domingo, 11 de agosto de 2013

Mais uma Supertaça para o FCPorto


Dragon Force: FC Porto e Ferroviário de Maputo.
Geografia Mundial do FCPorto

PAULO FONSECA: "O Futebol Clube do PORTO reforçou o estatuto de clube com mais títulos em Portugal".

127 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Há uma grande diferença entre mim e os portistas das páginas azuis e brancas: Eles perdem muito tempo a gozar com o "lampião" (Boifica), ao passo que eu nem sequer o nomeio. Sei que a disputa é saudável para reforçar o espírito blue-dragon; porém prefiro falar do clube do regime, cujo símbolo é uma águia nazi.

Vejam fotos das reuniões nazis em Nuremberga. Eis o espírito encarnado. E com políticas nazis não alinho...

Inacreditável: tantos homens que quiseram ser enganados por um líder brilhante. Hitler fomentou a demografia de um modo simples: juntando os jovens em campos de férias; as raparigas engravidavam e as mães solteiras eram as "esposas" de Hitler. Mas naquela altura ele soube cativar as mulheres para que parissem.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hoje acordei a detestar tudo. Detesto o mês de Agosto, detesto o calor, detesto ter os ouvidos alugados, detesto o ruído da cidade, detesto as rotinas diárias, enfim detesto Portugal.

Portugal é um país sem encanto. O desencanto português - associado à decadência política - encolhe o nosso horizonte de expectativas, como sucede nas situações de perda e de luto: o mundo encolhe, nós encolhemos, a vida encolhe e, acima de tudo, perdemos a esperança: Portugal rouba-nos a vida, mutila-nos e priva-nos da alegria de viver. Portugal é o país mais feio que conheço.

Quando sentimos o mundo a encolher só há uma saída: Lutar por uma causa radical que faça ruir o inimigo. Ora, como o inimigo é Portugal, a causa só pode ser reinventar o Norte e a Cidade do Porto, dando-lhe autonomia completa, novo nome, nova bandeira, novo hino. Enfim, nós precisamos criar o nosso próprio país e lutar pelo futuro.

A decadência estrutural de Portugal priva-nos de novas experiências, tornando a nossa vida monótona sob o jugo da colonização de Lisboa. Ora, para sairmos da caverna opressora que é Portugal e olharmos para um novo mundo, é necessário romper violentamente o contínuo que nos amarra a um país feio. Períodos de violência ousada, radical e revolucionária permitem-nos desfrutar a vida, saborear a vida: Um Terceiro Estado Ibérico é a solução para as nossas angústias.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Mais um dia para viver. Whitehead foi um filósofo optimista ao atribuir à razão a tripla-função: viver, viver bem, viver melhor. Mas como podemos viver sabendo da existência do inferno?

Os protestantes americanos travam uma luta de vida ou morte contra o catolicismo. Nunca ninguém se lembrou de denunciar o espírito saloio que habita nesse protestantismo das trevas: os americanos são bombásticos e profundamente ridículos. Num país onde tudo é negócio não há alma: o inferno é a morada derradeira dos dolar-alucinados. A América nunca teve verdadeiramente alma: eis a verdade!

Horkheimer e Adorno nunca se sentiram em casa durante o seu exílio americano: a sua pátria era a língua alemã. A América é inferno que se globaliza matando toda a esperança. O pensamento americano é basura.

Somente homens anglo-saxónicos seriam capazes de imaginar um documentário com o título: O Preço da História. Os documentos e artefactos do passado adquirem um preço para serem vendidos no mercado das velharias históricas. Ora, não há concepção mais anti-histórica do que esta: A América não tem história.

Lá onde a propaganda diz reinar a liberdade e a democracia reina a mentira oficial: A América é uma tremenda mentira. E a mentira reina sozinha porque não há verdadeiramente oposição.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O romantismo alemão infiltrou-se nos meus circuitos neurais e domina o meu espírito, cuja lucidez consiste em usá-lo para tentar dizer a verdade do mundo ao mundo. É preciso muito treino mental para usar o romantismo alemão para desanuviar o actual ofuscamento sem ser tentado pelo totalitarismo germânico. Sim, todo o pensamento encobre uma tentação totalitária. A arte é estar: pensar sem ceder à tentação totalitária do pensamento.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O idealismo é a fúria do pensamento que tenta apropriar-se do mundo sabendo que sempre-já foi vencido pela materialidade do mundo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Aposto na possibilidade de reescrever a História da Filosofia em moldes radicalmente novos, desde que se saiba dialogar produtivamente com Marx e as figuras da dialéctica. A experiência acumulada permite-nos libertar a Filosofia de muitas quimeras: ao definir o idealismo como fúria do pensamento que procura em vão dissipar a realidade material do mundo, tento ir mais além da dialéctica idealista sem me comprometer com um projecto político definitivo.

Eu nunca fiz a apologia de nenhum regime ou país: Sou anti-sistema! E não sigo modas e manadas de bois. Limito-me a pensar na minha autonomia e independência. Não tenho mestres nem pertenço a escolas: a minha arte consiste em quebrar prisões.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Algures, nos USA, um avião caiu na floresta, o avião incendiou-se e o piloto ficou a arder. E, já no hospital entre a vida e a morte, viu a mancha negra do Inferno. Agora é pastor protestante que apregoa a doutrina do Inferno. Podemos negar a existência do Inferno? Já vivemos no inferno. Outro inferno eterno é um pesadelo!

A Doutrina Calvinista da Predestinação diz que só Deus pode salvar alguns homens do Inferno. Sempre dei alguma credibilidade a esta doutrina protestante. Afinal, os homens merecem mesmo penar no inferno eterno. Espero ser um eleito de Deus!

A filosofia é o que nos resta depois de termos sido expulsos do paraíso.

Há imagens de pensamento que resistem à força dissolvente do tempo: o mito da caverna de Platão ou a expulsão bíblica do paraíso são duas dessas imagens que alimentaram o pensamento ocidental. Elas já foram criticadas mas ainda vivem entre nós moldando a nossa maneira de ver o mundo. A sabedoria consiste em repensá-las sem as abandonar.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A concepção que as mulheres têm dos homens: "Se fosse homem - dizem elas -, resolvia o problema de outra maneira", isto é, quando são incomodadas por um homem, em vez de recorrer à diplomacia, agrediam fisicamente o suposto ofensor. Elas ainda não compreenderam que os homens não resolvem os seus atritos com recurso à agressão.

As pessoas metabolicamente reduzidas detestam a generalização. Ora, ao abdicarem da generalização, não podem pensar. Donde a conclusão terrível: as pessoas metabolicamente reduzidas não pensam tout court.

Porém, olhando de perto, evidencia-se uma patologia cognitiva: as pessoas metabolicamente reduzidas abdicam da generalização sem no entanto descartarem a igualdade identitária. Ora, se todos são iguais, predomina a generalidade totalitária que exclui a diferença. As pessoas metabolicamente reduzidas são animais tirânicos. Daí a sua intolerância exibida nas redes sociais.

O paradoxo do feminismo radical: Quando definimos a antropologia como a ciência do Homem, as feministas acusam-nos de sermos patriarcais ou, como dizem as portuguesas incultas, "machistas". Porém, quando tratamos das diferenças sexuais, comportamentais e cognitivas, entre outras, elas dizem que as mulheres são iguais aos homens. A diferença biológica é anulada no e pelo seu discurso. Interpreto esta incongruência cognitiva como incapacidade feminina para pensar através de conceitos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hoje sou todo anti-sistema: detesto comportamentos de manada. Eu sou livre e não me sinto bem no meio da manada. Precisamos quebrar todos os mitos do nosso mundo e introduzir angústia e inquietação no espírito reduzido das pessoas.

Desde que o sexo se tornou livre, as pessoas tendem a ficar encalhadas na sua solidão e, muitas vezes, privadas de sexo. A sociedade de indivíduos apregoada por alguns é um aglomerado de solidões. Ora, sem contactos sociais ricos, a mente isola-se e atrofia-se. A miséria torna-se mental, cognitiva, emocional e social.

A civilização opera uma tal domesticação do homem que se priva da sua própria base: o homem domesticado pela civilização torna-se mais animal do que humano. Ora, quando o homem se priva da sua humanidade a favor da sua animalidade, só há uma via biológica e social saudável: aproveitar o momento para moldar uma nova humanidade. Um período regressivo pode conduzir a um avanço através da violência.

Como é evidente, nesta longa transição, há grupos inteiros de homens que se perdem, mas a perda não é importante: o que conta são as forças vitais da nova humanidade. Hoje a humanidade é supérflua: Hitler sabia bem o que isso significa.

O que é a Grande Política? Precisamente a capacidade de renovar o mundo sem recuar perante as tempestades. É certo que não temos grandes líderes políticos, mas vivemos o momento oportuno para realizar mais uma grande mutação política do mundo: a democracia é inadequada para orientar tal transição.

Platão serviu-se de uma psicologia que funcionava como base realista da sua filosofia política. Aí reside o seu mérito... democratizar a psicologia desfigurou a própria democracia. A democracia que conhecemos é um travesti.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Democracia, Cidade e Filosofia estão intimamente ligadas entre si: a Filosofia surgiu nas cidades que partiram à conquista da democracia. Porém, apesar de reconhecer este facto histórico e civilizacional, sei que hoje a democracia é incapaz de renovar o mundo, sendo ela mesma responsável pelo declínio do mundo. Nestes tempos de crise, devemos procurar outras fórmulas políticas: a democracia generalizada afunda-nos.

A ascensão social do jornalista foi um acontecimento fatídico: o estilo jornalístico minou a cultura superior produzindo um nivelamento assustador. A mediocridade geral é uma criação do jornalismo. O jornalista é o zé-ninguém que usurpou o lugar do intelectual. Nós - agentes culturais - devemos liquidar o jornalismo.

A Razão na sua busca constante pela Universalidade nunca foi popular: a figura do auditório universal deve ser repensada de modo a romper com a massificação do próprio auditório. A Filosofia não é popular, até porque despreza o conhecimento popular.

A massificação é avessa à Filosofia e à Civilização que ela ajudou a moldar. Quem conheça a história da Filosofia sabe que ela já travou lutas de vida ou morte contra determinadas servidões. Lutou contra a servidão teológica e hoje deve lutar contra a servidão comunicacional: o jornalismo corrompe o pensamento e a política. Uma sociedade livre é aquela que dispensa o jornalismo e a comunicação social.

Uma questão que as pessoas colocam constantemente: Para que serve a Filosofia? Ora, a questão revela estupidez: os idiotas que desfrutam os benefícios da Civilização Ocidental não sabem que eles resultaram da intervenção da Filosofia na Política. A Filosofia pensou todos os grandes acontecimentos que moldaram a nossa civilização e os heróis cultivaram a sua mente escutando as palavras dos filósofos. A actual decadência política deve-se ao facto da comunicação social e dos seus agentes terem usurpado o papel do filósofo. Daí que não haja grandes políticos. Aliás, os grandes políticos não podem formar o seu pensamento lendo jornais. Chegou a hora de liquidar os jornalistas!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quem não conhece uma amiga deste tipo enfadonho: Uma mulher que busca compulsivamente ser o centro da vossa atenção, reagindo mal aos estímulos ambientais, sobretudo humanos. Criaturas deste tipo enfadonho acabam por ser indesejáveis: olhamos e vemos um monstro!

Eu tento contribuir para melhorar o mundo, tanto na vida real como na vida on-line. Porém, tenho constatado que há muitas pessoas mentalmente perturbadas ou mutiladas. De facto, não podemos melhorar o mundo com pessoas de mente fechada e bloqueada.

Como é que uma pessoa feia se pode achar bonita? Não percebo este fenómeno de exibição de fealdade!

Deus não abençoou todos com a beleza, a bondade e a inteligência. Há belos e feios. Há bons e maus. Há inteligentes e burros. E - acima de tudo - há loucos e monstros. Deus não gosta de todos da mesma maneira e, tal como qualquer ser inteligente, ama uns e odeia a maior parte.

Um amigo gay queixou-se das traições do namorado e dos "amigos". Ouvi sem dizer nada mas não resisto a este comentário: a maior parte dos homens gay são latrinas ambulantes. A amizade e a lealdade não podem florescer num sub-mundo sexualmente promíscuo.

Olhando para a realidade de hoje, podemos compreender as proibições do passado: mulheres livres para quê?, homossexuais livres para quê? animais livres para quê? De facto, nenhum destes grupos libertados trouxe mais-valia ontológica ao mundo; pelo contrário, o mundo é hoje uma latrina.

Não considero nada higiénico ter animais em casa. Os dias de calor revelam os cheiros que se escondem dentro das casas das pessoas que têm animais. Eu não conseguia viver num tal ambiente nauseabundo. E muito menos comer com o cheiro da latrina animal.

Um amigo brasileiro deu uma tareia na namorada e atirou com o gato do 6º. andar. Compreendo-o e dou-lhe razão.

Todos falam da violência doméstica sem compreender as suas razões!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A obra "A Sociedade Aberta e os seus Inimigos" de Popper é mais conhecida do que "O Mito do Estado" de Cassirer: ambas procuram explicitar as condições que tornaram possível o totalitarismo. Prefiro claramente a obra de Cassirer pela sua erudição filosófica e pela abertura dos seus argumentos.

Cassirer é um homem liberto dos medos femininos de Popper, e conhece muito bem a evolução do pensamento filosófico. A sua consciência penetrante da modernidade permite-lhe escrever uma excelente introdução à filosofia política, acompanhando a par e passo a explicitação da teoria do Estado. O único pecado de Cassirer é a quase omissão do pensamento de Marx que Hannah Arendt soube destacar. Todas as obras têm as suas próprias limitações. A transição do culto do herói ao culto da raça está bem pensada.

Infelizmente, Cassirer morreu antes de concluir a obra: ele estava ciente da técnica dos mitos políticos modernos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

«Que pode a Filosofia fazer para nos auxiliar na luta contra os mitos políticos? Os nossos filósofos modernos parecem ter abandonado há muito toda a esperança de influenciar o curso dos acontecimentos políticos e sociais. (.../...) Isso é uma contradição com o que nos revela a história da Filosofia. Os grandes pensadores do passado não eram apenas "o seu próprio tempo traduzido em pensamentos" (Hegel). Muitas vezes tiveram de pensar contra e para além dos seus tempos. Sem essa coragem moral e intelectual, a Filosofia não poderia preencher a sua finalidade na vida cultural e social do homem» (Cassirer). Os filósofos não podem ser homens frouxos e impotentes, como sucede no nosso tempo deficiente em masculinidade.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os portugueses são vampiros cognitivos. Eles pensam que, ao apropriar-se das leituras dos outros, se apropriam da sua mente cognitiva. Mais um marcador da sua idiotice cultural...

O português é um ser maldito.

Quando investiguei os comportamentos sexuais, obtive esta resposta na rubrica das preferências sexuais: "Chuva Dourada". Ora, tais respostas levaram-me a aprofundar o assunto: o erotismo urinário. Depois o erotismo fecal e assim sucessivamente...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quem queira aprender Filosofia deve cagar para os manuais escolares e para os professores de Filosofia: A Filosofia aprende-se frequentado as obras dos grandes mestres. Argumentar à "Murcho" não é filosofar: a Filosofia opõe-se à impotência e a tudo o que está murcho. A Filosofia é hiper-potência...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não admiro a companhia de homens duplamente impotentes: sexual e cognitivamente. Um homem que reduza a sua masculinidade ao aspecto musculoso do corpo - a barbie-masculina - é uma menina abonecada: a sua mente vai-se atrofiando à medida que cresce a sua massa muscular. No final, já não há nada para ninguém: nem homem nem pénis.

Situação paradoxal: as pessoas quando estão num lugar público, rodeadas de outras pessoas de carne e osso, em vez de comunicar com elas, estão atentas ao FaceBook. As que andam à procura de parceiro sexual perdem a oportunidade de o encontrar. Pode acontecer-lhes o seguinte: uma mulher gorda "apaixona-se" por um "lingrinhas" da Suiça, casam-se e, ao fim de dois meses, estão divorciados.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

As classificações são fundamentais para estruturar uma sociedade. Actualmente, na escala das preferências sexuais, temos de tudo: homens-musculados, homens-ursos, homens-depilados, etc. Todos eles recusam a classificação alegando que classificar é estigmatizar. No entanto, eles criam minorias em torno das suas preferências sexuais. Ora, as épocas que privilegiam o corpo em detrimento do espírito cognitivo são épocas decadentes.

Quando Ortega y Gasset criou a sua psicologia histórica, ele tinha razão em dizer que o seu tempo era o do mancebo jovem e atlético. Actualmente, vivemos uma época de envelhecimento onde os jovens são bens escassos. Porém, a sua psicologia histórica é desmentida por este facto: a época da velhice não é necessariamente uma época do espírito cognitivo. A nossa situação é muito preocupante: o espírito ausentou-se do mundo, tanto do mundo jovem como do mundo dos mais velhos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Se quisermos construir um mundo melhor, não podemos continuar a prolongar a vida dos indivíduos mais idosos. O prolongamento da vida é contra-utópico. Ao contrário do que se diz, a vida deixou de ser o valor-supremo: prolongar a vida é matar os ainda-não-nascidos, com os quais se renova o mundo. A vida nunca pode ser um valor e muito menos o valor-supremo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Farto-me de rir quando me acusam de ser "um cientista sem ética". Eu tenho uma ética em estado prático que colide com o ambiente de irresponsabilidade vigente. Como disse ontem, sou anti-sistema.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Como é difícil definir a Filosofia! Um jornalista palerma da praça pública identificou-a com o "subjectivo". Ora, a Filosofia não é conhecimento subjectivo, embora a sua apropriação permita aprofundar a formação da subjectividade do homem. A dificuldade exibida pelos portugueses em apropriar a Filosofia reside na sua subjectividade frágil e embrutecida. Quase poderíamos dizer: o português típico carece de subjectividade, sendo o seu interior igual ao seu exterior.

Aristóteles é mais radical do que Platão na questão da escravatura. A necessidade da escravatura é explicada pela desigualdade entre os homens: uns nascem livres, outros nascem escravos. A escravatura não é uma convenção, mas algo enraizado na natureza. O mesmo raciocínio pode ser aplicado aos povos: uns nascem livres, outros nascem escravos. O povo português que é incapaz de se governar a si próprio é escravo de biografias privilegiadas.

A imbecilidade natural do português leva-o a idolatrar o líder totalitário.

Abandonado por Deus, o português nasceu com um rótulo na cabeça: "Escraviza-me".

O que é o Fado? O destino de um povo que nasceu fatalmente escravo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quando me dizem que sou o Nietzsche português, esboço um sorriso de desprezo. Eu sou infinitamente mais radical do que Nietzsche e não vacilo: a minha tarefa é demolir Portugal.

«Não saias de ti próprio, volta para ti, é na essência interior do homem que reside a verdade»: Santo Agostinho partilha o núcleo duro da teoria do conhecimento de Platão. Porém, quando introduz a transcendência, opera uma mudança radical no método dialéctico, tanto socrático como platónico. Mas a teoria da iluminação de Santo Agostinho é paradoxal e não pode ser explicada por processos racionais.

Quando realizei um estudo sobre Santo Agostinho, tentei explicá-la racionalmente e fiquei desiludido. Hoje sou mais democrático e continuo a apreciar a presença de Santo Agostinho.

Heidegger tentou deslatinizar a Filosofia, minando um dos seus conceitos nucleares: a "Humanitas" - ideal moral e estético - que se converteu no poder organizador e ordenador da vida pública e privada de Roma. Como o termo não tem equivalente na língua grega, movido pelo meu anti-humanismo teórico, acompanhei de longe Heidegger. Hoje, quando o mundo anglo-saxão tenta varrer o latim da medicina, sou obrigado a reler os autores da Filosofia Latina, em especial Cipião o Jovem, Séneca, Marco Aurélio e Cícero. O estoicismo latino é deveras interessante.

A minha ironia subtil não me permite fazer Filosofia à martelada como dizia fazer Nietzsche. Para mim, há três problemas fundamentais: o do conhecimento do mundo, o do conhecimento do conhecimento e o da vida justa. O meu criticismo herda a tradição e renova-a. Estou alguns passos à frente de Nietzsche!

Há um conceito dialéctico que me salvaguarda da tentação totalitária: a unidade dos contrários. É por isso que rejeito a tentativa desesperada de Popper de fazer de Hegel um precursor do totalitarismo ou da sociedade fechada. Sou demasiado fiel aos mestres gregos e não desarmo perante as contrariedades da vida real.

A minha presença incomoda os eternos candidatos ao conhecimento: desarmo-os e confronto-os com a sua própria ignorância. Coragem de ser é o que não me falta e o que me distingue dos portugueses.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Há um desfasamento entre a realidade social e o pensamento filosófico. No nosso tempo indigente, não faz sentido falar de autoridade ou dominação carismática. Onde não há espírito não há carisma. A autoridade legal que parece predominar carece da força do carisma.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Há um desfasamento entre a realidade social e o pensamento filosófico. No nosso tempo indigente, não faz sentido falar de autoridade ou dominação carismática. Onde não há espírito não há carisma. A autoridade legal que parece predominar carece da força do carisma.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O desfasamento entre realidade social e pensamento não tem parado de crescer desde que os "borregos" tiveram acesso ao mundo da produção teórica. A ascensão social do "borrego" deve ser combatida mediante a elitização avançada da cultura superior.

Pensar o PORTO como Cidade-Estado é uma tarefa nobre. Doravante, vou dedicar-lhe mais tempo: a autonomia é fundamental para o Porto!

Num estudo que realizei das Utopias Renascentistas, procurei mostrar que nem todas elas podem ser identificadas como "utopias da ordem", desenhadas a partir da Utopia de Platão. Há utopias regressivas e utopias progressivas: o seu desenho tanto pode inspirar-se no passado como no futuro desejado. Reconheço que esta problemática da utopia é mais complexa do que parece: a noção de temporalidade é fundamental para classificar as utopias, esses produtos da imaginação produtiva do homem.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não compreendo a suposta alegria que a palavra "férias" parece produzir nas pessoas. Acho que a maior parte das pessoas não sabem desfrutar as férias: "repouso", "descanso", "serenidade" são palavras que não fazem parte do seu vocabulário. O contágio das massas é terrível.

A propósito do projecto Porto-Cidade-Estado, a experiência grega da Polis pode iluminar a teoria da sociedade urbana. O mundo seria talvez mais pacífico se o pensássemos como rede de cidades-Estado, ligadas entre si por alianças. Uma cidade-Estado satisfaz mais a natureza humana do que uma nação-Estado: a língua seria o veículo da federação de cidades.

A maior parte do conceitos da teoria política são gregos, mas a realidade a que se aplicam já não corresponde à experiência grega da Polis. Os portuenses genuínos têm um entendimento da cidadania mais próximo da experiência grega: eles são antes de tudo cidadãos do Porto e desejam participar nos destinos da sua cidade. O amor à Cidade do Porto é uma constante.

Defendi no passado juvenil a inexistência de uma política cristã. Porém, dado o cristianismo ter herdado o ideal estóico na sua versão latina, devo reconhecer que ele contribuiu para a ideia de igualdade fundamental dos homens. (O estoicismo grego é individualista; o estoicismo latino casa filosofia e pensamento político.) Mas esta ideia colide com a origem divina do poder e o princípio de obediência à autoridade temporal, mesmo que tirânica. Quer dizer: a política cristã é inconsequente, tal como surge tematizada na obra de S. Tomás de Aquino.

Séneca condenou a escravatura, elaborando uma teoria da liberdade: o espírito do homem não está sujeito ao poder do senhor. Ele é tão independente e indomável que nem mesmo a prisão do corpo em que se encontra confinado o pode dominar. O espírito conserva-se livre, sui juris.

Somos nós que escolhemos o nosso destino ou é o destino que nos escolhe? A temática da Filosofia passa pela resposta a esta questão primordial. É difícil dar uma resposta conclusiva a esta questão: a experiência da liberdade esbarra contra o destino.

Sempre alimentei o projecto de escrever sobre a teoria política de Maquiavel, mas nunca o realizei, pelo menos de forma sistemática. Hoje acordei a pensar em Maquiavel e na ruptura que ele opera com a teoria medieval do Estado.

Infelizmente, em Portugal, a obra de A. N. Whitehead permanece desconhecida. Embora não partilhe as linhas gerais da sua cosmologia ou mesmo da sua metafísica, aprecio os seus contributos teóricos. Aprende-se muito lendo a sua obra.

Estou chocado com a teoria do homem artificial que é muito popular nos USA e no Canadá. Considerar o homem artificial como um novo estádio da evolução humana é terrível. É certo que certos procedimentos podem ser úteis no tratamento de certas situações clínicas, mas a sua apologia é nefasta. O ideal de prolongar a vida leva o homem à auto-destruição, além de acentuar as desigualdades sociais. Há investigações que devem ser severamente criticadas ou mesmo proibidas.

Chegou a hora de revelar a tendência totalitária inerente à construção dos Estados Unidos: o Homem-Máquina da teoria do homem artificial faz-me lembrar certas experiências genéticas levadas a cabo pelos nazis nos campos de concentração. A experiência americana é a experiência cruel da desigualdade. Ora, esta tentativa de controlar o homem está presente em todo o pensamento americano. Kafka sabia-o.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Estou chocado com a má-fé das pessoas que silenciam a sua voz perante a morte. Toda a reificação é esquecimento: a morte de um homem malvado não pode levar-nos a esquecer as suas más acções praticadas em vida. A Filosofia é esforço de rememoração: um homem deve ser julgado pelas suas acções e a morte não o liberta desse julgamento público.

O mal existente chama-se capitalismo. É impossível fazer uma apologia do capitalismo que, além da exploração do homem pelo homem, está a destruir a natureza. A lógica imanente do desenvolvimento capitalista é destrutiva. A falta de um modelo alternativo viável não justifica a aceitação do capitalismo.

Seria interessante confrontar os apologistas do capitalismo, tais como Aron, com a realidade do capitalismo hoje: o capitalismo está a devorar o mundo. Não consigo imaginar sociedade mais irracional do que a sociedade capitalista.

Nunca houve verdadeiramente uma cultura burguesa, como suspeitavam Hegel e Goethe. Ora, não havendo uma cultura burguesa, como se justifica a privatização do ensino? O que é que o capitalismo quer ensinar nas escolas? O capitalismo olha para o mundo com os olhos gulosos e injustos do lucro: lucro para uma minoria, miséria para a maioria. O que dizer da saúde, da água, e de outros bens essenciais?

O capitalismo cria prosperidade: Esta frase satisfaz o homem-marmita mas não satisfaz o homem que está preocupado com o futuro da aventura humana.

O progresso tecnológico gera desemprego. Ora, temos aqui mais outra contradição interna do capitalismo: Como fazer lucro com o desemprego a aumentar? O Estado dá subsídios de desemprego. Certo, mas fá-lo para ajudar as grandes empresas.

Rousseau tinha razão quando disse: o primeiro homem que se apoderou de um pedaço de terra e disse "Isto é meu" foi o fundador do Estado, entenda-se do poder político dos exploradores e opressores. Hoje vivemos num mundo onde os homens já não podem fugir da exploração: todos os pedaços de terra são privados. Isto é racional? Meia dúzia de bandidos apoderarem-se da natureza?

Os Estados Unidos eram tão democráticos que, no tempo da Guerra Fria, dois economistas marxistas foram afastados da Universidade! O ensino é lavagem ao cérebro...

A verdade é esta: No mundo capitalista de hoje os intelectuais são liquidados e os cientistas são proletarizados...

Não faz sentido fazer descobertas revolucionárias para depois serem privatizadas e comercializadas!

"Comprar o que quiserem": eis o pecado do capitalismo!

Os americanos ficaram chocados com o facto da Fundação Luso-Americana gastar tanto dinheiro em despesas de pessoal e funcionamento. Ora, os portugueses fazem todos a mesma coisa: As causas sociais a que aderem são usadas não para ajudar o causa mas sim para dar emprego, rendimentos extra ou abertura à rede de corruptos nacionais. Em Portugal, tudo é falso, os portugueses são falsos e vendem-se a qualquer preço. Até a adesão ao catolicismo é falsa, sendo usada em benefício próprio. Ora, um Estado nas mãos dos portugueses só pode ser despesista!

Em Portugal, não há esquerda nem direita: há espaços políticos que são usados em benefício próprio. Lá onde houver maior oportunidade de emprego lá se encontram mais candidatos. Não admira que os portugueses estejam sempre a mudar de cor política: a cabeça não pensa, o português é ordinário.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Tenho criticado o estilo de oposição da Esquerda mas agora lembrei-me de uma discussão com um «amigo» de Extrema-Direita que denunciava o "marxismo cultural", rótulo que me aplicava dado estar influenciado pela Escola de Frankfurt. De facto, ele tem alguma razão: a Esquerda abandonou o projecto político marxista para fazer oposição cultural ou política sem vínculo à economia política. Ora, esta viragem da Esquerda deixou-a nua, sem projecto alternativo, deixando o caminho livre ao arqui-inimigo neoliberal. Por isso, hoje coloquei no centro do debate o próprio capitalismo.

No entanto, apesar do meu impulso revolucionário, sou moderado e realista: Conheço bem a dialéctica da utopia e da ideologia para depositar confiança num "happy end"! Alías, finais felizes só se encontram nas telenovelas brasileiras ou na indústria de Hollywood!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Filosofia deve dar voz ao sofrimento dos humilhados e ofendidos, dos explorados e dos oprimidos. A Filosofia que silencia o sofrimento é ideologia que legitima o poder vigente.

Ando cansado da pseudo-esquerda que diz mal de Deus, entregando o céu aos opressores e exploradores. Esta esquerda acéfala ainda não compreendeu que Deus pode ajudar eficazmente na luta contra a exploração e a opressão. Porém, em Portugal, a pobreza tem vergonha de si mesma: esconde-se atrás da mentira. Os portugueses são o cancro de Portugal.

Portugal está repleto de maus políticos, maus gestores, corruptos gordos, mafiosos, intriguistas natos e oportunistas de todo o género. Quando o povo é carneiro, tem o que merece: é desprezado e espezinhado pelas suas classes dirigentes. Ora, eu não sou carneiro e, graças a Deus, tenho cérebro-mente para pensar. E, acima de tudo, não sou masoquista.

Detesto hipocrisia: Nós seres humanos não ficamos tristes quando morre uma pessoas e não fazemos luto. A morte que nos toca é a morte de entes queridos e de pessoas próximas. A morte não deve bloquear o nosso juízo. Quando morre um opressor devemos festejar, rir, cantar e dançar.

Hoje, neste país vandalizado pela crise organizada, os portugueses têm uma nova Cruzada: a Cruzada contra os inimigos internos de Portugal, a Cruzada contra as elites dirigentes de Portugal. A Guilhotina foi inventada para eliminar os inimigos do interesse nacional.

Viva a Grande Senhora Morte que ceifou a vida de um malvado!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A estética de Georg Lukács utiliza conceitos que têm implicações históricas de longo alcance: O homem só exalta o ser-em-si quando o antropomorfiza. Ora, a filosofia renascentista antropomorfizou a natureza. A sua desantropomorfização foi levada a cabo usando ideias renascentistas, é certo, mas abandonando as principais aspirações da filosofia do renascimento.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Noutros tempos, a crise já teria despertado pensamentos fabulosos. Hoje não há reacções inteligentes: a imbecilidade reina em todas as esferas da vida social e cultural. Não há filosofia, não há pensamento, não há nada a não ser imbecis. Que tristeza viver neste tempo indigente!

Morte civil: Goffman forjou este conceito para pensar a perda de direitos nas instituições totais. Ora, acho que o sentido deve ser ampliado de modo a pensar os efeitos da política do empobrecimento deste governo laranja-podre como a morte civil dos portugueses.

As Faculdades de Letras perderam o prestígio quando, aceitando todos os alunos fracassados, abriram novos cursos, tais como sociologia ou ciências da comunicação. Ora, a Filosofia deve reagir em força e mostrar a inutilidade perigosa das chamadas "ciências sociais": nós não precisamos da sociologia dos sociólogos da treta; precisamos é de teoria social forjada na tradição filosófica.

Como sabem, o pensamento ocidental travou um debate duro com o Islão: o esclarecimento ocorreu e a religião no Ocidente recuou para a esfera privada, deixando de ser o cimento da vida social. Porém, talvez devido em parte aos erros cometidos por algumas potências ocidentais, o Islão rejeita o esclarecimento e, tal como sucedia na Idade Média europeia, parte à conquista do mundo, dando destaque ao seu núcleo mais guerreiro e irracional.

O pior é que a esquerda ruminante ocidental continua a combater o cristianismo e a Igreja Católica, sem ter percebido que a conjuntura mundial mudou radicalmente. A esquerda ruminante não é verdadeira esquerda: é lixo.

A verdade é que o terrorismo habita o núcleo duro do Islão, como mostrou Max Weber, entre outros.

Vou ser provocador lúcido: Não basta apregoar que todos os homens são iguais para gerar paz no mundo. O mundo nunca esteve tão dividido como está hoje: A coexistência pacífica de povos de etnias diferentes é impossível. A globalização tal como pensada por Kant é um mito.

Ou de forma lapidar: É mais fácil ser negro e viver num país de brancos do que ser branco e viver num país árabe. A partir daqui pode formular muitas sentenças equivalentes.

Uma ideia errada associada à globalização da comunicação é a seguinte: o facto de podermos comunicar quase instantaneamente com pessoas de outras áreas culturais do mundo não gera uma consciência cósmica de unidade do género humano. Eu nunca vi tanta censura e má-fé como nas redes sociais dominadas como estão por "egos tirânicos".

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os portugueses não precisam de andar a mendigar: Deixem de ser invejosos e ajudem-se uns aos outros e verão que o país pode mudar para melhor.

Concorda com a ofensiva à Síria? A questão árabe foi inventada pelos ingleses e retomada pelos americanos. A verdade é que os adversários do regime não são melhores do que ele.

Vivemos num mundo complexo e de contornos pouco nítidos e, no entanto, a Europa deixou-se subjugar pela parolice de Angela Merkel: os alemães são a desgraça da Europa.

Finalmente, a minha mente iluminou-se e o meu daimon colocou-me esta questão crucial: Afinal, o que te interessa Moçambique?

Hoje tive uma longa polémica com moçambicanos de origem indiana! Porém, num meu tom habitual, disse tudo o que queria dizer!

Estas polémicas nas redes sociais ensinaram-me aquilo que eu já sabia: a existência de uma conspiração contra o Ocidente. Ora, dado que esta conspiração falsifica a História, tiro outra conclusão teórica: Não podemos aceitar as novas abordagens teóricas que privilegiam o ponto de vista dos agentes sociais. Assumo um certo eurocentrismo metódico: Não abdico do Ocidente para me entregar nas mãos de terroristas.

Como sabem, além de criticar o sistema vigente, critico os portugueses. Muitos ficam chocados, mas quando os vejo a debater com estrangeiros de má-fé fico perplexo com a sua submissão e sou obrigado a fazer justiça a Portugal. Ora, ninguém que seja submisso conquista um lugar no mundo. Os europeus que alimentam a conspiração contra o Ocidente deviam ser severamente punidos. As Universidades foram invadidas por gente imbecil.

Ontem, na polémica com os "moçambicanos" de origem indiana - mas islamizados -, recorri a um conceito de Gilberto Freyre para os caracterizar como co-colonizadores. Ora, eu sei que os indianos que aderiram à Frelimo, foram os maiores inimigos dos portugueses. Hoje pensam ter Moçambique nas suas mãos!

Tentaram convencer-me de que as grandes obras da Civilização Ocidental eram afinal criações afro-indianas, nomeadamente os direitos humanos e a democracia. Lembrei-lhes a origem estóica destas ideias e a sua retomada pela filosofia política no decurso do século XVIII.

Referindo-se aos escravos negros levados para o Brasil, Gilberto Freyre falou deles como co-colonizadores. Ora, o mesmo pode ser dito dos indianos levados pelos portugueses para colonizar a zona do Zambeze: Foram co-colonizadores.

Salazar proibiu que se falasse da escravatura na História de Portugal. Foi um erro omitir a escravatura da História de Portugal. Os ingleses escreveram muito sobre escravatura e os portugueses acabam por ficar mal nesse negócio. Defendo a clarificação da escravatura, um fenómeno bem presente no mundo contemporâneo.

Enfim, as pessoas, em vez de dizer mal do colonialismo português, deviam unir-se para formar uma comunidade lusófona coesa e solidária, capaz de competir com outras no nosso mundo global.

Que martírio o meu! Acabo por ser africanista sem ter optado por esse tema!

Eu tenho um desejo para Moçambique: Manos moçambicanos, não queiram ser como os países islâmicos! Sejam tolerantes: a vossa escolha deve ser o Ocidente! A libertação foi pensada contra o despotismo oriental.

Eu penso ao abrigo do azul-anímico da alma ocidental.

Confesso que ontem fiquei chocado quando me disseram que a Índia vai ser a próxima potência mundial. Reagi e lancei os meus mísseis intercontinentais, recusando-lhe por decreto tal estatuto. Conseguem imaginar o mundo passado a ser colonizado por chineses e indianos, em vez dos europeus? De uma coisa estou certo: a Humanidade nunca teria saído da barbárie!

Nesta hora de colisão civilizacional, a Filosofia deve pensar a civilização que ajudou a criar, responsabilizando o capitalismo pela sua decadência.

A Filosofia nasceu na Grécia e cresceu no Ocidente. Confúcio, meus amigos, não é filósofo! Estou farto da ler essas bobagens nas redes sociais.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Noutros tempos, a crise já teria despertado pensamentos fabulosos. Hoje não há reacções inteligentes: a imbecilidade reina em todas as esferas da vida social e cultural. Não há filosofia, não há pensamento, não há nada a não ser imbecis. Que tristeza viver neste tempo indigente!

Morte civil: Goffman forjou este conceito para pensar a perda de direitos nas instituições totais. Ora, acho que o sentido deve ser ampliado de modo a pensar os efeitos da política do empobrecimento deste governo laranja-podre como a morte civil dos portugueses.

As Faculdades de Letras perderam o prestígio quando, aceitando todos os alunos fracassados, abriram novos cursos, tais como sociologia ou ciências da comunicação. Ora, a Filosofia deve reagir em força e mostrar a inutilidade perigosa das chamadas "ciências sociais": nós não precisamos da sociologia dos sociólogos da treta; precisamos é de teoria social forjada na tradição filosófica.

Como sabem, o pensamento ocidental travou um debate duro com o Islão: o esclarecimento ocorreu e a religião no Ocidente recuou para a esfera privada, deixando de ser o cimento da vida social. Porém, talvez devido em parte aos erros cometidos por algumas potências ocidentais, o Islão rejeita o esclarecimento e, tal como sucedia na Idade Média europeia, parte à conquista do mundo, dando destaque ao seu núcleo mais guerreiro e irracional.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O pior é que a esquerda ruminante ocidental continua a combater o cristianismo e a Igreja Católica, sem ter percebido que a conjuntura mundial mudou radicalmente. A esquerda ruminante não é verdadeira esquerda: é lixo.

A verdade é que o terrorismo habita o núcleo duro do Islão, como mostrou Max Weber, entre outros.

Vou ser provocador lúcido: Não basta apregoar que todos os homens são iguais para gerar paz no mundo. O mundo nunca esteve tão dividido como está hoje: A coexistência pacífica de povos de etnias diferentes é impossível. A globalização tal como pensada por Kant é um mito.

Ou de forma lapidar: É mais fácil ser negro e viver num país de brancos do que ser branco e viver num país árabe. A partir daqui pode formular muitas sentenças equivalentes.

Uma ideia errada associada à globalização da comunicação é a seguinte: o facto de podermos comunicar quase instantaneamente com pessoas de outras áreas culturais do mundo não gera uma consciência cósmica de unidade do género humano. Eu nunca vi tanta censura e má-fé como nas redes sociais dominadas como estão por "egos tirânicos".

Anthony Giddens nunca foi um pensador social original: a sua obra facilita o acesso ao pensamento de grandes filósofos sociais. No entanto, tentou formular a teoria da estruturação - dualidade da estrutura - como síntese entre duas tendências teóricas fundamentais: estruturalismo e funcionalismo. Porém, falta avaliar o seu esforço teórico: a síntese de problemáticas teóricas é suficiente para produzir uma teoria social de cariz filosófico?

Sou obrigado a render-me à evidência: o Islão está a colonizar a África Negra, barrando o diálogo com o Ocidente. Lamento que os africanos não tenham lucidez para rejeitar esse pesadelo ideológico. Em Moçambique, os indianos são os adversários mais perigosos dos portugueses. Os indianos muçulmanos odeiam a civilização!

Ocidentais de todo o mundo, Uni-vos, porque chegou a hora da Grande Decisão!

A polémica entre portugueses e indianos muçulmanos chegou a este ponto: Os portugueses ultramarinos acusam os indianos de vender a fruta podre aos negros e guardar a fruta boa para eles e para os brancos. Ora, isso é verdade...

A malta branca está a ficar burra: idolatram Gandhi, essa figura feia e suja da Índia.

Nunca pensei que o Mediterrânico voltasse a estar no centro do mundo e agora com a China a dar palpites! É a hora da Grande Decisão: Guerra Biológica.

Uma Guerra pode ajudar o Ocidente a sair da crise: sou favorável a essa possibilidade desde que a guerra seja extremamente mortífera. A guerra tem duas vantagens evidentes: eliminar radicalmente os inimigos e renovar o ocidente.

11 de Setembro colheu de surpresa a América, deixando-a numa situação confusa. Ora, há algo a aprender com este acto terrorista: o ataque da capital de um país inimigo deixa-o sem capacidade para reagir. Lembram-se da bomba atómica lançada no Japão?

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quem é que ainda lê Vergílio Ferreira? Ele assumiu o existencialismo de Sartre, tal como surge em "O Ser e o Nada" e condenou a "Crítica da Razão Dialéctica". Ora, uma tal postura teórica é também política: Abrir mão do marxismo deixou V Ferreira entregue aos devaneios individualistas pequeno-burgueses.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O maior esteta musical - Theodor W. Adorno - condenou o JAZZ: «(...) toda a rebeldia nele existente se enquadrou desde início num esquema e o gesto de rebelião tem sido acompanhado pela predisposição à cega obediência, duma forma que se compara à do tipo sado-masoquista estudado pela psicologia analítica, o qual se revolta contra a figura do pai e,simultaneamente, no seu íntimo a admira, gostaria de a igualar e, por outro lado, frui com a subordinação odiada».

No domínio da estética musical, além das visões de Hegel e Schopenhauer, para já não falar de Platão, só me interessam três perspectivas: as de Theodor W. Adorno, Ernst Bloch e Susanne Langer. O que é lamentável nas histórias da estética musical é a omissão da música comercial e da música dos povos não-ocidentais. É certo que eles não produziram uma estética, mas fizeram música que pode ser estudada pela estética. A música africana é geralmente apresentada como predomínio do ritmo sobre a melodia. E o seu carácter dramático? Qual a sua ligação com o drama?

O que falha nas estéticas musicais é a não-explicitação dos fundamentos antropológicos da música. A antropologia musical não dá conta dessas estruturas prévias da música: elas só podem ser formuladas pela antropologia filosófica que, enquanto antropologia fundamental, possibilita o estudo científico da música.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O Porto está a transformar-se a um ritmo alucinante. Saí e só cruzei com turistas alemães, africanos de Angola, Cabo Verde e África Central, e indivíduos europeus de uma certa subcultura urbana: fazem arte de rua, vendem cães e aguardam pela "esmola". Porém, a novidade é que a maior parte não está aqui de passagem: já estão fixados no Porto.

Noutro dia, quando editei uma foto do Porto com figuras árabes, os portuenses mais conservadores atacaram-me dizendo que não devia divulgar tais pessoas na cidade. Ora, eu acho graça aos árabes... e depois eu é que sou mau!

O Porto é uma cidade fascinante, não pelas pessoas mas pela cidade em si e para nós: Compreendo o fascínio que os turistas sentem pelo Porto porque é o mesmo fascínio que me liga ao Porto. Eles sentem-se em casa e isso é fundamental para amar uma cidade.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Como o tempo vai começar a arrefecer, vou tentar ler um tratado de estética musical, cuja leitura integral tenho adiado vezes sem conta. Não sei se aprovo as aproximações realizadas para definir a essência da música e o papel cimeiro que lhe é atribuído na hierarquia das artes. A palavra "inefável" é bonita mas diz pouca coisa. A estética ainda não relacionou as artes com os sentidos que elas estimulam.

Uma feminista negra acusou recentemente um cantor americano de afirmar a sua sexualidade branca à custa das bundas das figurantes negras. A acusação é ridícula, como é evidente. Mas o que importa é saber se esses cantores/as comerciais fazem realmente música. Ora, se o fazem, então a música não anuncia o reino da utopia. Neste sociedade imbecil, a arte deixou de ser arte. Vivemos o fim interminável das coisas.

A estética tal como surgiu no século XVIII seduziu-me por causa do seu impulso latente de estetização do mundo. Apesar de defini-la como teoria filosófica da arte, o que mais me interessava era a estetização do mundo e da vida. Recentemente, procurei abandonar esse princípio para me concentrar apenas nas obras-de-arte. Mas o meu sentimento profundo diz-me que a filosofia é a estética dos conceitos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Susanne Langer elaborou uma teoria do simbolismo musical. Para Langer, a música não é linguagem nem expressão de sentimentos, embora tenha um significado. A noção de símbolo musical como "símbolo não consumado" permite-lhe descobrir a essência da música na criação de um tempo virtual, a chamada ilusão primária da música: o tempo virtual mais não é do que a aparência do movimento orgânico, da nossa essência temporal. A duração de Bergson emerge na filosofia de Langer.

Noutro dia, numa polémica num site moçambicano, um "tuga híbrido" reagiu à minha tese segundo a qual os africanos não inventaram a escrita afirmando que as figuras rupestres eram uma escrita. Dei-lhe o exemplo das figuras rupestres de Manica para mostrar a ausência de escrita. No entanto, nas cavernas de Espanha, há símbolos masculinos e femininos, mas disso só podemos concluir que a escrita é a filha intelectual do artista dos seixos pintados de Le Mas d'Azil.

Há línguas faladas que não são escritas: quer dizer que a escrita é apenas um recurso externo pelo qual fazemos um registo mais ou menos permanente do que se fala. A história da escrita é diferente da história da linguagem. A escrita foi inventada pelo menos três vezes: no Próximo Oriente, na China e em Guatemala (Maias). Acho que é um abuso considerar os desenhos descritivos como um tipo de escrita: a escrita pictórica. Devemos falar de escrita quando os desenhos se tornam logogramas: temos assim a escrita logográfica (a escrita chinesa, por exemplo). Depois vieram os silabários e, por fim, a escrita alfabética que se desenvolveu a partir de um silabário por volta de 1800 a.C.: os gregos aprenderam o alfabeto semita dos fenícios.

Mia Couto defendeu no sábado, durante um debate no Rio de Janeiro, que África deve “contar a sua própria história”, dando voz a toda a sua diversidade interna e afastando-se da "visão europeísta ainda presente". Ora, não concordo com Mia Couto, porque a "história" é, ela própria, uma criação grega. Todos os instrumentos conceptuais que nos permitem dar voz à diversidade africana são ocidentais. O pensamento de Mia Couto enferma de anti-ocidentalismo: o facto de fazer literatura revela a ferida profunda que rasga o seu próprio interior mental.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Convido todos os países do hemisfério sul a fazer uma experiência radical: abandonem toda a herança ocidental e regressem às vossas tradições ancestrais! Como será a vossa vida se realizarem essa experiência radical? Ah, lembrem-se que já não poderão recorrer ao discurso da libertação! A Filosofia é, toda ela, ocidental!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quando escutou as minhas palavras anteriores, Husserl estremeceu no seu túmulo, talvez por ter radicalizado a sua redução transcendental imprimindo-lhe um rumo cultural regressivo: confrontar os africanos e os sul-americanos com a sua tradição ancestral sem a mediação ocidental.

Hoje, Marx não é de "esquerda"!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Estive a reler algumas páginas da História dos Estados Unidos sobre o movimento dos direitos civis e, como seria de esperar, fico chocado: Em alguns estados americanos, em especial do sul, houve de facto apartheid. Nunca devemos dar crédito aos estudiosos americanos quando atiçam o desentendimentos das ex-colónias portuguesas com Portugal: afinal, os crimes de ódio foram exibidos nos territórios anglo-saxónicos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hoje acordei a pensar nos assassinos em série dos USA! Temos tantas teorias sobre eles mas nenhuma delas permite fazer um perfil eficaz do cérebro assassino.

O ensino das Humanidades está completamente degradado. Estive a reler partes da obra "Raça e História" de Lévi-Strauss e pensei na sua promessa não-cumprida de escrever um livro com o título "Marxismo e Etnologia". Lévi-Strauss apresenta a civilização ocidental como superior a todas as outras e conjectura sobre o futuro. Um bom começo para elaborar uma Filosofia das Civilizações.

Não sei como dizer o que vou dizer de um modo mais diplomático: Eu não sinto empatia com os chineses. A tese de Lévi-Strauss sobre a ocidentalização do mundo deve ser revista, porque hoje há muitos inimigos do ocidente. É certo que eles imitam o estilo de vida ocidental, procurando conservar as suas próprias superestruturas culturais, mas o seu ódio parece apontar para um mundo mais intolerante, donde a alteridade foi completamente excluída. Sim, a alteridade é uma descoberta ocidental!

O meu sonho de uma comunidade lusófona coesa à conquista do seu lugar no mundo global está a morrer: O governo de Passos Coelho está a estragar Portugal, roubando-nos mais outro século para tentar construir essa comunidade. Perdi completamente a confiança em Portugal e nos portugueses. Muito triste!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

É tão humilhante ser português e viver num país governado por ladrões imbecis! Agora entendo a ausência de filosofia em Portugal.

Os portugueses sofreram uma degenerescência genética: Só com esta hipótese genética posso compreender como é que os tugas votam em pessoas cujos rostos revelam que transportam "maus genes". Vejam os comentadores televisivos: os rostos revelam defeitos genéticos. E um povo que vota nestes erros genéticos também é, ele próprio, um erro genético. Ora, este defeito genético revela-se também na obesidade: os políticos portugueses, além de terem rostos assimétricos e arcaicos, tendem a ser obesos. Há aqui um efeito da domesticação a estudar.

A História de Portugal começou mal: Afonso Henriques "mata" a mãe, vendo nela um "mau seio", e Egas Moniz apresenta-se pouco depois com a corda ao pescoço. Portugal nunca conseguiu apagar este mau começo: continuamos com a corda ao pescoço e, com Passos Coelho, estamos a matar os "pais".

As tipologias clássicas dos regimes políticos esqueceram os governos homicidas: O que fazer quando o povo elege um governo homicida?

Comecei o dia a fazer referências a Lévi-Strauss porque o seu estruturalismo desvaloriza a História, dando o primado às estruturas sobre o devir histórico. No entanto, ele procurou uma solução para "conciliar" a história e a etnografia. Ora, a desvalorização da história corresponde a uma mudança radical no campo de forças mundial: o Ocidente construiu-se em torno da noção de História. Abdicar da história é abdicar do Ocidente: a teoria da sociedade da informação é a-histórica e, como sabemos hoje, um tremendo disparate. A própria noção de modelo deve ser repensada porque traz no seu bojo a instrumentalização!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de serial killers e suspeita-se que a maior parte deles não são descobertos. Portugal não tem uma história de serial killers. De facto, o cérebro assassino merece estudo! Suspeito que a passagem de um cérebro normal para um cérebro assassino é muito ténue.

No entanto, vejo os portugueses como homicidas natos: a sua malvadez não precisa de sujar as mãos com sangue para matar o próximo. Entre estes dois tipos de assassinos não há preferência.

Ehehee... Gostei do conceito: o português como assassino nato! Se a genética portuguesa degenerou, então podemos observar o cérebro dos portugueses em busca desses defeitos genéticos. E há um evidente: ausência de expressão facial genuína.

A psiquiatria forense americana devia colocar esta questão: O que desperta o impulso assassino? As diferenças entre um cérebro normal e um cérebro assassino devem ser muito subtis: suspeito que podemos observar o mesmo padrão num cérebro normal e num cérebro assassino. No entanto, algo desperta o impulso assassino do serial killler! Outra questão é a de saber como é que esse impulso se desenvolve: quais os sinais precoces do cérebro assassino? Matar animais durante a fase de crescimento é um desses sinais mas não é suficiente para diagnosticar o potencial assassino.

Ora, se os portugueses são assassinos, alguma coisa canaliza o seu impulso. A moldagem de uma sociedade do mal? A sociedade portuguesa é malvada. Deve haver um despertador interno e outro externo.

Os meus colegas americanos estão a pensar mal: Seria bom ter uma amostra de serial killers, mas suspeito que podemos estudar o cérebro assassino usando cérebros normais manipulado tecnologicamente o meio.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O desenho experimental que vislumbro pode induzir ou despertar o cérebro assassino adormecido. É um risco da investigação científica. E pode tb despertar o impulso canibal. O desafio seria descobrir a ligação entre cérebro assassino e cérebro canibal. Ora, há um síndrome que clarifica essa ligação. A verdade é que precisamos do cérebro assassino para sobreviver!

Mais difícil do que estudar o cérebro assassino é estudar o cérebro das vítimas. Um serial killer pode escolher como vítima qualquer pessoa que se cruze por acaso com ele, despertando a sua atenção muito selectiva. Suspeito que a maior parte das vítimas não sabem que estão a lidar com um assassino até serem esfaqueadas. Haverá um cérebro-vítima?: Eis outra questão que merece ser estudada.

A missão dos homens que ainda não perderam o seu self e que resistem à vulgaridade da massa humana é - ou devia ser - salvar os seus pares. Que interesse há em ajudar pessoas destituídas de self e mergulhadas na inautenticidade? Nenhum: a maior parte da humanidade não merece a nossa atenção.

O Paradoxo da Esquerda: A Esquerda Histórica lutou teórica e politicamente pela libertação da ralé. Porém, depois de liberta, a ralé nunca deu a vitória à Esquerda. Há uma lição a reter: a ralé não merece ser o centro da preocupação social.

A pornografia barata triunfou sobre as "novelas" do Marquês de Sade: a ralé de hoje prefere a imagem à escrita. Porém, é o mesmo motivo que atrai a ralé de ontem e de hoje: a morte do amor. A farsa facebookiana do amor encobre o objectivo fundamental: o engate.

Os serial killers usaram as autoestradas americanas para escolher as suas vítimas: os camionistas assassinos assustaram os americanos. Hoje os serial killers têm outras autoestradas mais seguras: as redes sociais. A comunicação mediada por computador permite-lhes escolher com segurança as suas vítimas: as mulheres que procuram o amor podem encontrar a morte. A mente assassina tornou-se tecnológica!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Tal com as estradas romanas utilizadas por S. Paulo para disseminar o cristianismo, a par do seu uso para fortalecer o poder de Roma sobre o império, as autoestradas virtuais são perigosas: a informação circula em dois sentidos contrários. Tanto pode fortalecer o poder vigente como pode destruir esse poder. As mónadas isoladas das redes sociais são potenciais vítimas de poderes ocultos: a amor é um bom motivo que desperta a curiosidade de um assassino ou de um abusador sexual. As vítimas tendem a ser estúpidas! A teoria matemática dos jogos fornece um bom instrumento matemático para compreender a relação assassino-vítima.

Suspeito que o cérebro assassino esteja mais próximo da perfeição que o cérebro da vítima: o assassino toma decisões frias sem ser atormentado por motivos emocionais e afectivos. A sua objectividade retira a humanidade às vítimas. Ora, a partir do momento em que perde a sua humanidade e se torna coisa entre coisas, a vítima pode ser morta. O cérebro assassino é fascinante!

Pensando matematicamente mas usando uma linguagem teológica provocante: Deus criou a ralé - a massa anónima de vítimas - para diversão dos cérebros assassinos classificados num determinado espectro. Recordamos os assassinos mas não temos empatia com as vítimas condenadas ao esquecimento.

A ralé traz o seu próprio paradoxo gravado na carne: Ela admira os assassinos que a matam. A ralé é humanidade imperfeita!

O homicídio deve ser visto como espectro: um intelectual ou um político podem ser classificados dentro desse espectro. É assim a vida - justamente cruel. Admiramos os assassinos e desprezamos a ralé - a massa informe de vítimas.

Com esta conversa sobre o cérebro assassino, mostrei o abismo que separa o conhecimento científico da opinião: o meu desenho experimental permite neutralizar o cérebro assassino sem o liquidar ou mesmo permite despertar um cérebro assassino. A opinião é impotente e cruel nas suas avaliações: a opinião é o simulacro do impulso assassino na ralé.

A ralé não pára para pensar: os seminaristas não são vítimas-inocentes de abusos sexuais. Geralmente, as relações são consentidas e desejadas, desempenhando o seu papel afectivo. Há um estudo científico muito bem elaborado que mostra que as chamadas vítimas tiram benefícios dessas relações com pessoas mais velhas. Além disso, os adolescentes preferem parceiros mais velhos e os adultos parceiros mais novos: estas preferências estão inscritas no genoma. Sempre que ouço alguém a dizer barbaridades sobre "pedofilia" sei que estou diante de um abusador sexual patológico.

Enfim, afectividade e "putéfilia" não são sinónimos: onde predomina uma, a outra está ausente. É elementar!

As pessoas são de tal modo devassas sexuais que já não distinguem entre afectividade e promiscuidade sexual. No entanto, sofrem na carne-mente os efeitos dessa síndrome de dissociação.

A ralé grita "Somos normais". A psiquiatria diz: "Vocês são seres patológicos".

A morte e o poder dos genes ferem de morte as agendas políticas ditas de esquerda. Não há nada a fazer a não ser a rendição à evidência!

Qual a credibilidade mental e moral de um pai que vai à escola de cuecas para protestar contra as medidas tomadas pela escola em relação ao vestuário? Um pai de cuecas? Estaremos diante de um exibicionista depravado? Pois o seu comportamento pode indicar um distúrbio mental!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

As pessoas são ridículas: as pessoas que condenam a violação sexual são as mesmas que contratam os serviços de uma empresa para simular uma violação, a sua própria violação. Além disso, vestem-se de um modo sexualmente provocante - e os violadores aparecem como os maus neste enredo de presas-predadores!

Devo um pedido de desculpa aos homens que urinam nas ruas do Porto. Afinal, ontem descobri que as raparigas também urinam nas ruas, fazendo um enorme ruído de torneira aberta. É muito feio urinar nas ruas!

Os animais urinam para delimitar os seus territórios. Acho que os humanos o fazem talvez para marcar a sua preferência sexual: erotismo urinário. Quem sabe? Lidamos com seres muito anormais!

Salazar foi o maior inimigo da Cidade do Porto, roubando-lhe o século XX. As Pontes do Porto são obras de arte e de engenharia: cada uma delas bateu um recorde. Convém que as novas pontes continuem essa tradição. No entanto, acho que os homens do Porto são cinzentos e bolorentos: Precisamos de uma lufada de oxigénio estrangeiro, como sucedeu com a Casa da Música.

O Porto precisa de travar duas batalhas internas: Combater o centralismo, exigindo autonomia plena, e eliminar os homens bolorentos que não deixam a cidade crescer e conquistar o futuro. Para conquistar o mundo, é preciso renovar e abater tugas bolorentos. Atrair jovens de todo o mundo; eliminar os tugas: eis a chave que abre o futuro da Invicta.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

"Portugal" é uma palavra que não me diz nada: Acho que nunca tive o sentido de pertença a Portugal. O Porto é a única cidade que me diz alguma coisa, embora tenha as minhas batalhas com portuenses balofos.

Não compreendo a "paixão portuguesa": aquilo que parece unir os portugueses afasta-me.

A minha inspiração foi hoje raptada pelo pesadelo da realidade portuguesa: sinto-me oprimido pelos zombies tugas.

Enfim, é difícil viver em África: os quartos não têm WC, não há comida boa, não há transportes, não há cuidados médicos, não há livrarias, não há lojas... Ontem fiquei decepcionado com Madagáscar!

Os povos africanos ficaram completamente desorientados depois da descolonização: Perderam todos os princípios de organização da sociedade. E o resultado foi o retrocesso cultural.

As taxas de mortalidade infantil - crianças com menos de 5 anos - são deveras preocupantes em Angola. Embora tenha melhorado, o Brasil ainda tem muita mortalidade infantil, sobretudo no interior.

Os afro-moçambicanos acusam os portugueses de terem abandonado Moçambique. Não sei se podemos falar de abandono porque os portugueses ficaram sem qualquer protecção e sem meios para conservar a sociedade em movimento.

Não há alternativa satisfatória à civilização ocidental e, se a Europa e USA perderem o controle do processo civilizacional em benefício da China, haverá recuo civilizacional: os chineses podem imitar tudo mas nunca conseguirão fazer filosofia.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Noutro dia escutei um historiador afro-americano a condenar a escravatura dos negros. Mas o que ele ainda não compreendeu é que o atraso de África pode vir a favorecer novas escravaturas e, desta vez, não podem condenar os ocidentais.

A loucura resultante da negação das diferenças: Michael Jackson dizia que não era negro mas sim branco-moreno. Ou melhor, a sua pele mais escura era resultado do bronzeamento. Ninguém questionou-o sobre a validade do princípio geral que presidia ao seu pensamento: todos são brancos; o sol é responsável pelo maior bronzeamento de alguns. De facto, a tara do bronzeamento parece ter alguma ligação com a negação da própria raça branca. Porém, os preconceitos raciais combatem-se com a verdade e não com outras fantasias racistas.

Graças a uma frase de Marx, compreendi que os (ex) colonizados tentam colonizar a mente colectiva dos (ex) colonizadores, usando os instrumentos teóricos e políticos herdados dos colonizadores. Lá onde falam mal da colonização tentam colonizar-nos a mente, de modo a conduzir o mundo ao abismo. O impulso necrófilo tomou conta da maioria dos homens.

Ai, vamos ver se nos entendemos sem povoar de mentiras o nosso universo intelectual: Consideremos duas raças, a branca e a negra. A pigmentação da pele está sob controle genético. Vamos imaginar a seguinte experiência: introduzimos em "embriões negros" os genes que controlam a cor da pele dos brancos. Ora, em resultado dessa manipulação genética, as crianças que nascerem serão de cor branca. Mas serão brancas ou negras? Eis a questão porque há outras características raciais que estão sob controle genético.

O resultado será sempre um híbrido!
Com o desenvolvimento da engenharia genética, poderemos produzir brancos com carapinha e negros com cabelos lisos, etc.
As pessoas devem ganhar juízo e respeitar as diferenças naturais entre os homens.
E se introduzíssemos genes que controlam a pigmentação negra em embriões brancos teríamos crianças de pele negra e cabelo liso e olhos azuis e... etc.
Um negro albino é branco? Não, não é branco!

O ensino foi tomado de assalto por mentes que tecem teias de mentiras. De certo modo, a mentira organizada que invadiu os espaços de ensino - entre outros - é o resultado fatal do pensamento simbólico e do primado concedido ao símbolo. Como é evidente, a perda do mundo implica o ataque à objectividade. As criaturas mentirosas deviam pensar que, antes de serem produtos simbólicos, são seres biológicos que resultaram de uma cópula.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Estou muito triste com o ódio que transparece nas palavras das pessoas que não pertencem ao círculo cultural ocidental. O racismo enquanto ideologia de poder não se combate nutrindo ódio pelos brancos e pelo ocidente. O domínio ocidental teve e tem todos os meios para levar a cabo genocídios. No entanto, os princípios gregos que presidem à construção ocidental conseguiram prevalecer, mesmo em situações-limite como por exemplo o nazismo. O poder é desigual: as zonas arcaicas tendem a ser dominadas pelas zonas fortes.

Vejam o caso de Madagáscar que segue o seu caminho sozinha: uma ilha pobre, muito pobre e sem nada para oferecer. O "rei" de uma das suas cidades - um pequeno aglomerado de palhotas junto à linha de caminho de ferro - anda descalço e tem uma doença congénita que pode ser tratada se houvesse hospitais em Madagáscar!

Vou ser diplomático mas provocante: Comparemos a história do Brasil com a história dos Estados Unidos. Há muitos aspectos em comum. Porém, cada um destes países resolveu os seus problemas internos de modo diferente. O Brasil andou paralisado e os Estados Unidos converteram-se em potência mundial. Ora, a via seguida pelo Brasil pode ser hoje a queda dos USA.

Já viram se os portugueses responsabilizassem os romanos pelas suas dificuldades? Ora, os romanos fartaram-se de explorar as minas portuguesas, em especial as de ouro - e aqui bem perto do Porto. Porém, em vez desse discurso idiota, os portugueses sabem que devem muito aos romanos.

Acordei a pensar que o mundo começou sem o homem e acabará sem ele. Daqui resulta que o mundo humano se reduz a uma aparência. Ora, este pensamento leva-me até à presença de Lévi-Strauss, cuja obra deve ser lida em chave filosófica. O estruturalismo é uma filosofia que pensa a lógica do intelecto que aparece a si mesma binária através do sensível e no sensível. O humanismo dos "inícios" conduz ao pessimismo: a vida social consiste em destruir o que lhe dá o seu perfume.

A dignidade da política colide com o perfil humano, demasiado humano, dos seus agentes: a classe dos políticos nunca foi grande coisa ao longo dos tempos. Mas este desfasamento entre a política pensada pelo filosofia e os agentes políticos não deve levar as pessoas a desistir da política: Um homem que seja humano é um animal político. Os agentes políticos podem ser abatidos; as ideias políticas continuam o seu caminho, pelo menos enquanto houver verdadeiros filósofos.

Fanzine Episódio Cultural disse...

“IX CONCURSO PLÍNIO MOTTA DE POESIAS”

A Academia Machadense de Letras (Machado-MG / Brasil) comunica a realização em novembro de 2013 de seu IX Concurso de Poesias. A taxa de inscrição é de R$ 5,00. Esse valor pode ser colocado no envelope.
As inscrições terminam no dia 14 de agosto de 2013. Gostaria de Participar?
Para receber gratuitamente o regulamento em arquivo PDF, entre outras informações, entre em contato através do e-mail: machadocultural@gmail.com

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Antropologia Médica tem tido um crescimento admirável, sobretudo nos países anglo-saxónicos, tentando integrar a Medicina Psicológica e a Medicina Social. Porém, o facto de estar sob a alçada da Psiquiatria não é benéfico: A Biomedicina exige uma nova Filosofia Médica que deve problematizar os modelos de morbidez e de saúde elaborados pela antropologia médica. Com efeito, não há ciência social capaz de ocupar o campo filosófico: luto pela introdução da Filosofia Médica nos cursos de medicina.

A língua portuguesa é mais rica do que a mente atrofiada dos seus utentes. A língua inglesa possui uma tripla terminologia: disease (doença apreendida pelo conhecimento médico), illness (doença experienciada pelo doente), e sickness (estado menos grave que o precedente). A língua francesa é pobre: só tem maladie. A língua portuguesa é mais rica, apresentando uma gama de vocábulos muito rica: doença e enfermidade podem ser utilizadas para captar a distinção fundamental feita pelos anglo-saxónicos, a doença na terceira pessoa e a doença na primeira pessoa.

No entanto, os utentes da língua portuguesa são tão burros que ainda não fizeram um levantamento do vocabulário médica disponibilizado pela própria língua nos seus diversos usos. A literatura portuguesa aborda diversas doenças e, no entanto, nem sequer temos um estudo dessa literatura do ponto de vista da doença. A comunidade lusófona é burra!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Antropologia Médica tem tido um crescimento admirável, sobretudo nos países anglo-saxónicos, tentando integrar a Medicina Psicológica e a Medicina Social. Porém, o facto de estar sob a alçada da Psiquiatria não é benéfico: A Biomedicina exige uma nova Filosofia Médica que deve problematizar os modelos de morbidez e de saúde elaborados pela antropologia médica. Com efeito, não há ciência social capaz de ocupar o campo filosófico: luto pela introdução da Filosofia Médica nos cursos de medicina.

A língua portuguesa é mais rica do que a mente atrofiada dos seus utentes. A língua inglesa possui uma tripla terminologia: disease (doença apreendida pelo conhecimento médico), illness (doença experienciada pelo doente), e sickness (estado menos grave que o precedente). A língua francesa é pobre: só tem maladie. A língua portuguesa é mais rica, apresentando uma gama de vocábulos muito rica: doença e enfermidade podem ser utilizadas para captar a distinção fundamental feita pelos anglo-saxónicos, a doença na terceira pessoa e a doença na primeira pessoa.

No entanto, os utentes da língua portuguesa são tão burros que ainda não fizeram um levantamento do vocabulário médica disponibilizado pela própria língua nos seus diversos usos. A literatura portuguesa aborda diversas doenças e, no entanto, nem sequer temos um estudo dessa literatura do ponto de vista da doença. A comunidade lusófona é burra!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hoje referi a obra de Hannah Arendt, filósofa que admiro, para denunciar um erro grave na sua teoria política. Mas o caso Arendt, até pela paixão que ela nutriu por Heidegger, leva-me a pensar que, na sociedade capitalista, os intelectuais não são plenamente livres: Arendt admira Marx e, no entanto, vacilou nas suas relações com o marxismo, talvez para agradar aos seus amigos americanos. Os intelectuais têm sempre as mãos sujas quando trocam a liberdade de pensamento pelo conforto garantido pela sociedade existente.

Mas quem tem mesmo as mãos sujas é Karl Popper que, depois de ter sido comunista na seu país (Áustria), mudou radicalmente de posição, tornando-se liberal em Inglaterra. A razão invocada para tal mudança radical foi, diz ele, o facto de odiar a violência. Popper foi uma "menina" na Filosofia: a homossexualidade de Wittgenstein não suportava a mulher que habitava a mente de Popper!

A Autobiografia Intelectual de Sir Karl Popper é a obra mais petulante que conheço: Ele reclama para si méritos que não lhe pertencem, como a afirmação de ter demolido o positivismo lógico, ou que não lhe foram reconhecidos, como o seu contributo para a interpretação das probabilidades que ele usou para reinterpretar a mecânica quântica.

Outro filósofo que desperta a minha ira é Michel Foucault, cuja obra "As Palavras e as Coisas" herda todos os aspectos negativos do estruturalismo, sem avançar nada de novo, excepto a ideia de uma arqueologia das ciências humanas que dá início à sua crítica radical. Reconheço-lhe mérito nalgumas teses mas não suporto o seu relativismo vagabundo.

Outra dupla-filosófica irritante é a cópula incestuosa Gilles Deleuze e Félix Guattari: a noção de "máquina desejante" irrita-me profundamente pelos estragos que fez à dialéctica relações de produção e forças produtivas. Deleuze degradou o pensamento de esquerda.

Eu sempre nutri um ódio de estimação por Jean Piaget: "Sabedoria e Ilusões da Filosofia", uma obra dirigida contra a fenomenologia de Merleau-Ponty, irritou-me profundamente quando a li no primeiro ano de Faculdade. Esta irritação converteu-se em irritação com a Psicologia. Hoje sei que gastamos muito dinheiro a formar psicólogos e sociólogos que, no fundo, não têm utilidade social.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Arnold Toynbee produziu uma grande Filosofia da História: a sua obra "A Study of History" devia ser lida por todos aqueles que desejam conhecer o nascimento da Civilização Ocidental - e não só. O conhecimento detalhado da civilização grega é fundamental para a formação do homem ocidental. Toynbee dedica páginas inesquecíveis a analisar a passagem da cidade-estado ao estado-nação. Detecto nas suas palavras um certa nostalgia da Polis.

A obra de Arnold Toynbee é importante para entender as religiões mundiais: o helenismo entendido como humanismo influenciou decisivamente o budismo e o cristianismo, gerando um choque cognitivo entre judeus radicais ao introduzir a figura da encarnação na "religião de Israel": um Deus que encarna para sofrer é uma ideia cristã revolucionária.

É com muita tristeza que vejo a Cidade do Porto a não ser referida por Toynbee entre as cidades-Estado da Cristandade Ocidental: A cidade-estado não é uma invenção grega, dado ter existido noutras áreas culturais. Durante a Idade Média houve muitas cidades-estado na Europa: Barcelona e Hamburgo foram duas delas e, na Península Ibérica, houve outra: o Porto. Infelizmente, o Porto liderou a passagem para o estado-nação.

Lendo Toynbee e Spengler, para já não falar dos Grandes Filósofos como Hegel, compreendemos a impossibilidade de um diálogo produtivo com o mundo islâmico: Andámos sempre à pancada ao longo da história, personificando a eterna luta entre o bem e o mal, entre a liberdade e o despotismo oriental. Acho que deveríamos negar o título de civilização a culturas bárbaras.

A ideia de eterno retorno do mesmo apavora-me. Mas quando leio uma boa filosofia da história, com os olhos postos no presente, sou forçado a reconhecer que a história se repete: a luta entre o bem e o mal está sempre presente e o Mediterrâneo tende a ser o seu palco.

O que é um bárbaro? Um adolescente que perdeu a inocência da criança sem ter adquirido o controle do adulto. A civilização ocidental está rodeada de povos bárbaros: o futuro vai ser terrível.

Li algures esta afirmação (de um filósofo australiano desconhecido): "A ideia de felicidade ocidental, baseada no individualismo, falhou". "Felicidade" é uma palavra que não pode ser definida e, por isso, na sua função negativa, não pode falhar. A ideia de indivíduo (individualidade) é nuclear na filosofia ocidental; no entanto, nunca houve um só tipo de individualismo. A noção marxista de indivíduo é diferente da noção liberal de indivíduo: o que está a falhar é o próprio capitalismo!

A noção de que o trabalho faz o homem e dignifica a sua vida é banal na filosofia ocidental depois de Hegel e Marx. No entanto, foi rejeitada pelo neoliberalismo nas últimas décadas. Ora, agora com a crise e o desemprego, as pessoas tomaram consciência de que um desempregado perde o direito de participar na vida pública e de agir no mundo comum. O que falhou desde logo foi o neoliberalismo que protagonizou esta terrível globalização. Foram cometidos graves erros nas últimas décadas...

Hannah Arendt também falhou ao condenar o trabalho sem o qual não podemos ser, pensar e agir.

A Vingança de Marx tardou a chegar mas chegou mais forte do que antes no triste tempo da URSS: Hoje precisamos retomar Marx para repensar o nosso estilo de vida.

Vejam o contra-senso destas expressões: Educação para todos, Universidade para todos. Quem beneficia com estes delírios? A China, claro, que faz a sua industrialização enquanto os ocidentais ébrios com a ideia de sociedade do conhecimento vão para o desemprego, sendo obrigados a consumir merda chinesa.

Eu não sabia que, se quisesse fazer a peregrinação até Meca, seria morto pelos muçulmanos! Que intolerância alimentada na cultura do ódio! Detestável...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Cidade do Porto precisa de elaborar uma filosofia para conquistar a sua autonomia plena. Os portuenses precisam de cultivar a sua mente para não fazerem figuras tristes nos palcos nacionais. Ao portuense falta-lhe a subtileza de espírito e uma boa dose de cinismo: os inimigos não devem ser nomeados.

As editoras estão a destruir a cultura superior: o mercado do livro é um subproduto do capitalismo selvagem e devasso.

Quando propus a elaboração de uma Filosofia Primitiva, pensei que estava a ser influenciado pela literatura antropológica clássica. Porém, relendo Lévi-Strauss descobri que a influência decisiva vinha do debate Sartre/Lévi-Strauss. A Filosofia deve abrir-se à etnologia para possibilitar um diálogo produtivo entre culturas desiguais. O homem primitivo não é apenas o homens das sociedades tribais; todos nós somos primitivos. Rousseau volta a estar em destaque no meu pensamento.

Apaixonei-me pela Mitologia Basca! O País Basco aqui tão perto de mim e eu tão longe: Logo que possa vou estudar a mitologia basca. Lamento não haver mitologia portuense. Porém, em compensação, tenho a mitologia dos bantos de Moçambique.

Quando conheci Lisboa, as pessoas eram relativamente pobres e um pouco provincianas. Depois vieram os tempos da alucinação colectiva e Lisboa julgou ser o centro do mundo. Agora, como os tempos são magros, tudo regressa ao tempo dos inícios. Lisboa afunda-se no seu provincianismo.

A primeira vez que coloquei os pés num estabelecimento de ensino português tive vontade de fugir. A adaptação foi extremamente difícil porque não estava preparado para lidar com saloios e macacos-de-imitação. Ora, esse Portugal saloio e feio, nunca desapareceu completamente: as pessoas que ainda recentemente considerávamos transformadas apresentam-se como saloias. Há algo estranho na alma portuguesa que não a deixa desabrochar. Em Portugal, nunca seremos felizes!

Teixeira de Pascoaes aproximou-se da verdade quando chamou "símios" aos portugueses: "macacos-de-imitação" capta melhor o traço estrutural da alma portuguesa. A ausência de vida psicológica intensa converte os portugueses em vampiros cognitivos, psicológicos, emocionais e sociais. O português suga a alma do próximo como o vampiro suga o sangue das suas vítimas. É nesse sentido que chamo assassinos aos portugueses.

O conflito Norte/Sul de Portugal tematizado por Sampaio Bruno está bem patente na polémica entre António Sérgio e Teixeira de Pascoaes, bem como no diálogo improdutivo que Fernando Pessoa estabeleceu com o poeta do Norte. Convém lembrar que António Sérgio já tinha criticado a poesia de Guerra Junqueiro em nome de um racionalismo anémico. A sua atitude paternalista, de resto a atitude da capital para o resto do país, é a mesma que preside ao debate entre o positivismo lisboeta e o pensamento português protagonizado pela Escola do Porto. Lisboa não deixa o país modernizar-se, a começar pela modernização da consciência dos portugueses.

A psicologia foi sempre o calcanhar de Aquiles da literatura portuguesa: Sampaio Bruno que tematizou o conflito Norte/Sul capta a sua dimensão psicológica sem no entanto a desenvolver. Com efeito, se a alma portuense e a alma lisboeta se reflectem na arquitectura das respectivas cidades, então descobrimos uma diferença psicológica profunda: a interioridade subjectiva da alma portuense aterroriza-se com a exterioridade superficial da alma lisboeta. Em Portugal, a "psicologia" habita o Norte, encarnada no Porto.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Nos Estados Unidos, sou avesso às teorias da conspiração, mas aqui no Porto estou pronto para elaborar uma teoria da conspiração lusa contra a Cidade Invicta. Estou convencido de que muitos documentos que testemunhavam o passado heróico do Porto foram falsificados ou mesmo destruídos. Encontro vestígios de uma mitologia heróica portuense em muitos documentos e obras literárias e históricas. No entanto, não temos acesso ao corpo dessa mitologia. Ora, é muito difícil que o Porto não tenha tido contactos com o País Basco e a sua mitologia, até porque o Porto tem mais afinidades com a Galiza, País Basco e Catalunha do que com o sul de Portugal. Alguém tentou roubar-nos o passado!

Anexo ao post sobre mitologia heróica portuense: Falei da mitologia basca mas o que procuro na arqueologia do saber portuense são traços da mitologia céltica ou mesmo nórdica.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O que é a criatividade? Os professores iletrados do sistema vigente definem assim a criatividade: Deixar a criança exprimir-se livremente sem lhe ensinar nada. O conhecimento transmitido é considerado como uma prisão que priva a criança da sua espontaneidade criativa. Entendo agora o fracasso do ensino e a estupidez predominante na sociedade de criativos-primitivos!

"Medicinas alternativas" é uma disciplina que já faz parte de alguns cursos de Medicina. Não sou contra a Etnomedicina como abordagem etnológica dos modelos etiológicos e terapêuticos, mas também não descarto o modelo biomédico que pode ser territorializado social e culturalmente sem perder a sua eficácia médica. Predomina na medicina psicológica e na medicina social uma leitura epistemológica precipitada da biomedicina.

Vamos tentar compreender certas abordagens da antropologia médica: Não coloco nenhuma objecção à tentativa de construir modelos etiológicos e terapêuticos invariantes, mas a sua eficácia médica não é a mesma: Há modelos mais eficazes do que outros no tratamento das doenças e o modelo eficaz por excelência é o biomédico assente na bioquímica.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A doença do ponto de vista do doente conduz-nos ao imaginário da angústia e da esperança (de cura). Ora, sendo a medicina o encontro entre o saber médico e o corpo doente, a biomedicina não pode desprezar o ponto de vista do doente: alguma coisa falha em certas antropologias médicas que não querem reconhecer a eficácia da biomedicina. Supondo a existência de uma afinidade estrutural entre clínica e etnologia, não creio que a clínica tenha cedido ao laboratório na biomedicina.

Bem, fui acordado por um telefonema hospitalar e estou até agora preocupado com a Iatrofilosofia, isto é, com a Filosofia Médica e da Medicina.

Vou ser corajoso: Em matéria de Medicina e de Filosofia, sou claramente etnocêntrico. A Medicina Ocidental, sobretudo a sua filosofia, tem vacilado entre Cós e Cnidos, duas escolas gregas do pensamento médico. A grande tradição humanista do pensamento médico ocidental não se dissolveu com o aparecimento da noção de doença-objecto: o modelo da psicologia médica é deveras pobre e talvez dificulte mais do que favorece a eficácia da terapêutica biomédica.

A obra que me cativou para a Filosofia Médica foi esta: "Philosophie de la Chirurgie" de R. Leriche (1951). Porém, depressa contornei a perspectiva de Leriche quando um professor de Medicina me disse que a cirurgia era "artesanato": a via a seguir era e é farmacológica.

Embora tenha feito o currículo da disciplina de Sociologia Médica, todo ele centrado no Hospital, afastei-me muito da Medicina Social: a territorialização da medicina científica, isto é, a biomedicina, gera um excesso de burocracia que não beneficia o doente, em primeiro lugar, e o médico. Agora confrontamo-nos com aquilo a que chamo Medicina Económica, esse novo monstro do saber médico.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os monaquistas fugiram das cidades e foram para o deserto: eles eram homens ébrios de Deus, nós somos homens profundamente desiludidos.

A Filosofia da Modernidade matou Deus sem no entanto ter pensado uma alternativa: a vontade e o desejo assumiram papel de destaque e levaram-nos até ao subjectivismo extremo. Será que devemos pensar uma filosofia da renúncia ao desejo? Um pensamento radicalmente novo deve livrar-se das figuras do desejo.

"Eu desejo", ("Tu desejas"), "Nós desejamos": Esta conjugação reduzida do verbo desejar no presente permite filiar as filosofias contemporâneas em pelo menos três grupos, sendo o segundo um grupo difuso. Escapar ao desejo e suas figuras: uma ideia a explorar.

A minha ideia é simples: as Filosofias da Vontade conduziram à dominação tecnológica da natureza, primeiro da natureza exterior, depois da própria natureza humana. Ora, estas filosofias são filosofias da liberdade: o que pretendo denunciar? A própria noção de liberdade que, em vez de emancipação, produz domínio crescente da natureza. Este é o paradoxo da liberdade!

O culto do Homem do helenismo está presente - embora de forma degradada - no mundo contemporâneo: A Filosofia nunca renunciou à sua herança grega genuína. Ora, precisamos repensar esse humanismo subjacente ao pensamento filosófico.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Filosofia define-se pela sua relação essencial com a Política: O mundo ocidental deve as suas configurações políticas à Filosofia. Ora, o que aconteceu depois do colapso do comunismo e do triunfo do neoliberalismo foi o divórcio entre a filosofia e a política, divórcio aproveitado pela Economia para se tornar pensamento dominante. Voltada sobre si mesma, a Filosofia deixou de pensar a política: os economistas munidos com os seus números conseguiram colonizar todas as esferas da sociedade, submetendo-as à gestão económica. Entretanto, como abdicamos de pensar a política, não temos uma teoria capaz de exorcizar o poder da economia e dos seus agentes. As pessoas criticam as candidatos a autarcas mas a sua crítica é vazia: a estupidificação venceu a imaginação política.

Ou dito de forma lapidar: Há sempre Direita mas nem sempre há Esquerda. Neste momento, não há Esquerda na Europa e no mundo. Os partidos ditos de Esquerda não têm argumentos nem projectos políticos alternativos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Logo que o tempo refresque vou estudar a cerimónia Naven da Cultura Iatmul, no decurso da qual os homens se vestem de mulheres e as mulheres de homens, exibindo comportamentos sexuais curiosos.

Uma crença banto colheu-me de surpresa: O homem que morre solteiro pode ser casado pela sua família e gerar filhos. A ideia de fundo parece ser a de que os homens morrem várias vezes antes de chegar ao outro mundo com o corpo intacto.

Heidegger acusa Marx de ter dissolvido a Filosofia numa pluralidade de ciências sociais e humanas. Ele tem razão do ponto de vista institucional, embora essa não fosse a intenção de Marx, cuja noção de totalidade não permite tal dispersão. A institucionalização destas pseudo-ciências foi imposta pela própria lógica do capitalismo que as usa como técnicas de adaptação ideológica. Chegou a hora de liquidar as ciências sociais e de retomar a Grande Filosofia.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ando cansado de genealogias, arqueologias, histórias, enfim hermenêuticas: o elemento da Filosofia é a grande teoria e esta é um empreendimento abstracto. Precisamos de teorias abstractas para imprimir outra orientação ao mundo e à nossa vida.

A Filosofia produz conhecimentos ao mesmo tempo que procura orientar o processo de transformação do mundo. Se pensarem nos grandes filósofos de todos os tempos, de Platão a Marx, constatarão que os grandes momentos da filosofia correspondem às grandes mudanças sociais e políticas. A Filosofia produziu a civilização ocidental.

Admiro o esforço filosófica de Althusser de repensar o marxismo, mas não suporto o positivismo que transparece nesse esforço mesmo depois dos Elementos de Autocrítica. Aquilo a que chamamos ciência e técnica está historicamente ligado ao conhecimento prático do mundo. Ora, esse conhecimento prático que existe em qualquer sociedade tornou-se teórico, isto é, científico, graças à Filosofia: a Ciência é uma criação filosófica. Sim, tenho uma concepção imperial da Filosofia e, neste sentido, aproximo-me de Kant.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Qual a relação entre Ciência e Magia? A antropologia social e cultural procurou resolver este problemas sem sucesso. A solução só pode ser encontrada na luta que os Gregos travaram contra o pensamento mitológico: a ciência surgiu dessa luta. Lévi-Strauss tem alguma razão ao recusar essa relação, embora reconheça a eficácia simbólica da magia.

Enfim, o que devemos retomar é o Milagre Grego!
Entre a ciência e a magia há a Filosofia.
Com a presença deste terceiro elemento a questão muda de sentido!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Gregory Bateson forjou o conceito de SISMOGÉNESE para pensar o processo de diferenciação nas normas de comportamento individual resultante da interacção acumulativa entre indivíduos. Bateson foi um teórico curioso: a sua atracção pelo sincrónico estático levou-o a descobrir lógicas nas culturas.

Portugal está a desmoronar-se... e, na sua eterna alienação, os portugueses começam a conformar-se com o triste destino do seu país. Deserto imenso - repleto de misérias e de pobrezas infinitas - aguarda os portugueses! A vida foi em vão...

Lembro-me bem do entusiasmo que os portugueses transmitiam quando pronunciavam a palavra "Globalização", a qual com um passo de magia encobria a eterna estupidez portuguesa. Alguns reclamaram o protagonismo pioneiro da globalização. Nunca lhes passou pela cabeça que a globalização era dominação à escala planetária!

Os australianos lutam contra os crocodilos, os tubarões e os porcos; os americanos lutam contra as abelhas africanas, as cobras, os crocodilos, os alces e os pumas; os escandinavos e os canadianos lutam contra os alces; os indianos lutam contra cobras, tigres e leopardos; os russos lutam contra tigres; e os chineses devoram a natureza viva. O mundo é um tremendo disparate.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Gregory Bateson forjou o conceito de SISMOGÉNESE para pensar o processo de diferenciação nas normas de comportamento individual resultante da interacção acumulativa entre indivíduos. Bateson foi um teórico curioso: a sua atracção pelo sincrónico estático levou-o a descobrir lógicas nas culturas.

Portugal está a desmoronar-se... e, na sua eterna alienação, os portugueses começam a conformar-se com o triste destino do seu país. Deserto imenso - repleto de misérias e de pobrezas infinitas - aguarda os portugueses! A vida foi em vão...

Lembro-me bem do entusiasmo que os portugueses transmitiam quando pronunciavam a palavra "Globalização", a qual com um passo de magia encobria a eterna estupidez portuguesa. Alguns reclamaram o protagonismo pioneiro da globalização. Nunca lhes passou pela cabeça que a globalização era dominação à escala planetária!

Os australianos lutam contra os crocodilos, os tubarões e os porcos; os americanos lutam contra as abelhas africanas, as cobras, os crocodilos, os alces e os pumas; os escandinavos e os canadianos lutam contra os alces; os indianos lutam contra cobras, tigres e leopardos; os russos lutam contra tigres; e os chineses devoram a natureza viva. O mundo é um tremendo disparate.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A alma primitiva distingue entre cadáver e morto e esta distinção ajuda a clarificar a sua noção de indivíduo como "lugar de participações". Acho que muitos portugueses e outros europeus não possuem esta ou qualquer outra noção de individualidade.

A noção de zombie nunca teve qualquer estatuto especial nas teorias filosóficas. No entanto, ela tornou-se central na filosofia anglo-saxónica quando esta procurou resolver o problema mente/cérebro. Os americanos que eliminaram a alma são, eles próprios, zombies.

Hoje vou avançar com uma proposta ousada: as pessoas que eliminam a alma identificando-a com o cérebro deviam perder direitos e ser usadas como cobaias de experiências científicas ousadas. Afinal, quem elimina a alma fica sem argumentos contra o carrasco: um zombie deve ser tratado como zombie.

É muito difícil abandonar o dualismo ocidental, sobretudo nas interacções da vida quotidiana. Um materialista consumado recusa ser tratado como tal na vida diária: Ele não quer ser um zombie. Um ateu consumado alega que, em situações-limite, precisou de ajuda espiritual e não a teve. Ele joga aqui com pressupostos dualistas. É muito difícil recusar o dualismo sem perdermos a nossa alma.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Eu posso conceber uma introdução à Filosofia como uma introdução ao Dualismo e às figuras conceptuais que assumiu ao longo da história do pensamento ocidental. E, seguindo este caminho, encontro a luta entre idealismo e materialismo preconizada por Engels. Ora, quando entro nesse terreno, já estou em plena Filosofia Moderna: a Ciência surge aliada à estratégia materialista de investigação da natureza. Um tal curso capta o núcleo do pensamento filosófico.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Perguntam-me muitas vezes o que é a alma. Geralmente, não respondo, embora pense baixinho: alma é aquilo que não tens. Esta resposta não clarifica a essência da alma humana, é certo, mas aponta para uma privação: Há homens privados de alma que se comportam como zombies.

O voluntarismo é próprio da opinião pouco instruída. "Eu sou livre" e "O (meu) cérebro é livre" são duas afirmações provenientes de problemáticas teóricas diferentes. A primeira implica uma concepção radical da subjectividade e da liberdade, enquanto a segunda é, no melhor dos casos, tributária da teoria da identidade. No entanto, a segunda afirmação é paradoxal: ela atribui liberdade ao cérebro. Como se sabe, não temos uma solução segura para o problema mente-cérebro: o materialismo eliminativo rouba-nos a subjectividade e empobrece a nossa vida mental.

"Os professores preparam as suas aulas": Esta frase é constantemente pronunciada nos mais diversos contextos de interacção na vida quotidiana. Mas ainda não clarificaram o seu sentido: Afinal, o que quer dizer "preparar as aulas"? O que fazem os professores para prepararem as suas aulas? Pela "qualidade" das aulas diria que eles não fazem nada!

O materialismo consequente é impensável. Não é a primeira vez que penso que o materialismo prestou um mau serviço ao marxismo e, sobretudo, ao seu projecto político. As grandes épocas da história foram de facto épocas idealistas: Sem o impulso do espírito o mundo não se transforma.

Lá onde o povo diz pensar ninguém pensa. Devemos entregar os povos ao seu destino e cultivar uma indiferença pelo seu sofrimento. A imaginação política deve ser colocada ao serviço de um novo regime político que não dependa da voz popular.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A "pobreza da experiência" é o resultado da pedagogia da criatividade: Experiência é um conceito filosófico profundo usado por diversas filosofias em sentidos por vezes dispares. Da experiência fenomenológica ao experimentalismo da ciência a distância pode ser medida em anos-luz. Porém, o homem contemporâneo - o animal dito pós-moderno - carece de experiência em todos os sentidos do termo.

Desconfio que as grandes antropologias não reflectem fielmente a realidade humana: o Homem abordado por elas é apenas o "homem superior". Quando Paul Radin distingue o homem-pensador e o comum dos mortais, é obrigado a reconhecer que as suas etnografias da mente primitiva recolhem a visão dos homens que pensam. De facto, o homem vulgar só pode ser objecto da Zoologia.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Europa está cada vez mais conservadora: o Homem-marmita é de tal modo paradoxal que vota naqueles que lhe querem tirar a marmita. O comportamento irracional desta criatura esbateu politicamente a distinção entre Direita e Esquerda. O sector político mais prejudicado é o da Esquerda que ainda não aprendeu que a ralé não pensa. A situação política só pode mudar se ocorrer uma catástrofe natural ou uma guerra ou algo semelhante à Peste Negra.

Tornei-me independente porque já não acredito ser possível recuperar a divisão do espectro político em Direita e Esquerda. Os grandes homens sabem que a ralé é a-política por natureza e que a sua emergência social eclipsa a Política. Há muito tempo que não há Política na Europa e no ocidente!

Os governantes portugueses partilham o mesmo sentimento anti-humano que, mesmo não sendo declarado, molda as suas políticas: a morte programada de um vasto sector da sociedade constitui uma oportunidade para outros. Como é evidente, uma política que programa a morte já não é política. Não sei se a palavra "vingança" cobre a acção deste governo laranja-podre!

Ao homem que aprendeu a pensar filosoficamente a política só lhe resta a cumplicidade com os carrascos: Aguardar pelo regresso da fome e da doença e depois pensar se ainda é possível salvar a humanidade!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Depois de ter provado que não há futuro em Portugal, resta-me ironizar a vida. Os merdia lisboetas congratulam-se com o empate do FCPorto no Estoril, esquecendo que não houve penalti e que o outro golo foi fora de jogo. O Jesus amaldiçoado por Cristo só venceu um campeonato no túnel. Lembram-se desse ano de mentira desportiva?

Eu olho para a realidade portuguesa como um estrangeiro: o meu olhar é clinicamente objectivo, como mostrou Simmel. Portugal nasceu fragmentado e os "portugueses" do Norte têm sido as vítimas da chamada "unidade nacional". Até a Madeira beneficia mais com essa pseudo-unidade do que o Norte. Chegou a hora de gritar - Independência ou Morte!

Portugal está podre. Sonhar o Porto Cidade-Estado é pensar uma saída inteligente da crise em que vivemos. Com efeito, a emergência do Norte como novo Estado Ibérico livra-nos da dívida e dos custos do Euro. Com a nossa capacidade de exportação, podemos estimular a nossa economia. As empresas ditas nacionais seriam nacionalizadas e, posteriormente, privatizadas de uma forma inteligente e lucrativa, sem capitais chineses. Lisboa e Madeira ficariam entregues às suas dívidas descomunais. Esta mudança qualitativa seria uma surpresa mundial. Porto Cidade-Estado pode conquistar o mundo e atrair grandes investimentos, desde que se formassem novas elites sem contactos com o sul de Portugal. Já viram como seria bom sair da caverna portuguesa e respirar ar novo?

Quando Platão pensou a alegoria da caverna, teve uma premonição: O futuro do Norte de Portugal depende da formação de um novo Estado Ibérico. Platão disse aos portuenses: Libertai-vos das correntes que vos amarram a um país-caverna sem futuro. Sair da caverna portuguesa e olhar para o mundo à luz do sol: eis a missão histórica dos portuenses!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O lado gostoso da emergência do Norte como novo Estado Ibérico seria deixar o Benfica e o Sporting entregues a si mesmos. Esta mudança de vida traria muita felicidade. Já viram como a vida seria boa se não tivéssemos de escutar diariamente os merdia lisboetas!?

É um facto que nós portuenses não recebemos lições de estranhos! O Porto Cidade-Estado não pretende dissolver-se na Galiza e ser anexado por Espanha. As relações com a Galiza seriam bem pensadas e negociadas!

Há uma coisa que o autor do texto de baixo desconhece: portuenses e galegos entendem-se muito bem e, se fosse menos lisboeta, já devia ter observado a presença regular de galegos no Porto. Ora, uma possível reconstituição da Gallaecia levaria em conta o poder do Porto: económico, financeiro, cultural, universitário, futebolístico, estratégico, etc. Quanto à clivagem Norte/Sul, o argumento encontra-se no mapa da Gallaecia. Mas o Porto tem outras influências e presenças: o Porto Inglês!

A legitimação do Porto Cidade-Estado exige o recurso a um fundo mitológico: ilustres portuenses já tentaram apreender esse fundo com recurso a Homero ou a outros autores clássicos. Como é evidente, essa mitologia fundadora da Cidade-Estado deve ser elaborada filosoficamente.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Camões refere-se à Cidade do Porto nestes termos: "Lá na leal cidade donde teve/Origem, (como é fama) o nome eterno/de Portugal...". A expressão "leal cidade" reconhece claramente a autonomia da Invicta. Porém, a palavra "leal" deve ser abandonada pelos portuenses: a lealdade de um portuense é para com a sua Cidade-Estado.

Quando falei no fundo mitológico que legitima o Porto Cidade-Estado, estava a pensar na obra de dois ilustres portuenses: Manuel Pereira de Novais (século XVII) que atribui a fundação da cidade a um príncipe chamado Calais ou Calé, filho de Boreas, rei da Trácia; e Cerqueira Pinto que considera Noé como seu fundador. A ideia a reter deste fundo mitológica é a de que o Porto é uma cidade velha a perder-se na noite dos tempos.

Miguel Torga refere-se claramente ao Porto como Cidade-Estado. Dos seus historiadores cabe destacar as Obras Completas (2º Volume) do Cardeal Saraiva. Com efeito, a cidade episcopal foi sempre muito autónoma em relação à coroa portuguesa. O Porto que conhecemos nasceu dessa luta entre a cidade episcopal e a cidade burguesa.

As obras dos historiadores do Porto devem ser reeditadas. Destaco os seguintes nomes: Almeida Fernandes, António de Sousa Machado, Cardeal Saraiva, Magalhães Basto, Mendes Correia, Monteiro de Andrade, Rogério de Azevedo, D. Rodrigo da Cunha e Torcato de Sousa Soares.

Da Galiza chegam duas obras: "A Civilização Céltica na Galiza" de F. Lopes Cuevillas, e "História da Galiza" de Vicente Risco. A comunidade de sangue está assim constituída e o Norte delimitado e definido.

Luís de Pina escreveu a obra "O Porto na Conquista de Lisboa". Compreendemos esta iniciativa portuense no espírito das Cruzadas. O Porto que no passado lutou pela fundação de Portugal é o Porto que, no presente, deseja a sua separação de Portugal. Devemos reparar o nosso erro histórico!

Lisboa, palco no passado do primeiro holocausto, obrigou a Cidade do Porto a expulsar a sua rica e culta comunidade de judeus. A clivagem Norte/Sul é cultural e racial: Lisboa como capital só tem cometido erros ao longo do tempo, a começar pela expulsão dos judeus que nos privou da companhia do primeiro filósofo portuense. Se és portuense, sabes o nome desse filósofo!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Salazar tentou minar o saber-poder do Porto, criando diversas mitologias, das quais destaco a historiográfica, a arquitectónica e a futebolística. A historiografia portuguesa, salvo raras excepções, falsificou a História de Portugal, roubando protagonismo ao Porto. Inventou-se o mito da cidade-berço, de modo a minar a unidade do Norte. Porém, como a falsificação histórica não foi bem sucedida, Salazar elaborou um programa de restauro dos monumentos nacionais que passou ao lado da mente dos portugueses. O Benfica, esse sim, foi o veneno popular criado por Salazar...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Portugal já não existe: o que existe é um grande asilo de alienados mentais que, como mostra o caso "ai jasus", agridem a polícia, colocando-se acima da Lei. Os alienados que se aglutinam na capital pensam que têm mais direitos do que os outros, mas a partir do momento em que se colocam acima da Lei perdem os direitos.

A criatura tísica que dirige a Associação de Futebol de Lisboa diz querer liderar o futebol nacional para favorecer os interesses do Benfica. Ora, ele esquece a natureza contratual do poder: as outras associações não querem ser lideradas por Lisboa e, acima de tudo, não querem o regresso do "clube do regime" fascista.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Gramsci elaborou o conceito de hegemonia para pensar a luta pelo controle dos meios de comunicação social, entre outros aparelhos de Estado. Rui Santos, o defensor da opacidade desportiva, usa-o para falar da hegemonia do FCPorto. Ora, o poder desportivo do FCPorto não detém o controlo da comunicação social, a qual é claramente favorável ao Benfica, nem sequer é um clube do regime. A hegemonia do FCPorto é uma hegemonia de prestígio.

Um dos problemas de Portugal é a inveja alicerçada sobre o espírito de macaco-de-imitação dos portugueses. Qualquer instituição portuguesa que se destaque mundialmente pelo seu mérito é imediatamente alvo da inveja nacional, e, como os portugueses não conseguem seguir o exemplo sem conspirar, tendem a supor que há conspiração por detrás do mérito. Ora, este espírito malevolamente invejoso afunda irremediavelmente Portugal.

Há muitas teorias sobre o Futebol. Pessoalmente, inclino-me para a teoria etológica da tribo de futebol, reconhecendo as suas irracionalidades. Tenho espaço para me afirmar como adepto racional e, como tal, não me dou ao trabalho de recrutar novos adeptos. Consigo travar um diálogo racional com adeptos de clubes adversários.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O caso "ai jasus" ensina-nos uma coisa se não for punido: «Quando a polícia tentar multar-te ou deter-te, defende-te e agride-a». A polícia perdeu autoridade em Portugal.

O caso do Presidente da Associação de Futebol de Lisboa ensina-nos a mentir: «Quando quiseres vencer o teu adversário, grita e chama pela polícia, fingindo que foste agredido». Ora, conheço bem este comportamento mentiroso dos portugueses e, por isso, condeno-o. Quantas pessoas sobem pela escada social e profissional usando este estratagema mentiroso? Não alinho com alienados mentais!

Se há uma conspiração desportiva em Portugal, ela só pode ser "encarnada": O Presidente de uma Associação de Futebol regional que vai para o camarote presidencial a torcer contra o FCPorto e o Presidente da Liga que aparece ao lado do "ai jasus" no campo, o que estes comportamentos anómalos significam? Que há uma conspiração de bastidores contra o FCPorto!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Por temperamento coloco-me geralmente ao lado das "vítimas" de ataques irracionais. Mesmo que não fosse portista, nunca alinharia com Rui Gomes da Silva que, no debate "O Dia Seguinte", insulta a instituição FCPorto e os seus adeptos e despreza o Sporting. O seu comportamento evidencia sinais de poderosa perturbação mental: Quando se perde o bom-senso, perde-se também o contacto saudável com a realidade. Se fosse benfiquista, condenava este comportamento e distanciava-me da figura que, sendo do Norte, trata a Cidade do Porto como um bando de atrasados mentais.

Os portugueses tendem a aprovar comportamentos que geram bandidos sociais. Há corrupção e cunhismo em Portugal porque os portugueses aprovam esses comportamentos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Nos USA, a vida está cheia de oportunidades. Se acreditas no paranormal, entras na universidade e crias um grupo de estudo de fenómenos paranormais. E quando sais de lá podes ganhar a vida caçando os fantasmas que assombram as pessoas e as casas. Em Portugal, se quiseres caçar fantasmas, precisas de ter cunhas. Enfim, Portugal permanece igual a si mesmo.

Surpreendente este meu súbito interesse pela obra de Lévi-Strauss: Vejo no seu estruturalismo uma filosofia que tenta capturar a fenomenologia. Coloca fora de circuito o "vivido" e, logo a seguir, condena a intervenção do acontecimento na estrutura. A Filosofia Estruturalista vacila entre o concreto e o abstracto: a sua tematização explícita pode mostrar o seu pecado original.

Apesar de estar contente como adepto portista com a triste figura do "ai jasus", como português fico com vergonha, sabendo que a cena foi difundida mundialmente. O que o mundo está a pensar de nós? Que somos um país de malucos, onde a polícia é agredida por um treinador!

A minha experiência ensinou-me uma coisa: Quando assisto a jogos entre FCPorto e Benfica em lugares públicos, vejo os portistas a torcer pelo seu clube e ouço os insultos que os benfiquistas dirigem ao FCPorto e ao seu dirigente. E reparem: os benfiquistas estão em minoria. Os adeptos portistas são muito mais calmos do que os adeptos encarnados. Vejam o caso do comentador benfiquista no Dia Seguinte: É um homem mentalmente equilibrado? Pois, ele distorce tudo, incluindo a percepção. Outro caso: O que estava a fazer no campo o Presidente da Liga no caso do "ai jasus"? Afinal, quem são os "fruteiros"? Quem anda a conspirar nos bastidores? Deixo estas perguntas...

O jornalismo português é medíocre, intriguista e conflitual: Já não suporto ouvir falar do "ai jasus" e do outro camelo. As imagens dizem tudo sobre o estado da sua saúde mental. Um país de loucos: eis Portugal.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A loucura manifesta-se em todos os sectores da vida pública portuguesa, da política ao futebol, das empresas aos bancos, enfim das universidades às instituições sociais. A psicologia portuguesa deve ser pensada à luz da psicopatologia: a histeria dos "machos" portugueses está associada ao abuso de poder, próprio de mentes arcaicas. Os portugueses sabem por experiência o que significa abuso de poder: a realidade humana portuguesa é psicopatológica. A corrupção é uma consequência disso.

A pequena glaciação, um acontecimento que parece ter ajudado a estalar a Revolução Francesa, ainda não foi estudada em Portugal: Será que teve algum impacto sobre a nossa História?

Tenho muita dificuldade em imaginar uma vida para além da morte porque não desejo voltar a lidar com as mesmas pessoas que conheci aqui na Terra. Se tiver alguma capacidade de decisão, escolherei a solidão por companheira, algures em Andrómeda.

Não sofro de depressão e, talvez por isso, não tenho qualquer tendência suicida. Mas também não tenho medo da morte: o meu medo é real e prende-se a situações reais que não desejo viver. De resto, que venha a Senhora Morte porque não a temo.

Um padre jesuíta ficou chocado quando um homem tonga lhe disse que não acreditava na ressurreição dos mortos. Ora, embora não seja banto, também não acredito na ressurreição da carne. Perante dois imaginários, escolho o imaginário banto.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O estilo de escrita portuguesa aterroriza o meu espírito abstracto e transparente. A minha mente formou-se em contacto íntimo com culturas estrangeiras: a minha escrita é um esforço constante de introduzir uma nova gramática na língua portuguesa, bem como um novo estilo de pensar. Porém, o meu esforço para introduzir o espírito abstracto da grande filosofia choca contra o muro do pensamento português. Curiosamente, o estilo de escrita dos homens portugueses é feminino: a sua mente está mais próxima do universo de Margaret Mead do que universo masculino.

Usando a escrita portuguesa para sondar a alma portuguesa: "Quero ser outro e é outro que eu me vejo/sentindo que sou eu sem saber quem sou eu..." Estes versos de António Ramos Rosa usam uma linguagem sedutora: o eu na sua relação com o outro. Mas a profundidade só está no uso das palavras porque, lendo o poema, ficamos decepcionados: Um tonga fala do seu outro usando o termo "sombra". O poema de António Ramos Rosa é uma sombra pálida da eterna busca de si mesmo no outro. Paralisa o pensamento filosófico!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Dizem que, em Portugal, há muitos poetas, como se o povo português fosse um povo de poetas. Porém, quando chega a hora da verdade, não sabemos nomear um único grande poeta cuja poesia mereça ser pensada filosoficamente. Já pensei alguns poetas portugueses mas para isso tive de usar uma hermenêutica violenta.

Chegou a hora de ser mau: Já repararam que poetas como Florbela Espanca, Fernando Pessoa ou António Ramos Rosa procuram o seu Eu sem o encontrar? Ora, quando chamo zombies aos portugueses, faço-o para denunciar a ausência de um "self" forte e bem estruturado!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Já leram "A Náusea" de Jean-Paul Sartre? Conseguem imaginar um autor português a escrever essa obra ou outra similar? Como é que autores que personificam a náusea poderiam apreender a essência da náusea? Portugal é náusea!

Por que odeio os portugueses? Porque sou afirmação da vida e os portugueses na sua condição de mortos-vivos tentam devorar a vida! Portugal é um filme de terror.

De facto, as nossas grandes vocações despertam na infância: África foi de certo modo o cenário onde despertei para a biologia e para a filosofia. O meu interesse infantil pela origem da vida articulou-se sempre com o projecto de construir uma sociedade mais justa. Ora, mais tarde foi fácil dar seguimento a esses interesses infantis: a biologia molecular e o marxismo deram-lhes dimensão.

Por que odeio Lisboa? Porque atrai todos os corruptos que desejam enriquecer de modo fácil através da captura do Estado Português. Lisboa tornou-se sinónimo de corrupção.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Acordei a pensar numa coisa que não quero partilhar, mas lendo um comentário mudei de tema: A necessidade de pensar uma Filosofia para a Medicina. As pessoas têm uma concepção errada do tratamento médico e das doenças. É provável que os médicos pouco façam para alterar essa concepção da medicina: Afinal, eles também não possuem uma Filosofia Médica capaz de clarificar o que fazem.

A abordagem das etnociências invadiu completamente a antropologia médica: a concepção emic das doenças e dos tratamentos pode e deve ser estudada. Mas ela está desfasada da medicina que se pratica nos hospitais. É por isso que defendo a necessidade de repensar uma nova filosofia médica, tendo como base a biomedicina. O resto são flores despedaçadas pelo vento.

Quais são as temáticas que gostaria de ver abordadas pela Filosofia Médica? Se tiver tempo, vou pressionar o sistema para introduzir a Filosofia Médica como disciplina anual do curso de Medicina.

A Medicina da Dor é uma especialidade médica fascinante: nem todos reagimos à dor da mesma maneira. O comportamento de dor varia em função da cultura, do género ou do grupo social a que pertencemos. A dor desempenha uma importante função biológica: ela chama a nossa atenção para uma lesão ou mau funcionamento fisiológico.

A Farmacologia é uma disciplina fundamental para definir a condição humana; daí a necessidade de lhe dar um destaque especial na Filosofia Médica: o comportamento de consumir drogas faz parte da natureza humana. O homem é um animal adicto que usa drogas para fazer face à ansiedade gerada por um meio hostil.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Tenho estado a estudar uma etnografia banto. O preconceito racial do autor - de resto, não assumido - leva-o a dizer coisas mal-pensadas. Acusa os bantos de não conhecerem a anatomia e a fisiologia humanas. É certo que os bantos não fundaram a medicina científica, mas a sua "ignorância médica" é semelhante à dos europeus comuns. Quem é que conhece anatomia e fisiologia? Quase ninguém...

A concepção banto da alma é extremamente subtil porque os bantos não pensaram a distinção entre espírito e matéria. Em termos de localização das funções mentais, eles foram e são provavelmente cardiocentristas, tal como o foi Aristóteles. Porém, eles descentralizam as funções, atribuindo funções mentais a diversos órgãos corporais que não o cérebro: o fígado merece destaque.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Admiro imenso a cultura Anasazi, cujo centro se encontrava no sudeste dos Estados Unidos. O ocaso dos "basquet makers" foi o princípio dos índios pueblos: os Hopi consideram-se herdeiros da cultura Anasazi. De facto, a sua mitologia ajuda a compreender a mitologia de Pueblo Bonito. Apesar do carácter espectacular das construções da cultura Anasazi, repudio completamente as especulações delirantes da Teoria do Astronauta Ancestral: Não vejo qualquer afinidade entre os "homens-formiga" e os supostos extraterrestres da Suméria.

O meu pensamento de hoje é terrível: Os americanos inventam cada vez mais cultos religiosos, alguns dos quais são claramente políticos, enquanto os portugueses se arrastam sem questionar a vida. A inércia mental dos portugueses apavora-me!

Portugal é um país mental e cognitivamente medíocre. Teve um império colonial mas não soube sondá-lo e explorá-lo, tal como fizeram os ingleses nos seus territórios ultramarinos. A mente portuguesa foi amputada da curiosidade que fomenta o crescimento do conhecimento humano. A pobreza de títulos editados pelas Editoras Portuguesas indica claramente o défice cognitivo dos portugueses. Vejo-os como um bando de macacos-de-imitação! Ou de bois-mansos! Ou de zombies!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Jorge Dias é apontado como um dos maiores etnógrafos portugueses. Mas o que é a etnografia portuguesa que parece ter o seu epicentro na obra de José Leite de Vasconcelos? Vejamos uma obra: "Vilarinho da Furna: Uma Aldeia Comunitária", de Jorge Dias. A obra carece de sensibilidade social e estética: é um imenso deserto conceptual. A etnografia portuguesa não existe!

Não gosto mesmo nada de Portugal. Apesar disso, considero que a classe dirigente portuguesa é responsável pelo atraso do país. Perante a cultura portuguesa, há duas alternativas: Uma é queimá-la pela sua falta de mérito; outra é submetê-la a uma hermenêutica violenta, de modo a emprestar um pensamento estrangeiro às suas produções. Porém, a ralé do poder português aposta na primeira alternativa: a cultura portuguesa está condenada a ser negócio de alfarrabista, isto é, está morta.

Quando tentei em duas ou três conferências reabilitar o pensamento de Agostinho da Silva, um grupo da maçonaria portuguesa acusou-me de ser protestante e de subjugar o pensamento português ao pensamento alemão. Olhei para eles a sorrir e chamei-lhes reaccionários: Agostinho da Silva é merda de pensamento quando confrontado com o pensamento de E. Bloch ou de J. Moltmann. Mas o confronto dá-lhe alguma credibilidade...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Apaixonei-me pelos Esquimós quando li um ensaio de Marcel Mauss sobre a morfologia social das sociedades esquimós. Depois aperfeiçoei os meus conhecimentos lendo algumas das melhores etnografias esquimós. K. Birkel-Smith ensinou-me que a Filosofia Esquimó gira em torno de três conceitos nucleares, embora tenha outros entes com forte personalidade, como por exemplo o "espírito lunar": Inua, conceito que nos apresenta um universo tão animado quanto a pessoa humana; a alma, chamada Tarneq nas tribos orientais; e Sila, palavra que não tem tradução nas nossas línguas. A concepção esquimó de alma é democrática e universal: os Esquimós da Gronelândia acreditam que as pessoas têm diversas almas. Associado ao insólito e ao maravilhoso, temos Sila, uma força impessoal e mágica que penetra o Destino. Sila não é bom nem mau: Só se torna perigoso para as pessoas que não sabem lidar com essa força poderosa.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os homens universitários portugueses são tão vigaristas que ainda não escreveram uma História da Etnografia Portuguesa. A nossa etnografia pode não ser brilhante como a inglesa, francesa e americana, mas existe e precisa de ser actualizada de modo a projectar os povos colonizados pelos portugueses. Como não encontro as obras no meio de milhares de livros, consultei um dicionário de etnologia e qual o meu espanto quando não encontro uma entrada para os Macondes de Moçambique: a obra do casal Dias não é conhecida pela comunidade etnológica mundial.

Estou cada vez mais convencido de que as universidades privadas foram criadas em Portugal para dar emprego aos políticos e a outros gatunos sem títulos e sem profissão. O ensino das Humanidades em Portugal é uma tremenda vigarice!

Em 1922, surgiu em Inglaterra uma obra que marcou o destino da antropologia social e cultural: "Os Argonautas do Pacífico Ocidental" de Bronislaw Malinowski. (Ainda não está disponível em língua portuguesa!) O fundador do funcionalismo foi ignorado em Portugal pela comunidade antropológica e etnológica. Jorge Dias escreveu as suas monografias sem ter em conta as grandes problemáticas da antropologia social inglesa: o seu estilo voluntarista é provinciano. Porém, dado ser uma figura ousada para o seu tempo salazarento, podemos lê-lo à luz dos debates científicos do seu tempo. Deste modo, recuperamos a sua obra.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Moçambique é tão pobre que ainda não fundou uma Editora para publicar as grandes etnografias dos povos moçambicanos. Bem sei que Mia Couto diz que os moçambicanos devem escrever a sua própria história; porém, uma história que ignore as grandes etnografias carece de credibilidade. As interpretações alucinadas da história não melhoram a realidade social; pelo contrário, acentuam primitivismos e preconceitos que urge ultrapassar. Mia Couto é tonto!

Orlando Ribeiro exemplifica o espírito gatuno dos portugueses: a sua Geografia de Portugal é a versão portuguesa ligeiramente melhorada de um livro escrito por um geógrafo alemão! Que vergonha! Orlando Ribeiro, o geógrafo vigarista: eis o título de uma obra a ser escrita!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Infelizmente, não conheço bem a etnografia alemã, com excepção de alguns estudos pré-colombianos e brasileiros. Jorge Dias doutorou-se na Universidade de Munique e, como se sabe, os alemães interessaram-se pela etnografia portuguesa. Vilarinho da Furna - a aldeia comunitária do Gerês - foi primeiramente estudada por Link. Há portanto uma estreita ligação entre os estudos etnográficos alemães e portugueses. Uma História da Etnografia Portuguesa deve clarificar essa ligação. Porém, Portugal tinha territórios ultramarinos: a etnografia alargou-se de modo a incluir os povos desses territórios. Possuímos imensos estudos etnográficos que focam já problemas abordados pelas etnociências.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Segundo Jorge Dias, os habitantes de Vilarinho da Furna acreditavam em LOBISOMENS: a "crença de que certas pessoas, graças à magia, se podem transformar em animais: lobos, burros, bodes, etc., e que depois, a certas horas da noite, vão pelos campos e caminhos cometer desacatos e inquietar as pessoas e os animais". O lobisomem é um feiticeiro involuntário que cumpre um fado imposto pelo destino: o ferimento do animal em que se transformou fere o próprio feiticeiro e quebra-lhe o encanto. Jorge Dias recorre a Frazer para dizer que se trata de uma crença universal.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A nossa época é uma época de crise antropológica: O homem e a noção que temos da natureza humana estão em crise. A maior parte dos canais televisivos ditos culturais usam a propaganda americana para impor uma determinada visão do mundo: os americanos ainda não compreenderam que a sua vida mental está completamente perturbada: a sua visão da história é miserável.

Quando o homem está em questão, a Filosofia deve colocar a velha questão: O que é o Homem? As antropologias filosóficas têm respondido a esta questão, mas as respostas dadas pressupunham um mundo seguro. Ora, o nosso mundo não é seguro; pelo contrário, é incerto e global. A própria extinção da humanidade merece ser pensada: o nosso horizonte de expectativas está a encolher.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O marxismo produziu diversas antropologias filosóficas e científicas. Se excluirmos as científicas, as antropologias marxistas partilham a noção-nuclear de que o homem não é um ser acabado, como a formiga ou a abelha, mas simplesmente recomendado como uma tarefa a realizar-se. Daqui resulta que o homem está oculto a si mesmo e, por conseguinte, sempre à busca do seu verdadeiro ser. O homem é para si e para os seus semelhantes uma pergunta aberta, um enigma e, com frequência, um espectro. O homem tem de dar a si a resposta da humanidade sem no entanto permanecer na história com nenhuma destas respostas como garantida. O homem é na sua existência uma experiência: cabe-lhe a tarefa de realizar as suas próprias possibilidades. Ora, esta ideia marxista é a mesma ideia que pauta a reflexão filosófica desde os tempos de Sócrates e de Platão: o ideal de uma vida justa fez da filosofia uma actividade crítica. Os conceitos filosóficos são negativos, na medida em que não fixam a realidade: a sua função é dilatar a esperança e antecipar o ser futuro.

Os neoliberais denunciam aquilo a que chamam o terrorismo ideológico das utopias. Podemos criticar o neoliberalismo dizendo que ele se divorcia da tradição ocidental, contribuindo assim para o eclipse do Ocidente, mas devemos logo acrescentar que também ele tem a sua utopia. Karl Mannheim abordou as utopias liberais e conservadoras: o que é a sociedade de consumo promovida pela propaganda americana a não ser uma má utopia? Mas o que me interessa aqui é saber se não temos exigido ao homem aquilo que ele não pode realizar: a exigência filosófica implica certas doses de violência. A arte consiste em meditar este custo da utopia sem romper com a tradição filosófica. É quase um exercício em corda bamba.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quando encaramos o marxismo por aquilo que ele é - uma matriz de modelos críticos, distanciamo-nos automaticamente da sua "ideologia" que Lenine procurou realizar na URSS. O idealismo alemão - Kant, Fichte, Schelling e Hegel - promoveu a crítica, é certo, mas coube a Marx o mérito de ter elaborado a crítica da sociedade capitalista. Marx legou à Filosofia a crítica objectiva do existente e, neste aspecto, é incontornável.

No pensamento grego, a esperança ficou retida dentro da Caixa de Pandora. A esperança que configurou o pensamento filosófico é de origem judaico-cristã. Os conceitos filosóficos não são juízos que fixam a realidade naquilo que existe, mas sim em antecipações que revelam à realidade o seu horizonte e as suas possibilidades. Ora, a noção de esperança subjacente ao pensamento que procura mostrar o ser futuro à realidade existente é claramente derivada da escatologia: Spes quaerens intellectum.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Um ser não acabado é um ser aberto ao mundo e um ser aberto ao mundo é um ser-em-risco, em-perigo: O homem é, na sua abertura ao mundo, um ser-em-risco. Coube à filosofia alemã a tarefa de fazer do "risco" e do "perigo" conceitos filosóficos. Arnold Gehlen, um filósofo "conservador", pensou o risco, embora esta noção não fosse estranha a Hegel e Marx: a luta de vida ou morte coloca o ser do homem - senhor ou escravo - em-risco. Viver é, de certo modo, arriscar colocando o seu próprio ser em-perigo. Ora, a partir do momento em que o "risco" é introduzido na filosofia, a era dos sistemas fechados termina: a filosofia de Marx é um sistema aberto.

Uma alma que nunca tenha lido uma obra de filosofia é muito pobre e débil. Como é possível viver sem frequentar a Filosofia? O povo português está doente, muito doente; aliás, nasceu sempre-já doente.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O que é um "povo sem metafísica" (Hegel)? Gadamer retomou este conceito hegeliano para pensar a ausência de horizontes. Infelizmente, o povo português é um povo sem metafísica: os portugueses são incapazes de sentir espanto diante da existência do mundo, ou, como diria Lorenz, nasceram destituídos de curiosidade. Daí que Portugal seja um país sem horizontes, sem futuro. O imediatismo animal dos portugueses priva-os da companhia do pensamento essencial. Enfim, os portugueses não sabem habitar o mundo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Há uma solução para Portugal: Nacionalizar as grandes empresas e os bancos, expropriar a classe de corruptos nacionais, de modo a empobrecê-la, e depois organizar racionalmente o país sem ser necessário romper com a economia de mercado com regulação inteligente. Limpar antes de criar um novo país!

O capitalismo já teve os seus economistas honestos: Ricardo, Smith e Schumpeter foram alguns desses economistas honestos. Porém, com a econometria, emergiu uma classe de economistas neoliberais desonestos que, apropriando-se fraudulentamente do título da cientificidade, manipulam a realidade, de modo a satisfazer os interesses privados. O empresário de iniciativa elogiado por Schumpeter foi substituído pela figura do gestor. A banca cresceu em detrimento da economia real: os economistas não sabem criar emprego, mas sabem empobrecer os povos. Sim, é necessário dominar alguns conceitos económicos para desconstruir o discurso da economia neoliberal que esquece que a China está a fazer a sua revolução industrial sob o olhar desatento ou estúpido do ocidente.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Tenho tido algumas discussões com um alfarrabista que diz defender a economia de mercado auto-regulável. Já assisti a uma compra de livros efectuada por ele: Comprou mais de dez livros pagando apenas 2 euros e, depois disso, colocou etiquetas de preço nos livros: um deles subiu para 50 euros e os restantes foram etiquetados a 7,5 euros cada. Ora, o meu amigo alfarrabista diz que é o mercado que fixa os preços, mas na verdade é ele que atribui arbitrariamente preços.

Marx mostrou que a troca de mercadorias encobre uma relação de exploração. (Estou a simplificar!) O economista neoliberal diz-me que o sistema de mercado é racional e livre: um vendeu os livros porque estava aflito, outro comprou-os a baixo preço e vendeu-os com lucro. Ora, não há racionalidade no comportamento de explorar as aflições do outro. A exploração existe mas não é racional.

A alma da minha biblioteca sou eu mesmo. Quando morrer, ela perde a sua alma e converte-se num amontoado de livros que podem ter o seu preço no mercado.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

As discussões sobre capitalismo têm sido produtivas para mim. Se estudarmos atentamente os "documentos" americanos, tais como filmes, documentários, programas televisivos, etc., vemos claramente esta imagem: a vida dos americanos é uma luta permanente contra a pobreza e a precariedade. Eles resignaram-se ao destino que lhes é imposto e o seu orgulho nacionalista desfaz-se, pelo menos para nós, perante as imagens de miséria e de crimes.

À URSS sucedeu a União Europeia com a sua zona euro. Nós só seremos livres no dia em que ocorrer o colapso da União Europeia: os Muros de Berlim voltarão a ruir!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A teoria neurobiológica das cores começa a seduzir-se: as cores ancestrais foram o AZUL e o AMARELO, e só muito depois surgiram o vermelho e o verde. A visão das cores é modulada pela língua, no caso do homem. O curioso é observar algumas espécies de macacos que só reagem ao azul e amarelo.

O cérebro é uma espécie de máquina criadora de ilusões: o mundo não é tal como o vemos. Quando saímos de casa e vamos para a rua, o nosso cérebro acrescenta uma iluminação que não corresponde à realidade. O estudo das cores coloca muitos desafios à teoria filosófica. É tão estranha esta incongruência entre a mente inquiridora e a imbecilidade vigente da maior parte dos mortais.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A História é uma criação do profetismo de Israel. Os gregos - Tucídides, por exemplo - traçaram uma imagem fechada em si mesma de "uma história", mas não colocaram a pergunta pel' "a História". Coube a Marx colocar essa pergunta, de modo a destacar o futuro. Liberto do seu elemento ideológico, o marxismo não aniquila a história, como sucede nas filosofias da história como crise, mas mantém-na aberta. É certo que a escatologia da história permite uma saída da crise, sem andar de ordem em ordem, mas o marxismo faz sentido no nosso mundo empírico. Um marxismo sem promessas: eis o desafio.

Se a descoberta da Pirâmide dos Açores for associada à Atlântida descrita por Platão, então somos obrigados a refazer a nossa história. Teríamos no território marítimo nacional vestígios de uma civilização submersa no oceano. Neste aspecto, a Teoria do Astronauta Ancestral tem alguma credibilidade! Infelizmente, os portugueses são vigaristas e a descoberta vai ser objecto de falsificação ou de esquecimento.

Quando era adolescente, critiquei severamente o realismo fantástico numa assembleia de estudantes. Porém, nunca desacreditei completamente a teoria do astronauta ancestral. Há formas comuns e conexões entre continentes no passado da humanidade que me intrigam. A origem extraterrestre da vida na terra já foi tematizada por Crick: o caminho está aberto para as visitas de extraterrestres. Só temos o bom-senso para avaliar certas conjecturas históricas.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

É com desgosto que vejo a Filosofia a afundar-se em Portugal: Não temos nenhuma grande obra de antropologia filosófica traduzida em português e, tanto quanto sei, a disciplina ou foi extinta ou perdeu relevância no currículo. O ensino do alemão devia ser obrigatório nos cursos de filosofia.

A antropologia filosófica tal como a herdámos de Max Scheler distingue-se da antropologia metafísica pelo facto de definir o homem na sua relação com o animal e não na sua relação com Deus. Assim sendo, a antropologia teológica continua a ser herdeira da antropologia metafísica. Ora, se dermos prioridade à empiria, não podemos rejeitar esta dimensão da transcendência: a antropologia de Ernst Bloch captou-a mediante uma inflexão da crítica de Feuerbach à religião à luz da crítica de Marx. A teologia alemã - sobretudo a protestante ou luterana - nunca foi indiferente a Marx. É fundamental introduzir a teologia nos cursos de filosofia.

A situação da Filosofia no nosso mundo cognitivamente indigente é paradoxal: Há engenheiros e ecólogos a produzir Filosofias da Técnica e da Natureza, enquanto os auto-intitulados filósofos profissionais se dedicam a discutir o sexo dos anjos. O divórcio entre filosofia e ciência, pelo menos em Portugal, é fatal para a própria filosofia. O curso de filosofia deve ser um curso exigente: Filosofia da Técnica e Filosofia da Natureza são mais duas disciplinas a introduzir nos cursos de filosofia.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Filosofia da História é outra disciplina que não existe nos cursos portugueses de filosofia. Ora, gostava de saber como é que os licenciados em filosofia podem compreender a filosofia contemporânea sem conhecer toda a problemática teórica que a gerou desde que a pergunta pelo sentido da história casou o profetismo de Israel com a filosofia grega!

A teoria dos raptos extraterrestres - ou abduções - elaborada pelos teóricos do astronauta ancestral coloca muitos desafios à ciência: o recurso às possessões demoníacas da Idade Média é surpreendente. Os teóricos do astronauta ancestral tomam os textos à letra, traduzindo "demónios" por "extraterrestres". Ora, penso que os pesadelos de rapto são frequentes na infância tardia. Deve haver alguma explicação científica para esses raptos mentais que parecem quase raptos físicos.

Porém, no caso da extinção dos dinossauros, a teoria do astronauta ancestral cria dificuldades inteligentes à ciência. De facto, deixando de lado a fragilidade do carbono 14 para datar os achados, dispomos de muitos artefactos humanos - do Cambodja à América Central e do Sul - que representam imagens de dinossauros. Coexistiram os dinossauros com os homens? Ver Pedras de Ica, Peru.

As Pedras de Ica: Pedras cerimoniais de sepultamento descobertas em Ica, Peru, descrevem numerosas espécies de dinossauros, algumas em actividades com o homem (datadas de 500 dC a 1500 dC).

Os portuenses que elegeram Rui Moreira como Presidente da CMPorto devem agora exigir que ele cumpra a sua promessa: o Porto Independente. Se o nosso partido é o Porto, então o Porto deve emergir como cidade autónoma e independente. Os portuenses anseiam pela sua independência.

Já leram alguma obra de teologia do século XX? Conhecem a teologia da esperança, a teologia política, a teologia da libertação, a teologia existencial ou a teologia crítica? Pois, se não conhecem, como podem criticar?

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Oh, quando o homem vulgar se torna num herói para as massas, as coisas andam muito mal: o nivelamento por baixo está a corroer o tecido social privado do ímpeto genial. A vida é uma tremenda cópula vulgar!

Tenho estado a reler uma obra sobre "Deus na criação", escrita em chave ecológica, e deparei-me com esta afirmação: a crise ecológica traz consigo as crises sociais e as crises de valores e do sentido da vida, ao mesmo tempo que favorece as crises pessoais. Uma afirmação ousada que merece ser pensada porque a destruição da natureza implica a destruição do próprio homem.

Quando fiz o meu mestrado, apresentei um seminário sobre o pensamento do Jovem-Marx, onde procurei fazer uma síntese entre o marxismo e a cibernética, de modo a pensar a técnica. Posteriormente, abandonei esta perspectiva devido à tentação tecnocrática. Cheguei mesmo a escrever artigos sobre a tecnocracia publicados por um jornal portuense. Hoje continuo a considerar necessário pensar a técnica à luz de uma antropologia filosófica que urge elaborar com recurso aos contributos das ciências empíricas.

Comecei a interessar-me pela Cibernética nas aulas de Fisiologia Médica. Foi o professor catedrático desta disciplina que me desafiou a estudar a sério a cibernética. Porém, embora tenha estudado a teoria geral dos sistemas, nunca fui cativado por ela, tendo optado pelo reducionismo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os cursos de filosofia aterrorizam-me pela sua ligeireza: Como é possível formar licenciados em filosofia sem lhes exigir conhecimentos profundos? Eles saem da faculdade sem saber nada de nada: são criaturas inúteis!

Há um imbecil em Portugal - embora esteja no Brasil - que parece reinar nos meios filosóficos secundários: Sabem o seu nome?

O Ocidente tem uma dívida para com o cristianismo. A "Teologia do Novo Testamento" de Rudolf Bultmann é uma hermenêutica subtil dos textos bíblicos, que recorre à análise existencial do primeiro Heidegger para realizar uma leitura antropológica do Novo Testamento. Destaco a exposição da teologia de S. Paulo, o qual - como se sabe - escreveu textos em grego. Ora, o facto de escrever em grego obrigou S. Paulo a fazer cedências essenciais à filosofia grega, o que lhe permitiu captar a novidade radical do cristianismo em relação ao judaísmo: uma das noções que marca essa diferença é a noção de "cosmos" alheia ao Antigo Testamento. Aconselho a leitura de Bultmann que se distanciou de Heidegger quando este foi seduzido pelo nazismo.

Apesar da atracção que a "Teologia do Novo Testamento" de Bultmann exerce sobre mim, sinto-me também seduzido pela Teologia do Antigo Testamento. Duas obras monumentais seduziram-me: "Teologia do Antigo Testamento" de G. von Rad e "Teologia do Antigo Testamento" de Walter Eichrodt. A preocupação antropológica destas duas obras fascina-me. Os mortais vulgares desconhecem que o cristianismo é claramente anti-dualista. A imagem do homem no Antigo Testamento é surpreendente: o homem como ser necessitado desafia o pensamento filosófico.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Teologia aceitou o repto lançado por Nietzsche e produziu obras brilhantes de hermenêutica subtil que, se fossem lidas por Nietzsche, o deixariam cheio de vergonha pelos disparates ligeiros que disse sobre o cristianismo. Já o diálogo com Marx foi mais produtivo, tal como o demonstram diversas teologias do século XX.

Está na moda mencionar o nome de Natália Correia nas redes sociais. Porém, são poucas as pessoas que conhecem a sua poesia e o seu pensamento. Natália Correia admirava uma obra teológica: a "Teologia do Mundo" de Metz. Ora, a teologia prática de Metz é teologia política fortemente influenciada pelo marxismo, em especial pela Escola de Frankfurt.

Max Weber definiu a teologia como "racionalização do dogma". De facto, a teologia surgiu no Ocidente, como resultado da cópula entre Filosofia Grega e Cristianismo. O cristianismo transfigurou-se a partir do momento em que, para seduzir o mundo helenístico, teve de usar a linguagem racional da filosofia. Ora, os conceitos filosóficos são corrosivos e, por isso, acabaram por liquidar os próprios dogmas. O ocidente tal como o conhecemos é uma criação do poder dissolvente dos conceitos filosóficos.

Metz: «A história do sofrimento une todos os homens como uma "segunda natureza". Ela proíbe uma compreensão meramente técnica de liberdade e de paz; não permite nenhuma paz e nenhuma liberdade à custa da história recalcada do sofrimento de outros povos e grupos sociais». Metz foi um teólogo católico que elaborou uma teologia da praxis política em chave francamente marxista.

A carne que se tornou conceito filosófico graças à teologia de S. Paulo foi redefinida pelas massas como liberdade sexual. Hoje, como se pode verificar lendo certas obras americanas, a prostituta converteu-se em mulher livre. O negócio da carne é o negócio sexual: as pessoas só são livres quando entregam o seu corpo aos prazeres carnais. Como a manada é burra quando tenta pensar! Praxis sexual em vez de praxis política!

O amor-adição é uma prisão que todos vivem durante um período da sua vida. Há pessoas tão viciadas na prisão do amor que não conseguem saltar para fora e viver a vida em liberdade sem serem castradas pela presença opressiva do outro.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Fala-se de teologia e as pessoas pensam logo em castração. Fala-se de orgia e eis que os homens-pénis e as mulheres-vagina ficam logo animados.

Merleau-Ponty lança o seu conceito de "carne" na sua obra incompleta e póstuma - O Visível e o Invisível. Acho que até hoje ninguém compreendeu o papel da carne na filosofia tardia de Merleau-Ponty. No entanto, a tarefa é fácil desde que se leia S. Paulo no seu confronto com a Filosofia Grega. A carne do mundo está aí presente.
A carne está aquém da grande cisão: a carne é a unidade do cosmos.

Há uma ontologia da carne? Pode o ser ser pensado como carne do mundo? Colocar estas questões é colocar-me aquém da cisão sujeito-objecto, e da própria fenomenologia da percepção.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ocaso Civilizacional: As sociedades ocidentais estão a pagar o preço por terem recalcado as dimensões espirituais da história da liberdade: a perda da própria liberdade concreta. O triunfo do neoliberalismo é fatal para as sociedades ocidentais: o seu "eschaton" é a monotonia; o seu mito a crença na planificação ou na auto-regulação do mercado; o interesse silencioso da sua "racionalidade" é a eliminação do mundo como resistência. Elimina-se o mundo como resistência para não ter mais que o experimentar. O que observamos no Ocidente é quase um eclipse do sol: o mundo tornou-se cinzento e os pássaros deixaram de cantar: a memória perigosa foi completamente apagada e a memória escatológica esgotada.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A distinção entre "local" e "cosmopolita" permite-nos pensar as regiões de influência. O indivíduo local limita em grande parte os seus interesses a uma comunidade ou região, enquanto o indivíduo cosmopolita orienta-se mais para o mundo exterior sem no entanto perder o interesse local. O Porto precisa de transcender os seus interesses locais, de modo a abrir-se ao mundo do qual faz parte integrante. A mentalidade local é paroquial; a mentalidade cosmopolita é ecuménica. Ora, o Porto deve assumir este espírito ecuménico da influência cosmopolita.

Como neurocientista, aceito a teoria neurobiológica da memória, e, como filósofo, fico insatisfeito com essa teoria que não capta os aspectos mais fabulosos da memória e da recordação. Como se sabe, "anamnesis" é o conceito-chave da filosofia do divino Platão. O cristianismo enquanto comunidade memorativa e narrativa penetrou no espaço do logos grego e da sua metafísica. Hegel retomou a rememoração na sua "Fenomenologia do Espírito". E W. Benjamin deu-lhe um outro alcance. Memória e Recordação são conceitos-chave da Filosofia.

Memória e Recordação, Tempo e Narrativa: eis uma constelação teórica tematizada pelos filósofos marxistas do século XX. A narrativa e a teoria tendem a colidir: Kant viu que a via argumentativa esconde um passado narrativo, o passado rapsódico do pensamento. Pessoalmente, sinto uma atracção pela Grande-Teoria, mas reconheço as implicações práticas da narrativa. Quando se torna incapaz de narrar, o homem perde experiência da vida e do mundo. É curioso verificar como a cosmologia científica articula narrativa e teoria.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quando fui raptado pelos extraterrestres em miúdo, revelaram-me um horizonte de catástrofes celestiais. Estou vivo para testemunhar a sua consumação!

Eu sou o mensageiro oculto do Apocalipse. Apocalipse significa revelação.

O Golem que fabriquei para destruir Portugal cresceu de tal modo rápido que não tive tempo de o destruir. Agora ele é uma ameaça real para todo o mundo. Decidi a minha própria morte: a destruição do mundo será também a minha própria destruição.

Se fosse americano, já tinha criado um novo culto: a seita do Apocalipse.

Qualquer pessoa que tenha superado a situação-limite que é a morte sabe que a sua hora ainda não tinha chegado. Porém, esta experiência-limite toma a forma de resgate quando a pessoa se sente protegida pelos cavaleiros do Apocalipse. Há pessoas que pensam que foram salvas porque o destino lhes reserva uma tarefa que ainda não descobriram. Outras conhecem a sua missão desde a infância. É bom manter a mente aberta ao maravilhoso.

Quem reduza o mundo a um texto perde nesse mesmo instante a experiência do mundo. Está justificada a minha aversão às filosofias pós-modernas.

Quando um casal se separa, um dos membros fica geralmente mais magoado do que outro, pensando que ainda o ama. E se este outro se envolver logo numa relação, a mágoa quase devora a alma e a carne do que se sente abandonado. Ora, todos estes sentimentos são uma tremenda treta: Uma má relação é desde logo uma relação perigosa. Não vale a pena sofrer por causa do "amor". Desfruta a vida em liberdade e amaldiçoa os teus fantasmas!

Não podemos confiar plenamente nos nossos "melhores amigos". Os homens sabem como é fácil ter uma ligação sexual com a melhor amiga da mulher ou namorada. Por vezes, as amantes dos maridos não estão longe. A teoria da troca sexual explica estas situações que, em Portugal, tendem a gerar terrorismo íntimo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O autismo é uma perturbação mental fascinante. Bettelheim estudou-o do ponto de vista da psicanálise e Tinbergen do ponto de vista da etologia. No entanto, foi preciso traçar o perfil neuro-endócrino do indivíduo autista para identificar os genes responsáveis por esta condição. Mas ainda não há tratamento eficaz: a investigação está em curso. O autismo tem grande relevância para a filosofia: Qualquer ser inteligente que lide diariamente com portugueses adquire traços autistas, recusando por exemplo comunicar com os portugueses. Outro aspecto interessante do autismo é o alheamento à dor, aspecto negligenciado pela investigação biomédica.

A teoria americana da conspiração refere constantemente as tentativas da Marinha para controlar a mente humana. Os projectos referidos são extremamente bárbaros e, provavelmente, foram executados por cientistas nazis acolhidos e protegidos pelos USA. Controle da mente e totalitarismo andam de mãos dadas: a psicologia americana, a começar pelo behaviourismo, foi sempre aliada do poder vigente que procura controlar o comportamento das massas.

Serão os americanos cobaias do seu governo? A teoria da democracia americana é derrotada por esta questão. A teoria americana da conspiração aponta estranhas ligações que mostram que os americanos têm sido cobaias do seu governo ou, pelo menos, de certos aparelhos repressivos de Estado: a bactéria comedora de carne e o HIV podem ter resultado de pesquisas militares secretas. Esta conjectura não pode ser recusada de ânimo leve: as conexões estão bem estabelecidas e só podem ser refutadas ou corroboradas empiricamente. A única fragilidade da teoria da conspiração reside no facto de ser produzida basicamente por jornalistas. Ora, o jornalista é um idiota cognitivo que não consegue abordar os temas numa perspectiva filosófica e científica.

Bem ou mal, os americanos elaboram teorias da conspiração que revelam algumas anomalias visíveis; os portugueses que sempre foram cobaias do poder vigente preferem não pensar. O poder vigente português é claramente uma conspiração, como o demonstram as ligações evidentes entre a banca e o poder político e o programa de privatizações ou de fusões de empresas.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Já leram a obra "Estado e Revolução" de Lenine? Pois, se tivessem lido, nunca diriam que "o Estado somos nós": o programa de austeridade e as políticas de empobrecimento estão ao serviço de interesses privados da classe dominante portuguesa e de certos Estados com pretensões hegemónicas. Nunca te esqueças que a democracia se inscreve no sistema capitalista.

"A Vida Sexual nas Colónias Portuguesas": Um tema que nunca foi estudado. Salazar nunca conseguiu controlar a libido colonial. Às relações inter-raciais das quais resultava a produção de mulatos devemos acrescentar as boates animadas pelas prostitutas: A Beira era um pouco como Nova Orleães.

Uma filosofia nunca fracassa e o marxismo como filosofia também não fracassou: A Filosofia coloca certas exigências à Humanidade e os homens que assumem cumprir essas exigências devem ser avaliados pela sua obra e pela aproximação desta à teoria. O fracasso de uma política não implica o fracasso da teoria que a iluminou. As teoria são resistentes.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Dizem que o marxismo "fracassou como escola econômica após a Revolução Marginalista da década de 1870 e Eugen von Böhm-Bawerk". Será verdade? A teoria marginalista não tem nenhum valor científico: a crítica da ideologia é suficiente para a demolir. Marx enganou-se quanto ao capitalismo? A realidade diárias das pessoas mostra que não.

Dizem que o marxismo "fracassou como escola historiográfica após Eric Vögelin demonstrar o mero artifício de lógica circular usado pelo marxismo ao estabelecer uma pretensa relação intrínseca e necessária entre os conceitos "classe" e "História" que fundamenta o dogma da luta de classes". Que disparate! Quem conhece o nome deste conservador reaccionário? Ninguém... A historiografia marxista continua viva.

Dizem que o marxismo "fracassou como filosofia da ciência após Karl Popper dissecar e sepultar as crenças embasadas no historicismo comuns aos regimes totalitários socialistas do século 20. A partir do historicismo, Marx endeusou o proletário das fábricas ao passo que Hitler fez o mesmo com o Übermensch". Bah, o marxismo nunca se definiu como uma filosofia da ciência. De resto, o argumento é miserável: os reaccionários temem a História.

Um homem que coloque Hitler ao lado de Marx não é saudável mentalmente!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A filosofia da ciência de Karl Popper é basura: A prática científica não se conforma com os padrões que Popper lhe impõe. Se fossemos popperianos convictos, abandonávamos a ciência e as suas teorias. Porém, Popper foi obrigado a enfiar no cu o supositório hegeliano: a sua teoria da teoria é uma versão neoliberal da dialéctica hegeliana.

Os intelectuais russos que fugiram da Revolução de Outubro odiavam profundamente o pensamento de Marx. Assim, por exemplo, Pitrim A. Sorokin que se refugiou nos USA começou a sua carreira escrevendo livros onde rejeitava o génio de Marx. Porém, como foi desmistificado pela inteligência americana esclarecida, terminou a vida enfiando no cu o supositório marxista: a tópica marxista da base e da superstrutura foi considerada como sendo genial.

Hegel nunca produziu uma "filosofia da ciência" ou uma teoria do conhecimento, embora seja possível aplicar a dialéctica à ciência. De facto, foi elaborada uma dialéctica da ciência que passou despercebida em Portugal. E teve impacto sobre a revolução da física quântica. A crítica marxista da ideologia faz outra abordagem da ciência. Popper quis dissolver o poder dissolvente da crítica da ideologia, colocando a ciência no mundo quase-platónico 3.

Vejam a dinâmica cultural que Pitrim A. Sorokin - o russo reaccionário - opôs à periodização marxista da história: cultura sensata, cultura ideacional e cultura integral. Ele pensava que podia periodizar a história a partir destas três mentalidades culturais. Porém, o seu edifício pairava suspenso no ar, até que se desmoronou. Por fim, descobriu que qualquer edifício precisa ter uma base, como defendeu Marx.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Há pessoas que temem visceralmente a força veritativa do marxismo que ameaça lançar luz sobre o ofuscamento em que vivemos. Como não ousam criticar de modo objectivo a luz que os ofusca, tentam denegri-lo fazendo comparações monstruosas. A defesa da exploração e da opressão capitalistas conduz a estas situações que dispensam o pensamento. Como se sabe, Parménides mostrou duas vias: a da verdade, a via seguida pelo marxismo, e a da opinião, a via seguida pelos homens que perderam o bom-senso.

Elaborou Marx uma teoria da verdade? Sabemos que Marx não cumpriu a sua promessa de escrever as 20 folhas sobre a dialéctica. No entanto, deixou-nos análises brilhantes sobre as teorias da mais-valia que nos fornecem os elementos necessários para elaborar modelos críticos. O marxismo é uma teoria crítica: os seus padrões de racionalidade não se conformam aos do positivismo. Os filósofos marxistas apresentaram diversas teorias da verdade, desde a clássica teoria da correspondência reformulada até à teoria consensual, passando pela recuperação de uma iluminação de Lenine. Mas coube a Bloch afirmar: o que é é não-verdade. Ou dito noutros termos: a totalidade capitalista é falsa. A unidade teoria-praxis não pode ser lida em termos de verificação ou de refutação.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A teoria marxista da luta de classes é incontornável. O capitalismo depois da 2ª Guerra Mundial procurou apaziguar a luta de classes aumentando o nível de vida da classe trabalhadora. Porém, com a queda do Muro de Berlim, o capitalismo deixou de ter essa preocupação social. Não é preciso ser muito inteligente para observar as desigualdades sociais: Qualquer professor sabe distinguir as classes sociais a que pertencem os seus alunos. As classes médias que não deixam de ser classes assalariadas pensavam que tinham escapado da sua base social, mas estavam enganadas: as políticas portuguesas de empobrecimento escolheram-nas como alvo a abater.

Sempre que olhares para um capitalista pensa que és um pelintra cuja vida não tem valor para o sistema.

A vida é engraçada: Ensinei Teorias da Comunicação Social durante 7 ou mais anos numa universidade privada. Apesar de ter criticado a Publicidade, nunca a vi como inimiga da Filosofia. Hoje acordei a pensar que a comercialização geral é a maior inimiga do pensamento crítico, sendo responsável pela apatia e resignação dos átomos sociais instituídos por uma sociedade em decomposição acelerada.

A racionalidade da economia de mercado é a de um casino planetário.

A tarefa do intelectual deve ser uma tarefa crítica, capaz de romper as evidências e de denunciar o óbvio. Quando a Filosofia nasceu na Grécia, os filósofos começaram a questionar as ideias colectivas estabelecidas, as ideias sobre o mundo, os deuses e a ordem justa da cidade. Porém, a filosofia degenera quando os filósofos abandonam o seu papel crítico e passam a racionalizar e a justificar a ordem estabelecida. O estruturalismo foi talvez a primeira filosofia contemporânea a trair a tarefa crítica. A hermenêutica e a desconstrução que se seguiram funcionam como substitutos do pensamento: a glorificação do pensamento débil reflecte o conformismo generalizado. A isso chamo a traição dos intelectuais.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O pensamento Porto Cidade-Estado capta a realidade histórica da Cidade do Porto, mas acrescenta-lhe uma Filosofia da Autonomia. Eu já tentei pensar o imaginário portuense em função do princípio de autonomia. Não abandonei esta perspectiva: o meu pessimismo obrigou-me a adiá-la.

Prezo a minha liberdade e não me deixo encurralar: Defender o Porto Cidade-Estado ou criticar os desaires da construção de Moçambique são âmbitos da minha liberdade. Eu seria incapaz de deixar de pensar para fazer a apologia de uma situação injusta. A crítica está inscrita no meu genoma.

Tive uma ideia brilhante: Vou elaborar um texto longo sobre Porto Cidade-Estado numa perspectiva cosmopolita, articulando a Política (Polis) e a Filosofia (Logos), sem esquecer Kairos e Koinonia. O objectivo é pensar o Porto como sociedade autónoma num mundo global e aberto.

O Porto Cidade-Estado cria autonomamente o seu mundo, investe-o de sentido e assegura significação para tudo o que possa aparecer. Convém distinguir entre o "político" - o Estado e seus aparelhos de Estado - e a "política", o âmbito de participação dos cidadãos inventado pelos gregos. Porto Cidade-Estado deverá ser instituído pela política: a participação activa dos cidadãos portuenses e a sua comunhão, a partilha de um mundo comum dotado de sentido.

Agora fui conduzido a uma encruzilhada entre o vazio ocidental e o mito árabe. Como superar/transcender a decomposição das sociedades ocidentais? O Islão é claramente anti-civilizacional e a China não é alternativa. Estará o imaginário ocidental esgotado? Acho que não: o mundo pode ser reencantado, podemos dar-lhe um novo sentido.

O que me afasta do marxismo? A questão do sentido! O mundo precisa ser dotado de sentido: a morte exige que o mundo tenha sentido para os mortais. Ora, o marxismo soviético esqueceu isso!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ontem, num diálogo com uma amiga sobre a aposta de Pascal, acabei por revelar uma leitura dos "Pensamentos" de Pascal ao mencionar o deslocamento antropológico da questão de Deus. Com efeito, a filosofia de Pascal é uma meditação da condição humana no mundo. Pascal e Montaigne partilham a mesma preocupação antropológica: a do primeiro tem por fim último a fé, a do segundo a filosofia. Ora, a filosofia quase existencial de Pascal reage ao espírito geométrico da filosofia cartesiana, cuja razão se encontra deslocada no mundo humano que só pode ser compreendido a partir do coração. A oposição que Pascal estabelece entre espírito geométrico e espírito de finura corresponde à oposição entre razão - a da ciência das coisas exteriores - e coração: «O coração tem as suas razões que a razão desconhece». O mundo humano só pode ser compreendido a partir do espírito de finura, ao passo que o mundo exterior é objecto do espírito geométrico que raciocina sem verdadeiramente compreender. A distinção estabelecida por Pascal pode ser lida como uma distinção fundamental entre ciência das coisas exteriores e filosofia. Eis a definição de filosofia dada por Pascal: «Rir-se da filosofia é verdadeiramente filosofar». Privado de certezas e de seguranças, o homem - cuja única grandeza é pensar - é forçado a tomar uma decisão: crer ou não crer em Deus.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não é nada fácil ser-se filósofo porque a filosofia já tem mais de 2500 anos de história. Geralmente, os filósofos conhecem relativamente bem os grandes sistemas filosóficos, mas desconhecem os entre-mundos da filosofia. Assim, por exemplo, as filosofias pós-cartesianas tendem a ser ignoradas com prejuízo para a compreensão das transformações subtis da problemática teórica: a filosofia de Pascal é um entre-mundo que nos permite compreender a viragem antropológica operada no século XIX. Mais: a filosofia existencial de Heidegger exposta em "Sein und Zeit" encontra-se esboçada nos "Pensamentos" de Pascal. A noção pascaliana de divertimento que aliena o homem do seu destino no mundo antecipa a queda heideggeriana: o núcleo "religioso" da sua filosofia do ser.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A famosa "aposta de Pascal" exposta no parágrafo 233 é um jogo que, para ser compreendida, exige não só o conhecimento da análise do homem no mundo exposta nos "Pensamentos" - a indigência da condição humana no mundo infinito - e das oposições anteriormente referidas, mas também e sobretudo do cálculo de probabilidades. Pascal foi - como se sabe - um excelente matemático. O reconhecimento da sua própria miséria leva o homem à busca dolorosa da fé que, como diz Pascal, não é uma evidência nem uma certeza inabalável nem uma posse certa. O homem não chega a Deus através da razão mas sim através do coração. Mas para o alcançar o homem deve decidir-se. Deve escolher entre viver "como se" Deus existisse e viver "como se" Deus não existisse. Ninguém pode subtrair-se a esta escolha. A prova é humana, a fé é um dom de Deus, diz Pascal. Como é evidente, não vou aqui tentar uma leitura completa da aposta de Pascal. Lembro apenas que Pascal estava associado a Port-Royal e ao jansenismo, cuja defesa realizou nas suas "Cartas Provinciais" em polémica com os jesuítas, em especial Molina.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Pascal sabia que, para crer em Deus, era necessário diminuir as paixões: a impotência de crer em Deus deriva apenas das paixões e, como se sabe, Deus só se revela àqueles para quem a própria fé é busca dolorosa. A fé em Deus não se conquista aumentando as provas da sua existência mas sim diminuindo as paixões. O parágrafo 245 expõe as três vias da fé: a tradição - os costumes de Pascal, a razão e a inspiração. A conquista da fé envolve o homem inteiro, mobilizando o espírito e o corpo. Daí que Pascal diga: Ajoelha-te e reza porque desse modo és conduzido à fé.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Infelizmente, W. Pannenberg esqueceu Pascal quando proferiu as suas lições que deram origem ao seu livro "Uma História da Filosofia à luz da Ideia de Deus". Uma excelente introdução à filosofia escrita por um teólogo: aconselho a sua leitura. Mas devem ler "O Ateísmo no Cristianismo" de Ernst Bloch. Para concluir esta excursão pela filosofia de Pascal, lanço um desafio: Pensar e articular as três ordem: a ordem da experiência, a ordem da razão e a ordem da caridade.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os alemães são muito bons a pensar. Hoje resolvi retomar as minhas leituras sobre personalismo dialógico, relendo algumas secções das obras de Ebner e de Buber que tentaram ultrapassar a época do individualismo burguês, encarando a constituição do Eu a partir da relação com o Tu. Porém, como demonstrou Theunissen na sua obra "Der Andere", eles descreveram a índole da relação Eu-Tu só negativamente, em contraste com a relação Eu-Ele. Ou seja: a filosofia idealista autónoma do sujeito transformou-se simplesmente em pensamento heterónomo de orientação subjectiva. Ora, a perspectiva que está mais próxima de Marx é a de G. H. Mead. Até mesmo A. Schaff não conseguiu interpretar correctamente Marx.

O universo filosófico é fascinante. Assim, por exemplo, se concentrarmos a nossa atenção sobre as noções de indivíduo e de pessoa, podemos acompanhar o seu desenvolvimento teórico desde a filosofia grega até ao nosso tempo, passando pelo judaísmo e pelo cristianismo. A noção de indivíduo foi elaborada tal como a conhecemos por Boécio. No entanto, Boécio elaborou-a para resolver o problema da Trindade. Mas há um entre-mundo desconhecido que a prepara: Stoa média, Platonismo médio e Alexandre de Afrodisia. Infelizmente, a massificação do ensino universitário tem sido realizada à custa da qualidade dos conteúdos aprendidos.

É certo que é necessário distinguir entre antropologia filosófica e filosofia da história, mas esta distinção esclarecida por O. Marquard não pode eclipsar a sua relação essencial. O esclarecimento desta relação é objecto de estudo da antropologia fundamental. A historicidade do ser humano conduz a uma tema fundamental: História e Escatologia. Infelizmente, estes temas são mais abordados pelos teólogos do que pelos filósofos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Embora defenda a autonomia do professor universitário, sou contra o facto deles - pelo menos os professores de filosofia - elaborarem programas contrários ao próprio espírito da disciplina que estão a leccionar. Em Portugal, os professores universitários de filosofia são merda: alguns elaboram quatro temas da sua preferência para disciplinas onde eles não têm lugar. Quando elaboro um programa de Bioestatística procuro fornecer todos os instrumentos necessários para a formação matemática do aluno, embora tenha as minhas preferências por determinados cálculos. Não consigo compreender como se pode leccionar filosofia antiga sem abordar exaustivamente Platão e Aristóteles, para já não falar das filosofias helenísticas tardias tais como o estoicismo e o neoplatonismo.

Quando se elabora o programa de uma disciplina, é necessário deixar uma unidade aberta para eventuais desenvolvimentos. No decorrer dos anos, face a novos desenvolvimentos dos testes estatísticos, sou coagido a introduzir novos testes estatísticos a meio do ano ou novas fórmulas computacionais para afinar a resolução de determinados cálculos. Um programa nunca pode ser fechado; pelo contrário, deve ser aberto e dinâmico. Um professor de filosofia deve exercer o seu espaço de manobra quando ao ensinar Platão, por exemplo, introduz subitamente novas chaves de leitura da sua filosofia. Porém, estas novas chaves de leitura não podem eclipsar a própria obra de Platão.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Agora, em Portugal, estão em voga as leituras "esotéricas" de Platão. Sou contra essas leituras e sou a favor do despedimentos dos professores que as ensinam. Porém, devemos confrontar esses crápulas com esta questão: Como é que a teoria platónica da imortalidade da alma resolve o problema da individualidade? Eles não sabem resolver esta questão, o que legitima o seu despedimento compulsivo.

Quando estudava matemática e estatística, apaixonei-me imediatamente pelo cálculo de probabilidades e pela estatística bayesiana. Porém, os meus alunos detestam estatística bayesiana e sobretudo a inferência bayesiana. Para resolver isso, fui forçado a simplificar os cálculos, de modo a fornecer o instrumental matemático básico para a análise biológica. Mas não estou contente com este compromisso. Infelizmente, não disponho de tempo para introduzir temas da filosofia matemática e da lógica de probabilidades que ajudariam a compreender melhor a estatística bayesiana.

Acho que todos nós aprendemos noções elementares da teoria dos conjuntos no ensino preparatório. (Sou contra o ensino precoce da teoria dos conjuntos.) Eu só a compreendi mais tarde quando comecei a estudar lógica matemática e filosofia da matemática. No entanto, nesse tempo, os alunos ainda ficavam admirados com certos problemas. Hoje os alunos estão imunizados contra o espanto: Nada os surpreende! Nada os espanta! Enfim, não colocam questões pertinentes!