Thomas S. Kuhn |
Em Portugal, nunca houve uma tradição sólida de pensamento filosófico e científico, se exceptuarmos as tentativas heróicas da Escola do Porto. As últimas décadas não supriram esta lacuna estrutural: os cursos de Filosofia não merecem crédito. E a actividade editorial não fornece os elementos necessários para a investigação filosófica, pelo menos em língua portuguesa. Porém, o que me preocupa não é a imbecilidade dos portugueses, mas a regressão cognitiva do Ocidente. A teoria do conhecimento científico é uma peça nuclear da Filosofia que tem vindo a ser desconstruída por filósofos cujos nomes não merecem figurar na História da Filosofia. O relativismo histórico é responsável pelo declínio do epistemologia, é certo, mas a regressão cognitiva é um fenómeno mais vasto que põe em causa as reformas do ensino, as novas pedagogias e o próprio modelo de sociedade. Porém, à luz da Filosofia da História e da Filosofia das Civilizações, este fenómeno não é novo: ele ocorreu pela primeira vez na Grécia Antiga, sobretudo quando as cidades-Estado foram substituídas pelos reinos helenísticos. A «vitória» do conhecimento científico e filosófico sobre a ignorância nunca está garantida: o positivismo com a sua noção exclusiva de progresso científico é, desde logo, falso. A História mostra-nos que as civilizações colapsam subitamente sem que a sua herança esteja protegida do esquecimento. A própria herança intelectual da civilização ocidental já esteve ameaçada diversas vezes, uma das quais corresponde à ascensão do cristianismo. Hoje vivemos uma situação idêntica: a crise da Filosofia - que ameaça destruir os fundamentos das ciências e da própria civilização ocidental - é favorável ao advento de novos movimentos religiosos.
O último grande debate epistemológico ocorreu em 1965, opondo as filosofias da ciência de Karl R. Popper e de Thomas S. Kuhn, com a participação de Walkins, Toulmin, Pearce Williams, Masterman, Lakatos e Feyerabend. Não pretendo analisar aqui o confronto filosófico entre Popper e Kuhn; o meu objectivo é mais modesto: a reconstrução da epistemologia enquanto teoria do conhecimento científico deve ser levada a cabo a partir desta controvérsia filosófica.
Em construção.
O último grande debate epistemológico ocorreu em 1965, opondo as filosofias da ciência de Karl R. Popper e de Thomas S. Kuhn, com a participação de Walkins, Toulmin, Pearce Williams, Masterman, Lakatos e Feyerabend. Não pretendo analisar aqui o confronto filosófico entre Popper e Kuhn; o meu objectivo é mais modesto: a reconstrução da epistemologia enquanto teoria do conhecimento científico deve ser levada a cabo a partir desta controvérsia filosófica.
Em construção.
4 comentários:
Muito bom!
A "ausência" da Filosofia como alicerce fundamental dos questionamentos humanos, é o principal fator - sob minha ótica - do "vazio" do pensamento da maioria dos animais humanos. Creio que as religiões instituídas trabalharam muito, "por trás dos panos", nos bastidores para invalidar sua presença; o Sistema também não tinha e não tem interesse, nela.
Sim, é necessário investigar a fundo tudo isto para podermos reconstruir a filosofia de modo a libertar espaço para a construção de uma nova sociedade num mundo cada vez mais global.
A sua expressão "animais humanos" deve estar próxima da minha noção de animal metabolicamente reduzido. Sim, actualmente a ideologia predominante animaliza o homem e humaniza os animais. Mas isso é tema da antropologia filosófica: o capitalismo actual animaliza os seres humanos destruindo o ensino e a cultura superior.
Os brasileiros fazem bem quando denunciam o culto do jogador de futebol. De facto, este culto é o culto da estupidez. O jogador de futebol não é símbolo de nada a não ser de um calhau com um par de olhos. :)
Enviar um comentário