Roger Penrose |
Roger Penrose é um físico matemático que escreveu duas obras filosóficas, onde expõe a sua teoria da mente. Mas a sua teoria da mente não está completa: o seu alvo principal é a teoria da inteligência artificial que Penrose deseja destronar. Para compreender a sua teoria da mente, convém definir a posição teórica de Penrose no quadro da física: Penrose acredita que há uma teoria física fundamental capaz de unificar a mecânica quântica e a teoria da relatividade geral. Penrose e os seus alunos tentam produzir essa teoria fundamental a partir da teoria do twistor, segundo a qual os processos são fundamentais e as coisas que existem são secundárias: as entidades fundamentais do mundo não são os acontecimentos do espaço e do tempo mas os processos em virtude dos quais existem as coisas. Ora, nesta perspectiva, a mecânica quântica tem de ser modificada para se acomodar aos efeitos da gravidade, e não o inverso, como defende a maioria dos físicos que acreditam que a mecânica quântica tal como existe é essencialmente correcta, modificando a relatividade geral para algo como a gravidade supersimétrica ou a teoria das cordas. O cepticismo de Penrose em relação à mecânica quântica leva-o a navegar contra a corrente predominante na física.
A teoria da mente de Penrose - tal como é exposta no seu livro Shadows of the Mind, de resto uma continuação do livro anterior The Emperor's New Mind - compreende duas partes: a primeira tenta mostrar que o pensamento consciente é algo diferente da computação; a segunda tenta investigar o que se passa. Ou melhor, na primeira parte, Penrose utiliza uma variação da famosa prova de Gödel sobre a incompletude dos sistemas matemáticos para tentar provar que nós não somos computadores e que não podemos ser simulados em computadores. Ora, com o uso desta prova, Penrose tenta mostrar que a teoria da inteligência artificial - tanto a sua versão forte como a sua versão fraca - é falsa. Afinal, foi a visualização do programa televisivo Horizon, em especial a participação de Martin Minsky, que levou Penrose a escrever os seus livros, para mostrar que há um ponto de vista científico alternativo ao paradigma da computação. Na segunda parte, Penrose expõe extensamente o teorema da incompletude de Gödel e a mecânica quântica, destacando as variáveis ocultas, o teorema de Bell e o paradoxo de Einstein-Podolsky-Rosen, para demonstrar como uma teoria quântica do cérebro poderia explicar a consciência de uma forma que a física clássica não seria - nem é - capaz. Para Penrose, não somos capazes de explicar a consciência - nas suas relações com o cérebro e o computador - sem termos previamente compreendido as implicações do teorema de Gödel e da mecânica quântica para o estudo científico da mente. A sua noção de que a consciência está de algum modo ligada à gravidade quântica, o que equivale à incorporação da gravitação da relatividade geral de Einstein na teoria de campo quântico, escandalizou os seus colegas da física das partículas. Sem uma nova física - entenda-se: uma mecânica quântica não-computacional - não podemos compreender a consciência humana, cuja característica fundamental é a sua não-computabilidade. A tese fundamental de Penrose afirma que o cérebro consciente não é computacional: o cérebro não é exactamente um computador quântico. Para explicar esta ideia seminal, vou enunciar teses filosóficas.
Tese 1: A mecânica quântica tal como existe não é exacta. (:::)
Tese 2: O cérebro consciente não é um computador, nem sequer um computador quântico, tal como esta ideia foi definida por David Deutsch ou Richard Feynman. (:::)
Tese 3: O nível mais profundo onde devemos descobrir os efeitos quânticos é muito provavelmente o sistema de microtúbulos situado no interior dos neurónios. (A doença de Alzheimer pode ajudar a compreender esta estranha tese avançada por Stuart Hameroff.) (:::)
Em construção. J Francisco Saraiva de Sousa
A teoria da mente de Penrose - tal como é exposta no seu livro Shadows of the Mind, de resto uma continuação do livro anterior The Emperor's New Mind - compreende duas partes: a primeira tenta mostrar que o pensamento consciente é algo diferente da computação; a segunda tenta investigar o que se passa. Ou melhor, na primeira parte, Penrose utiliza uma variação da famosa prova de Gödel sobre a incompletude dos sistemas matemáticos para tentar provar que nós não somos computadores e que não podemos ser simulados em computadores. Ora, com o uso desta prova, Penrose tenta mostrar que a teoria da inteligência artificial - tanto a sua versão forte como a sua versão fraca - é falsa. Afinal, foi a visualização do programa televisivo Horizon, em especial a participação de Martin Minsky, que levou Penrose a escrever os seus livros, para mostrar que há um ponto de vista científico alternativo ao paradigma da computação. Na segunda parte, Penrose expõe extensamente o teorema da incompletude de Gödel e a mecânica quântica, destacando as variáveis ocultas, o teorema de Bell e o paradoxo de Einstein-Podolsky-Rosen, para demonstrar como uma teoria quântica do cérebro poderia explicar a consciência de uma forma que a física clássica não seria - nem é - capaz. Para Penrose, não somos capazes de explicar a consciência - nas suas relações com o cérebro e o computador - sem termos previamente compreendido as implicações do teorema de Gödel e da mecânica quântica para o estudo científico da mente. A sua noção de que a consciência está de algum modo ligada à gravidade quântica, o que equivale à incorporação da gravitação da relatividade geral de Einstein na teoria de campo quântico, escandalizou os seus colegas da física das partículas. Sem uma nova física - entenda-se: uma mecânica quântica não-computacional - não podemos compreender a consciência humana, cuja característica fundamental é a sua não-computabilidade. A tese fundamental de Penrose afirma que o cérebro consciente não é computacional: o cérebro não é exactamente um computador quântico. Para explicar esta ideia seminal, vou enunciar teses filosóficas.
Tese 1: A mecânica quântica tal como existe não é exacta. (:::)
Tese 2: O cérebro consciente não é um computador, nem sequer um computador quântico, tal como esta ideia foi definida por David Deutsch ou Richard Feynman. (:::)
Tese 3: O nível mais profundo onde devemos descobrir os efeitos quânticos é muito provavelmente o sistema de microtúbulos situado no interior dos neurónios. (A doença de Alzheimer pode ajudar a compreender esta estranha tese avançada por Stuart Hameroff.) (:::)
Em construção. J Francisco Saraiva de Sousa
8 comentários:
Cara, essa semana devo postar algo sobre essa Maravilhosa F.Q!
Quanto a Penrose, me apaixonei mais ainda, por ele, qdo li A MENTE NOVA DO REI! Excelente!
Um abração e ficarei no aguardo!
Maria-Estrela Lunar Amarela
Olá Maria-Estrela! Aguardo tb! :)
Há uma hipótese metafísica que merece ser pensada para clarificar a questão da morte: Conceber Deus como memória infinita que alienou a sua majestade quando criou o mundo. Nesta perspectiva, a nossa identidade individual não morre, dado participar da memória infinita de Deus. Porém, coloca-se outro problema: conservamos a nossa individualidade ou submergimos na memória divina. Esta hipótese é sedutora porque livra Deus da responsabilidade pelo mal do mundo: Deus-memória infinita é "impotente"; ele aguarda que o homem o resgate.
Por que sou tão irónico? Herdei a ironia de Sócrates, provavelmente. Porém, tenho outra justificação: a ironia é o meu modo de ser entre os mortais. E por vezes a minha ironia tem uma tonalidade agressiva: ao partilhar a hipótese metafísica - Deus-memória-infinita - com os moçambicanos, fui lúcido confrontando-os com a inutilidade de uma memória destruída. A ironia dissolve mundos e cria outros mundos mais saudáveis. Gosto de rir dos homens e da sua caducidade!
Amo almas metafísicas e, se todas as almas que conheço estivessem a salvo da morte, não desejo coabitar com elas noutra dimensão: Que inferno de eternidade seria "viver" com almas fragmentadas e idiotas!
O Facebook não é saudável para pessoas que sofram determinadas perturbações mentais, como por exemplo a depressão: a identidade virtual adoptada pode assumir uma dimensão egocêntrica exagerada que não corresponde ao perfil da pessoa na vida real. O resultado desta clivagem é um perfil absolutamente tirânico e intolerante. A vida online é alienação...
Vou usar outra imagem para retratar a nossa existência virtual: o nosso perfil é por vezes possuído por estranhas criaturas que na vida real exorcizaríamos. Este fenómeno de possessão virtual deve-se talvez à fome do nosso ego e corremos o risco de explodir de tanto inchar.
Eheheeee... Nada é mais eficaz para afastar pessoas indesejáveis do que os momentos de lucidez: a maioria tende a ser zombie e foge do pensamento como o diabo da cruz. Querem rir mas rir de quê? Da sua vida vazia e idiota?
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