>mente livre de ilusões</b></i>. À medida que a meditação prossegue, a frequência de <b>ondas alfa</b> diminui gradualmente e aparecem as <b>ondas teta</b> rítmicas, alterações que correspondem àquelas que ocorrem durante o sono e estados de transe hipnótico. A filosofia da meditação Zen é mais interessante que a filosofia da psicanálise.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> A <b>disfunção psicossexual</b> é frequente na China. Nos homens, a disfunção psicossexual pode tomar a forma de <i>suoyang</i> que significa "<b>encolhimento do pénis</b>". Na cultura popular, esta condição representa a perda da força <i>yang</i> (masculina) como resultado de actividades sexuais excessivas ou de possessão por espíritos maus (Wen, 1995). Além disso, a <b>masturbação excessiva</b> pode exaurir o <i>yang</i> do indivíduo, levando à condição mórbida conhecida como <i>shenkui</i>, equivalente ao nosso antigo conceito de <b>neurastenia</b>. O significado original de <i>shenkui</i> é <b>deficiência renal</b>, reflectindo a crença popular de que o rim armazena o sémen. A <b>neurastenia cerebral</b> - <i>nao-shenjing shuai-ruo</i> - está relacionada com esta <b>neurastenia sexual</b>, sendo ocasionada por excesso de estudos: tontura, falta de concentração e de memória e insónia são os seus sinais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-70135309741358060042013-11-01T16:34:00.000+00:002013-11-01T18:44:28.597+00:00Pensamentos Políticos Dispersos (1)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN5hCxyv8hUFcI4LmfQVJx7HieDWLbKkXP8unbovnC02nuEAYmTMDrm9oGKNdORHDlJpM4nI7ILufd5T6hbY8L5VKP3NBUtfDu-HD-6nhAB9Y1NOV2l5jYbKCu-asGYJ3bXUZd7SF-ZXip/s1600/1940+os+macondes+de+mocambique+(2).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN5hCxyv8hUFcI4LmfQVJx7HieDWLbKkXP8unbovnC02nuEAYmTMDrm9oGKNdORHDlJpM4nI7ILufd5T6hbY8L5VKP3NBUtfDu-HD-6nhAB9Y1NOV2l5jYbKCu-asGYJ3bXUZd7SF-ZXip/s200/1940+os+macondes+de+mocambique+(2).jpg" width="146" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eis alguns pensamentos políticos partilhados no Facebook a propósito da situação de <b>Guerra em Moçambique</b>:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1. </b>Em Portugal, a <b>lógica do aparelho partidário</b> dos partidos políticos está a afundar a democracia: os deputados e os políticos são incompetentes que fazem da "política" uma fonte de rendimento. Eles não pensam em termos de <b>ideologias em confronto</b> mas sim em termos de emprego e de regalias. Daí que façam alianças com o poder financeiro e empresarial e com os grandes escritórios de advocacia. O <b>regime político português</b> está completamente podre e o povo não tem sabedoria para lutar pela sua <b>refundação saudável</b>. Um povo idiota tem os líderes que merece: <b>políticos corruptos</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> A única coisa que melhorou substancialmente em Portugal depois do 25 de Abril foi a <b>saúde</b>. A educação e a justiça afundaram-se completamente. Governar em função de <b>indicadores estatísticos</b> forjados cria um <b>país de mentira</b> que não resiste a uma tempestade. Portugal não resistiu à crise porque é uma <b>mentira oficial</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3. </b>A <b>função primordial da Constituição</b> é limitar o exercício do poder político. Em democracia, os <b>partidos políticos</b> - tanto os que estão no poder como os que estão na oposição - não podem subverter a Constituição, usando os <b>aparelhos repressivos de Estado</b> (Exército e Forças Policiais). Em Moçambique, os movimentos armados não podem ser vistos como partidos políticos. Por definição, um partido político não tem exército, nem nacional nem privado. Converter o exército nacional em braço armado do partido no poder é abolir a democracia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> O que falhou em Angola e em Moçambique? Falhou a <b>experiência democrática</b>: os movimentos de libertação não souberam converter-se em partidos políticos, cada um dos quais com a sua própria <b>ideologia política</b>. A democracia implica <b>alternância política</b>: uns ganham, outros perdem. Recorrer à força para conservar o poder não é <b>política democrática</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> A "<b>despolitização</b>" da sociedade e do ensino é perigosa. Sempre condenei a abolição da disciplina de <i>Introdução à Política</i> no ensino secundário e a indiferença dos cursos de Filosofia em relação à <i>Filosofia Social e Política</i>. Foi com prazer que, consultando as obras de Maurice Duverger, me deparei com uma distinção rigorosa entre <b>Fascismo</b> e <b>Comunismo</b>. Estou farto da <b>propaganda americana</b> que falsifica a verdade histórica para vender uma mentira: o comunismo é igualitário, o fascismo é aristocrático. O <b>colapso do comunismo </b>foi terrível para todo o mundo. <b>Sociedades sem oposição</b> interna e externa lançam o mundo no abismo, como estamos a verificar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> Comparemos qualquer Presidente americano com Lenine: o que verificamos? Verificamos que o primeiro é ignorante e que o segundo foi um grande pensador. O mal da <b>esquerda contemporânea</b> é ter rompido com a sua <b>grande tradição</b>: Não há <b>grande política </b>sem um <b>grande pensador</b> por detrás.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> Por que não simpatizo com o pensamento de Michel Foucault? Porque a substituição da <b>macropolítica</b> - a visão marxista da política e do poder - pela<b> micropolítica</b> deixa-nos sem <b>projecto político</b> e sem visão de futuro. Ao ser seduzida por questões de micropolítica, a esquerda entregou o campo da macropolítica ao <b>neoliberalismo</b> que aproveitou o colapso do comunismo para impor a agenda terrível da <b>globalização financeira</b>. Ora, convém ler D. Guérin, porque há uma associação perigosa entre <b>Fascismo</b> e <b>Grande Capital</b>. Os comunistas da Alemanha lembram-me sempre da ligação entre BMW e Nazismo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> O <b>Guião da Reforma do Estado</b> de Paulo Portas é ridículo. O que é o Estado? Quais as funções do Estado que se pretendem reformar? A reforma do Estado tem sempre uma forte <b>componente ideológica</b>: o governo quer enfraquecer o Estado e transferir algumas das suas funções para o sector privado. Nunca vi governo tão pouco patriótico como este: Alemanha, França, Inglaterra, USA ou mesmo a China são Estados fortes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> Concordo com a <b>experiência pedagógica</b> da Escola de Matosinhos: a separação dos <b>bons alunos</b> e dos <b>maus alunos</b> em turmas diferentes permite melhorar a qualidade do ensino, dando especial atenção aos alunos inteligentes; os outros podem assim estudar ao seu ritmo lento e ser canalizadas para outras <b>áreas profissionais </b>sem prejudicar os alunos inteligentes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> A <b>situação de Moçambique</b> agrava-se. Primeiro: a <b>descolonização</b> foi mal feita. Segundo: não há partidos políticos em Moçambique, mas dois movimentos armados que visam a conquista definitiva do poder. Terceiro: não havendo partidos políticos, não há democracia. Quarto: predomina a <b>ideologia da eliminação do adversário</b> porque não há ideologias políticas em confronto mas ambições pessoais de <b>dirigentes totalitários</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> Já leram o guião da reforma do Estado apresentado por Paulo Portas? <b>Privatização</b> das escolas públicas! É tudo tão ridículo que não vale a pena comentar! No entanto, vale a pena referir a experiência interessante de uma escola de Matosinhos: separar os bons dos maus alunos ajuda a melhorar a qualidade do ensino.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> Os <b>sonhos de infância</b> ditam os destinos de Portugal: Passos Coelho e Paulo Portas sonharam que, quando fossem grandes, queriam ser Primeiro-Ministros. Ser Primeiro-Ministro tornou-se o objectivo das suas vidas. E basta a ambição para ser Primeiro-Ministro em Portugal. Daí que nunca tenha havido projecto político de futuro neste pobre e feio país.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>13.</b> Façam este exercício: Pensar a <b>composição etária e regional</b> deste governo. Uma conclusão se impõe: os ministros e secretários-de-Estado mais jovens são incompetentes e vingativos. E alguns deles são provenientes do interior profundo de Portugal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>14.</b> Em vez da captação de migração de "valor qualificado", devíamos seguir uma <b>política de expulsão de cérebros de diminuto valor</b>, como o de Pedro Lomba.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>15.</b> Por que não simpatizo com a <b>Frelimo</b>? Sou a favor dos <b>movimentos de libertação</b> dos povos oprimidos. Porém, no caso de Moçambique, o movimento de libertação devia converter-se em partido político depois da Independência mudando de nome. A Frelimo aliou-se ao comunismo, seguindo o <b>modelo de partido-único </b>detentor do poder político. Mais tarde, depois da <b>Guerra Civil</b>, tanto a Frelimo como a Renamo deviam dar origem a dois <b>partidos parlamentares</b> que disputam democraticamente em eleições livres a conquista do poder. Porém, como estamos a ver, nenhum destes movimentos abdicou do seu braço armado: a Frelimo usa o exército nacional para se perpetuar no poder e a Renamo tem o seu exército privado. O <b>Estado de Direito </b>não pode existir nestas circunstâncias. Eliminar fisicamente <b>adversários políticos</b> não está no ADN do combate democrático pela conquista do poder. (Angola não é bom exemplo de democracia!)</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>16.</b> Quando os portugueses diziam que "somos ricos", eu reagia a tal afirmação ultra-igualitária com espanto, pensando que eles eram e são idiotas. Apesar do colapso do comunismo, a <b>teoria marxista do poder</b> continua a ser válida: os <b>partidos políticos</b> são, de certo modo, classes sociais organizadas em termos de conquista do poder. Ora, o próprio <b>Estado</b> não é completamente neutro em matéria de <b>luta de classes</b>: as suas instituições nucleares - os <b>aparelhos repressivos e ideológicos de Estado</b> - impõem através da violência física e/ou simbólica o <b>domínio da classe dominante</b> sobre as classes desfavorecidas. Até mesmo o Estado Democrático é um "<b>Estado de Classe</b>". Uma prova: os portugueses estão a pagar os prejuízos privados dos bancos. O Estado socorre o grande capital nacional e internacional através do <b>empobrecimento do povo</b>. O <b>Guião da Reforma do Estado </b>proposto por Paulo Portas visa reforçar o carácter de classe do Estado português.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>17.</b> Paulo Portas diz ter lido Raymond Aron, mas parece ter retido pouca coisa dessa leitura: Raymond Aron foi sempre um defensor da <b>democracia liberal</b>, da <b>economia de duplo-sector </b>e da <b>elevação do nível de vida</b> das classes trabalhadoras, de modo a conter o avanço do comunismo. Paulo Portas propõe a <b>privatização das escolas públicas</b>, entre outras medidas conjunturais ridículas.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>18.</b> Quem é que já leu "<i>Que Fazer?</i>" de Lenine? Uma grande obra de pensamento político que pensa a <b>conjuntura </b>- o momento presente - sem esquecer a <b>estrutura a longo prazo</b>. Lenine foi uma mente brilhante. Ora, os políticos portugueses não escrevem obras que mereçam ser lidas. O <b>pensamento político português</b> é <b>lixo</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>19.</b> Sempre que ouço os socialistas a defender uma <b>solução federalista </b>para a Europa fico aterrorizado. Será que eles ainda não compreenderam que a <b>alienação da soberania</b> nacional fortalece a soberania alemã? E sempre que escuto Passos Coelho a atacar o Tribunal Constitucional a palavra "Fascismo" vem-me à cabeça. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>20.</b> Dizem no Facebook que em Belém habita a <b>doença de Alzheimer</b>. Confesso que esta concepção de doença como entidade exterior aos doentes - os seus portadores - me é completamente estranha. Neste aspecto, afasto-me do <b>platonismo médico</b>. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sous</span>a</div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-64249939212503735002013-10-31T14:20:00.001+00:002013-10-31T22:57:40.150+00:00A Palavra do Anjo Nocturno: Portugal está morto<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQOYAgtLSN6ZjS8P3uANbDTppvpl_SwYI7-xnNp7LStoa0_S5XcJVuOAGfKi_w1_NZQaeqA35e_6II77oZaNSaWX6un8RKdKtAWV8K5kHenBDfWjloaic0xNew8LsIZUEBidBWp3jqJ6PQ/s1600/pinturas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="152" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQOYAgtLSN6ZjS8P3uANbDTppvpl_SwYI7-xnNp7LStoa0_S5XcJVuOAGfKi_w1_NZQaeqA35e_6II77oZaNSaWX6un8RKdKtAWV8K5kHenBDfWjloaic0xNew8LsIZUEBidBWp3jqJ6PQ/s320/pinturas.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Arte de Rua, Cidade-Estado do Porto</span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">«<i>Um povo <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMjfCUEA_FxiwVztPXCtpvK_jOL85JWG4WTC6wi6FFHfZhyphenhyphenhNR0t0Z6pKNhS5ulRLOsPHJbC4O3mTYsoJV3q78-vyx8rNC28QiPjuqkUgNsNNSyyra_jSAlq0VK0ia8t4uODLhDAGhVw0/s1600-h/Guerra+Junqueiro.bmp"></a>imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonha, feixes de miséria, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalépsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.</i>» (<i>Balanço Patriótico</i>, <b>Guerra Junqueiro</b>) </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Durante algum tempo alimentei o projecto de pensar uma <b>filosofia em língua portuguesa</b>, de modo a avaliar os contributos do pensamento português para a Filosofia Universal. Porém, depressa compreendi que, com excepção da <b>Escola do Porto</b>, os portugueses odeiam visceralmente o pensamento filosófico e científico. A <b>imbecilidade natural</b> dos portugueses foi pensada por Guerra Junqueiro e Teixeira de Pascoaes, entre outros ilustres portuenses. A minha <b>experiência de exílio interior</b> levou-me a restringir o âmbito desse projecto filosófico destacando apenas o <b>pensamento portuense</b>. Ultimamente o projecto filosófico portuense converteu-se num projecto político: a auto-instituição da Cidade do Porto como <b>Cidade-Estado</b>. Operei assim uma <b>ruptura com Portugal</b>, cuja morte anuncio hoje.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> Acordei a pensar que é necessário rever todas as nossas teorias filosóficas sobre o homem nas suas relações com o mundo. O homem não é nenhuma maravilha da natureza; é talvez o ser propenso à loucura e à violência desmesurada. As antropologias propostas com base na etologia apreenderam o diabo que habita cada um dos homens. A <b>saturação social </b>torna-nos <b>inimigos mortais</b> uns dos outros. E num tal <b>ambiente de hostilidade</b> cada sociedade define o Outro como alvo a abater. O clima é favorável à vinda triunfal do <b>Anti-Cristo</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> O <b>sebastianismo</b> pode ser criticado de modo a revelar a "essência" portuguesa: Um <b>povo sem história</b> digna de ser rememorada em termos mundiais sonha com o <b>Quinto Império </b>realizado sob a liderança de uma figura portuguesa. Ora, nós sabemos que os portugueses são desprezados por todos os europeus e por todos os povos da terra: Um <b>povo medíocre e inferior</b> - um <b>povo sem metafísica</b> - não pode ter <b>sonhos mundiais</b>. Portugal é um país medíocre habitado por <b>gente atrasada</b> e arcaica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> A <b>figura messiânica</b> de D. Sebastião deve converter-se - mediante <b>mutação radical </b>- na figura do <b>Anjo Nocturno</b> que anuncia o <b>Fim de Portugal</b>. Eis o anúncio terrível do Anjo Nocturno: "<i>Portugal está morto</i>". Convém aceitar este anúncio e assumir todas as consequências que resultam dele. A <b>morte de Portugal </b>é a única maneira de fazer justiça plena aos "portugueses" - em especial aos portuenses - que ousaram pensar neste <b>asilo de alienados mentais </b>que foi e é Portugal. Só à luz da morte de Portugal podemos alcançar alguma redenção e serenidade. É com alegria que anuncio a morte de Portugal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Não há <b>pensamentos portugueses</b>. Todo o pensamento genuíno afirma-se contra Portugal. Ou melhor: Todo o pensamento é, na sua essência, <b>anti-português</b>. Pensar contra a existência de Portugal é pensar por antecipação um <b>mundo liberto da imbecilidade </b>e da <b>corrupção</b>, esse mal dos povos latinos e atrasados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> A <b>História de Portugal </b>é uma <b>tremenda mentira</b> para consumo interno, porque, na verdade, um povo sem metafísica não tem história. Os pensadores que pensaram a <b>imbecilidade do povo</b> português sabiam que ele era incapaz de fazer história. Aliás, os portugueses não merecem a designação de "povo": "<b>rebanho</b>" é o termo adequado para designar uma população animal que deve ser estudada pela <b>Zoologia</b> - e não pela <b>Antropologia</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6. </b>A <b>Globalização</b> em marcha reserva um destino para o <b>rebanho português</b>: a <b>escravatura</b>. As pessoas são tão burras que ainda não perceberam que o <b>retrocesso civilizacional </b>de que se fala é o <b>regresso da escravatura</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> A nossa missão filosófica e política é salvar a Cidade do Porto do <b>naufrágio de Portugal</b>. Quando falei da <b>metamorfose portuense do sebastianismo nacional</b>, procurei pensar aquilo que permaneceu impensado no pensamento portuense: a metamorfose implica - em última análise - uma <b>ruptura política</b> da Cidade do Porto com Portugal. A <b>Filosofia Nocturna</b> que se insinua nas entrelinhas do pensamento portuense anuncia claramente a morte de Portugal. Porém, a <b>noite eterna de Portugal </b>significa um <b>novo amanhecer </b>para a Cidade do Porto: a morte de Portugal é o grande dia da libertação do Porto Cidade-Estado.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> Os pensadores portuenses reagiram mal ao <b><i>Ultimatum</i> inglês</b> e Guerra Junqueiro escreveu uma pequena obra de poesia intitulada <i>Finis Patriae</i>. Hoje a reacção ao eterno <b>resgate (financeiro) de Portugal</b> deve ser mais profunda e radical: a ruptura política da Cidade do Porto com Portugal. Mas, para consumar a <b>grande ruptura</b>. é necessário um <b>novo homem</b>, isto é, um <b>novo portuense</b> suficientemente corajoso para enterrar Portugal. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> Como é evidente, um <b>povo apático e fatalista</b> que se ajusta pela maleabilidade da indolência a qualquer estado ou condição - o povo português segundo Guerra Junqueiro, não pode protagonizar a ruptura com Portugal. Essa missão cabe a todos aqueles que já não conseguem olhar para os <b>símbolos nacionais</b> sem vomitar e sentir náusea. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> O <b>fracasso da revolução republicana portuense</b> levou Sampaio Bruno ao <b>exílio</b>. Quando regressou do seu exílio em França e na Holanda, Sampaio Bruno refugiou-se na sua <b>terra natal</b> - a Cidade do Porto, onde pensou o seu <b>exílio interior</b>. Lá no fundo da sua alma danificada ele sabia que, para salvar a Cidade do Porto do naufrágio de Portugal, era preciso romper com essa matriz nacional, cuja história é uma "<i>série de biografias, num desfilar de personalidades, dominando épocas</i>" (Guerra Junqueiro). Não basta sonhar a "quimera"; é preciso realizá-la. Ora, a "quimera" foi sempre para os ilustres portuenses a auto-instituição da sociedade portuense como Cidade-Estado.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Apocalipse de Portugal, o Cumprimento da Profecia</b>:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> A <b>pobreza</b> começa a instalar-se na chamada classe média e as pessoas são tão burras que não sabem o que fazer. Por este caminho, Portugal vai recuar até aos tempos do fascismo. As pessoas já vivem no modo de sobrevivência: não há futuro.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> A classe dos idosos portugueses passa <b>fome</b> e não tem dinheiro para os comprimidos. Aliás, acho que os portugueses passam fome para pagar as contas e os empréstimos: Asseguram o abrigo e passam fome. Os funcionários públicos - apesar dos cortes - ainda resistem à crise.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> Portugal já está pobre mas no próximo ano passará a ser um <b>país do Terceiro Mundo</b>, portanto um <b>país miserável</b>. A sociedade portuguesa já entrou em <b>colapso</b> e nunca mais sairá da miséria. Portugal é a lixeira da Europa. A <b>mão-de-obra escrava</b> será recrutada entre portugueses.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> A <b>maldição</b> abateu-se sobre Portugal: o povo que sonhou o Quinto Império será escravizado no futuro próximo. A verdade é que não há lugar para os portugueses na sociedade do futuro. A existência de portugueses é uma <b>crueldade</b>. De facto, o extermínio desta raça maldita é a <b>salvação do mundo</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> Portugal não está na agenda nem do Anti-Cristo nem de Cristo: os portugueses nasceram sem <b>salvação possível</b>. O seu lugar natural é o<b> inferno</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-34131379595721939252013-10-30T15:45:00.002+00:002013-10-30T18:06:41.690+00:00Projecto Porto Cidade-Estado (6)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihbRcTce2VfOn6UadxrF6o_ftb_BWkpAip-Oert6vx0znZBZabULVgAQIOfzi5As0VTVzgfKLR9TM4m7qeJ8bDR5042JjEj_pEbX1vBNzCmVTMUBmuXvM388XKRtZr7mg2PtscSYpo5vtc/s1600/59673990.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihbRcTce2VfOn6UadxrF6o_ftb_BWkpAip-Oert6vx0znZBZabULVgAQIOfzi5As0VTVzgfKLR9TM4m7qeJ8bDR5042JjEj_pEbX1vBNzCmVTMUBmuXvM388XKRtZr7mg2PtscSYpo5vtc/s200/59673990.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Cidade do Porto</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje partilho alguns comentários sobre o <b>jogo FCPorto-Sporting</b>:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> Porto Cidade-Estado deve rever a sua <b>toponímia</b> e eliminar selectivamente todas as designações estranhas à Cidade Invicta, tal como sucedeu com o <b>Passeio dos Clérigos</b>. A sua designação anterior - Praça de Lisboa - era um atentado contra o espírito portuense.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> A história de Portugal é uma <b>sucessão contínua de fracassos</b>. Os "portugueses" que não se identificam com a imbecilidade nacional deviam criar uma página - <b>ODEIO PORTUGAL</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3. </b>Portugal afundou-se de vez e já nunca mais conseguirá recuperar. O melhor é negar a nacionalidade portuguesa e abrir novos caminhos, tais como Porto Cidade-Estado, de preferência governada por nórdicos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Presidente da FIFA goza Cristiano Ronaldo em Oxford e prefere Messi. A caricatura que fez de CRonaldo merece um prémio: Perfeita! O mundo goza claramente Portugal e, de facto, devemos rir porque os portugueses merecem ser gozados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> Uma geografia da <b>distribuição da loucura portuguesa</b> pode seguir um critério clubístico: <b>zona azul </b>indica <b>saúde mental</b>, <b>zona encarnada</b> e <b>zona verde</b> indicam um espectro complexo e difuso de <b>perturbações mentais</b>. Basta ver o "<i>Dia Seguinte</i>" para sermos confrontados com <b>cérebros patológicos</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> Não podemos mudar aquilo que desconhecemos. Para mudar o mundo, é preciso conhecê-lo. A célebre tese de Marx sobre a <b>transformação do mundo</b> foi mal-interpretada: a filosofia de Marx nunca abdicou da teoria a favor da praxis. Nós conhecemos relativamente bem a <b>dinâmica do capitalismo</b>, mas este conhecimento não é suficiente para transformar o mundo: os <b>agentes sociais</b> da mudança já não são os mesmos do século XIX. O capitalismo introduziu mudanças significativas no mundo da vida quotidiana e no mundo da cultura e da personalidade. Conhecer os novos agentes sociais e os seus mundos fantásticos e saturados é uma prioridade da teoria crítica. Este conhecimento implica mudanças estruturais na agenda política da esquerda atenta ao mundo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> Eu sou muito objectivo e lúcido nas análises que faço: Basta assistir aos programas de TV para constatar que reina em Portugal uma <b>conspiração contra o Porto</b> e o FCPorto. Vejamos de perto um caso: "<i>O Dia Seguinte</i>" da SicNotícias. O comentador encarnado possui um <b>cérebro saudável</b>? O comentador verde foi objectivo na análise que fez do jogo Porto-Sporting e dos confrontos prévios ao jogo? Quem atiçou o <b>ódio da claque terrorista</b> do Sporting? Ora, a estratégia do FCPorto foi o silêncio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> Perante a evidência empírica não há argumentos e muito menos argumentos produzidos por <b>cérebros alucinados</b>: O FCPorto afirmou-se como vencedor depois do 25 de Abril. O ódio ao Porto vem do tempo do fascismo que tinha os seus <b>clubes de regime</b>: Benfica e Sporting. Estes clubes de regime nunca se adaptaram à <b>cultura democrática do mérito</b>: Eles não sabem vencer a não ser pressionando os árbitros, caluniando o adversário ou recorrendo às secretarias dos tribunais ou da imprensa. A chamada <b>imprensa portuguesa</b> é frontalmente contra o Porto e o FCPorto. Sabemos isso e devemos agir em conformidade: Exigir a <b>autonomia radical do Porto</b> Cidade-Estado porque não queremos ser invadidos por <b>vândalos</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> Como adepto do FCPorto, o que me interessa Cristiano Ronaldo, a Selecção Nacional ou o Estádio do Jamor? Absolutamente nada! Quando ouço os <b>jornalistas da SIC</b> a dizer que nos recebem na sua "sala de visitas" ou que a Selecção Nacional é o retrato da cópula encarnado-verde, sinto-me distante dessas realidades saturadas de <b>provincianismo saloio</b>. Eu sou portista e nada mais.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> O que é o <b>jornalismo desportivo</b> em Portugal? Falar-conspirar durante horas seguidas sobre as <b>frustrações desportivas</b> do Benfica e do Sporting, lançando calúnias contra o FCPorto. O país está dividido e não adianta falar de coesão nacional porque esta mais não é do que uma falsa-unidade contra o Porto: Benfica e Sporting estão unidos na calúnia contra o FCPorto e a Cidade do Porto. Ora, como portuenses e portistas, somos excluídos dessa falsa-coesão imposta pelo regime fascista. Daí desejarmos ser um território independente e autónomo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> Mais outro exemplo do <b>defeito cerebral</b> dos comentadores encarnado-verdes: a <b>corrupção da semântica</b> que leva à <b>mentira desportiva</b>. Um jogador encarnado ou verde agride um jogador do FCPorto e eles falam de "virilidade". Um jogador encarnado ou verde lança-se à relva e eles acusam o jogador do FCPorto de ter cometido uma falta sem ter sido penalizado pelo árbitro. Pois, os cérebros defeituosos subverteram a "virilidade" fazendo dela uma mentira desportiva. O motivo secreto desta subversão é pressionar os árbitros a fazer o seu <b>jogo de secretaria</b>, deixando-os sozinhos no campo sem equipa adversária.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">12.</b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O FCPorto venceu o Sporting por 3-1. No último programa do "</span><i style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Dia Seguinte</i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">", o comentador verde diz para o comentador azul: "sorte de jogo". O comentador azul responde-lhe: "a sorte paga-se" (com esforço, disciplina e inteligência desportivas). E o comentador encarnado coloca a frase descontextualizada na sua página do Facebook para caluniar o FCPorto. O que podemos dizer sobre um cérebro que distorce as imagens dos lances dos jogos? Quando se perde o </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">bom-senso</b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">, perde-se o </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">mundo</b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">, como já dizia Hannah Arendt. Só nos resta o </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">sorriso psiquiátrico</b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">!</span></div>
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A lição a sacar destas considerações futebolísticas é simples: as pessoas que possuem um "self" débil precisam desse <b>sentimento de pertença</b> que lhes empreste uma <b>identidade colectiva</b>. Ora, como o meu self é forte, o facto de ser adepto do FCPorto não me ofusca a mente: a minha <b>identidade pessoal</b> não sofre "mossa" quando o FCPorto perde ou joga menos bem. Deixa de ser fanático e liberta a tua mente para o caminho da verdade, do bem e da beleza! O <b>fanatismo clubístico</b> é uma perturbação mental: somar os fracassos desportivos do teu clube aos teus próprios fracassos pessoais arruína a tua vida mental, levando-te à <b>violência desportiva</b>. </span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-77032401149180249422013-10-28T16:38:00.000+00:002013-10-30T14:44:04.581+00:00Dossier Filosofia Médica (2)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Udo3NvabyiytC4E86eH6RNqis6S6SQa26oesio64vw28c7W9RGZzntCNWo9KCQFGtRQJFITM_bPLj94f6JULs1qJYOO407sNt6RRz3BfcOmBKowYKwqCxRO_tF_R4Z3Aki4_tnBaOx23/s1600/Lovania.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-Udo3NvabyiytC4E86eH6RNqis6S6SQa26oesio64vw28c7W9RGZzntCNWo9KCQFGtRQJFITM_bPLj94f6JULs1qJYOO407sNt6RRz3BfcOmBKowYKwqCxRO_tF_R4Z3Aki4_tnBaOx23/s200/Lovania.jpg" width="125" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Contém uma exposição da <b>Medicina Primitiva</b>.</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mais ideias para o <b>Dossier Filosofia Médica</b>:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> Ao repensar a Filosofia Médica, descobri que preciso pensar uma <b>Filosofia da Medicina</b> e uma <b>Filosofia na Medicina</b>. O surgimento da medicina-ciência - a biomedicina - implica uma nova <b>epistemologia médica</b>. Ora, a classificação das ciências médicas é uma tarefa complicada. Além disso, existem epistemologias regionais, tais como a epistemologia da genética e da imunologia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> O <b>campo da Biomedicina</b> tal como o conhecemos hoje é tão complexo que dificulta a tarefa de elaborar uma nova Filosofia Médica. Uma via interessante a seguir é a das <b>doenças infecciosas</b>: o seu estudo biológico ajuda a compreender a articulação de ciências-chave da biomedicina. A perspectiva médica das doenças infecciosas é antropológica, ao passo que a perspectiva biológica respeita tanto os homens como os parasitas. Porém, não sei se esta distinção deve ser mantida na nova filosofia médica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> Infelizmente, a <b>antropologia filosófica</b> não deu atenção ao <b>homem-doente</b>. O meu interesse pelo Hospital leva-me a propor uma <b>Filosofia da Hospitalização</b> capaz de reintroduzir o homem-doente no seio da antropologia filosófica. O comportamento perante a doença e perante a hospitalização revela estruturas antropológicas universais, tais como a <b>visão reduzida do mundo</b> ou a <b>retirada do mundo hospitalar</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> A passagem de uma <b>concepção negativa</b> para uma <b>concepção positiva da saúde</b> aproxima o campo da medicina do campo da filosofia: a medicina é algo mais do que o estudo, a prevenção e a cura da doença; ela interessa-se pelo fomento dos elementos que contribuem para a "boa vida" e estimulam a população a viver de modo saudável. A <b>Filosofia da Saúde </b>deve articular a <b>Vida Saudável</b> e a <b>Vida Justa</b>. É nesta articulação que podemos definir uma <b>política da saúde</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> A <b>SIDA</b> matou Michel Foucault que escreveu abundantemente sobre o nascimento da clínica e do hospital, embora o seu alvo predilecto tenha sido a loucura. A leitura da sua obra deixa-nos com uma visão negativa da medicina, cujos cuidados ele procurava quando entrava em depressão. Susan Sontag denuncia o predomínio da <b>metáfora belicista</b> no reino da imunologia, mas também ela precisou dos cuidados médicos para liquidar o seu cancro. Foucault e Sontag escreveram sobre medicina como se fossem utentes de um serviço de <b>medicina primitiva</b>, onde predomina a <b>etiologia social</b> em detrimento da <b>etiologia científica</b>. Eles falaram sobre as doenças sem conhecer o funcionamento do organismo.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> <b>Iatrofilosofia</b> é a designação dada à Filosofia da Medicina. A Iatrofilosofia - ou simplesmente a Filosofia Médica - estuda os pressupostos filosóficos das ideias e das práticas médicas e investiga os problemas filosóficos surgidos na pesquisa e na prática médicas. A Filosofia Médica enfrenta dois grandes problemas que dificultam o seu crescimento: o primeiro problema iatrofilosófico é a caracterização da própria medicina, e o segundo problema iatrofilosófico é distinguir os seus próprios ramos e identificar as questões características e urgentes de cada um deles. Sem pretender ser exaustivo, posso destacar os seguintes ramos da Filosofia Médica: a <b>Iatrologia</b>, estudo dos problemas lógicos da medicina; a <b>Iatrossemântica</b>, estudo dos problemas semânticos da medicina; a <b>Iatro-epistemologia</b>, estudo dos problemas do conhecimento médico; a <b>Iatrometodologia</b>, estudo dos problemas metodológicos da pesquisa e da prática médicas; a <b>Iatro-ontologia</b>, estudo dos conceitos ou hipóteses ontológicos inerentes às teorias e práticas médicas; a <b>Iatro-axiologia</b>, estudo dos valores médicos, a começar desde logo pela saúde; a <b>Iatro-ética</b>, estudo dos problemas morais suscitados pela pesquisa e prática médicas; e a <b>Iatropraxeologia</b>, estudo dos problemas gerais colocados pela prática médica individual e pela gestão da saúde pública. A distinção destes ramos da Iatrofilosofia tem sido levada a cabo a partir da <b>Epistemologia</b>, a ciência das ciências. Uma Filosofia Médica sistematizada pode implicar outras articulações teóricas. Em vez das designações usadas, poderíamos ter usado outras, tais como <b>Lógica Médica</b>, <b>Semântica Médica</b>, <b>Epistemologia Médica</b>, <b>Metodologia Médica</b>, <b>Ontologia Médica</b>, <b>Axiologia Médica</b>, <b>Ética Médica</b> e <b>Política Médica</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> Como já vimos, as ideias de <b>saúde</b>, <b>doença</b> e <b>terapia</b> dependem criticamente da concepção de Homem adoptada pelos filósofos e médicos. A antropologia filosófica deverá integrar o homem-doente no seu corpo teórico. A <b>abordagem biológica</b> deve ser adoptada pela antropologia filosófica porque só ela permite elaborar um <b>conceito geral de doença</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> A Filosofia Médica articula-se com a <b>BioFilosofia</b> ou <b>Filosofia Biológica</b>. A prioridade da Filosofia Médica é pensar a problemática da <b>BioMedicina</b> e ajudá-la a clarificar os seus conceitos, teorias e práticas. Outra conexão a pensar é a que existe entre medicina e tecnologia: a Filosofia Médica também se articula com a <b>Filosofia da Tecnologia</b>. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> Ivan Illich acusou a medicina de ser mais uma religião e um comércio do que uma ciência e um apostolado: a <b>medicalização da vida</b> tem efeitos nocivos. Os médicos enquanto grupo profissional ignoraram as acusações de Illich, em vez de aproveitar a oportunidade para investigar o problema e realizar uma auto-crítica honesta, reconhecendo os elementos que reduzem a saúde a um negócio lucrativo e investigando a sua influência na formação universitária dos médicos e na estrutura da sociedade. Sem a ajuda da Filosofia, a Medicina não consegue clarificar os seus próprios problemas. A <b>iatrogénese clínica</b>, a <b>iatrogénese social</b> e a<b> iatrogénese estrutural</b> não são meras invenções de Illich; são realidades em andamento na sociedade capitalista.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> A Filosofia Médica não é mera espectadora da actividade médica, mas exerce efectivamente um papel activo sobre a medicina. As <b>Faculdades de Medicina</b> devem incentivar os estudos iatrofilosóficos, de modo a propiciar a <b>formação de médicos</b> com competência filosófica e de filósofos com competência médica.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> A Filosofia Médica está a ocupar cada vez mais "espaço" no meu cérebro-mente: Em Filosofia, precisamos de <b>ideias-fundadoras</b> capazes de iluminar a teoria que queremos elaborar. Ora, no caso da Iatrofilosofia, o homem deve ser definido de modo a incluir os <b>estados de doença</b> na sua essência enquanto ser condenado à morte. A <b>finitude</b> implica estados de doença no decurso do ciclo vital do ser humano: a <b>abertura ao mundo</b> é um risco; o organismo está permanentemente sujeito a ser agredido pelo ambiente.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> Não podemos mudar aquilo que desconhecemos. Para mudar o mundo, é preciso conhecê-lo. A célebre tese de Marx sobre a <b>transformação do mundo</b> foi mal-interpretada: a filosofia de Marx nunca abdicou da teoria a favor da praxis. Nós conhecemos relativamente bem a <b>dinâmica do capitalismo</b>, mas este conhecimento não é suficiente para transformar o mundo: os <b>agentes sociais</b> da mudança já não são os mesmos do século XIX. O capitalismo introduziu mudanças significativas no <b>mundo da vida quotidiana</b> e no <b>mundo da cultura e da personalidade</b>. Conhecer os novos agentes sociais e os seus mundos fantásticos e saturados é uma prioridade da <b>teoria crítica</b>. Este conhecimento implica mudanças estruturais na agenda política da esquerda atenta ao mundo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-87030001726751425552013-10-25T17:01:00.000+01:002013-10-26T18:13:48.822+01:00Dossier Filosofia Médica (1)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: justify;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwYhndy1JIK3LlF8gM37qfL4CjzWqIw1HJ7ao0gNNs85xWHmx1l-vutb5vyEGC7hyIP5thGjJBzY3E4nSdsPyxxRqFNfdNvNfcKWGDOJdzeLRGfq3cUtmWlm6x2r0w2AZBeaW8KshBpGfk/s1600/1239721_10201327519122832_330615235_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwYhndy1JIK3LlF8gM37qfL4CjzWqIw1HJ7ao0gNNs85xWHmx1l-vutb5vyEGC7hyIP5thGjJBzY3E4nSdsPyxxRqFNfdNvNfcKWGDOJdzeLRGfq3cUtmWlm6x2r0w2AZBeaW8KshBpGfk/s200/1239721_10201327519122832_330615235_n.jpg" width="200" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;"><b>Uma mala moçambicana</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">«<i>Procura-se a medicina, em geral, ignorando-se totalmente as teorias médicas, mas não sem ideias preconcebidas sobre os conceitos médicos</i>». (G. Canguilhem)</span>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #37404e; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><br /></span></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje partilho algumas ideias do <b>Dossier Filosofia Médica</b>:</span><br />
<b><br /></b>
<b>1.</b> <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">relação médico-doente</b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> deve ser revisitada pela filosofia médica: Um doente inteligente é aquele que sabe desafiar o médico, quebrando o </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">ritual médico</b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">. O doente que se entrega à </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">sabedoria médica</b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> sem a desafiar é tratado como uma coisa: a responsabilidade da </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">reificação médica</b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> deve ser atribuída ao doente ignorante e passivo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> Hoje, ao contactar com alguns exemplares da população idosa masculina, conclui que há dois tipos de <b>idosos masculinos</b>: um simpático embora burrinho e outro detestável. Ainda não temos uma <b>teoria das masculinidades portuguesas</b>. O meu palpite é simples: Há um <b>défice de masculinidade</b> em Portugal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3. </b>O que é a <b>imbecilidade</b>? É julgar que todos os "sinais do mundo" se dirigem a si próprio. Ora, o mundo não gira em torno de ninguém: o imbecil que se coloca no centro do mundo atribui uma carga mágica àquilo que interpreta como "sinais do mundo" dirigidos à sua própria pessoa. O mundo da imbecilidade merece estudo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Com o advento das <b>neurociências</b>, a <b>psicologia</b> tornou-se uma ciência sem objecto, e, como não há ciência sem objecto - isto é, ciência que tenha o nada como objecto, a psicologia desaparece do universo das ciências. A abertura do Dossier Filosofia Médica visa precisamente desalojar a <b>psicologia médica</b> que não pode resolver os problemas que herda da filosofia: o<b> problema do normal e do patológico</b> não é um problema científico mas sim um problema filosófico. A noção de <b>homem total</b> é filosófica e não psicológica. Desconstruir as <b>ilusões de sabedoria</b> da psicologia médica - produzida por psiquiatras - é desde logo lançar as bases de uma <b>nova filosofia médica</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> Os manuais de psicologia médica que reflectem a ambição-orientadora da <b>psiquiatria</b> no seio da medicina tratam invariavelmente de três tópicos: o doente e sua doença, o médico e sua medicina e a relação médico-paciente. A <b>função apostólica</b> atribuída-imputada por M. Balint aos médicos deve ser repensada, de modo a evitar as ratoeiras da linguagem psiquiátrica: a <b>conversão médica</b> do doente pode ser uma ilusão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> Numa aula, quando procurei articular a <b>medicina psicológica</b> e a <b>medicina social</b> com a <b>medicina biológica</b>, um aluno disse-me que estava a privilegiar o <b>modelo médico</b>. De certo modo, tinha razão porque uma reconfiguração destes três modelos que dê prioridade à medicina biológica implica o <b>poder dos médicos</b>. Porém, esse poder tem os seus limites: Sou contra a <b>medicalização da vida</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> Os psiquiatras que escrevem manuais de psicologia médica adoram apresentar uma série de casos que geram dificuldades na medicina biológica, de modo a justificar a sua <b>intervenção psicológica</b>. E, mais recentemente, usam o argumento dos custos desses casos para o serviço nacional de saúde. Ora, sem negar a existência desse tipo de doentes, podemos devolver aos psiquiatras a função apostólica que eles atribuem aos médicos: a sua presença é onerosa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8. </b>Repare-se que não estou a excluir a psiquiatria da medicina: o que estou a dizer é que os <b>discursos psiquiátricos</b> reforçam a medicalização da vida. Ora, uma das tarefas da filosofia médica é <b>desmedicalizar a vida</b>, dando uma certa <b>autonomia ao doente</b>. Aliás, são as <b>indústrias farmacêuticas</b> que estão interessadas na medicalização da vida, fazendo das pessoas <b>eternos doentes</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> Agora vou directo ao que interessa: A Esquerda não sabe defender o <b>Serviço Nacional de Saúde</b>. Em Portugal, o Estado financia a medicina privada através da ADSE. Ora, a Esquerda já devia ter abolido esse privilégio se fosse defensora do SNS. Todos conhecemos casos em que os beneficiários da ADSE dizem ser "ricos" porque recorrem à medicina privada. Tantas ilusões, tantas manias de grandeza!</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> Ao meditar as temáticas da Filosofia Médica, topei com a <b>morte vodu</b>, <b>morte mágica</b> ou <b>morte por feitiço</b>. Curiosamente, ainda não sabemos explicar a morte mágica a não ser mediante o recurso aos aspectos culturais do<b> stress</b>. Outra noção curiosa é a de que a <b>inveja</b> pode matar pelo olhar: o <b>Mau-Olhado</b> causa diversos tipos de problemas de saúde. Seria interessante fazer uma <b>geografia cultural do mau-olhado</b>: Portugal - país de invejosos - encabeça a geografia do mau-olhado.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> Eis como a <b>antropologia médica</b> caracteriza a <b>perspectiva do médico</b> sobre a doença: racionalidade científica (1), ênfase sobre a mensuração objectiva e numérica (2), ênfase em dados bioquímicos (3), dualismo mente-corpo (4), visão das doenças como entidades (5) e ênfase sobre o paciente individual, não na família ou na comunidade (6). Há a tendência para criticar a mudança do <b>método subjectivo de diagnóstico</b> - os sintomas subjectivos do paciente, a interpretação subjectiva dos sinais físicos por parte do clínico - para o <b>método objectivo</b> que utiliza a <b>tecnologia de diagnóstico</b> para a colecta e a mensuração de dados clínicos. Ora, esta caracterização é simplista: a filosofia médica deve esclarecer a problemática da <b>biomedicina</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> A <b>relativização do modelo médico</b> é perigosa: a temática das <b>metáforas das doenças</b> associa-se, na imaginação das pessoas, a crenças tradicionais sobre a natureza moral e religiosa da saúde, da doença e do sofrimento humano, prejudicando a explicação e o controle das próprias doenças. Vê-se aqui a necessidade de elaborar uma filosofia para a biomedicina capaz de romper com as "<b>doenças populares</b>". Colocar a biomedicina ao lado das <b>curas espirituais</b> e da <b>homeopatia</b> é um disparate.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>13.</b> É muito complicado elaborar uma <b>Filosofia da Doença</b>. A <b>normalidade</b> é definida através da referência a determinados parâmetros físicos e bioquímicos. Para cada medida existe uma faixa numérica - um <b>valor normal </b>- na qual o indivíduo é considerado saudável. Valores superiores ou inferiores a esta faixa são anormais e indicam a presença de doença - entendida como <b>desvio da normalidade</b>. Assim, por exemplo, um valor inferior ao normal para a hormona da tiróide no sangue indica hipotiroidismo; um valor superior indica hipertiroidismo; e, se o valor for intermédio, indica que a tiróide esta a funcionar normalmente. Esta noção de doença como desvio da normalidade deve ser trabalhada.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>14.</b> Em Moçambique, discute-se muito o <b>regresso dos curandeiros</b> e dos feiticeiros. Porém, a sua explicação é simples: Quando o Estado não constrói uma <b>rede hospitalar </b>para fazer face aos problemas de saúde, a população que adoece recorre às "<b>medicinas alternativas</b>". As crenças tradicionais combatem-se através da educação e, sobretudo, de um serviço nacional de saúde.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-53954924468792897392013-10-21T17:45:00.000+01:002013-10-21T22:01:52.974+01:00Pensamentos nos limites da Ciência<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBanLWg2V8BWOHGjAxAptu2qF2FmQSUsammPdFQtTLH8GiRb76DPIbVpIpTmekMCpIn-iMTt75FUdzSW-aihc75vXxPqezowyRyWBL2yN4IRdN4YyhNXPQuWJ3Grvr-xhAfzzvN1b7Vjvt/s1600/atlantida2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBanLWg2V8BWOHGjAxAptu2qF2FmQSUsammPdFQtTLH8GiRb76DPIbVpIpTmekMCpIn-iMTt75FUdzSW-aihc75vXxPqezowyRyWBL2yN4IRdN4YyhNXPQuWJ3Grvr-xhAfzzvN1b7Vjvt/s320/atlantida2.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><b>Atlântida</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como estou cansado de discutir a situação política portuguesa, resolvi mudar de assunto. Eis alguns pensamentos nos limites da ciência partilhados no Facebook:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1. </b>A <b>Teoria do Astronauta Ancestral</b> explora as dificuldades da ciência oficial e reduz a história da humanidade a um contacto civilizacional com extraterrestres provenientes de Oríon ou de Sírio. Porém, não consegue explicar a <b>tecnologia extraterrestre</b> que supera a velocidade da luz - uma impossibilidade à luz da nossa física - e o tipo de <b>agenda civilizacional</b> trazida aos humanos pelos extraterrestres. As civilizações desaparecidas referidas pelos seus adeptos legaram-nos grandes construções, dignas de admiração, mas a sua cultura religiosa, intelectual e política não é admirável e está muito aquém da nossa própria cultura. Não podemos admirar incondicionalmente civilizações que exibiam barbárie.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> A <b>arqueologia</b> não pode pretender ser "a" ciência do Homem: as <b>culturas andinas</b> pré-colombianas colocam desafios que a arqueologia não sabe resolver, deixando assim a porta aberta aos invasores da teoria do astronauta ancestral. Exemplos de culturas que superam a imaginação arqueológica: <b>Cultura de Caral-Supe</b>, <b>Cultura Nazca</b>, <b>Cultura de Tiahuanaco</b> e <b>Cultura Puma Punku</b>. Sem documentos escritos ou tradição oral disponível, a arqueologia pouco pode fazer: o enigma permanece.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> O recurso aos portais por parte da Teoria do Astronauta Ancestral para explicar um vestígio material - uma construção, por exemplo - por um enigma não é uma explicação científica: a teoria pressupõe um acontecimento estranho que, face à ciência disponível, é uma miragem. Podemos defender certas hipóteses de trabalho adiando a sua "solução", mas não devemos recorrer a uma quimera para explicar determinados acontecimentos ou construções das <b>culturas desaparecidas</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Será necessário criar uma <b>teoria antropológica</b> para explicar o interesse da humanidade pela <b>existência de extraterrestres</b>? A NASA disponibilizou uma página onde se podem ver OVNI'S a circular nas proximidades dos satélites ou de naves de estudo: as "luzes" circulam. Ainda ninguém conseguiu explicar esse fenómeno. A humanidade parece temer estar sozinha no universo: Será este medo suficiente para explicar a crença em extraterrestres que nos visitam desde o passado distante? O <b>fenómeno da religião</b> não pode ser reduzido a um único enunciado: os deuses adorados pelos homens são extraterrestres que visitaram no passado distante a humanidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> A Ciência não pode continuar a ignorar as hipóteses elaboradas pelos adeptos da teoria do astronauta ancestral e da <b>ovnilogia</b>. A verdade é que não sabemos explicar a função das Pistas de Nazca ou a monumentalidade de Puma Punku que, em língua Aymar, significa "A Porta do Puma". Como é que construíram os seus templos, palácios e túmulos homens que, tanto quanto sabemos, só conheciam um metal - o ouro? A cerâmica analisada pela arqueologia é, por vezes, tosca.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> Os portugueses nunca foram bons etnógrafos. As únicas culturas desenvolvidas com as quais entraram em contacto foram a indiana, a chinesa e a japonesa. De resto, contactaram com as <b>culturas da Amazónia</b> e as <b>culturas africanas</b>, uma mais desenvolvidas do que outras. Ora, os documentos que nos legaram desses <b>contactos interculturais</b> são escassos e pouco objectivos. O português é uma raça de <b>horizontes cognitivos estreitos</b>. Por onde passam os portugueses fica o <b>esquecimento</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> A obra de poesia e a vida de Florbela Espanca são o testemunho derradeiro da <b>alma desalmada </b>dos portugueses: Ela temia depois de morta - a <b>primeira morte </b>- ser morta segunda vez pelos seus intérpretes ou estudiosos. Os portugueses com os seus estudos toscos e medíocres matam os poucos que ousaram pensar neste <b>ermo mental</b> que é Portugal. O <b>testemunho derradeiro</b> de Florbela Espanca que condena os portugueses: «<i>Quando morrer, é possível que alguém, ao ler estes descosidos monólogos, leia o que sente sem o saber dizer, que essa coisa tão rara neste mundo - uma alma - se debruce com um pouco de piedade, um pouco de compreensão, em silêncio, sobre o que eu fui ou o que julguei ser. E realize o que eu não pude: conhecer-me</i>». Florbela deseja ser resgatada por uma alma que a compreenda porque, em vida, foi isolada pelos <b>seres sem alma</b> - <b>zombies</b> - que a rodeavam. Ora, esses seres sem alma foram - e são - homens portugueses que nunca lhe deram amor e compreensão: Eles adormeciam ao seu lado, usando-a como um manto que encobria dos outros a sua "sexualidade". Porém, noutros monólogos descosidos, Florbela teme que seja morta segunda vez quando esses mesmos homens tentarem compreender a sua vida e obra. Ora, todos nós sabemos que os estudos portugueses matam a obra dos grandes vultos do pensamento português, privando-os da <b>publicidade merecida</b>. Os portugueses são<b> homicidas intelectuais</b>: Eles matam a obra que tocam com a sua perversidade.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> Hoje vou tratar da <b>origem atlante da Cidade do Porto</b> há 10 500 e 10 000 anos A.C.. O mapa da Península Ibérica não era o mesmo de hoje: abrangia apenas a Galécia dos mapas já partilhados no Facebook. O Porto foi fundado pelos sobreviventes da Atlântida após o dilúvio. Uma civilização desenvolvida estabeleceu-se nas margens do Rio Douro: os sobreviventes da Atlântida submergida pelas águas do dilúvio. Algures a uma grande profundidade dos subsolos do Porto há vestígios ocultos da fundação do Porto por uma <b>humanidade anterior</b> à nossa.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><b>9.</b> A História oficial não consegue explicar os grandes enigmas da Humanidade. Chegou a hora de encarar de frente essa dificuldade da história oficial e de elaborar novas hipóteses de trabalho. No que se refere à origem atlante do Porto, Platão, a Bíblia e talvez Homero fornecem as ideias fundamentais: o Porto foi fundado depois do dilúvio pelos sobreviventes da civilização da Atlântida. Ora, se eles foram iluminados pela inteligência de extraterrestres vindos das estrelas, então o Porto esteve e está na rota das <b>estrelas nocturnas</b>.<br /><br /><b>10.</b> A Hipótese da Origem Atlante do Porto - o porto que acolheu os sobreviventes da destruição da Atlântida - tem um precursor: o antiquário António Cerqueira Pinto que, no Proémio à edição de 1742 do Catálogo dos Bispos do Porto de D. Rodrigo da Cunha, defende que o Porto foi fundado por Noé. Segundo Cerqueira Pinto, Noé entrou aqui no Douro com as suas galés. O dilúvio - tal como Tróia - não é um mito, mas um acontecimento catastrófico - provocado pelo choque de um asteróide com a Terra - que destruiu a Atlântida: alguns sobreviventes desta grande civilização entraram no Rio Douro e fundaram o Porto. A Cidade Invicta merece o nome que tem porque foi o <b>porto-de-abrigo</b> dos habitantes da Atlântida que sobreviveram à destruição da sua civilização. Os portuenses devem orgulhar-se de serem os descendentes remotos dessa humanidade desaparecida. O símbolo do Porto deve ser uma Pirâmide, a porta de contacto com o seres que vieram das estrelas.</span><br />
<br />
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">11.</span></b> <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A Hipótese da Origem Atlante do Porto pode parecer demasiado fantástica e encantadora, mas é uma hipótese que procura esclarecer <b>elos perdidos</b>, em especial o elo que liga a actual humanidade à uma humanidade anterior desaparecida, no nosso caso à humanidade que construiu a <b>civilização da Atlântida</b>. Os mitos da <b>Idade do Ouro</b> têm um fundo de verdade: a História é uma <b>sucessão catastrófica</b> de Humanidades. Quando a civilização de uma delas é destruída por uma catástrofe, os sobreviventes ajudam uma nova humanidade a descobrir a civilização. O Norte da Península Ibérica foi, algures no passado, uma zona civilizacional desenvolvida sob o impulso dos sobreviventes da Atlântida. Quem sabe se os genes arcaicos detectados nas suas populações não são genes dessa humanidade desaparecida! Há portanto uma Idade do Ouro do Porto a descobrir! O <b>Imaginário Atlante </b>do Porto está presente nas suas grandes construções: os portuenses não têm consciência de que as esculturas colossais que suportam o edifico da CMP são Atlantes. Podemos recorrer aos <b>arquétipos de Jung</b> para explicar esta sobrevivência da Atlântida no imaginário portuense.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> Todas as figuras aladas do Porto são <b>figurações de extraterrestres</b>. A Arquitectura Urbana do Porto vista do céu corresponde a uma determinada constelação de estrelas: é necessário criar uma <b>arquitectura astronómica</b> para compreender o passado longínquo do Porto e a sua origem atlante. Nós não sabemos construir as Pirâmides do Egipto (10 mil anos A.C.) que provavelmente não foram construídas pelos egípcios, mas também não estamos a usar todas as técnicas fornecidas pela ciência para compreender as nossas origens. As origens remotas do Porto perdem-se nalguma constelação de estrelas que iluminam a nossa noite.<br /><br /><b>13.</b> A Origem Atlante e, portanto, estelar do Porto faz dela uma <b>Cidade-Estado</b>, cujo destino não pode depender do capricho de uma humanidade inferior sediada em Lisboa. Os portuenses são descendentes da humanidade superior da Atlântica e, como tais, são filhos das estrelas. O Porto é o campo que liga a Terra ao Céu e aos seus viajantes estelares.<br /><br /><b>14.</b> A minha imaginação poética paralisa o teu cérebro diminuto? Pois, fica a saber que nem todos os portugueses são idiotas como tu. O céu das estrelas destinou o Porto para uma grande missão e, para a cumprir, é necessário reinstituir a sociedade portuense como Cidade-Estado que escuta a <b>voz oracular</b> de uma constelação estelar longínqua.<br /><br /><b>15.</b> O <b>fundo existencial obscuro</b> do Porto fala-nos através de pequenos vestígios que urge decifrar para iluminar a sua origem atlante. Utilizei aqui uma expressão conceptual forjada por Ernst Bloch para justificar a permanência do nosso núcleo existencial depois da morte. O encanto que o Porto exerce sobre os humanos prende-se com a força desse fundo existencial obscuro que persiste apesar da <b>voracidade de cronos</b>.<br /><br /><b>16.</b> Platão descreveu a <b>Atlântida</b>. Este mapa (em cima) situa-a no oceano Atlântico: a <b>Pirâmide dos Açores</b> pode ajudar a apurar a verdade desta localização. O mapa a que tive acesso apresenta outra configuração geológica da Península Ibérica. O que interessa destacar aqui é que os atlantes sobreviventes estabeleceram-se no Porto.<br /><br /><b>17.</b> Nos contos de Platão, Atlântida era uma potência naval localizada "na frente das Colunas de Hércules", que conquistou muitas partes da Europa Ocidental e África 9.000 anos antes da era de Solon, ou seja, aproximadamente 9600 a.C.. Após uma tentativa fracassada de invadir Atenas, Atlântida afundou-se no oceano "em um único dia e noite de infortúnio".<br /><br /><b>18.</b> Os portuenses deviam ler a "<i>Nova Atlântida</i>" de Francis Bacon. A descrição da Atlântida de Platão recua atrás no tempo para descobrir a Idade do Ouro; Bacon retoma o tema mas projecta-o algures no futuro: trata-se de uma <b>utopia técnica</b> que projecta luz sobre o destino do Porto Cidade-Estado. Ou melhor, as <b>utopias renascentistas</b> são regressivas no sentido de retomarem um modelo de cidade ideal do passado; porém, Bacon elenca uma série de descobertas técnicas que lançam luz sobre o futuro.<br /><br /><b>19.</b> A Hipótese da Origem Atlante do Porto implica uma <b>conversão dos portuenses</b>: uma mudança radical de perspectiva e de concepção do mundo. Os portuenses são convidados a romper com o imaginário efectivo e a criar novas significações para o seu mundo social, de modo a instituir o Porto como Cidade-Estado e a gerar novas instituições sociais.<br /><br /><b>20.</b> Um arqueólogo português diz ter descoberto algures nas profundezas oceânicas construções e esculturas da Atlântida. Deixa ver as fotografias mas mantém tudo em segredo. A Pirâmide dos Açores é fundamental para a localização atlântica da Atlântida. A necessidade de pensar o passado do Porto leva-me a abandonar a teoria de J. V. Luce. O oceano Atlântico banha o Porto e o Rio Douro desagua nele. A vertigem apodera-se do pensamento: Olhar para o passado remoto é tentar ver numa <b>tela escura</b>.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-22036167153369389252013-10-20T14:20:00.003+01:002013-10-20T17:02:01.114+01:00Projecto Porto Cidade-Estado (5)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg71_sTXTPWUu-cUvu1kfOAbOhnT-TUo9rWhCo4zd9rBdGxEPyOz5KAbTDR610eX_VIu2jkNg5fWO3nOQx_N3JlRdOTpEttuRAfalqiXoF9DgqAZ_j-OlKiC2hI_NfWjUmrdbUxqTSYN8zy/s1600/59673990.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg71_sTXTPWUu-cUvu1kfOAbOhnT-TUo9rWhCo4zd9rBdGxEPyOz5KAbTDR610eX_VIu2jkNg5fWO3nOQx_N3JlRdOTpEttuRAfalqiXoF9DgqAZ_j-OlKiC2hI_NfWjUmrdbUxqTSYN8zy/s320/59673990.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><b>Porto Cidade-Estado</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje partilho um conjunto de pequenos textos que visam esclarecer a <b>Filosofia Portuense</b>:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> A mente poética de Teixeira de Pascoaes produziu, em estado prático, uma grande <b>Filosofia da Poesia Portuguesa </b>que urge sistematizar. Destaco uma frase da sua autoria: «D. Quixote é. D. Sebastião há-de ser». A alma lusitana distingue-se assim da alma castelhana: a primeira deseja o futuro, abre-se ao futuro desejado; a segunda fecha-se no passado, actualiza-o. O sebastianismo transfigurado dos pensadores portuenses é uma <b>filosofia da História de Portugal</b>. Não temos outra.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> Conheço a biblioteca privada de alguns dos pensadores portuenses: os títulos incluem poucas obras de vulto naquele tempo. Ora, o que é inusitado é o facto deles terem redescoberto conceitos filosóficos nucleares e terem feito distinções conceptuais de primeira ordem: a distinção entre "é" e "há-de ser" é brilhante. A <b>alma portuense</b> descobriu uma afinidade que partilha com a alma russa. Mas há outra afinidade e, desta vez, com a alma alemã. O <b>romantismo portuense</b> é brilhante e digno de figurar na grande literatura mundial.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> As pessoas não compreendem a minha indiferença em relação a Fernando Pessoa e a minha preferência pela poesia e prosa de Teixeira de Pascoaes. Direi apenas que na obra de Pascoaes sinto-me em casa, enquanto na obra de Pessoa sou um estranho: Uma poesia que não se presta ao pensamento não me atrai.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Como qualquer um dos grandes pensadores portuenses do passado, eu tento libertar o pensamento filosófico em língua portuguesa da prisão da intriga e da bisbilhotice. E, nessa tarefa de devolver o pensamento à sua <b>matriz conceptual</b>, fui mais longe do que os pensadores ancestrais: Faço Filosofia e, quando confrontado com a <b>Mitologia Nocturna do Povo</b>, converto-a em <b>Filosofia Nocturna</b>. Surgem luzes na escuridão da funda meia-noite.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> No meu período juvenil, rejeitei o <b>Saudosismo</b> de Teixeira de Pascoaes: a Saudade era-me completamente estranha. Mas, com o decorrer do tempo e à medida que aprofundava a Filosofia Portuense, descobri aquele processo de mutação intelectual a que chamo <b>transfiguração portuense do sebastianismo</b>: a <b>saudade portuense</b> deixou de ser uma noção vaga para passar a ser um conceito político. Vou mais longe: os pensadores portuenses nunca alinharam filosófica e politicamente com a Geração 70: o "há-de ser" é mais do que uma categoria ontológica; é, antes de tudo, um <b>projecto político</b>, e a saudade portuense mais não é do que a saudade do futuro reservado à Cidade do Porto. Eu sou o filósofo portuense da <b>Grande Ruptura</b>: os meus sonhos diurnos antecipam em pensamento o futuro do Porto como Cidade-Estado. Ora, a minha alma portuense não me impede de pensar outras figuras portuguesas, como por exemplo Gil Vicente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> Ao falar da transfiguração portuense do sebastianismo, estou a introduzir uma ruptura no seio do <b>sebastianismo português</b>. Rejeito a <b>mitologia sebastianista</b> pensada por sulistas, como por exemplo António Quadros, e aceito o desafio de levar mais longe a problemática filosófica portuense, fazendo do <b>Encoberto-Desejado</b> uma figura da Filosofia. Os heterónimos de Fernando Pessoa tornam-se ridículos perante a figura portuense do Encoberto-Desejado, a figura que anuncia a Filosofia Nocturna e promete a Filosofia Diurna.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> Há pessoas que se apropriam dos tesouros cognitivos disponibilizados pela Internet como se fossem seus e, quando atacam os outros, pressupõem que eles fazem o mesmo. Ora, nem todos os utentes da Internet são "<b>ladrões cognitivos</b>". É complicado tentar testar a inteligência do outro, sobretudo quando esse outro está a fundar uma nova problemática filosófica, para além das problemáticas da Filosofia da Consciência e da Filosofia da Linguagem: a problemática da <b>Filosofia do Conceito</b> que, de certo modo, reclama a herança de Espinoza. Tontos são aqueles que se limitam a dizer vulgaridades, vampirizando a obra de Vieira, por exemplo.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> A falência da Editora Livros do Brasil está a privar-nos das obras brasileiras. Uma obra que desapareceu das livrarias portuguesas são os "Sertões" de Euclydes da Cunha. Os portugueses desconhecem o <b>sebastianismo brasileiro</b>, ou melhor, o tremendo impacto de António Vieira sobre o <b>sebastianismo nordestino</b>: o brasileiro é-nos apresentado como um "ser saudoso" (Oliveira Torres) porque descendente detrês raças tristes: o português desterrado da sua pátria, o negro banzado de África, e o índio desesperado por ter sido arrancado às selvas. Dado esta região brasileira ter sido colonizada por gente proveniente do Norte de Portugal, a <b>saudade brasileira</b> - que dizem ser saudade do <b>Paraíso Perdido</b> - é herdeira da saudade galaico-portuense ancestral. Estou cada vez mais convencido de que a <b>Filosofia do Sebastianismo</b> deve ser um empreendimento luso-brasileiro.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9. </b>Abel Salazar duvidava do equilíbrio mental de António Sérgio, cuja mente destrambelhada teve repercussões nefastas sobre o pensamento português e portuense. Os maiores cérebros portugueses seus contemporâneos - Jaime Cortesão e Abel Salazar, por exemplo - não tinham boa imagem de António Sérgio e detestavam o seu "<b>polemismo caceteiro</b>" que mergulhou o cultura portuguesa nas trevas da merda. Convém reanalisar criticamente todas estas polémicas travadas por Sérgio contra a filosofia portuense. Os (pseudo-)intelectuais portugueses herdaram esse espírito caceteiro que se limita a demolir sem construir.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> Quem é o <b>Encoberto</b> para Sampaio Bruno, o pai do chamado pensamento português, isto é, do pensamento portuense? Eis a sua resposta: «Dissipe-se a nuvem que encobre o herói. O herói não é um príncipe predestinado. Não é mesmo um povo. É o Homem». A transfiguração portuense do sebastianismo está realizada nestas palavras de Sampaio Bruno. A figura do Encoberto - isto é, do <b>Homem Escondido</b> - é a figura de uma <b>antropologia filosófica</b> portuense que ainda não foi pensada nos seus próprios termos. No entanto, o carácter universal da filosofia portuense está estabelecido.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> Como sabem, não estou de acordo com todos os <b>portuenses ilustres</b>. Dalila Pereira da Costa opera uma <b>mitologização do sebastianismo</b> que rejeito. Porém, há elementos produtivos em "A Nau e o Graal": «Para as duas almas constituintes desta pátria, a céltica e a judaica, a história será encarnação do mito ou o mito em vias de se fazer». Aceito a primeira ideia e rejeito a segunda. Por vezes, diante de obras profundas, temos de realizar uma <b>leitura sintomal</b>, dando destaque aos elementos construtivos de modo a resgatar o pensamento pensado.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> Em 1904, Sampaio Bruno publicou a sua obra "<i>O Encoberto</i>", cujo índice é o seguinte: I A Fé e o Império; II O Desejado; III O Encoberto; IV O Restaurado; V Mito; VI Realidade; e VII Decadência e Progresso. Reparem que pela estrutura da obra se adivinha o seu programa de <b>desmitologição do sebastianismo</b>. Além disso, aparecem três figuras: o <b>Desejado</b>, o <b>Encoberto</b> e o <b>Restaurado</b>, além da crítica subjacente à <b>teoria da decadência de Portugal </b>de Oliveira Martins e de Antero de Quental. O homem do Porto indicou os caminhos adequados a percorrer.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-39457864259326150942013-10-18T17:26:00.000+01:002013-10-19T16:40:38.023+01:00Projecto Porto Cidade-Estado (4)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfyOx_ZrJ5RaQlFbxKWMnF8MFJIA7b4gyq2lRKN8UUVfVozKYbyb39gkXRVB92HNa5Qy8X2SqKz5aWZRioruBpAdNvHgyBGDotkiR2EGXFYDyrlO1jZRHVzXqd_rhHbnDOXSNyGAtjlR1D/s1600/59673990.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfyOx_ZrJ5RaQlFbxKWMnF8MFJIA7b4gyq2lRKN8UUVfVozKYbyb39gkXRVB92HNa5Qy8X2SqKz5aWZRioruBpAdNvHgyBGDotkiR2EGXFYDyrlO1jZRHVzXqd_rhHbnDOXSNyGAtjlR1D/s320/59673990.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Porto Cidade-Estado</span></b></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje as ideias partilhadas no Facebook seguiram um novo rumo: a temática do sebastianismo e as metamorfoses da espera. Têm relevância para o Porto Cidade-Estado:</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1. </b>A <b>Alma Portuguesa</b> só pode ser pensada à luz da fragmentação. A Imagem do Porto-Trabalho deve ceder à imagem do <b>Porto-Pensador</b>. Uma das clivagens da alma portuguesa pode ser enunciada assim: o Porto pensa enquanto Lisboa desconstrói e destrói o pensamento pensado pelo e no Porto. Todas as Histórias da Literatura Portuguesa são falsificações que secam os vestígios geniais da <b>alma portuense</b>. O <b>Romantismo</b> em Portugal é uma criação portuense: os sulistas sabem isso quando dizem ser anti-românticos, isto é, anti-portuenses. As obras de Teixeira de Pascoaes tematizaram o romantismo, dando-lhe uma filosofia sistemática. Há portanto uma Filosofia do Romantismo Portuense. Porém, convém exorcizar uma concepção prévia do romantismo: o <b>culto do passado</b> que encontramos em Alexandre Herculano converte-se em <b>ânsia de futuro</b> em Teixeira de Pascoaes, o que quer dizer que o romantismo não é necessariamente retrógrado e reaccionário. A filosofia de Teixeira de Pascoaes é sombria no sentido de ser uma <b>filosofia nocturna </b>que aguarda por um novo amanhecer.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> O <b>sebastianismo</b> foi mal pensado filosoficamente: o sebastianismo do Padre António de Vieira que, de certo modo, revive na "<i>Mensagem</i>" de Fernando Pessoa foi completamente transfigurado pelos filósofos e poetas portuenses. A <b>transfiguração portuense</b> do sebastianismo é, desde logo, uma transfiguração filosófica e política. A <b>figura do Encoberto</b> é, na filosofia portuense, uma figura tão importante como o Zaratustra na filosofia de Nietzsche. Com efeito, ela é uma figura da filosofia nocturna. (Ocorreu aqui uma polémica que ditou a sequência seguinte:)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> A Universidade de Coimbra foi sempre inimiga do <b>pensamento portuense</b>, como o demonstra a "questão académica". A Faculdade de Letras do Porto foi fundada em Agosto de 1919 por Leonardo Coimbra e, depois da polémica com Coimbra, foi suprimida por decreto em 1928. Esta supressão fascista deslocou algumas figuras do pensamento portuense para a Universidade de Coimbra: o <b>exílio coimbrão</b> não conseguiu ofuscar o <b>génio portuense</b>. A Universidade de Coimbra foi sempre o túmulo do pensamento filosófico e científico. A Aliança Porto-Lisboa quebrou esse feitiço de Coimbra.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Eis como Teixeira de Pascoaes lamenta a <b>imbecilidade</b> dos portugueses: «O grande poder emotivo da Raça contrário ao pensamento intelectualizado, opunha-se à criação de uma verdadeira Filosofia. O sentimento inundante afoga em lágrimas e nuvens o pensamento lúcido e sereno. Também o viço excessivo de uma planta não a deixa frutificar». Considera que o <b>Criacionismo</b> de Leonardo Coimbra é «a primeira Filosofia com todo o ritual e espiritual, escrita em língua portuguesa».</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> O <b>messianismo</b> pode ser definido - em termos gerais - como "esperança histórica". E o <b>sebastianismo</b> como sua versão portuguesa nasce da dor e nutre-se da esperança (Lúcio de Azevedo). Apesar de terem sido publicadas muitas obras sobre o sebastianismo, ainda não temos uma História do Sebastianismo (Lusófono) e muito menos uma Filosofia do Sebastianismo. A tese que proponho é uma inversão de marcha: Pensar o Encoberto como o <b>Desejado</b>. A<b> Filosofia Portuense</b> realizou de certo modo essa inversão que rompe com a <b>Profecia</b>: a transfiguração portuense do sebastianismo é assim secularização da crença bíblica na vinda de um Deus ou de um Enviado de Deus, que salvará o seu povo oprimido. (Aqui o meu amigo <b><a href="http://blogdowandersonlima.blogspot.pt/">Wanderson Lima</a></b> deu a seguinte bibliografia brasileira: <b><a href="http://www.abhr.org.br/plura/ojs/index.php/anais/article/viewFile/579/384">um</a></b>, <b><a href="http://www.humanas.ufpr.br/portal/cedope/files/2011/12/As-metamorfoses-da-espera-Jacqueline-Hermann.pdf">dois</a></b>, <b><a href="http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/104244627642445520103256149235606801672.pdf">três</a></b>, <b><a href="http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542013000500003&lng=es&nrm=iso">quatro</a></b>, <b><a href="http://revistaliter.dominiotemporario.com/doc/OSERTAOSAGRADO_ELTON.pdf">cinco</a></b>, <a href="http://pdf.leya.com/2012/Jan/origens_do_sebastianismo_rqzb.pdf" style="font-weight: bold;">seis</a>,<b> <a href="http://www.uss.br/pages/revistas/revistamosaico/V3N12012/pdf/003_Sebastianismo_e_messianism.pdf">sete</a> </b>e<b> <a href="http://www.unicap.br/armorial/35anos/trabalhos/d_sebastiao.pdf">oito</a></b>.)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> É preciso ser filósofo profissional para compreender a "<i>História do Futuro</i>" do Padre António Vieira. Eis aqui uma afirmação a reter: «<i>A ciência dos futuros - disse Platão - é a que distingue os deuses dos homens e daqui lhes veio, sem dúvida, aos homens, aquele antiquíssimo apetite de serem como deuses</i>». O Capítulo Primeiro da <i>História do Futuro</i> tem muita filosofia que urge compreender.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> Na "<i>História do Futuro</i>", António Vieira fala "com todo o mundo" no primeiro capítulo, e "só com Portugal" no segundo capítulo. Ora, um filósofo hermeneuta sabe que há aqui algo a decifrar, porque logo a seguir Vieira diz: «<i>nem todos os futuros são para desejar, porque há futuros para temer</i>». A <b>Fé </b>não é suficiente para deslindar a lucidez histórica e política de Vieira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> Sugiro o tema de um novo livro sobre o Padre António Vieira que namora o título de uma obra de Isaac Deutscher: <b>António Vieira, Profeta Armado, Profeta Desarmado e Profeta Vencido</b>: Uma trilogia.</span></div>
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<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> Em 1634, nos arrabaldes do Salvador, António Vieira pregou o seu <b>Sermão de S. Sebastião</b>. O seu sebastianismo evoluiu do <b>sebastianismo estático</b>, preso à esperança do regresso do rei morto em Alcácer Quibir, para o <b>sebastianismo do Quinto Império</b>. O sebastianismo conheceu diversas peripécias sem mudar de matriz. Ora, quem sonha o Quinto Império? Fernando Pessoa que se filia ao último Vieira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> Lamento a <b>miopia política</b> do governo português no caso da parceria estratégica com Angola: A Inglaterra livrou-se disso ao criar colónias ocidentais; nós portugueses sabemos que ainda há preconceitos nas relações com as ex-colónias, em especial Angola e Moçambique. Com excepção do Brasil, o património lusófono não é assumido por esses países africanos. É preciso ter paciência na construção da <b>comunidade lusófona</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> António Vieira realizou uma síntese messiânica que combina o <b>joaquimismo</b>, o messianismo nacional português - <b>bandarrismo</b> - e o <b>messianismo judaico</b>. Desta combinação resulta uma figura que não vou aqui delinear, limitando-me a dizer que o reino messiânico sobre a terra foi formalmente anunciado pelos profetas (1); que haverá três estados da Igreja, da Sinagoga à Igreja actual e desta à Igreja do futuro (2); e que o início da era messiânica será marcado pelo esmagamento dos turcos pelos exércitos cristãos comandados pelo rei de Portugal (3). Como é evidente, a profecia de Vieira falhou: os judeus foram conduzidos a Israel no decurso da Segunda Guerra Mundial sem a orientação de um Messias. Mas o sebastianismo é mais do que isto, e o que tenho defendido é a necessidade de pensar a sua filosofia: a sua concepção da História e da Política.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> No <b>trabalho intelectual</b>, há divisão de trabalho: uns recolhem o material sem lhe acrescentar mais-valia; outros processam esse material adicionando-lhe erudição; e, finalmente, há os criadores que jogam entre os trabalhadores e os eruditos, criando tempestades inovadoras no seio das ciências e da filosofia. Sem <b>cérebros criativos</b> não haveria mudança de problemáticas e o mundo seria chato e monótono. Só de falar disso dá-me sono! Desperta e acorda para a ciência revolucionária!</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>13.</b> Fiquei desiludido com esta discussão em torno do Padre António Vieira: Aspectos biográficos foram ventilados sem entrar na sua matriz de pensamento, precisamente o que me interessa enquanto filósofo. Para contornar uma má biografia de Vieira, sugeri um título: <i>António Vieira, Profeta Armado, Desarmado e Vencido</i>. E, para abordar o seu pensamento messiânico, outro título: <i>António Vieira, História e Política</i>. Mas parece que andei a pregar para os peixes.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>14.</b> Eu só reconheço a autoridade de uma pessoa em matéria de <b>estudos vieiristas</b> quando ela souber elucidar a concepção de tempo nas obras de Vieira. Eu não procuro uma biografia; procuro - isso sim - uma filosofia sistematicamente pensada.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>15.</b> Por que amo o <b>Barroco Alemão</b>? Porque o drama alemão mergulha inteiramente na desolação da condição terrena, afastando-se da escatologia e fugindo para uma natureza desprovida de graça. Ora, meus amigos, o <b>Barroco Português</b> não está longe do Barroco Alemão: Falta-lhe apenas estudiosos disciplinados pelo rigor da filosofia.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>16.</b> Amigo CM: Deixo-lhe aqui quatro notas críticas:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /><b>16.1.</b> António Vieira é um escritor português muito estudado não só por portugueses mas também por estrangeiros. O facto de ter dedicado 12 anos ao estudo de Vieira não lhe dá o direito de desprezar os trabalhos pioneiros e brilhantes de Lúcio de Azevedo, Hernâni Cidade e António José Saraiva. A melhor biografia de Vieira continua a ser a "História de António Vieira" de Lúcio de Azevedo. Como é evidente, o maior conhecimento da obra e da vida de Vieira permite elaborar novas biografias, escritas à luz de novas problemáticas teóricas. A investigação nunca está concluída e ninguém pode afirmar deter a última palavra sobre um assunto.<br /><br /><b>16.2.</b> Ontem negou a filiação de António Vieira à problemática luso-brasileira do sebastianismo. Tentei uma definição concisa do sebastianismo apresentando-o como uma versão portuguesa do messianismo. António Vieira realizou a passagem do sebastianismo estático ao sebastianismo do Quinto Império. As peripécias do sebastianismo não podem eclipsar a sua matriz teórica e política que permanece constante ao longo do tempo: as metamorfoses da espera não alteram significativamente a problemática do sebastianismo, sendo adaptações à conjuntura política.<br /><br /><b>16.3. </b>Ontem estabeleceu um paralelo entre António Vieira e Sabetai Zevi, como se se tratasse de uma descoberta original. Ora, estudos anteriores - em especial os de António José Saraiva - já tinham identificado esse paralelo, mostrando que o ano de 1666 era messiânico para os dois autores. Aquilo que diz ser uma descoberta original sua não é, de facto, original. Os encontros de Vieira com rabinos portugueses na Holanda estão bem estudados. Há uma figura que esqueceu: Menasseh ben Israel, cujas obras têm afinidades com as obras messiânicas inacabadas de Vieira. A Política de Vieira não pode ser dissociada da questão da escravatura e dos índios brasileiros: as Dez Tribos perdidas de Israel são importantes para compreender a Igreja do Futuro mas não eclipsam a questão da escravatura e dos engenhos.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>16.4.</b></span> <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(O CM) escreveu algures o seguinte: «São três os Sermões do Rosário que falam dos escravos. O único estudo que existe destes trintário é meu, se conhece outro prove-o. Chama-se "Um sermonário mariano de Vieira, Maria Rosa Mística", foi publicado pela Universidade Católica, deveria ser uma treta como o senhor faz querer. Apresente teses, tenha universidades que lhas publiquem, e depois venha discutir sobre aquilo que ainda tem muito que aprender. Seja mais humilde e não pretenda ser enciclopédia, pois as asneiras saem-lhe em catadupa».<br /><br />Deixando de lado a tontice da sua retórica muito lusitana e agressiva, devo dizer que a questão dos escravos foi abundantemente analisada por diversos estudiosos portugueses, brasileiros e estrangeiros. O segundo volume da "História de António Vieira" de Lúcio de Azevedo aborda esses Sermões no Sexto Período - O Vencido, em especial na secção VI: A tarefa dos sermões. Hernâni Cidade e António José Saraiva também não foram indiferentes à questão dos escravos, para já não falar dos estudiosos brasileiros - ainda ontem foram referidos alguns mediante links - e estrangeiros. É certo que os sermões podem ser analisados em função de chaves de leitura diferentes, mas o seu conteúdo político - esse sim foi estudado. <br /><br />Tinha outras coisas para dizer sobre a adjectivação que me foi atribuída, mas prefiro omiti-las porque não são relevantes para a elucidação do pensamento de Vieira.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>17.</b> O <b>Problema António Vieira</b> consiste em articular a História e a Política, e esta articulação é a sua Filosofia. Ora, a articulação História-Política já deriva de uma problemática de fundo que não foi descoberta por Vieira: Os seus compromissos políticos assumem a forma de teses filosóficas sobre a história e a política do seu tempo. É nesse sentido que o <b>sebastianismo do Quinto Império</b> ainda não foi pensado.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>18.</b> Descobri um paradoxo na concepção da "História do Futuro" de António Vieira, nas duas edições que disponho dessa obra. Vieira é enfático quando distingue a sua <b>História do Futuro </b>da <b>História do Passado</b> escrita por autores clássicos. Porém, para a fundamentar, apresenta as suas quatro "utilidades". Ora, a terceira utilidade da História do Futuro - «as promessas e as disposições divinas, antecedentemente conhecidas na previsão do futuro, tudo facilitam e a tudo animam» - reduz a História à Política de realização das promessas. A concepção de tempo de António Vieira aproxima-se e, ao mesmo tempo, distancia-se da concepção de tempo de Santo Agostinho. Para Vieira, o tempo tem dois hemisférios - o passado e o futuro - e um horizonte de tempo presente em que termina o passado e começa o futuro. É esta concepção de tempo que está na raiz dos cinco impérios: o Quinto Império mundial será realizado à escala mundial por Portugal e pelos portugueses sob a liderança de um rei português. Ora, a quarta utilidade da História do Futuro é advertir os inimigos -holandeses e espanhóis e outros - de que não vale a pena lutar contra Portugal, cujo destino foi traçado por Deus. Dado ser um império mundial temporal no mundo, o Quinto Império - a ideia - rompe com a escatologia, outra dificuldade a pensar em Vieira.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>19.</b> A <b>burocratização do ensino</b> queimou os neurónios dos auto-intitulados professores que assumem o cargo burocrático dispensando a tarefa de ensinar e educar. Munidos das palermices das pedagogias administrativas, pretendem ser avaliadores por decreto celestial. Porém, como podem avaliar o que não sabem ou o que não ensinaram? O ensino em Portugal e no mundo é uma mentira. Uma maneira tipicamente portuguesa de evitar o confronto da avaliação é dizer que não aceitam ser avaliados e testados. Sim, são múmias mas múmias que querem avaliar sem ser avaliadas.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>20.</b> O que me irrita nos chamados <b>escritores portugueses</b>? A bisbilhotice, a atracção exclusiva por pormenores da vida privada dos autores que dizem analisar, o golpe-baixo no diálogo, enfim a incapacidade de pensar o pensamento pensado e de criar novos pensamentos. Nunca se avança; patina-se na mesma merda. Daqui a pouco estávamos a discutir a virgindade de Vieira! Odeio gente burra!</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>21.</b> Como exemplificar a estupidez dos livros produzidos por <b>portugueses medíocres</b>? Em primeiro lugar, denunciando a falta de qualidade científica e linguística da maior parte das teses de mestrado e de doutoramento. Um avaliador externo que as lesse ficaria chocado: as universidades andam a produzir burros diplomados em série. Em segundo lugar, poderia referir muitas obras editadas pelo centro de Braga da Universidade Católica: as obras filosóficas tratam de tudo menos de Filosofia. Mas posso dar outro exemplo, desta vez portuense: a Fundação Spes tentou aprofundar os estudos da vida e da obra do Bispo D. António Ferreira Gomes e uma dessas iniciativas foi a publicação de uma série de livros volumosos e vazios de pensamento. Enfim, o Bispo do Porto morreu uma segunda vez.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>22.</b> Olho em redor e vejo coisas. É certo que a <b>linguagem</b> me permite classificá-las, dando-me o esqueleto de uma concepção do mundo. Porém, preciso de muito trabalho de pensamento para elaborar o conhecimento do fragmento de mundo que vejo. Mas nunca estou na estaca zero porque possuo <b>conhecimentos prévios</b> do mundo. A <b>teoria</b> - o conhecimento concreto do mundo concreto - é sempre o resultado de um trabalho teórico: uma matriz teórica e instrumental permite-me converter a matéria-prima do conhecimento - um conhecimento prévio - em conhecimento científico ou filosófico.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-59955938141544119662013-10-17T16:10:00.001+01:002013-10-17T18:27:13.686+01:00Projecto Porto Cidade-Estado (3)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU_9wgjceQUyKRCs_T7x4snNm4gAgHBw9VIcUnBKJBBqUNYx6ICVVw48bYUkpweXOz7Xxq_0DHn3aectQXABV-1sUscynZDR4Cwcwq8_QSmeggYsJaPtqOIEmj-jqCEKoTI4-Y7SOgLWet/s1600/59673990.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU_9wgjceQUyKRCs_T7x4snNm4gAgHBw9VIcUnBKJBBqUNYx6ICVVw48bYUkpweXOz7Xxq_0DHn3aectQXABV-1sUscynZDR4Cwcwq8_QSmeggYsJaPtqOIEmj-jqCEKoTI4-Y7SOgLWet/s320/59673990.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"><b>Cidade-Estado do PORTO</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Novas ideias para pensar a <b>Filosofia da Autonomia Radical do Porto</b>:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> A Cidade do Porto merece uma nova história geral e diversas histórias regionais: a História Social do Porto deve ser completada pelas Histórias da Cultura e Literatura Portuenses, da Filosofia Portuense, da Arte Portuense e do Pensamento Político Portuense. Há muito trabalho teórico a realizar e este trabalho não pode ser realizado por amadores. Há muitos livros sobre o Porto, mas a maior parte deles são escritos num estilo apaixonado e distante da disciplina do rigor teórico. Ora, sem teoria não há obra séria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.<span style="background-color: white; color: #37404e; font-size: 13px; line-height: 18px; text-align: left;"> </span></b>A sociedade portuguesa é uma sociedade de classes peculiar: a <b>classe dominante portuguesa </b>não sabe lidar com as classes dominantes de outros países, como o demonstra o caso de Angola. Se olharmos para a <b>elite do poder</b> português, ficamos chocados com a sua imbecilidade, a sua emotividade histérica, a sua subserviência em relação às instituições estrangeiras e a sua corrupção. As pessoas que protagonizam a <b>política externa portuguesa</b> em Lisboa são criaturas delirantes: o espírito lisboeta é doentio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> O <b>complexo nacional de inferioridade</b> revela-se nas universidades: Quando se realiza um congresso internacional, os investigadores portugueses são subservientes em relação aos convidados estrangeiros, sobretudo os europeus, desvalorizando o trabalho uns dos outros nas conversas privadas com os convidados estrangeiros. Ora, quem conheça bem a <b>alma portuguesa</b>, sabe que os portugueses se comportam assim para dar graxa aos estrangeiros, julgando obter algum benefício. Porém, o que obtêm é um atestado de incompetência e de falta de credibilidade pessoal e científica. São os portugueses que afundam Portugal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Nas situações referidas anteriormente, eu tenho muita vergonha em assumir a <b>nacionalidade portuguesa</b>: Utilizo o meu fenótipo e a minha inteligência para me demarcar dos portugueses, tanto em território nacional como em território estrangeiro, porque não quero fazer parte do <b>gueto português</b> ou latino. Os portugueses não são boa-companhia e, se não quiseres ser um "Dr Merdinhas", demarca-te dos portugueses e nega seres português.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> Ser português é um <b>estigma social</b> e este estigma foi inventado pelos próprios portugueses. A Cidade do Porto só tem um caminho a seguir para se libertar desse estigma: auto-instituir-se como <b>Cidade-Estado</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> "<i>O Porto é o berço da Renascença</i>" portuguesa: A prosa de Teixeira de Pascoaes é infinitamente superior à de Fernando Pessoa: Teixeira de Pascoaes foi um poeta-pensador que produziu uma filosofia a que chamou <b>Saudosismo</b>. O erro de Teixeira de Pascoaes não reside no seu "nacionalismo", mas no facto de não ter compreendido as fissuras que existem na alma portuguesa. Com efeito, a alma portuguesa não é unitária e as polémicas que o poeta travou com António Sérgio demonstraram isso. Se interpretarmos o saudosismo como uma <b>filosofia da esperança</b>, então podemos corrigir o erro de Teixeira de Pascoaes, traduzindo "alma portuguesa" por <b>alma portuense</b>. É preciso usar violência hermenêutica para recuperar os pensadores da <b>Escola do Porto</b> e trazê-los para as proximidades do projecto filosófico e político do Porto Cidade-Estado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7.</b> Teixeira de Pascoaes elaborou uma <b>teoria da mentira</b>, articulando-a com a <b>antipatia</b> da vida moderna: «A mentira reina sobre o mundo. Quase todos os homens são súbditos desta omnipotente Majestade». O texto onde o poeta-pensador desenvolve as suas ideias é demasiado breve: a sua <b>fenomenologia da antipatia</b> implica uma <b>fenomenologia da simpatia </b>que quase supera a de Scheler. A ideia central é a de que a antipatia é estranha à Natureza, onde tudo se liga e atrai. Temos aqui uma dinâmica de forças que foi tematizada de diversas maneiras pelos pensadores da Escola do Porto. A sua fidelidade a Bergson reflecte-se no abuso de metáforas que caducam rapidamente o pensamento profundo que elaboraram.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> «<i>Assim um indivíduo (e as nações são como os indivíduos) educado contra as tendências naturais do seu espírito, jamais será alguém</i>»: Pensamento brilhante de Teixeira de Pascoaes que ele utiliza para justificar o <b>fracasso do constitucionalismo</b>. Porém, ao lado brilhante deste pensamento, devemos associar o seu lado sombrio: a <b>nacionalidade portuguesa</b> não se casa com o constitucionalismo porque este é estrangeiro. Compreendo o desejo de criar uma <b>Religião Lusitana</b>: vejo-o como a tentativa de realizar tardiamente a Reforma em Portugal. Mas não consigo pensar o isolamento da alma portuguesa. A alma portuense deve abrir-se ao mundo. Ser <b>alguém</b> em vez de <b>ninguém</b> exige abertura ao mundo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9. </b>O <b>pensamento portuense</b> - produzido por portuenses para portuenses - encontra-se na mesma situação dos Edifícios do centro histórico: precisa de ser reabilitado através de uma hermenêutica subtilmente violenta que o confronte com as grandes tendências da Filosofia Moderna.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10. </b>O que penso da filosofia de Leonardo Coimbra? Leonardo Coimbra foi provavelmente o primeiro filósofo portuense - e português - a produzir filosofia enquanto filosofia. Os poetas-pensadores que foram seus contemporâneos viram no seu <b>criacionismo</b> o culminar filosófico do seu próprio pensamento. De facto, há uma unidade de pensamento na Escola do Porto, a qual foi pensada por Sampaio Bruno, Guerra Junqueiro e Teixeira de Pascoaes. Porém, o desenvolvimento filosófico de Leonardo Coimbra ainda não foi pensado: a sua <b>filosofia experimental</b> e a sua atracção pelo cálculo diferencial e integral ainda não foram seriamente estudadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> Chegou o momento de criticar alguns portuenses, aqueles que escrevem textos que parecem ser um amontoado de lombrigas. Há na Cidade do Porto homens e mulheres que deviam ser expulsos da cidade devido à sua estupidez disfarçada de "bairrismo": os seus textos, os seus comportamentos mancham a dignidade da Cidade do Porto. Tenho muito nojo desses tristes e grosseiros portuenses!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> Os auto-intitulados "<b>filósofos lisboetas</b>" - supostamente racionalistas - condenam o "nacionalismo" inerente à <b>Filosofia Portuense</b>, dedicando o seu tempo a discutir o carácter nacional ou universal da filosofia. Ora, estes idiotas nunca devem ter lido uma obra de filosofia e, diga-se de passagem, desconhecem a filosofia do romantismo alemão e do idealismo alemão. Ser patriota não é um crime: os portuenses são patriotas e amam a sua cidade. Crime é vender o país aos estrangeiros, como fazem os governantes em Lisboa.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>13.</b> E eis que Teixeira de Pascoaes sonha a <b>origem atlante do Porto</b>: «<i>A Saudade é deusa atlântica, não mediterrânica. Os Iberos são atlânticos, esses refugiados do Cataclismo que submergiu o célebre Continente</i>». Descobri agora mesmo esta bela intuição histórica do poeta do Norte!</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>14.</b> O abismo separa o <b>pensamento vivo</b> de Teixeira de Pascoaes do <b>pensamento morto</b> de Fernando Pessoa: O poeta do Porto usa a sua experiência para se apropriar da história da filosofia. A sua <b>apropriação da filosofia</b> revela um profundo conhecimento da mesma: Vejam como ele na frase anterior se apropria de Platão emprestando-lhe o <b>Desejo</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>15.</b> É fundamental elaborar a <b>Filosofia do Romantismo Portuense</b> - quase tão brilhante quanto a Filosofia do Romantismo Alemão - e colocar o seu poder subversivo ao serviço da causa nobre que é a instituição do Porto como Cidade-Estado. O <b>génio portuense </b>surpreende-me: Como é que homens que viveram nesse <i><b>ermo</b></i> chamado Portugal conseguiram elevar-se às alturas do pensamento filosófico criativo? Porém, quando olho para Fernando Pessoa, vejo um homem sombrio incapaz de pensar um único conceito filosófico. O abismo do pensamento afasta o Porto de Lisboa.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>16.</b> Sempre que Teixeira de Pascoaes fala do <b>Encoberto</b> e do <b>Enevoado</b> sabemos que está a falar da missão histórica do Porto. Mas, para quem conheça a sua obra, o Enevoado é a <b>funda meia-noite</b> que abriga e esconde uma <b>Nova Filosofia</b>. Tal como Sampaio Bruno, Teixeira de Pascoases atribui ao Encoberto a missão de pensar a filosofia da história da Cidade do Porto. Como eles foram profundamente hegelianos e românticos!</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>17.</b> Quem nasceu na Cidade do Porto sabe que os dias e as noites de <b>nevoeiro cerrado</b> convidam ao <b>recolhimento espiritual</b>: O Porto pensa enquanto Lisboa festeja nas ruas. Este pensamento essencial foi descoberto por Sampaio Bruno; eu limito-me a dar-lhe um outro alcance filosófico dizendo: Quebrar o <b>exílio interior</b> é romper com Lisboa e instituir o Porto como Cidade-Estado.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>18.</b> E agora chegou a hora de dizer o que os <b>ilustres portuenses</b> pensavam dos portugueses: a sua <b>experiência de exílio interior</b> levou-os a pensar a <b>maldade</b> do povo português. Em Portugal, ou ficamos calados e somos cúmplices do mal existente ou ousamos pensar e somos perseguidos, empobrecidos e afastados. Como dizia o poeta: nacionalidade portuguesa e democracia (constitucionalismo) não casam, bastando pensar nas chantagens deste governo e nos ataques que dirige contra o Tribunal Constitucional. A <b>máfia</b> que preside aos destinos de Portugal é criminosa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-48331726022555733672013-10-08T16:49:00.005+01:002013-10-08T16:52:28.011+01:00Projecto Porto Cidade-Estado (2)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNlwXIaXt7eYHMbiB7B_U7bfZTxR-iS1iZL2BM5xjTpNBm1T9PeCylpWhIrQCnhlsLkNUkjmHJkua-6a2W9aTd-Eco6Ae80uv4OjXZ1YEfXJHZSqdwWNJjEQRYIHDI_OiKilNa379E2kLA/s1600/59673990.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNlwXIaXt7eYHMbiB7B_U7bfZTxR-iS1iZL2BM5xjTpNBm1T9PeCylpWhIrQCnhlsLkNUkjmHJkua-6a2W9aTd-Eco6Ae80uv4OjXZ1YEfXJHZSqdwWNJjEQRYIHDI_OiKilNa379E2kLA/s320/59673990.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Cidade-Estado do Porto</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O projecto filosófico e político de pensar a auto-instituição da sociedade portuense como Cidade-Estado está em andamento. Eis algumas novas ideias defendidas no meu perfil no Facebook:</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b>1.</b> <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">As <b>teorias do Eu Socializado</b> afirmam que a auto-imagem de uma pessoa não precisa ter relação com factos objectivos. Supondo que esta afirmação foi corroborada empiricamente por estudos científicos, a Filosofia pode questioná-la alegando que a formação social de uma tal auto-imagem pode facilmente colidir com a realidade objectiva. Assim, por exemplo, os pais que dizem que os seus filhos são lindos quando na verdade são feios estão a contribuir para a desgraça futura dos seus filhos: a maquilhagem estereotipa a beleza e esconde a fealdade sem a liquidar. Assistimos assim à produção em série de barbies, todas iguais umas às outras. Mas há uma consequência mais perigosa, de resto bem evidente em Portugal: a conspiração dos burros, cujas auto-imagens são reforçadas em rede fechada, contra as pessoas dotadas de dons objectivos. A auto-imagem sem suporte objectivo é uma ilusão perigosa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2. </b>Um esclarecimento sobre o projecto Porto Cidade-Estado: Como é evidente, este projecto visa todo o Norte, de modo a refazer Portus Cale. A resistência que ele gera revela a sua força política e o medo dos centralistas que fizeram de Portugal uma ruína. É preciso ser inteligente para conquistar um futuro novo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> William Graham Summer forjou o termo "<b>etnocentrismo</b>" para designar a atitude estreitamente vinculada aos preconceitos culturais ou sociais de um indivíduo. A batalha do etnocentrismo foi introduzida pelos antropólogos no próprio núcleo da sua formação académica. Porém, falta saber se o antropólogo seria capaz de participar num ritual canibal comendo carne humana. O etnocentrismo tem duas faces: a face branca que consiste numa mera prevenção metodológica contra a imposição dos marcos de referência ocidentais às situações não-ocidentais; e a face negra que consiste num ataque moral contra os valores ocidentais enquanto tais. Esta mudança de direcção do etnocentrismo aconselha o seu abandono. Hoje é necessário sermos entusiasticamente "etnocêntricos" e defender os valores ocidentais, tais como os direitos humanos, a dignidade da vida humana e a liberdade humana. A Filosofia e a ciência são empreendimentos intelectuais ocidentais e, por isso, são etnocêntricas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Debato-me com o problema da <b>formação cultural </b>da Cidade do Porto. Conheço as suas mitologias heróicas e uma ou outra construção fantástica. Porém, sou forçado a concluir que a cultura portuense é uma <b>cultura urbana</b> - cosmopolita e aberta ao mundo. Ora, uma cultura urbana é burguesa. O Porto é burguês.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5. </b></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O projecto Porto Cidade-Estado obriga-me a retomar a língua alemã que já não frequento há muito tempo. Vou almoçar e aproveitar para lançar os olhos sobre obras que ajudam a conceptualizar a cultura urbana portuense. <b>Burgofilia</b> pode ser um termo adequado para designar os vínculos que unem os portuenses à sua cidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> Os profetas do Antigo Testamento - homens rurais - denunciaram os pecados e os vícios das <b>cidades maléficas</b> e Jefferson também as desprezava, acreditando que somente uma nação de lavradores podia permanecer como democrática. O <b>espírito anti-urbano</b> esquece que a liberdade e a diferença só se manifestam na <b>sociedade urbana</b>. Infelizmente, os portuenses vivem mais do que pensam a Cidade do Porto: Não temos um único estudo sobre <b>sociologia urbana do Porto</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7. </b>As cidades são <b>espaços de contrastes</b>. Para pensar a cultura urbana do Porto, escolhi como interlocutor Georg Simmel: o conceito de cultura é problemático na Filosofia. Simmel define-a como aperfeiçoamento do indivíduo; daí que faça a distinção entre <b>cultura objectiva</b> e <b>cultura subjectiva</b>. O conceito de <b>formação cultural</b> adequa-se melhor ao pensamento de Simmel. Mas, para compreender a formação cultural portuense ao longo do tempo, é necessário encará-la como <b>formação simbólica</b> que investe diversas esferas da vida psicossocial portuense. A tarefa complica-se e, como filósofo, estou mais preocupado com o investimento cognitivo do que com o investimento afectivo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8.</b> A história urbana da Cidade do Porto obedece aos mesmos princípios do desenvolvimento urbano das cidades europeias. As análises estéticas de Simmel das cidades de Florença e de Veneza ajudam a compreender algumas especificidades do Porto, como por exemplo o vínculo afectivo entre os portuenses e a sua cidade. Em Simmel, a <b>grande cidade</b> protagoniza o <b>individualismo moderno</b>. O Porto já era uma cidade moderna no século XII: a sua cultura urbana sempre foi uma <b>cultura burguesa</b>. Porém, não temos um estudo empírico sério sobre o <b>individualismo portuense</b>. A questão "Quem são os portuenses?" exige uma resposta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9. </b>Uma forma engenhosa e inteligente de contornar a ausência de estudos portuenses profundos é pensar a <b>burgofilia</b> dos portuenses como <b>arrependimento</b>: o de ter dado início à formação de Portugal. À luz deste arrependimento podemos pensar o desejo secreto portuense de voltar à <b>restituição integral </b>de Portus Cale.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> Um historiador malvado de Coimbra procurou ofuscar o brilho da Cidade do Porto, fazendo de Coimbra o pólo do renascimento português. O homem é tão burro e inculto que esqueceu que houve um <b>renascimento </b>no século XII, do qual participou a Cidade do Porto. Se houve um estilo de vida renascentista em Portugal, ele só podia ocorrer na Cidade do Porto. Afinal, a Universidade de Coimbra nunca ajudou a superar a estupidez cognitiva dos portugueses.</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> Reconquistar a <b>unidade perdida</b>: eis o <b>sentimento renascentista</b> da alma portuense. O espírito renascentista impregna toda a <b>alma portuense</b>. Cidades como Florença e Veneza encarnaram esse espírito procurando restituir a unidade perdida do espírito grego. A História de Portugal pode ser lida como <b>fragmentação da unidade</b>: o amor que os portuenses nutrem pela sua cidade - Portus Cale - e que os distingue dos portugueses revela o seu desejo de refazer a unidade que se perdeu com a formação de Portugal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12.</b> O que é o <b>Porto Romântico</b> a não ser a busca da unidade perdida? O Porto que deu o nome a Portugal é o mesmo Porto que, em momentos fulcrais da sua história, se arrepende de ter iniciado a formação de Portugal. O Porto aprendeu que as suas iniciativas são desfiguradas quando apropriadas por Portugal, bastando referir a revolução liberal de 1820 e a tentativa portuense de implantação da República. Ora, os portuenses que se orgulham de ser liberais nem sempre sabem o que significa ser liberal. Um portuense orgulhoso do seu sangue não pode aplaudir Salazar ou a Monarquia Absoluta de D. Miguel.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-30023621216978103082013-10-07T13:54:00.000+01:002013-10-20T14:21:10.479+01:00Projecto Porto Cidade-Estado (1)<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNYfOQb9qiZk-Y5wfRAWbx12FFySqc9nNDpBgQfZKNyh5bF2BxyHKlVN6IV65o26c-5wGMCVyAB_H9RKoengLaKPBXjo06UM8qQl9G5IYuDgfDdfF5uuFM9uWvMEf5olYnY2V9KRnFwBZx/s1600/59673990.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNYfOQb9qiZk-Y5wfRAWbx12FFySqc9nNDpBgQfZKNyh5bF2BxyHKlVN6IV65o26c-5wGMCVyAB_H9RKoengLaKPBXjo06UM8qQl9G5IYuDgfDdfF5uuFM9uWvMEf5olYnY2V9KRnFwBZx/s320/59673990.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cidade do Porto</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O projecto político que vou apresentar aqui acompanha-me há muito tempo. Limito-me a partilhar algumas ideias divulgadas no meu perfil do Facebook. (Na caixa de comentários do post anterior, encontra outras afirmações e aforismos que ajudam a compreender este projecto filosófico e político: pensar a autonomia radical do Porto.)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>1.</b> <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quem são os portugueses? Não temos estudos sérios para responder a esta questão: os portugueses opinam muito mas são incapazes de se entregar ao pensamento. Daí que os veja como zombies.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> Se os portugueses não sabem dizer quem são, então posso concluir que não há uma <b>identidade nacional portuguesa</b>. Esta conclusão é fundamental para a elaboração do projecto político <b>Porto Cidade-Estado</b>: a fragmentação "nacional" justifica a afirmação da <b>autonomia radical do Porto</b>. Mesmo sem ter ao meu dispor estudos empíricos, posso facilmente imputar aos portuenses uma <b>personalidade de base</b>, uma <b>identidade própria</b> que os define por oposição à quimera do todo nacional.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> De certo modo, pretendo utilizar as <b>teorias do eu socializado</b> de Cooley e de Mead para analisar a <b>identidade portuense</b>: as relações entre psique e sociedade possibilitam formular uma <b>teoria filosófica</b> da autonomia radical do Porto. Uma teoria filosófica ilumina a praxis, imprimindo-lhe uma orientação política. Porto Cidade-Estado - a sociedade autónoma portuense - deve produzir os cidadãos de que precisa para se realizar. A imputação de uma identidade portuense por oposição à quimera da identidade nacional visa produzir cidadãos portuenses prontos a lutar pela autonomia da sua cidade e da sua região. Até posso utilizar Freud para mostrar o conflito entre a psique portuense e a sociedade nacional. Fortalecer o <b>Eu Portuense</b> é fundamental para a luta pela <b>autoinstituição da sociedade portuense</b> como <b>Cidade-Estado</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> Estou fascinado com o projecto Porto Cidade-Estado porque me permite pensar filosoficamente uma nova maneira da filosofia interferir com a política. Sem abdicar dos instrumentos da análise marxista, demarco-me do seu projecto político, colocando-me desde logo no <b>campo do sentido</b> e da identidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> Afinal, quem são os portuenses? A resposta a esta questão está na base do projecto Porto Cidade-Estado tal como o vislumbro. É claro que serei obrigado a introduzir uma <b>ruptura</b> no próprio pensamento portuense: A noção do Porto como "profeta" de Portugal será rejeitada e severamente criticada porque doravante o Porto passará a afirmar a sua autonomia por oposição ao todo nacional. A <b>diferença</b> é desde logo política: o meu objectivo será dar aos portuenses uma <b>política da subjectividade rebelde</b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> Quando referi o eventual recurso a Freud, estava a pensar num Freud transfigurado pela <b>biologia</b>, terreno onde procurarei as forças rebeldes portuenses que recusam fazer parte dessa quimera que é Portugal. Meus amigos: Estou preparado para fornecer uma <b>base biológica </b>ao projecto Porto Cidade-Estado. A <b>fortaleza do coração</b> dos portuenses será testada pela sua reacção ao próprio projecto de autonomia radical. Não se esqueçam que a última palavra pertence sempre à Filosofia.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>7. </b>Hoje tenho algum tempo livre para pensar a autonomia radical do Porto. Concebo essa autonomia como capacidade da sociedade portuense para se autoinstituir como Cidade-Estado numa luta permanente contra a <b>heteronomia nacional</b>. Ora, ao encarar a instituição portuense até aqui como <b>heteronomia</b> e <b>alienação</b>, tenho espaço de manobra para elaborar a <b>filosofia da autonomia radical do Porto</b>, rompendo com o seu passado-presente histórico de <b>alienação social</b>. O que me interessa é dar ao Porto um novo <b>imaginário social</b> capaz de levar os portuenses a romper com o todo nacional e a autoconstituir-se como sociedade autónoma instituindo duas instituições fundamentais: a <b>instituição do legein</b> e a <b>instituição do teukhein</b>: pensar um imaginário radical capaz de dar novas significações à cidade do Porto, e realizá-lo na realidade-efectiva.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>8. </b>O verdadeiro cidadão portuense debate-se com dois problemas: forjar a sua <b>autonomia individual </b>e a <b>autonomia social</b> da sua cidade. Em qualquer um destes casos, a sua tarefa é liquidar o <b>discurso do Outro</b> e a instituição portuense instituída pelo Outro. Ora, esse outro é a instituição nacional: a autonomia é autoinstituição da sociedade portuense como Cidade-Estado que recusa a tutela do opressor, isto é, de Lisboa, a eterna alienada.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>9.</b> A <b>Filosofia da autonomia radical do Porto</b> dirige-se a todos os portuenses e convida-os a unirem-se e a lutarem juntos pela autoinstituição da sociedade portuense como Cidade-Estado. Apesar de não precisar de recorrer à história para fundamentar este desejo portuense, a filosofia da autonomia radical do Porto não esquece a <b>política da memória</b> e do sentido: realizar o <b>desejo portuense</b> é fazer justiça ao sofrimento ancestral dos portuenses que morreram a lutar pela autonomia do Porto.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>10.</b> Quando dizem que o Porto é "uma nação", os portuenses dão voz a um <b>desejo ancestral</b> de recuperar a autonomia perdida a favor de instituições nacionais heterónomas e alienantes. De facto, o Porto já foi uma Cidade-Estado, uma entidade autónoma muito semelhante às Cidades Hanseáticas ou às Cidades "italianas" do Renascimento. Chegou a hora de fazer da <b>nação portuense</b> uma <b>Cidade-Estado aberta</b> ao mundo global.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>11.</b> Proponho outra categoria filosófica para pensar a autonomia radical do Porto: o <b>êxtase</b> entendido como dar um passo para fora das rotinas normais, heterónomas e alienadas da sociedade nacional portuguesa. A Filosofia da autonomia radical do Porto convida os portuenses de fibra a sair da <b>caverna portuguesa</b>, sozinhos e acompanhados, e a contemplar a noite que antecede o <b>grande dia da libertação portuense</b>. Com efeito, a liberdade pressupõe a <b>libertação da consciência</b>: as possibilidades de liberdade não podem concretizar-se se os portuenses continuarem a pressupor que o "<b>mundo aprovado</b>" da sociedade portuguesa seja o único que existe. A sociedade portuguesa instituída oferece cavernas consoladoras, quentes e confortáveis para alguns portuenses que se alienaram do desejo ancestral dos portuenses. Ora, os tambores batidos pela <b>sociedade instituída </b>encobrem os uivos das hienas portuenses na escuridão. A nossa tarefa é confrontar a condição portuense sem as mistificações consoladoras da sociedade instituída: as hienas que uivam na escuridão da funda meia-noite são os rebeldes portuenses que forjam um futuro novo para o Porto. Ousa sair da caverna portuguesa para conquistares a tua/nossa autonomia portuense.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>12. </b>Enfim, o <b>imaginário portuense</b> é <b>instituinte</b>: o seu arqui-inimigo é o <b>imaginário instituído </b>por Lisboa. Sair da caverna portuguesa é romper claramente com o todo nacional a que se chama Portugal. Porém, antes de realizar a auto-instituição da sociedade portuense como Cidade-Estado, é necessário libertar a <b>consciência portuense</b> do jugo nacional: o portuense que grita na escuridão da noite é o <b>rebelde</b> que já está preparado subjectivamente para lutar pela autonomia radical da sua cidade. <b>Irmãos de luta: Viva o PORTO!</b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-86641904151673292752013-08-11T13:08:00.000+01:002013-08-11T14:59:30.041+01:00Mais uma Supertaça para o FCPorto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgieH1wI3TqNJ57poUvBbpATGuz-bXEu-FmsqbsC8kiFqVwsv62zVQo6rCh4u2k6nTow8IiA3o4S-P3sr5R-iY9v4_AsYaLNg0ZA2S2dWumY0AG1R3woxMoAloNnXKq4OfzXkRYDBaVOsqy/s1600/1003746_643875308986136_1505189148_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="231" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgieH1wI3TqNJ57poUvBbpATGuz-bXEu-FmsqbsC8kiFqVwsv62zVQo6rCh4u2k6nTow8IiA3o4S-P3sr5R-iY9v4_AsYaLNg0ZA2S2dWumY0AG1R3woxMoAloNnXKq4OfzXkRYDBaVOsqy/s400/1003746_643875308986136_1505189148_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8xPVGi2nOBpv70LsF5iT8pQJ2CaNm6MApxYLXTkRTGnd8o_HmVQmH101k0G4fDQP85tA6Pxl4Ll3jODlIUTs7LaulGPHwcdki7FFgMEr_MGz5VnflMqbCsH3b5bON_tMpwdMqBQZKE19C/s1600/998780_357294764401782_2037632455_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8xPVGi2nOBpv70LsF5iT8pQJ2CaNm6MApxYLXTkRTGnd8o_HmVQmH101k0G4fDQP85tA6Pxl4Ll3jODlIUTs7LaulGPHwcdki7FFgMEr_MGz5VnflMqbCsH3b5bON_tMpwdMqBQZKE19C/s400/998780_357294764401782_2037632455_n.jpg" width="308" /></a></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU0JboIT0WhS4WU6ysttgZvR1VCTZS3_JB2VfxghkTYD9FqRihSudmBF3nusAsZvqjc8n8ePC51VoSdawWHpDT0u80sPzmz5SpW2rx_wonxiOYs4WnjQ_D3epeh6i5GPQxBVcmk1lGLQod/s1600/futebol_fc_porto_ferroviario_maputo_acordo_parceria_formacao_mz_800_600.jpg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU0JboIT0WhS4WU6ysttgZvR1VCTZS3_JB2VfxghkTYD9FqRihSudmBF3nusAsZvqjc8n8ePC51VoSdawWHpDT0u80sPzmz5SpW2rx_wonxiOYs4WnjQ_D3epeh6i5GPQxBVcmk1lGLQod/s400/futebol_fc_porto_ferroviario_maputo_acordo_parceria_formacao_mz_800_600.jpg.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px; text-align: left;">Dragon Force: FC Porto e Ferroviário de Maputo.</span></td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5R8co_z3G4qGj1kUfgoOYCS8D-oU3z6bpx0akMgTHz_tMH78Cp8M6KdmiZx3ropJTyOGWwSf4qrpyLiE9Ysl2p0RicBmu_m4ne3YpYmJ5UCsvolDF9F2cfQHcnK2lF5A73P0nWdzHyegt/s1600/blog100000clustrmapstmut1.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5R8co_z3G4qGj1kUfgoOYCS8D-oU3z6bpx0akMgTHz_tMH78Cp8M6KdmiZx3ropJTyOGWwSf4qrpyLiE9Ysl2p0RicBmu_m4ne3YpYmJ5UCsvolDF9F2cfQHcnK2lF5A73P0nWdzHyegt/s400/blog100000clustrmapstmut1.png" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Geografia Mundial do FCPorto</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>PAULO FONSECA</b>: "O Futebol Clube do PORTO reforçou o estatuto de clube com mais títulos em Portugal".</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com127tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-25044286599610956782013-07-20T20:17:00.001+01:002013-07-20T20:35:30.960+01:00Fragmentos facebookianos<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjajECm4pXaaNuPYlRdLuJK69c5R8ooKhJm3Wm2FO1gODhRQVdk7Y7YdLq_rggF6mt4mtm77xE_6NX_XLITndFw5ET4pqV1QckI78eaT9eKna6xE4s6JLT74aa480mUWmK9zicMZGdJzC-k/s1600/blocks_image_0_1.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="177" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjajECm4pXaaNuPYlRdLuJK69c5R8ooKhJm3Wm2FO1gODhRQVdk7Y7YdLq_rggF6mt4mtm77xE_6NX_XLITndFw5ET4pqV1QckI78eaT9eKna6xE4s6JLT74aa480mUWmK9zicMZGdJzC-k/s200/blocks_image_0_1.png" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Experiência do Túnel</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje resolvi explorar o tema da morte e das <b>experiências de quase morte </b>no Facebook para afastar algumas criaturas indesejáveis. Eis alguns fragmentos de lucidez:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nada é mais eficaz para afastar pessoas indesejáveis do que os momentos de <b>lucidez</b>: a maioria tende a ser zombie e foge do pensamento como o diabo da cruz. Querem rir mas rir de quê? Da sua vida vazia e idiota?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px; text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O Facebook não é saudável para pessoas que sofram determinadas perturbações mentais, como por exemplo a depressão: a <b>identidade virtual</b> adoptada pode assumir uma dimensão egocêntrica exagerada que não corresponde ao perfil da pessoa na vida real. O resultado desta clivagem é um perfil absolutamente tirânico e intolerante. A vida online é alienação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px; text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Há uma hipótese metafísica que merece ser pensada para clarificar a questão da morte: Conceber Deus como <b>memória infinita</b> que alienou a sua majestade quando criou o mundo. Nesta perspectiva, a nossa identidade individual não morre, dado participar da memória infinita de Deus. Porém, coloca-se outro problema: conservamos a nossa individualidade ou submergimos na memória divina? Esta hipótese é sedutora porque livra Deus da responsabilidade pelo mal do mundo: <b>Deus-memória infinita</b> é "impotente"; ele aguarda que o homem o resgate.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px; text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por que sou tão irónico? Herdei a <b>ironia</b> de Sócrates, provavelmente. Porém, tenho outra justificação: a ironia é o meu modo de ser entre os mortais. E por vezes a minha ironia tem uma tonalidade agressiva: ao partilhar a <b>hipótese metafísica</b> - Deus-memória-infinita - com os moçambicanos, fui lúcido confrontando-os com a inutilidade de uma memória colonial destruída. A ironia dissolve mundos e cria outros mundos mais saudáveis. Gosto de rir dos homens e da sua caducidade!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px; text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Amo <b>almas metafísicas</b> e, se todas as almas que conheço estivessem a salvo da morte, não desejaria coabitar com elas noutra dimensão: Que inferno de eternidade seria "viver" com essas almas fragmentadas e idiotas!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px; text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vou usar outra imagem para retratar a nossa <b>existência virtual</b>: o nosso perfil é por vezes possuído por estranhas criaturas que na vida real exorcizaríamos. Este fenómeno de <b>possessão virtual</b> deve-se talvez à fome do nosso ego e corremos o risco de explodir de tanto inchar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; line-height: 18px; text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Igor Sousa</span>J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com91tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-80704005423402020132013-07-17T12:10:00.001+01:002013-07-17T16:32:37.930+01:00Penrose: Mecânica Quântica e Consciência<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBLhDg-gbAHzepIyCwkDQKV17OnA8TcEaBjV4io-iejYsBG6zwJ4ZWNbvYe-lpOY7V5dnp4XUVh56bj9PhY2TSglh5ODbCvErhG4UNXncdLJhT2aSLyF5uQPHUoUXKNPPXlOVGWjlTbGt5/s1600/800px-Roger_Penrose-6Nov2005.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBLhDg-gbAHzepIyCwkDQKV17OnA8TcEaBjV4io-iejYsBG6zwJ4ZWNbvYe-lpOY7V5dnp4XUVh56bj9PhY2TSglh5ODbCvErhG4UNXncdLJhT2aSLyF5uQPHUoUXKNPPXlOVGWjlTbGt5/s200/800px-Roger_Penrose-6Nov2005.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace; font-size: small;"><b>Roger Penrose</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Roger Penrose é um físico matemático que escreveu duas obras filosóficas, onde expõe a sua <b>teoria da mente</b>. Mas a sua teoria da mente não está completa: o seu alvo principal é a <b>teoria da inteligência artificial</b> que Penrose deseja destronar. Para compreender a sua teoria da mente, convém definir a posição teórica de Penrose no quadro da física: Penrose acredita que há uma teoria física fundamental capaz de unificar a mecânica quântica e a <b>teoria da relatividade geral</b>. Penrose e os seus alunos tentam produzir essa teoria fundamental a partir da <b>teoria do twistor</b>, segundo a qual os processos são fundamentais e as coisas que existem são secundárias: as entidades fundamentais do mundo não são os acontecimentos do espaço e do tempo mas os processos em virtude dos quais existem as coisas. Ora, nesta perspectiva, a mecânica quântica tem de ser modificada para se acomodar aos efeitos da gravidade, e não o inverso, como defende a maioria dos físicos que acreditam que a mecânica quântica tal como existe é essencialmente correcta, modificando a relatividade geral para algo como a <b>gravidade supersimétrica</b> ou a <b>teoria das cordas</b>. O cepticismo de Penrose em relação à mecânica quântica leva-o a navegar contra a corrente predominante na física.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A teoria da mente de Penrose - tal como é exposta no seu livro <i>Shadows of the Mind</i>, de resto uma continuação do livro anterior <i>The Emperor's New Mind</i> - compreende duas partes: a primeira tenta mostrar que o pensamento consciente é algo diferente da <b>computação</b>; a segunda tenta investigar o que se passa. Ou melhor, na primeira parte, Penrose utiliza uma variação da famosa <b>prova de Gödel</b> sobre a <b>incompletude dos sistemas matemáticos</b> para tentar provar que nós não somos computadores e que não podemos ser simulados em computadores. Ora, com o uso desta prova, Penrose tenta mostrar que a teoria da inteligência artificial - tanto a sua <b>versão forte</b> como a sua <b>versão fraca</b> - é falsa. Afinal, foi a visualização do programa televisivo <i>Horizon</i>, em especial a participação de Martin Minsky, que levou Penrose a escrever os seus livros, para mostrar que há um ponto de vista científico alternativo ao paradigma da computação. Na segunda parte, Penrose expõe extensamente o <b>teorema da incompletude</b> de Gödel e a mecânica quântica, destacando as <b>variáveis ocultas</b>, o <b>teorema de Bell</b> e o <b>paradoxo de Einstein-Podolsky-Rosen</b>, para demonstrar como uma <b>teoria quântica do cérebro</b> poderia explicar a consciência de uma forma que a física clássica não seria - nem é - capaz. Para Penrose, não somos capazes de explicar a consciência - nas suas relações com o cérebro e o computador - sem termos previamente compreendido as implicações do teorema de Gödel e da mecânica quântica para o estudo científico da mente. A sua noção de que a consciência está de algum modo ligada à <b>gravidade quântica</b>, o que equivale à incorporação da gravitação da relatividade geral de Einstein na <b>teoria de campo quântico</b>, escandalizou os seus colegas da física das partículas. Sem uma nova física - entenda-se: uma <b>mecânica quântica não-computacional </b>- não podemos compreender a <b>consciência humana</b>, cuja característica fundamental é a sua <b>não-computabilidade</b>. A tese fundamental de Penrose afirma que o cérebro consciente não é computacional: o cérebro não é exactamente um <b>computador quântico</b>. Para explicar esta ideia seminal, vou enunciar teses filosóficas.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tese 1</b>: A mecânica quântica tal como existe não é exacta. (:::)</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tese 2</b>: O <b>cérebro consciente</b> não é um computador, nem sequer um <b>computador quântico</b>, tal como esta ideia foi definida por David Deutsch ou Richard Feynman. (:::)</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tese 3</b>: O nível mais profundo onde devemos descobrir os efeitos quânticos é muito provavelmente o <b>sistema de microtúbulos</b> situado no interior dos neurónios. (A <b>doença de Alzheimer</b> pode ajudar a compreender esta estranha tese avançada por Stuart Hameroff.) (:::)</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Em construção</b>. J Francisco Saraiva de Sousa </span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-1916090838341054192013-07-09T15:00:00.003+01:002013-07-09T15:21:43.762+01:00Mia Couto é reaccionário!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjYxB1qqGO3jbtoGqwk7WNuB1mfxXQZeEemca2sgQa49mcgM5w-Pl6iiiOPxflZJrvkL7ouxlJYG_BKDvHqQyToGo4LcqrUJAcHwnFBPYFegkWgXy8XffGaGmKEOjv7Y8yRRfxcGqJ1_Vc/s1600/Mia-Couto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjYxB1qqGO3jbtoGqwk7WNuB1mfxXQZeEemca2sgQa49mcgM5w-Pl6iiiOPxflZJrvkL7ouxlJYG_BKDvHqQyToGo4LcqrUJAcHwnFBPYFegkWgXy8XffGaGmKEOjv7Y8yRRfxcGqJ1_Vc/s400/Mia-Couto.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Recebe o Prémio Camões, alegando que se trata de uma "coisa-negócio luso-brasileira": Que falta de respeito para com a língua portuguesa! Tanto "miou" na infância - daí o nome "Mia" - que acabou por desaprender a língua(gem) dos seres humanos. Quando se deseja modificar a natureza de um povo, neste caso do povo moçambicano, não podemos usar a sua linguagem: o <b>conhecimento popular</b> é, por natureza, retrógrado. Um povo que queira conquistar o futuro sem deixar a história passar ao lado deve produzir uma <b>nova linguagem</b>: a escrita de Mia Couto degrada a língua portuguesa, bloqueando o futuro aos seus utentes. Sendo biólogo, Mia Couto tem uma concepção retrógrada da biologia, ao reduzi-la à <b>história-narrativa da vida</b>. Mia Couto que é tão avesso ao colonialismo acaba por render-se à sua mais poderosa arma, o racismo: o <b>discurso dos atractores</b> - a perspectiva do desenvolvimento - é-lhe estranho.</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-48288038808654941142013-07-06T15:08:00.003+01:002013-07-06T17:26:47.483+01:00A Vertigem da Relatividade<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKhyphenhyphenO1RhYVdFvTm4b7ue3jAX8xme2SkpFEPpWC3_KjCoJqxQHsrJ6OyUUbD5V8WTmY8bCm-DNN12L8m5iSARXr49tM89AkSeikMxUBJ9Ymz-uSmjs4S-zV0CCQUDVA8fQDfDLBFVx1qDFQ/s1600/3407967723_1266c0129c_z1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKhyphenhyphenO1RhYVdFvTm4b7ue3jAX8xme2SkpFEPpWC3_KjCoJqxQHsrJ6OyUUbD5V8WTmY8bCm-DNN12L8m5iSARXr49tM89AkSeikMxUBJ9Ymz-uSmjs4S-zV0CCQUDVA8fQDfDLBFVx1qDFQ/s320/3407967723_1266c0129c_z1.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Jardins do Palácio de Cristal, Porto</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Anuncio um texto que pretendo escrever se o calor o permitir. Já critiquei diversas vezes o <b>relativismo</b>, mas desta vez pretendo fazê-lo numa perspectiva mais ampla que envolva uma crítica severa da <b>filosofia anglo-saxónica</b>, esse vazio terrível de pensamento, que ganha terreno nas universidades portuguesas, assumido por figuras cognitivamente reduzidas que, simulando o uso de argumentos lógicos, improvisam disparates de conhecimento vulgar da vida quotidiana. Aliás, a crítica do relativismo deve abranger a demolição do <b>conhecimento à mão</b> da vida quotidiana: a retomada do <b>mundo da vida</b> tem sido fatal para a Filosofia. A <b>Gradiva</b> é a editora portuguesa que mais tem contribuído para a difusão de livros medíocres de filosofia anglo-saxónica: as traduções são medíocres porque escritas num português feio, próprio de uma determinada escola profundamente provinciana e saloia, a herdeira de um Portugal Velho que urge superar. Vou tentar criar um vocabulário próprio para demolir o relativismo: a crítica radical do <b>império relativista contemporâneo</b>, repleto de ilusões, uma das quais afirma que o homem está cada vez mais inteligente, exige uma nova linguagem - e talvez uma linguagem mais técnica. Não convém escrever livros de divulgação filosófica: eles degradam a filosofia no seu momento mais sério, o de <b>dizer a verdade</b>. O relativismo predominante anda de mãos dadas com a <b>globalização</b>: o <b>fim das grandes narrativas</b> lançou o mundo num estado de <b>paralisia mental</b> e cognitiva. A cultura superior que é ocidental está em estado vegetativo: o meu desejo é fazê-la regressar à vida. Como é evidente, a crítica do relativismo implica a demolição de muitos mitos aparentemente simpáticos, um dos quais é o estado de <b>paz mundial</b>: um homem mais inteligente e mais pacífico - é algo que soa mal quando olhamos para a sociedade americana. A filosofia anglo-saxónica é altamente partidária: ela justifica o <i>status quo</i> americano, a globalização do capitalismo e a perpetuação da miséria e do sofrimento, ao mesmo tempo que abre as portas às tradições dogmáticas mundiais.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os alunos que estudam Filosofia devem protestar contra o ensino de filosofia anglo-saxónica nas universidades: a chamada <b>filosofia analítica</b> - de resto, não dominada por esses professores vigaristas - tem fortes afinidades com a <b>escolástica medieval</b> e com a <b>vulgata soviética</b>; todas estas tendências de pensamento destacam a importância da lógica no seio da filosofia, uns para demonstrar a existência de Deus, outros para eliminar as <b>questões metafísicas </b>e gerar posições filosóficas que negam o sentido dessas questões: Qual é a finalidade da minha vida?, Por que tenho de morrer?, Donde venho e para onde vou?, enfim, Quem sou eu? Nós não devemos receber lições de homens - refiro-me a alguns filósofos analíticos estrangeiros - que colocam a sua inteligência ao serviço da <b>lógica imanente do capitalismo</b>. A Filosofia tem uma missão: projectar a <b>vida justa</b>. É fundamental salvaguardar o pensamento da colonização por parte do sistema vigente. Explicar "logicamente" a subjugação do homem concreto ao sistema vigente, como se não houvesse outras alternativas, é algo que não faz parte do ADN da Filosofia: a libertação da lógica da metafísica -<b> lógica sem metafísica</b> - e a sua conversão em instrumento formal fazem parte integrante do processo de <b>formalização da razão</b> que acompanha a lógica de desenvolvimento capitalista. A lógica usada pela filosofia analítica já não é uma disciplina filosófica: ela é uma técnica de adaptação ideológica e social que se aprende nas universidades. A expressão "filosofia anglo-saxónica" é uma contradição nos termos: não há verdadeiramente filosofia anglo-saxónica; a Filosofia é europeia. Ao editar livros de filósofos anglo-saxónicos, aliás os piores, a <b>Editora Gradiva </b>está a prestar um mau serviço à cultura filosófica portuguesa, ao mesmo tempo que funciona como <b>aparelho ideológico de Estado</b> colocado atempadamente ao serviço do <b>projecto neoliberal</b> do governo de Passos Coelho. Ora, os portugueses já sabem o que isso significa: <b>empobrecimento</b>, <b>liquidação da democracia</b> e <b>destruição do Estado Social</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-74590157254753042132013-07-05T21:54:00.001+01:002013-07-05T23:20:52.855+01:00Welcome to PORTO: Terrace Lounge<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZgMhefCaBWJsWQSP0NxsFSzAQftJu4qoulGjiQ76WizD6bPOhwvHCxclGFG1kehmcmdyEuDAWeI30l_NDZOrI3mYFHiHq7Ic_LDyz7QHRiETP4VYhyphenhyphenUpkB_zjnN0MNfv5eaaFyN7NJX1M/s1600/PortoCruzRooftopView.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZgMhefCaBWJsWQSP0NxsFSzAQftJu4qoulGjiQ76WizD6bPOhwvHCxclGFG1kehmcmdyEuDAWeI30l_NDZOrI3mYFHiHq7Ic_LDyz7QHRiETP4VYhyphenhyphenUpkB_zjnN0MNfv5eaaFyN7NJX1M/s400/PortoCruzRooftopView.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLxjlGSP6GaS-1tWfONiPAg8Df13FlBggQPkzUbHjkk8g7tYS2NRxne9-6Uj9MmbQX1KqHZ0KX4O0mGmOdU2f4cLsnl3x-5lv2c32jUKCBxaEFfYW-DAo1YRK0hdtX_KNyP9P61mCsVZyK/s1600/terracelounge3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLxjlGSP6GaS-1tWfONiPAg8Df13FlBggQPkzUbHjkk8g7tYS2NRxne9-6Uj9MmbQX1KqHZ0KX4O0mGmOdU2f4cLsnl3x-5lv2c32jUKCBxaEFfYW-DAo1YRK0hdtX_KNyP9P61mCsVZyK/s400/terracelounge3.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVhYO6YxkA_cGEO3Z2ro-ZrXht4F8EG0VhrnnBVDHv3jwlwHXIoeO_YiMFKkk7k9E1QXvAyV2Nd2FDWqp7tFG5h_lgEUHo_9knDtCTUHweZsmTdBpyDmbHqssI9Ra3wjt2rgeep7b0iWKU/s1600/599546_408751802575265_662978255_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVhYO6YxkA_cGEO3Z2ro-ZrXht4F8EG0VhrnnBVDHv3jwlwHXIoeO_YiMFKkk7k9E1QXvAyV2Nd2FDWqp7tFG5h_lgEUHo_9knDtCTUHweZsmTdBpyDmbHqssI9Ra3wjt2rgeep7b0iWKU/s400/599546_408751802575265_662978255_n.jpg" width="400" /></a></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-20970434581787671722013-07-05T15:16:00.000+01:002013-07-05T17:45:27.858+01:00Anotações sobre Humor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPwaDeODwTGxfbu4vcJVaSBvuTdHnMXT1FhRrGa9n0ZVFursKink0orMRaJtQQprbc0CVUnhh8vSzly_7EyDxNQkB3uk3GLgoNyluQTNPzw_qAiyshv7L8-tcZQRpcFJaC7pUkLKZ2itZ0/s1600/482776_584526881571957_1852058208_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPwaDeODwTGxfbu4vcJVaSBvuTdHnMXT1FhRrGa9n0ZVFursKink0orMRaJtQQprbc0CVUnhh8vSzly_7EyDxNQkB3uk3GLgoNyluQTNPzw_qAiyshv7L8-tcZQRpcFJaC7pUkLKZ2itZ0/s200/482776_584526881571957_1852058208_n.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os filósofos têm elaborado diversas teorias sobre o fenómeno do <b>humor</b>, das quais se destacam as teorias de Freud, Bergson e Plessner. Como já analisei a teoria de Plessner, vou concentrar-me nas interpretações de Freud e de Bergson. Freud e Bergson interpretam o humor como a apreensão de uma <b>discrepância fundamental</b> entre as exigências do superego e da libido, no caso de Freud, e entre o organismo vivo e o mundo mecânico, no caso de Bergson. Aquilo que me interessa nestas duas teorias do humor é o seu aspecto comum: ambas encaram o <b>cómico</b> como uma discrepância ou incongruência: «Uma situação é invariavelmente cómica quando pertence ao mesmo tempo a duas séries de acontecimentos inteiramente independentes e é capaz de ser interpretada em dois sentidos completamente diferentes ao mesmo tempo» (Bergson). Dado ser um conceito nuclear da antropologia filosófica, interpreto o humor como fenómeno especificamente humano, o que me permite enunciar diversas novas teses filosóficas que restringem a qualidade cómica às situações humanas. Eis as teses que proponho:</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tese 1</b>: O Homem é o único ser capaz de se<b> rir </b>- e <b>chorar</b>! - de si mesmo, dos outros e de certas situações. (Daqui decorre que a <b>qualidade cómica</b> se refere sempre a situações humanas: os animais só são cómicos quando lhes atribuímos características humanas.)</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tese 2</b>: A <b>discrepância</b> constitui o ingrediente fundamental de todas as <b>piadas</b>. Existem diversos tipos de discrepância - as incongruências propostas por Freud e Bergson - mas todos eles nos reconduzem à discrepância fundamental entre o homem e o cosmos. É esta <b>discrepância antropocosmológica</b> fundamental que faz do cómico um fenómeno especificamente humano. Daqui se segue nova tese.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tese 3</b>: O cómico reflecte o <b>aprisionamento do espírito humano</b> no mundo, sobretudo no <b>mundo abandonado pelos deuses</b>: «A alma é um estranho na terra» (Georg Trakl). Esta tese já é conhecida desde a Antiguidade Clássica. A concepção de <b>ironia</b> como a mais alta liberdade possível do homem num mundo sem Deus - exposta pelo Jovem-Lukács - relaciona-se com esta tese.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tese 4</b>: A distinção entre <b>tragédia</b> e <b>comédia</b> esquece que ambas são comentários sobre a <b>finitude radical </b>do homem: a noção existencial de homem como <b>náufrago</b> ou <b>ser-sem-abrigo</b> coaduna-se com esta tese filosófica.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tese 5</b>: Ao aceitarmos a última tese, somos forçados a encarar o cómico como uma <b>dimensão objectiva</b> da realidade humana: o <b>humor</b> mais não é do que o reconhecimento da cómica <b>discrepância da condição humana</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estas teses são suficientes para elaborar uma nova <b>teoria filosófica do humor</b>. Poderia acrescentar outras teses, talvez para mostrar que é muito difícil <b>relativizar</b> o humor, mas prefiro concluir enunciando uma tese que clarifica a teoria que tenho em mente.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Tese 6</b>: A <b>negação da metafísica</b> conduziu ao <b>triunfo da trivialidade</b>: o humor que se faz actualmente perdeu a graça. Fechado em si mesmo e neste mundo intra-empírico, o homem tornou-se incapaz de encontrar o seu próprio <b>caminho de fuga</b>. O mundo trivial em que vivemos deixou de ser engraçado. A perda de graça é proporcional à invasão do mundo pelo homem: o <b>cansaço da humanidade</b> de Nietzsche pode ser compreendido à luz desta nova perspectiva. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Anexo</b>. Um colega brasileiro criticou o meu recurso a uma <b>teoria da natureza humana</b>, acusando-me de ser liberal em vez de marxista. Os rótulos não me incomodam: aqui direi apenas que o conceito de natureza humana me permite compreender o homem do passado mais distante ou do presente mais próximo. Afinal, o homem de todos os tempos ri e chora. Ora, este facto fundamental mostra que há uma natureza humana fundamental que nos une a todos e que nos une aos nossos antepassados. Além disso, uma tal teoria veda-me o caminho dos disparates políticos. A Filosofia é um empreendimento teórico sério.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa </span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-10550566288442413422013-07-04T15:14:00.002+01:002013-07-05T17:54:32.242+01:00Notas sobre a História de Moçambique<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE4BZ9JJjCsN3WFEHNaRaR7r7U-pr3K0GMYX9cLC0zx3d-4InkTdx-MMC5Fvtr9BLMb5DjNTneuJgVTB19JX3SxkUsOO1Gyprl4-9jqgMPkKb6__ZXcPVe42C3ATcCrX4NKUvSfZGZ2juD/s1080/estc3a1tua-009.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE4BZ9JJjCsN3WFEHNaRaR7r7U-pr3K0GMYX9cLC0zx3d-4InkTdx-MMC5Fvtr9BLMb5DjNTneuJgVTB19JX3SxkUsOO1Gyprl4-9jqgMPkKb6__ZXcPVe42C3ATcCrX4NKUvSfZGZ2juD/s320/estc3a1tua-009.jpg" width="320" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;"><b>Estátua do Porto</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não encaro o <b>colonialismo</b> como um fenómeno civilizacional nefasto: se não fosse o colonialismo português lá onde construímos cidades lindas - como Lourenço Marques e Luanda - haveria hoje palhotas. As pessoas africanas não saberiam ler e escrever, nem sequer teriam história. Sim, convém lembrar que nem os índios brasileiros nem os africanos tinham inventado a escrita: eram - e, segundo Ryszard Kapuscinski, ainda são - </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">povos tribais e selvagens. Um exemplo de tribalismo persistente: Mandela já está morto: O que é desagradável é a luta dentro da família. Um dos netos é chefe tribal e sacou os três cadáveres dos filhos de Mandela para os enterrar no território da sua tribo. Depois chega a polícia a mando de outro familiar, invade a propriedade, desenterra os cadáveres e leva-os... Enfim, a África do Sul ainda é território civilizado?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Já escrevi muito sobre Moçambique e não tenho vontade de regressar a esse tema. Porém, dado o predomínio de ideologias anti-ocidentais nefastas, sou forçado a tecer algumas considerações sobre o assunto. Apesar da existência de abundantes arquivos, os historiadores portugueses ainda não escreveram uma <i><b>História (honesta) do Colonialismo Português</b></i> ou uma <i><b>História de Moçambique </b></i>ou de Angola. Geralmente, no caso de Moçambique referem-se estas obras, nenhuma das quais escrita por um português:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1.</b> FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE. <i>História de Moçambique</i>. Porto, Afrontamento, 1971.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2.</b> HEDGES, David (coord.). <i>História de Moçambique: Moçambique no auge do colonialismo 1930-1961</i>. Vol.2, 2.ª edição, Maputo, Livraria Universitária, Universidade Eduardo Mondlane, 1999.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>3.</b> NEWITT, Malyn. <i>História de Moçambique</i>. Mem-Martins, Publicações Europa-América, 1997.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>4.</b> PÉLISSIER, René. <i>História de Moçambique: formação e oposição: 1854-1918</i>. 2 vols., Lisboa, Editorial Estampa, 1987-1988</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>5.</b> SERRA, Carlos (coord.). <i>História de Moçambique</i>: Parte I - Primeiras Sociedades sedentárias e impacto dos mercadores, 200/300- 1885; Parte II - Agressão imperialista, 1886-1930. Vol. 1, 2.ª edição, Maputo, Livraria Universitária, Universidade Eduardo Mondlane, 2000.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>6.</b> SOUTHERN, Paul. <i>Portugal: The Scramble for Africa</i>. Bromley, Galago Books, 2010.</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A primeira e a quinta obras (<a href="http://oficinadesociologia.blogspot.pt/">Carlos Serra</a> e Companhia) são extremamente sectárias: o marxismo usado pelos autores como grelha de análise histórica viola frontalmente a letra e o espírito dos escritos de Marx. Os autores deviam meditar os textos onde Marx trata da <b>questão colonial</b>: Marx nunca isolou o colonialismo da <b>teoria do desenvolvimento capitalista</b> para aplaudir uma teoria da luta entre raças. Há <b>racismo</b> nas obras referidas e, de facto, nós portugueses devemos aceitar o desafio lançado por estes pseudo-historiadores e confrontá-los com os seus próprios <b>fantasmas raciais</b> e, no caso dos outros autores, com as <b>formas de colonização</b> dos seus países. A eleição de Obama despertou nalguns desses autores o desejo de liquidar o "branco" e o Ocidente. Outros ficam desiludidos com os brasileiros pelo facto de não rejeitarem a herança ocidental. E, geralmente, são benevolentes perante as investidas do Islão. Descrevem - exagerando - os supostos <b>crimes de ódio</b> cometidos pelos portugueses, mas omitem a violência exercida pelos negros sobre os brancos. Estes dados são suficientes para denunciar a <b>ideologia de rancor racial</b> que está por detrás destas histórias, para já não falar do incitamento à <b>violência racial</b>. Angola e Moçambique, bem como outras ex-colónias portuguesas, caminharam para a <b>democracia</b>; no entanto, os partidos políticos ainda são designados como movimentos de libertação dos respectivos povos. É como se ainda vivessem sob o colonialismo português: a verdade é que eles expropriaram os portugueses julgando que a riqueza se reproduz por geração espontânea e pagaram o preço por esta <b>infantilidade mágica</b>: o <b>recuo civilizacional</b> e a <b>destruição das cidades </b>e do tecido produtivo. Hoje são os negros que exploram e oprimem a população negra. (Já era assim antes da chegada dos portugueses ou mesmo durante o período colonial.) Marx dizia que o capital não tinha pátria e a <b>globalização</b> confirma isso. Hoje podemos acrescentar que o capital não tem raça: os historiadores moçambicanos tratam os árabes com benevolência, ao mesmo tempo que tecem mentiras grosseiras sobre a "<b>agressão imperialista</b>", esquecendo que o capital não tem pátria e raça. (O imperialismo é um fenómeno de territorialização do capital.) Os historiadores ligados ao mundo anglo-saxónico não deviam confundir o <b>imperialismo inglês</b> com o <b>colonialismo português</b>: afinal, o <i>apartheid </i>é uma invenção anglo-saxónica. Meus amigos: Não há raças inocentes na história; há apenas raças, umas mais primitivas, outras mais desenvolvidas, que ocupam áreas culturais diferentes. E o cristianismo - apesar dos seus erros - ajudou a suavizar e a controlar muitos impulsos criminosos. Nós intelectuais devemos fazer todos os esforços para dizer a verdade: um <b>intelectual mentiroso</b> é um oxímoro e um <b>intelectual terrorista</b> é um cérebro patológico que deseja incendiar o mundo. O seu <b>relativismo histórico </b>anda de mãos dadas com o <b>terrorismo</b>. Os africanos já deviam saber que "intelectuais" deste calibre ajudaram a afundar e a empobrecer os seus países. Sem <b>cérebros sadios</b> não há desenvolvimento e paz! E sobretudo isto: os vossos inimigos - como os de todos os povos do mundo - são internos. Sejam objectivos: não culpem os outros pelos vossos pecados. (A Rússia optou pela colonização continental, tal como outros países da Europa Central, e como URSS teve a oportunidade de conquistar territórios distantes. Hoje é a China que sonha com o <b>imperalismo colonizador</b>. Quando referem o papel do cristianismo na colonização, os autores anglófonos aproveitam a ocasião para fazer a sua <b>propaganda protestante</b>, enquanto os moçambicanos falam de <b>colonização mental</b> sem usar o mesmo conceito para designar a acção do Islão. Mas há uma diferença entre Ocidente e Islão: o Ocidente despertou em vós um <b>sonho social de emancipação</b>, noção estranha ao Islão. Sim, até o marxismo é um fenómeno especificamente ocidental: ele está inscrito no genoma grego.)</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Anexo</b>: Carlos Serra diz este disparate sobre o "<b><a href="http://oficinadesociologia.blogspot.pt/2013/07/sobre-o-belo.html#links">belo</a></b>": «</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O belo é um fenómeno misterioso. Todavia, há sempre quem defenda a sua universalidade no sentido de que em qualquer parte do mundo sempre houve e haverá quem goste do belo, sendo o belo havido como uma substância que nasce conosco e que atinge especial profundidade em certos de nós. Porém, a concepção do belo requer condições sociais propícias ao seu nascimento, à sua reprodução e, particularmente, ao seu aprofundamento. Por outro lado, a unidade do belo está em sua diversidade social e nacional. A concepção do belo é social, não natural.» </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O que podemos dizer sobre isto? Merda que suja a estética e viola a biologia! Vejam como entra em acção o relativismo (sob a forma de <b>construtivismo social delirante</b>), o nacionalismo e a luta racial. O tema de fundo só pode ser os rostos africanos. Além disso, há aqui um paradoxo: a condenação da universalidade - atribuída ao Ocidente - e a afirmação da "unidade do belo na sua diversidade social e nacional" (étnica). E facto curioso: o autor esquece que foi o discurso universal que abriu as portas à emancipação. Mais: o que é o nascimento do belo?, a reprodução do belo?, enfim o aprofundamento do belo? Noções estranhas - cosméticas? - a qualquer estética! Afinal, o belo nunca foi tratado como uma "substância": não sei donde surgiu esta ideia peregrina. Belo e gosto... aqui há gato! Carlos Serra, comunista confesso, converteu o seu <b>relativismo sociológico</b> em <b>irracionalismo</b>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E o que diz Carlos Serra sobre a </span><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><a href="http://oficinadesociologia.blogspot.pt/2013/07/biografia.html#links">biografia</a></b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">? Isto: «</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A biografia é um dos mais fascinantes e respeitados momentos da vida social. Dá às pessoas a crença de que o biografado contém nele a capacidade fantástica de mudar a vida e as relações de outrém. Na biografia o biografado é substancializado, magicamente tornado imune às relações sociais sem as quais, porém, não pode ser ele; é feito totalidade, unificação única, centro absoluto de um determinado mundo, o "ele era assim" do senso comum.» </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Até compreendo o que ele pretende dizer (a relevância das relações sociais), mas não posso estar de acordo com a condenação da biografia e do papel do indivíduo na história. Com efeito, o indivíduo não é apenas <b>sociologia incorporada</b>; é também biologia. Começo a crer que Carlos Serra usa e abusa da noção de <b>substância</b>... Será que pretende esburacar a materialidade compacta da sociedade? Ou melhor: a camada electrónica da matéria social? Mas se esburacar muito vai descobrir o vazio da matéria social. As massas populares - os <b>colectivos</b> - inclinam-se à passagem dos vencedores!</span><br />
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">J Francisco Saraiva de Sousa</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1892689378416195138.post-63816922785934335412013-07-02T17:03:00.001+01:002013-07-02T17:03:22.293+01:00Manifestação contra o Acordo Ortográfico<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht7EJmjEkXbjBtjOfUFnygJYuINizmBwYwPO5uwx-FTgQ_jAR4EyRrGWkCiqsvvPSh_ASqjQW76_Nn1w7IBcyu404oUsSJfotu15Za5xEe-jJaVRtgpcwPbj4nB6KxnrpT2mCj6u-T-dec/s636/ng2630034.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht7EJmjEkXbjBtjOfUFnygJYuINizmBwYwPO5uwx-FTgQ_jAR4EyRrGWkCiqsvvPSh_ASqjQW76_Nn1w7IBcyu404oUsSJfotu15Za5xEe-jJaVRtgpcwPbj4nB6KxnrpT2mCj6u-T-dec/s400/ng2630034.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><b>Splash no Rio Douro, Porto</b></span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A língua portuguesa também merece os nossos cuidados colectivos: os portugueses devem organizar manifestações em todas as cidades para abolir o Acordo Ortográfico.</span></div>
J Francisco Saraiva de Sousahttp://www.blogger.com/profile/10426620453669993201noreply@blogger.com1