domingo, 30 de setembro de 2007

Um Poema contra a Luso-Corrupção

«Eu canto do Soriano o singular mangalho!
Empresa colossal! Ciclópico trabalho!
para o cantar inteiro e para o cantar bem
precisava de viver como Matusalém:
Dez séculos!
Enfim, nesta pobreza métrica
cantemos essa porra, porra quilométrica,
donde pendem colhões que dão a ideia vaga
das nádegas brutais do Arcebispo de Braga.
Sim, cantemos a porra, o caralho iracundo
Que, antes de nervo cru, já foi eixo do Mundo!
Mastro do Leviatã! Iminência revel!
Estando murcho foi a Torre de Babel!
Caralho singular! É contemplá-lo
É vê-lo
Teso! Atravessaria o quê?
O Sete-Estrelo!!
Em Tebas, em Paris, em Lagos, em Gomorra
juro que ninguém viu tão formidável porra.
É uma porra, arquiporra!
É um caralho atroz
que se lhe podem dar trinta ou quarenta nós
e, ainda assim, fica o caralho preciso
para foder, da Terra, Eva no Paraíso!!
É uma porra infinita, é um caralho insonte
Que nas roscas outrora estrangulou Lacoonte.



«Oh caralho imortal! Oh glória destes lusos!
Tu podias suprir todos os parafusos
que espremem com vigor os cachos do Alto Douro!
Onde é que há um abismo, onde há um sorvedouro
que assim possa conter esta porra do diabo??!
O Marquês de Valadas em vão mostra o rabo,
em vão mostra o fundo o pavoroso Oceano!
--- Nada, nada contém a porra do Soriano!!

«Quando morrer, Senhor, que extraordinária cova,
que bainha, meu Deus!, para esta porra nova,
esta porra infeliz, esta porra precita,
judia errante atrás de uma crica infinita??
--- Uma fenda do globo, um sorvedouro ignoto
que lhe há-de abrir talvez um dia um terramoto
para que desague, esta porra medonha.
em grossos borbotões de clerical langonha!!!

«A porra do Soriano é um infinito assunto!
Se ela está em Lisboa ou em Coimbra, pergunto
Onde é que ela começa?
Onde é que ela termina,
essa porra que, estando em Braga, está na China,
porra que corre mais que o próprio pensamento,
que porra de pardal e porra de jumento??
Porra!
Mil vezes porra!
Porra de bruto
que é capaz de foder o Cosmos num minuto!!!»


Fonte: Guerra Junqueiro, A Torre de Babel/A Porra do Soriano.


Comentário: O arcebispo de Braga já morreu há muito, muito tempo, e, pelo visto, a sua porra ainda continua em acção, através dos seus descendentes luso-corruptos, que, tal como a sua matriz longínqua, usam o mangalho para corromper e serem corrompidos pelas cricas infinitas, de modo a garantir acesso a carreiras e a perpetuar a teia luso-corrupta. Pensa-se que está sediada em Lisboa, mas ela é absolutamente ubíqua: está ao mesmo tempo em todos os lugares e procura projecção internacional. A luso porra é global e, provavelmente, o maior contributo português para a globalização.


J Francisco Saraiva de Sousa

5 comentários:

  1. Na mesma linha:

    «Cagando pr'o...»

    Cagando pr'o PPD
    Cagando pr'o CDS
    Eu caguei pr'o PCP
    E também caguei para o PS

    Eu caguei pr'o Balsemão
    Pr'o Freitas do Amaral
    Eu caguei para o Cunhal
    E o Bochechas fecha a mão

    Vai o maior cagalhão
    Que em toda a vida caguei
    E também caguei pr'o rei
    O senhor Ribeiro Teles
    Cago pr'a todos eles
    Cagando pr'o PPD

    Eu caguei pr'o presidente
    Caguei pr'as Forças Armadas
    Eu faço as minhas cagadas
    Cagando pr'a toda a gente
    E quem não estiver contente
    Ainda mais me merda merece

    Porque eu nunca me esquece
    Lá debaixo do sobreiro
    Caguei pr'o senhor Saleiro
    Cagando pr'o CDS

    Eu caguei para o ministro
    Cá da nossa agricultura
    Cago sempre com fartura
    Porque eu no cagar estou bem visto

    E ainda correm o risco
    D'eu cagar pr'a quem não sei
    Cago pr'a quem fez a lei
    Que me proibiu de cagar
    Mandando o cinto apertar
    Eu caguei pr'o PCP

    Caguei pr'a democracia
    Caguei pr'o socialismo
    Caguei pr'o comunismo
    E caguei para a monarquia
    E mais cagar já não podia
    Mesmo que eu cagar quisesse

    O muito cagar aquece
    As bordas de um cu bendito
    Que cagou cozido e frito
    E caguei para o PS

    Porque eu caguei a bem cagar
    Como há muito não cagava
    E não pude cagar pr'a mais
    Porque a merda não chegava

    Francisco Domingos Horta - «No paraíso real - Tradição, revolta e utopia no Sul de Portugal»

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  2. Adorei o poema!
    O Francisco gosta mesmo de hinos ao falo... :) Até na sua fotografia tem um cigarro em riste! Já leu o "Heliogabalo" de Antonin Artaud? Iria gostar. :)

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  3. Afinal, encontrei. Não li... Mas gosto de Artaud. E vou tentar não fumar...

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  4. "Heliogabalo ou o anarquista coroado"... trad. do Cesariny na Assírio e Alvim.

    Sim, deixe de fumar.

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