domingo, 1 de junho de 2008

Emigração Interior e Humanidade

«Que cada homem diga o que considera verdade, e deixe ao cuidado de Deus a verdade em si!» (Lessing)
A Internet «alenta a esperança de que, após muitas revoluções transformadoras, virá por fim a realizar-se o que a Natureza apresenta como propósito supremo: um estado de cidadania mundial como o seio em que se desenvolverão todas as disposições originárias do género humano». (I. Kant)
O nosso planeta Terra é uma esfera, na superfície da qual permanecemos e nos movemos. Não temos outro lugar para ir e, por isso, enquanto seres mortais na/da Terra, estamos destinados a viver para sempre na vizinhança e na companhia dos outros. Em 1784, Kant observou que o nosso movimento em torno da superfície terrestre acabará por reduzir a distância que nos separa uns dos outros. Isto significa que a perfeita unificação da espécie humana por meio de uma cidadania comum é o destino que a Natureza nos reservou ao colocar-nos na superfície esférica do nosso planeta azul. A unidade da humanidade constitui o derradeiro horizonte da nossa história universal, um horizonte que devemos tentar alcançar plenamente e que, graças às novas tecnologias da comunicação, podemos realizar, levando em conta que a Natureza nos obriga a uma visão da hospitalidade.
Em tempos sombrios, como o tempo do Terceiro Reich ou mesmo o nosso tempo metabolicamente reduzido, a emigração interior é um fenómeno muito frequente, porque as pessoas, perante uma realidade intolerável e inumana, tendem a trocar o mundo e o seu espaço público por uma vida interior. Quando a emigração interior toma a forma radical de uma existência que ignora o mundo real em proveito de um mundo imaginário "como deveria ser" ou como "tinha sido" em tempos remotos perde necessariamente relevância política, isto é, autolimita-se em termos de capacidade de levar a cabo a tarefa política de transformar qualitativamente o mundo. As pessoas que fogem deste modo ao mundo em tempos sombrios tornam-se impotentes e incapazes de confrontar o poder estabelecido, fazendo-se "exiladas interiores". Deste modo, não se libertam do cativeiro do consumismo que reduz o mundo da vida a uma província da economia capitalista especulativa.
Porém, a emigração interior é potencialmente um fenómeno ambíguo: significa, por um lado, que as pessoas se comportam como se já não pertencessem a um país, onde se sentem como emigrantes ou estranhas, e, por outro lado, que essas pessoas, sem emigrar realmente, se refugiam num domínio interior, na invisibilidade do pensamento e do sentimento. Em qualquer um dos sentidos, a emigração interior constitui uma forma de exílio ou de existência à margem da ordem estabelecida, que, no caso em que ignora o mundo real, se converte numa fuga ao mundo, portanto, em alheamento do mundo. Contudo, graças às novas tecnologias da comunicação, em especial à Internet, esta fuga ao mundo estabelecido pode deixar de ser privada e tornar-se pública: o mundo público dominante pode ser questionado e discutido neste novo mundo virtual, no qual germina possivelmente a verdadeira cidadania mundial num processo dinâmico, interactivo e participado de conversação constante e interminável. De certo modo, com a Internet emerge uma nova prática da filosofia: a Filosofia Mundial ou CyberFilosofia.
Esta reavaliação do fenómeno da emigração interior pode ser clarificada mediante a análise política da blogosfera. Com efeito, a Internet, em especial a blogosfera, pode ser vista como a tecnologia que possibilita realizar plenamente a cidadania mundial exigida por Kant, dado ser potencialmente uma comunidade global, uma comunidade inclusiva, mas não exclusiva, que se ajusta à visão kantiana da perfeita unificação da humanidade. Com a Internet, e ao contrário do que sucede com os mass media tradicionais, torna-se possível tirar os actuais refugiados ou emigrantes interiores do vácuo sociopolítico a que foram relegados pelo poder estabelecido e pelo seu pensamento único, o economicismo. A Internet é, portanto, potencialmente uma tecnologia da libertação que convida todos os mortais a dialogar acerca do mundo que os oprime e os exclui. Com a criação de blogues, os emigrantes interiores transformam-se automaticamente em críticos do status quo e, num só e mesmo movimento, criam uma nova esfera pública liberta da tutela dos mass media tradicionais e dos poderes estabelecidos.
A magia desta nova tecnologia da comunicação electrónica consiste em dar visibilidade àquilo que era invisível, o pensamento independente, o "Selbstdenken" de Lessing, que, ao formar-se num diálogo contínuo com os outros acerca do mundo off-line, isto é, do espaço-entre os homens, tende a tornar-se um pensamento global sempre em marcha. E o que é ainda mais promissor é o facto da Internet possibilitar aproximar pessoas perdidas para o mundo, os animais metabolicamente reduzidos, e levá-las em conjunto e organizadas em "associações civis moralizadas" (comunidades virtuais do protesto político) a exorcizar e a lutar contra o alheamento do mundo imposto pela dinâmica irracional da economia capitalista desregulada. Como nova esfera pública virtual, a Internet pode contribuir para a formação de um pensamento colectivo que comprometa as pessoas em relação ao destino do mundo raptado, colonizado e refeudalizado pelos mass media e pelos poderes económicos estabelecidos. (CONTINUA com o título "Internet e Cidadania Mundial")
Este blogue vai fazer o seu primeiro aniversário no dia 27 de Junho, juntamente com o seu irmão gémeo "CyberPhilosophy": Veja AQUI.)
J Francisco Saraiva de Sousa

103 comentários:

  1. Começo interessante. Fins de semana sempre complicados para comentar. Dias de emigração interior :)
    Amanhã é o dia da criança ;-)

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  2. Denise

    Vai editar mais um post da sua série literatura também para a infância? Afinal, será dia da criança! :)

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  3. Vou tentar, F., mas as criaturas que nasceram do meu ventre andam muito usurpadoras da minha pessoa...

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  4. CyberAmigos

    Não se esqueçam que este blogue faz um ano, o seu primeiro aniversário, dia 27 de Junho.
    Vejam no final o link e deixem mensagem.

    Um beijinho do Pai, eu mesmo.

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  5. Francisco, nao (este teclado nao acentua...) me esquecerei do aniversario do blogue. Gosto muito deste espaco, sobretudo porque encontrei amigos muito especiais.
    Voce tem de se orgulhar do vosso filho!

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  6. André

    Sou pai de uma criança, mas um pai esquecido do aniversário: fui lembrado a tempo.
    Aguardamos o nascimento do seu blogue. :)

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  7. Francisco, nao sei qual nome darei a minha crianca. Provavelmente nao serei um pai presente! Quero ter um blogue para facilitar os nossos dialogos. (odeio escrever usando um teclado que nao me permite acentuar as palavras (...))

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  8. André

    O nome é fundamental. Eu, quando criei os dois primeiros blogues, estava meio a brincar: este seria mais dedicado à política e cyberphilosophy, à teoria e ciberpesquisa; depois dupliquei-os e, com o tempo, reformulei: é difícil mantê-los todos ao mesmo nível de produtividade. Este tornou-se mais "popular" e acabei por o privilegiar.
    Escolha o nome em função da temática que pretende destacar mais, ou então um nome mais generalista e/ou neutro, porque acabamos por ser forçados a falar de tudo. Os blogues mais específico têm outra função, mais discreta em termos de difusão.

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  9. Pretendo compartilhar os meus devaneios sobre filosofia, literatura, psicologia, etc. O mais importante e o dialogo.

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  10. Francisco, voce me indica algum nome (esta e uma pergunta). Nao tenho o sinal de interrogacao). Pensei em Agora Virtual, pois gosto deste nome. Certa vez, espontaneamente, lhe disse que o seu blogue era uma Agora Virtual. Acho que este nome nao e original.
    Domingo, 1 de Junho de 2008 00H25m WEST

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  11. Regresso de um concerto onde se juntaram duas orquestras para interpretarem Wagner e Berlioz. A Sinfonia Fantástica do compositor francês fez-me pensar no simpático grupo que se reune neste espaço do Francisco. Se eu pudesse, dedicaria cada uma das partes a estes amigos. Assim:
    I. «Rêveries, Passions», volátil e tempestuosa, para o André
    II. «Un Bal», com harpa! e tão elegante, para valsar com o F.
    III. «Scène aux Champs», que é o coração da sinfonia, para a Papillon
    IV. «Marche au Supplice»,com o magnífico ribombar dos timbalos e o trémulo das cordas, para mim mesma
    V. «Songe d'une Nuit du Sabbat», mágico, esfusiante e provocante, para o Manuel Rocha

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  12. Não esquecerei o aniversário, Francisco! Que pai babado! :))

    André,
    Óptima ideia, a criação do seu próprio blogue! A escolha do nome é fundamental. A constituição do eu enquanto eu é indissociável do nome próprio. Com um blogue assim também é. Ágora Virtual parece-me uma excelente escolha!
    Siga em frente, André!

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  13. Denise, apesar da paixao dionisiaca(este teclado nao acentua) que faz parte do meu Ser, estou certo de que gostaria de valsar a Un Bal!

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  14. Lamento, André, mas já enderecei o convite ao Francisco :-P

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  15. Francisco,
    Desconheço o rumo que seguirão as ideias subjacentes a este seu post. No actual estado da questão, partilho consigo a preocupação com a alienação do indivíduo, impotente, perante o mundo que lhe é exterior e interrogo-me, uma vez mais, sobre o que motiva cada um de nós a criar um espaço virtual e recriar-se no cosmos da blogosfera.

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  16. André

    "Ágora Virtual" é um bom nome.

    Denise

    Então, vamos dançar a valsa. :)

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  17. Denise, estou a mencionar a vossa bela escolha
    I. «Rêveries, Passions», volátil e tempestuosa, para o André

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  18. André, mas se quiser, pode acompanhar-me na marcha ao suplício! :)))

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  19. Faço-lhe o gosto, Francisco, deixo-o conduzir! Ahah

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  20. Denise

    Vou recuperar a seguir a noção grega de amizade e vou fazer dela uma nova base política, opondo-me à noção de fraternidade, tal como fez Lessing. Daí vou ao diálogo sobre o mundo e à humanidade da amizade e não da fraternidade, envolvida num diálogo plural constante.

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  21. Hmmm, agora fiquei mesmo muito curiosa. O que o leva a se opor à fraternidade? Está este conceito assim tão distante do da amizade? Aguardo, e olhe que dia 1 já é hoje! ;-)

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  22. Faço amanhã cedo... Mas pode ficar longo e penso dividi-lo. Fraternidade é um dos lemas da Revolução Francesa que se mostrou incapaz de eliminar o mundo inumano.

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  23. No entanto, ó Francisco, apesar de tudo, há que não eliminar todas as distâncias, nem tornar o pensamento absolutamente global. Isso reconduzir-nos-ia à condição dos metabolicamente reduzidos, não?!

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  24. Denise

    Sim, depois vai ver como me safo: é uma proposta política que visa livrar-nos do metabolismo reduzido. Daí que tenha retomado a emigração interior que no fundo mais parece uma foga ao mundo do que um diálogo sobre o mundo: o espaço-entre homens. Vou criticar o estoicismo.

    André

    Tinha pensado num nome "O Mosteiro virtual" que propus à Papillon como blogue comunitário, mas ela rejeitou... O que pensam dessa ideia? afinal, tb vou tratar da reinvenção da comunidade humana associada à liberdade.

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  25. No link que deixei no fim, se clicarem, poderão conhecer a Maria Árvore. Mais outra amiga!

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  26. Denise, a Valsa ao suplicio e uma velha conhecida minha, rs. Como e que voce me imagina (pergunta)

    Francisco, gosto muito do Mosteiro Virtual, principalmente porque me agrada a existencia de uma comunidade pura, bela e casta.

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  27. Francisco,
    Uma proposta política? Óptimo! Deixou-me verdadeiramente curiosa. Primeiro porque, ao contrário do F., eu não sou de esquerda (mas garanto-lhe que sou boa pessoa!); depois, porque, por vezes, cultivo o estoicismo.

    «Mosteiro Virtual»?! Ui, entre o demasiado poiético e o demasiado padreco!
    Prefiro «Ágora Virtual»

    Vai-se meter pela Liberdade? Caminho sinuoso...

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  28. André,
    A blogosfera estimula-nos a imaginação. Aprendemos a gostar de pessoas mesmo antes de as conhecermos.
    Eu imagino o André volátil e tempestuoso, como a 1ª parte da sinfonia do Berlioz. Mas é de uma tempestuosidade contida e quase amena, e de uma volatilidade muito presente.
    Imagino o Francisco uma pessoa elegante, com laivos de nervoseira desenfreada e um auto-controlo meticulosamente exercitado.
    Imagino a Papillon uma menina muito bela, espontânea, simpática mas simultaneamente distante q.b.
    Eu sou muito dada a imaginações, e nem me preocupo com eventuais desilusões
    ;-)

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  29. A Denise fez um comentário muito poético e belo.

    Os homens ébrios de Deus foi uma obra que me marcou, mas quando falo de mosteiro não se trata de uma ordem religiosa mas de uma fuga para a frente: hospitalidade e pluralismo de opiniões, tento como objectivo descobrir novas alternativas sociais. A crise financeira americana vai fazer estragos no nossa sociedade e graves, muito graves... :(

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  30. Gosto da noção de hospitalidade associada à de mosteiro e peregrinação.
    Saint Julien Hospitalier...

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  31. Denise, a sua imaginacao esta poeticamente ligada a realidade. Voce tracou um belo perfil dos seus amigos da blogosfera!
    (e-me muito dificil escrever sem acentuar as palavras corretamente...). Maldito teclado!

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  32. Francisco, a crise financeira americana ja esta fazendo inumeros estragos aqui no Brasil.

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  33. Compreendo esse seu exaspero, André. A mim faz-me ruído visual ler acentos não colocados, mal colocados e todos trocados...

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  34. Denise

    A liberdade começa por ser liberdade de movimente e é esta liberdade leva à acção, na qual experimentamos a liberdade no mundo. O estoicismo representa uma fuga do mundo para o eu, Lessing abre-nos o mundo do pensamento independente. Pensamento e acção manifestam-se no movimento e, por isso, a liberdade é comum a ambos.
    (Não adianto mais. :))

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  35. Vou retomar a crítica da corrupção, porque é ela e o neoliberalismo selvagem que está a torna Portugal demasiado vulnerável a esta crise. Provavelmente, o mesmo pode ser dito do Brasil.

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  36. Ui, fiquei mesmo cheia de curiosidade!
    Quanto ao estoicismo, admito: é a minha forma de fuga à dor. Repudio-a e não lhe dou voz.

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  37. A comunidade virtual realiza a essência da amizade dos gregos, porque, segundo eles, esta reside no diálogo: só a conversação pode unir os cidadãos numa polis. A Internet é precisamente conversação sobre o mundo (excluo certos tipos de blogues metabolicamente reduzidos): nela revela-se a philia, a amizade entre cidadãos do mundo. E eis novamente Kant.

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  38. Francisco, nao estou certo de que o estoicismo representa uma fuga do mundo para o eu.
    Li alguns artigos de J.P. Vernant sobre o estoicismo e cheguei a conclusoes diversas. O estoicismo pode ser um meio de superacao do eu metabolicamente reduzido. Esta tese demanda maiores esclarecimentos.

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  39. Em Seneca (Cartas a Lucilio), o estoicismo adquire caracteristicas muito interessantes.

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  40. Sim, há esse aspecto a levar em conta, ao qual chamei êxtase noutro post e outros nomes: é necessário libertar a força da oposição, criar a subjectividade rebelde, mas ainda não consegui unificar esses aspectos.

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  41. Ah, Assim fico mais descansada com o meu estoicismo, André! Muito obrigada!

    Francisco,
    É no diálogo que reside, efectivamente, o exito de qualquer relação. real ou virtual. pessoal ou social.

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  42. Aqui sigo Lessing quando diz que a essência da poesia é a acção e estou a pensar na formação de um grupo de fusão ou de militância política contra a ordem estabelecida. Talvez a tarefa dessas primeiras células seja libertar os outros do seu self reduzido e reintroduzi-los no mundo, após se terem convertido (mudança de paradigma).

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  43. E o estoicismo falou da cidadania mundial, ideia que prefiro retomar de Kant.

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  44. Acho que a mudanca de paradigma e uma grande tarefa!

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  45. A mais complicada, sem dúvida, porque as classes médias não desejam perder direitos adquiridos. Mas neste ponto estou mais preocupado com os desempregados e os pobres do que com a classe média: esta sobrevive, mas os outros estão sem-abrigo. A justiça deve ser para TODOS.

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  46. Vou dormir para acordar cedo e concluir o post. Já não consigo olhar para o monitor.
    Boa noite, amigos (philia), não irmãos (fraternidade), do nosso nicho virtual. :)

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  47. Vernant é mais da cultura grega: um excelente pesquisador da Antiguidade Clássica Grega.

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  48. Francisco, ontem fui encontrar um amigo. No caminho, deparei com um mendigo ebrio deitado na rua. As pessoas olhavam com asco para o pobre e passavam por cima dele, como s ele fosse um mero obstaculo. Senti-me abismado com tamanha indiferenca. O que mais me preocupa e o descaso das pessoas. Olham para os pobres como se eles fossem um insulto. Estao severamente doentes...

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  49. Também vou morrer um bocadinho. Amanhã os meus gémeos exigirão muita energia da minha parte :))
    Boa noite, moçoilos ;-)

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  50. P.S. Hoje é o Dia da Criança, mas é também o Dia da Mãe da Papillon! Muitos parabéns e um beijinho para a sua mãe, amiga esvoaçante!

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  51. Há uma animação de um realizador russo que retrata assim o mundo: a lua é catapultada para uma espécie de máquina de triturar carne para criar uma espécie de credo entre os homens. Há assim diferentes prismas sobre o mundo em que vivemos. Há homens supersticiosos - os condenados a uma vida de vícios. Mas convém não imiscuí-los com os homens animosos, que sentem o mundo de forma salutar. Para estes últimos, o mundo conta com os factos históricos através de um processo de compressão do real. Já o emigrante do interior, réprobo de um mundo estritamente ligado aos cidadãos que ousam confranger a sua vida de poucas tradições (lembre-se que a «tradição» tem um sentido estrito, que não pressupõe literalmente uma vida de «hábitos» nem ligados a «costumes» ditos tradicionalista; «tradição» consiste em relegar o conhecimento a um patamar plausível e revelar a verdade entre aqueles que compreendem o mundo com um juízo contemplativo), daí que o emigrante sinta o constrangimento das questões puramente históricas, já para não mencionar dos refugiados. Mas mais do que uma simples definição desta figura, a do caro amigo é deveras elucidativa e muito convincente. Está muito bem.

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  52. Papillon

    Os votos da Denise são os nossos votos: Feliz aniversário, o nosso desejo para a mãe da Papillon.

    Googly

    Tornou-se patente neste diálogo entre cyberamigos que a minha concepção da emigração interior apresenta algumas dificuldades. Em minha defesa direi apenas que vejo os emigrantes interiores como pessoas excluídas da sociedade metabolicamente reduzida ou, pelo menos insatisfeitas: sentem-se estrangeiras na sua própria pátria.
    Ora, a Internet, em especial a blogosfera, pode aglutinar essa insatisfação em torno de uma conversação acerca do mundo. Nisso reside a potencialidade negativa da Internet: funcionar como palco virtual da cidadania mundial que exige a mudança social qualitativa.

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  53. Cyberamigos

    Este post está concluído, embora a sua temática vá ser retomada e aprofundada num novo post, "Internet e Cidadania Mundial". Acrescentei algumas ideias clarificadoras da tese que apresento, de resto sublinhada em negrito e presente na epigrafe que refere Kant.

    Adicionei o blogue do nosso amigo mais recente, Goggly: "Guerra e Morte", repleto de textos muito profundos.

    Na blogosfera, a política dos links significa estabelecimento de elos de amizade: uma constelação de nós entregues a uma conversação permanente sobre o mundo, aquilo a que chamo cyberfilosofia ou filosofia mundial: pensamento que assume responsabilidade pelo mundo.

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  54. Denise,

    Adoro a Symphonie Fantastique do senhor Berlioz, e é tão rica em texturas, que só poderão desencadear belas viagens da imaginação!

    E uma alma sensível e generosa poderia imaginar as almas dos seus amigos a animarem-se pelos movimentos da composição!

    A Denise é realmente muito atenta e amável, que até se lembrou da minha rainha-mãe que faz hoje anos!

    Agradeço e dedico-lhe a minha valsa preferida, Waltz #2 Jazz Suite de Shostakovich
    para dançar, dançar, dançar e viver e morrer e renascer dançando!

    Um CyberAmplexo!

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  55. Francisco,

    Obrigada! E parabéns pelo aniversário dos seus blogues e pelo trabalho que tem vindo a realizar através deles!

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  56. Papillon

    Hoje mais parece uma valsa! Pensei que ia fazer uma crítica... Entrei em depressão racional: pensamento a fluir constantemente. :(

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  57. Finalmente de volta ao meu computador! Este teclado acentua as palavras :)
    Francisco, acabei de ler o seu último texto. Gostei muito dele.
    "A Internet é, portanto, potencialmente uma tecnologia da libertação que convida todos os mortais a dialogar acerca do mundo que os oprime e os exclui".
    Seu texto demonstra que é possível, por meio da Internet, submeter o obscurecimento do mundo metabolicamente reduzido às riquezas da philia e da troca de idéias.
    A Internet vista como uma tecnologia da libertação é um fenômeno novo para mim. Antes de freqüentar este blogue, não acreditava na possibilidade de fazer da Internet uma arma contra a banalização do mundo e do ser humano.
    A concepção de emigração interior é muito bela. Vejo-a com bons olhos.

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  58. Francisco, nunca vi uma depressão racional gerar frutos tão grandiosos :)

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  59. André

    Os meus médicos ficam doidos com as minhas depressões racionais: submetem-me a ressonância magnética e TAC, mas não descobriram nada. De resto, é uma sensação desagradável, porque fico paralisado com o fluir do pensamento e tento fugir de mim mesmo, do mundo, enfim de tudo mas sem sucesso: está tudo dentro do pensamento.

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  60. Sim, a Internet é potencialmente uma tecnologia libertadora, porque foi criada assim pelos seus criadoreas. Mas começam a surgir tecnologias de controlo (cookies, passwords e processos de autenticação), tecnologias de vigilância e tecnologias de investigação, as quais usam encriptação, e com as quais lidamos constantemente. Porém, acredito no potencial negativo da Net: muitos utilizadores usam-na para fugir ao mundo mas acabam por ser contactados e tocados, porque a rede é um espaço social.

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  61. Esta sua depressão racional é muito misteriosa. Mas, mesmo sob o efeito dela, você consegue produzir.

    Também acredito no potencial negativo da Net. Este é muito fácil de verificarmos.

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  62. Francisco,

    Eu sou uma valsa.
    Lamento pela sua depressão racional. :(

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  63. Este mês vou ver se edito um post já feito sobre bloscience para rematar este tema.

    Sim, a philia como conversação que une os cidadãos da polis, neste caso os cibernautas, é o oposto da conversa íntima a la Rousseau. Ora, a Internet é conversação e esta conversação torna o mundo humano. Da philia vamos por este caminho à philantropia: a vontade de partilhar o mundo com outros homens. A philantropia opõe-se à misantropia dos homens metabolicamente reduzidos, incluindo sobretudo os lideres que, com o seu economicismo, excluem os outros da partilha hospitaleira do mundo sem alegria.

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  64. É evidente que esta concepção libertadora da Internet, em especial da blogosfera, é um projecto político de sedução on-line. Nem todos os utilizadores da Net são capazes de libertarem-se da condição metabolicamente reduzida: são os utentes vagabundos, turistas e jogadores da Internet. Os seus blogues são refúgios de um self perdido para o mundo: conversa íntima.

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  65. Sobre este tema das possibilidades da Internet, já o discutimos por variadas vezes.
    A fuga ao mundo que constitui a Internet é, realmente, uma falsa fuga, pois aqui é possível estabelecer relações e criar mundos possíveis e negá-los simultaneamente.
    Por aqui se reunem terroristas e artistas, investigadores e cidadãos e o anónimo líquido e amorfo.
    Já lhe dei também a minha opinião, e reitero-a: a internet pode constituir um meio eficiente, mas como fim, o seu dividendo é nulo.

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  66. Papillon

    Porém, a nossa vida está cada vez mais ligada à Internet: vivemos numa sociedade em rede e a economia e o trabalho dependem cada vez mais da Internet. E a cultura também: a cyberphilosophy visa dar conta disso e combater as possíveis evasões ou alienações.
    Assuntos a debater; penso que a Internet traz uma mais-valia indentitária e não só às nossas interacções face to face quotidianas.

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  67. Não vejo a Internet como órgão vital e independente.
    Sou uma nihilista da Internet: o meu blog, que não é uma "conversa íntima", pois não tem íntimo - sendo que íntimo significa o que me é mais profundo - , espelha a mudez, o intraduzível, o nada, a pura negação de quem já não espera nada do mundo e que já não tem força para condensá-la num grito.
    Penso que a Internet possibilita ao ser-rastejante apegar-se ainda mais ao chão e à lama.
    E eu consigo ainda erguer-me de cócoras e rir...

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  68. Papillon

    Vejo o seu blogue como uma provocação que convida à reacção. E não é uma conversa íntima.

    Sim, é mesmo em Rousseau que penso quando critico a concepção de amizade como conversa íntima com "amigos". Esta é uma concepção/prática frequente entre animais metabolicamente reduzidos, com a fiferença de que agora se partilham infelicidades em monólogos opostos uns aos outros em registo de gritaria.

    Esta falsa intimidade está ligada à misantropia: o homem metabolica/ reduzido não partilha alegremente o mundo com outros; fala de si mesmo como se fosse o centro de alguma coisa. Já não se conversa sobre o mundo: este individualismo é falso, porque não há self mas algo "devorador".

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  69. Porém, reveja as suas palavras:

    "(...) o meu blog, que não é uma "conversa íntima", pois não tem íntimo - sendo que íntimo significa o que me é mais profundo - , espelha a mudez, o intraduzível, o nada, a pura negação de quem já não espera nada do mundo e que já não tem força para condensá-la num grito."

    Papillon, quem assim fala está a dar um grito, até porque estamos a conversar. Quem não espera nada do mundo, refugia-se nalgum nicho da Internet e acaba por ser descoberto por outro fugitivo. Trava-se um diálogo entre fugitivos e esse diálogo mostra ou exprime insatisfação com o mundo tal como o conhecemos: é protesto contra a ordem estabelecidade. E é também sonhar para a frente com um mundo melhor. A Internet é política de oposição. Por isso, os Estados procuram regulamentá-la...

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  70. Francisco,
    Não me zanguei. Estou a meditar…
    Estou a praticar o que diz no seu post:
    Imigração interior. Só que é com ‘i’
    Em vez de ser com ‘e’.

    Estou a praticar a misantropia, digamos,
    A tentar emitar Herberto Hélder.
    Veja a babel linguística das minhas últimas publicações.
    Refúgio total.
    Uma espécie de barata escondida atrás de uma caixa de fósforos.

    Já era misantropo das celebrações e solenidades,
    Do cocktail e da vernissage.
    Agora estou a tentar ir mais longe.

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  71. E vou mais longe: o jornalismo manipulativo e as notícias por ele produzidas são pura misantropia, porque fazem da infelicidade dos outros tema de notícia. O mundo que criam é inumano e inóspito.

    Ora, aqui na blogosfera liberta, somos criadores: não precisamos estar submetidos às práticas de agenta-setting dos media tradicionais; criamos a nossa própria agenta e conversamos sobre o mundo. Esta conversa humaniza o mundo. Somos amigos do mundo e da philanthropia. :)

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  72. Fernando Dias

    O conceito de imigração interior com "i" merece estudo. Sim, pode ser associado à misantropia e à fuga do mundo.
    Vi os seus posts... Mas fico feliz por saber que a sua imigração mostra abertura ao mundo, isto é, ao diálogo acreca do mundo. :))

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  73. Penso que esteja a confundir alguns conceitos: "conversa íntima" difere de diálogo. A conversa é mais empática, recíproca, flui entre um interlocutor e o outro de forma equilibrada; o diálogo fundamenta-se logicamente e o desiquilíbrio é provocado, fazendo com que o discurso tenha de avançar ou recuar, enfim, evoluir.
    Para mim ambas as formas são necessárias à realização de um ser humano.
    Tenho conversas íntimas com amigos que são reveladoras de verdade, tal como o fim expresso de um diálogo. A condição necessária para o sucesso quer na conversa, quer no diálogo é ouvir com atenção; este exercício é difícil e, concordo consigo, é absolutamente defectivo neste nosso mundo. Percebemos que as pessoas são muito precipitadas a chegar a conclusões, é doloroso ter portas e janelas abertas no pensamento, são como chagas que se querem curar a toda a pressa.
    «A toda à brida», é a ordem!

    Por fala em "brida", lembrei-me do Manuel!
    Manuel,
    como vê, mudei de imagem de perfil, mais harmoniosa... ;)

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  74. F. Dias,

    Sempre surpreendente! Também uso o grego no meu blog, como puro jogo de percepção... "intraduzível", mais uma vez.
    Volte sempre, o seu olhar é sempre precioso para nós. :)

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  75. Francisco,

    Daí que eu acabasse a dizer que apesar de ser "ser-rastejante", sou como o escorpião, empunhando a arma para a última estocada... do alto do meu baixo ainda vislumbro algo.

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  76. Papillon

    Neste post recuperei Lessing e ele mostra-se contra todos os axiomas lógicos: afirma a pluralidade de opiniões em vez da Verdade que entrega a Deus. Ora, a conversação que somos enquanto cibernautas não visa a Verdade e procura não utilizar a coerção lógica. Estamos a conversar sobre o mundo.

    Pessoalmente, prefiro os amigos com os quais debato o mundo e não meras revelações psi. Aliás, um amigo é aquele com quem posso partilhar a alegria e não apenas a desgraça, sabendo que ele não me inveja! :)

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  77. Então, não concordo com Lessing. Para mim há possibilidade de haver verdades mais ou menos objectivas, independentemente da perspectiva de cada um. A lógica é estrutural para a Filosofia, e a busca da verdade é o objectivo. Se existe realmente verdade em-si pouco importa, as ideias servem-nos como guias do caminho da verdade.

    Eu falo com os meus amigos, partilhando tristezas, alegrias, e todos os sentimentos intermédios, falando sobre o mundo em geral e sobre os nossos mundos em particular. O exercício da amizade é fundamental para mim.

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  78. Olhe, Papillon

    Vá até Hamburgo e ao seu porto e vai ver que passa a gostar de Lessing...

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  79. Pappy, obrigada pela valsa! É a preferida dos meus filhotes. ;-)
    (Conhece a Valsa da Dor do Villa Lobos?)

    F., espero que esteja melhor da sua depressão racional. Não sei se concordarei em relacionar os blogues intimistas com a condição metabolicamente reduzida. O intimismo ultrapassa-a. É uma forma de auto-reconfiguração. Embora nem todos consigam o salto qualitativo.

    Pappillon,
    O seu blogue é um mistério e muito provocador. Eu gosto muito dele. Mas às vezes não dá para comentar e, outras, os comentários desaparecem!
    Quanto ao exercício da Amizade, penso como a Pappillon. É, para mim, imprescindível.

    E sim, até eu, coração de pedra, sinto saudades, tantas, do meu Vizinho...

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  80. Denise,

    As suas crianças são alegres como eu! ;)

    Não conheço essa valsa! Se tiver em mp3, envie-ma sff: aveugle.papillon@clix.pt

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  81. Não tenho, amiga, mas espreite aqui para ter uma ideia:
    http://br.youtube.com/watch?v=v_r33XTYK28

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  82. Denise

    A Papillon deve estar a comer bolinho.
    Giro as duas meninas serem duas valsinhas.
    Estou num cybercafé a olhar para o mar.

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  83. Não, eu não sou uma valsa. Vou mudando, consoante as cores dos meus dias.
    E o Francisco é um romântico pós-moderno ;-)
    ... também gostaria de estar à beira-rio.... :-(

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  84. Pós-moderno não sou muito; sou mais moderno virado para a frente. Olho o mar, mas o Douro é excessivamente lindo.

    O Porto é banhado pelo rio Douro e pelo oceano Atlântico: estou a olhar para o mar abrigado do vento.

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  85. Mar e rio... mexem com a minha essência.
    Quando fui ao Porto pela 1ª vez fiquei alojada na P da Juventude. Namorei a alma do Douro todas as noites. É lindo. Enche-me o peito de sentimentos que não sei.
    Aqui tenho o mar (o Arade não tem grande poesia). Amo o mar.

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  86. Um ex-camarada de cyberjornada classificou os blogues desta maneira:

    1. blogue tipo "gosto de comer amendoins",
    2. blogue de distracção descerebralizadora,
    3. blogue de exegese erótica,
    4. blogue científico,
    5. blogue político e
    6. blogue comercial directo ou disfarçado).

    Numa perspectiva política, o bloguismo é uma «arma política de grande eficácia».

    Sim, Denise, o Douro é lindo; pena é que as obras em curso não tenham um fim rápido. Os reis da Noruega chamaram a atenção para um facto fundamental: a necessidade de recuperar os edifícios. O Fernando Dias editou uma foto bela do Porto.

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  87. Da Pousada da Juventude tem boa visão do Douro? Curioso, nunca entrei na P. da Juventude. Daí vez a foz do Douro, a outra margem mas dificilmente vê a Ribeira.
    O Douro é lindo quando o acompanhamos até Espanha e à sua nascente. As vinhas..., as pontes..., as paisagens rebeldes... Já foi à Régua?
    Também já fiz esse percurso de comboio.

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  88. Denise,

    Que belíssima peça de música! Infelizmente a gravação é péssima, mas vou já à procura de melhor!

    O meu blog é do tipo número 2.
    "Exegese erótica"... :))) muito bom!

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  89. Papillon

    O meu blogue é mais dos tipos 4 e 5, embora trate de sexo.

    Zucka-zucka, zucka, zucka, zuca-zucka-zucka, zuckaaaaaaaaa...

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  90. Sim, os seus blogues são científicos e/ou políticos. O meu é de distracção descerebralizadora. O do Manuel é científico e político. O da Denise é uma mistura vária.

    "Exegese erótica" são os blogues (geralmente de mulheres) que descrevem as aventuras sexuais, reais ou imaginárias, das próprias autoras...

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  91. Prefiro não colocar nenhuma etiqueta no meu. Criei-o influenciada pelo blogue Felizes Juntos e por tudo o que aprendi com a Profª Paula Morão acerca de Intimismo e Autoficção. Divirto-me com o meu blogue, entre a parvalheira disparatada, as tentativas literárias e algumas reflexões mais sérias. Mas do que eu mais gosto é das amizades virtuais que se foram consolidando bem reais.

    ESta noite estou com insónias e vou adiantar a encomenda do F.
    Durmam bem!

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  92. (Amanhã vou conhecer e almoçar com uma amiga leitora do meu RG. Na Galé. Onde fica a Galé? Acho que me vou perder...)

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  93. Denise

    Galé é o nome de uma cadeia de hotéis, suponho. Pelo menos, há um no Porto...
    Ok, depois vou ver a "encomenda". Agora doi-me a cabeça: devia ter tomado mais um café.

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  94. Caro amigo,

    Só agora - depois da ablução vispertina - dei conta da referência ao Guerra e Morte no seu comentário. Agradeço-lhe encarecidamente. Acontece porém que o blogue está a passar por uma crise sintomática própria dos marginais consumidos pelo flagelo dos espíritos enfermos. Neste somenos, agradeço que passe em revista alguns dos contos que foi possível partilhar convosco - marginais ou simples almas devotas -, nomeadamente o «Filho atribulado», que gerou bastante controvérsia entre os leitores mais curiosos e argutos. Ao abordá-lo, não estou a discorrer com vaidade - longe disso; apenas lhe estou a anunciar o mundo dos homens ameaçados pela superstição e credo - algo que muito tem dilacerado os seus espíritos. Gostava de partilhar com o caro amigo outras abordagens ao tema do Guerra e Morte - um contributo para a insígnia russa -, mas por ora deixo o meu apreço pela sua compreensão.

    Seu amigo,
    Goggly

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  95. Obrigado Goggly

    Amanhã vou ler "O filho atribulado". Afinal, já li e gostei das suas capacidades literárias.

    Abraço

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