Guardo boas memórias de infância desse meu contacto com a natureza vivido no Parque Nacional da Gorongosa - Moçambique, apesar de ter ficado assustado com a ameaça de uma leoa cega de um olho e com um elefante enfurecido com a ousadia do guia. Ontem, Mário Crespo entrevistou o americano responsável - Greg Carr, Presidente da Fundação Carr - pela sua recuperação e restauração do ecossistema, incluindo as comunidades humanas locais, e fiquei sensibilizado quando Carr disse que o contacto com a natureza engrandece a alma. De facto, a debilidade da alma moderna deve-se, em parte, a essa ruptura do homem com a natureza. A cidade expulsa-nos e isola-nos da natureza, circunscrevendo e delimitando o espaço humano seguro, e reduzindo a natureza a um espaço selvagem, exterior e estranho, que nos hostiliza, mas a verdade é outra: o contacto íntimo com a natureza exterior ajuda-nos a libertar a nossa natureza interior, trazendo-lhe paz.
O homem não desembarcou na Terra como um alienígena: o homem é um ser-da-e-na-natureza, isto é, um ser que evoluiu ao lado de outras espécies na natureza. A dominação da natureza está a destrui-la e, ao mesmo tempo, põe em risco a sobrevivência do homem. A relação do homem com a natureza não pode ser instrumental, mas deve ser biófila: biofilia é o termo cunhado para designar as ligações que o homem procura estabelecer - no seu íntimo secreto - com a restante vida e com a natureza: a sobrevivência da humanidade depende da conservação da chamada natureza selvagem - a terra e as comunidades de plantas e de animais que ainda não foram maculadas e domadas pela ocupação e pela acção instrumental do homem, bem como pela restauração de ecossistemas destruídos pela estupidez do homem.
Viaje até ao Parque Nacional da Gorongosa, em busca de uma nova vida e das maravilhas da natureza, que guarda a memória da nossa vida tribal ancestral. Visite o Parque Nacional da Gorongosa e ajude a sustentar esse magnífico projecto ecológico. (A segunda imagem é de uma Cacatua da Palmeira, uma ave extremamente inteligente que vive em estado selvagem na Austrália. A sua inteligência pode ser explicada pela sua longevidade - cerca de 90 anos, no decorrer dos quais aprende muita coisa. É sociável, monogâmica e muito comunicativa, usa o bico com enorme destreza e sabe comunicar batendo as patas no tronco.)
J Francisco Saraiva de Sousa
O homem não desembarcou na Terra como um alienígena: o homem é um ser-da-e-na-natureza, isto é, um ser que evoluiu ao lado de outras espécies na natureza. A dominação da natureza está a destrui-la e, ao mesmo tempo, põe em risco a sobrevivência do homem. A relação do homem com a natureza não pode ser instrumental, mas deve ser biófila: biofilia é o termo cunhado para designar as ligações que o homem procura estabelecer - no seu íntimo secreto - com a restante vida e com a natureza: a sobrevivência da humanidade depende da conservação da chamada natureza selvagem - a terra e as comunidades de plantas e de animais que ainda não foram maculadas e domadas pela ocupação e pela acção instrumental do homem, bem como pela restauração de ecossistemas destruídos pela estupidez do homem.
Viaje até ao Parque Nacional da Gorongosa, em busca de uma nova vida e das maravilhas da natureza, que guarda a memória da nossa vida tribal ancestral. Visite o Parque Nacional da Gorongosa e ajude a sustentar esse magnífico projecto ecológico. (A segunda imagem é de uma Cacatua da Palmeira, uma ave extremamente inteligente que vive em estado selvagem na Austrália. A sua inteligência pode ser explicada pela sua longevidade - cerca de 90 anos, no decorrer dos quais aprende muita coisa. É sociável, monogâmica e muito comunicativa, usa o bico com enorme destreza e sabe comunicar batendo as patas no tronco.)
J Francisco Saraiva de Sousa
52 comentários:
Porém, o maior susto que invadiu o meu ser completo foi quando o meu pai me levou a uma reserva privada: o homem tinha um enorme leão, soltou-o e o animal engraçou comigo. Fiquei paralisado de medo, mas fui corajoso olhando para o animal que era mais alto do que eu, claro. Depois, logo que tive oportunidade, escondi-me na carro. Foi giro mas assustador!
Depois a minha mãe quando soube zangou-se com o pai, alegando que ele punha em causa a minha segurança. No entanto, como gostava dessas aventuras, passei a omiti-las. Sim, porque há outras que me arrepiaram!
Mas o que deveras me fascina eram as armas, que aprendi a usar às escondidas. Ah, a minha mãe nem se pode lamentar, porque quando estava grávida de mim ou já me amamentava foi perseguida por uma cobra, em plena savana, por causa do leite! Isto quer dizer que gozo de uma ligação privilegiada com as feras que nunca me fizeram mal, como verifiquei quando cai numa cascata e da água vi um leopardo a beber na margem. Ficou a observar-me, sai e fui ter ao acampamento, sem contar essa desagradável aventura solitária.
Para dizer a verdade ficava mais assustado com as histórias de espíritos e de bruxas dos habitantes locais do que com as feras!
Ah, e dada a conflitualidade existente numa região que visitei, aprendi logo a ser político e dialéctico, movendo-me com facilidade entre os grupos em conflito. Foi nessa região que entrei em contacto com armamento pesado - um fascínio! O meu passaporte era ser branco e louro, portanto neutral, mas lá no fundo queria era o conflito! Sou dialéctico desde bebé!
O conflito torna-nos mais inteligentes, corajosos e ousados!
Uma vez vi uma jiboia a ser aberta para de lá sair os restos mortais de um homem: impressionante! Um dos homens do safari lutava livremente com esses terríveis animais, um dos quais teve de ser eliminado.
Numa dessas localidades aprendi a caçar e matar cobras com a catana, mas depois descobri outra forma de as matar, agarrando-as - digamos - pelo extremo inferior e rodando-as no ar até lhes partir a espinha. Uma vez meti uma numa solução e conservei-a. Aprendi muitos truques com os habitantes locais. Foi giro matar cobras.
Sou me enganei uma vez, caçando uma mamba. Ora, esta é uma cobra veloz e atrevida que quase me mordeu se não fosse a ajuda de um local. Havia outra cobra girinha, gordinha mas curta, mas não lembro o nome. Eram muitas cobras... sei o nome mas não o sei escrever! Ah, uma vez uma delas ameaçou-me - era cuspideira -, mas foi queimada pelo meu pai. Não tenho medo de cobras mas não gosto nada delas!
O que dá gozo em matar cobras é o facto de ser necessário ser rápido e preciso nos movimentos; caso contrário, somos mordilos e elas lá são venenosas, mas uma vez apertadas pelos dedos e de boca aberta, podemos controlar e agarrá-las pela extremidade inferior, libertando a cabeça afastada do nosso corpo - não conseguem elevar a cabeça e, nesse caso, podemos girá-las até à morte. Cá em Portugal até as podemos matar com pisadas; lá o risco é maior, porque são venenosas e matreiras. É claro que me refiro a certo tipo de cobras... porque há outras que o melhor a fazer é evitá-las!
A mamba de que falei era jovem, porque uma adulta saltava e mordia-me facilmente.
Hummm, fico feliz por saber que voltei a superar o meu recorde de audiência. Ah, mas por norma não gosto de falar de mim, mas percebo muito de vida selvagem!
E de cacatuas ainda mais: são giras mas aquele bico destrói tudo se as deixarmos à solta - destruição literal da decoração da casa!
Bem, tenho estado a estudar a crítica da economia neoliberal e da globalização e concordo em linhas gerais com essa crítica, de resto exposta por economistas próximos da teoria crítica. Aceito a noção de que o modelo social europeu faliu. A Queda do Muro de Berlim foi o fim do comunismo e o fim do fim do capitalismo: a política reformista não oferece verdadeira solução e nem sequer zela pela saúde da democracia. O Ocidente vive já um novo tipo de totalitarismo e estamos a assistir à emergência do radicalismo de direita.
Porém, a democratização popular não é suficiente para criar um novo modo de produção. Sem a definição de um novo modo de produção, a teoria filosófica não deve comprometer-se com os novos movimentos sociais - os sem-terra no Brasil ou os zapatistas no México. Compreendo a dinâmica destes movimentos, mas não vejo emergir um modo de produção.
Quanto ao orçamento de Estado, enquanto não se livrar do paradigma economicista dominante, não há saída. A ciência económica tal como a conhecemos faliu com esta crise e, por isso, não pode construir um novo mundo. O sistema - além de aumentar o poder económico dos ricos - gera pobreza e exclusão, multiplicando o número de pobres. E o desenvolvimento tecnológico acentua e funda essa exclusão. Vamos ser confrontados com uma enorme revolta da natureza: o capitalismo não vai morrer de morte natural, mas de morte violenta. Todos sabemos isso - o neoliberalismo´foi um terrível erro. Se a Europa não se livrar desse erro, está condenada a afundar-se na pobreza: a Europa vai gerar desemprego e pobreza... O livro negro do comunismo é o livro negro do neoliberalismo e da política keynesiana: está tudo falido e esgotado. É preciso mudar de rumo, porque os gerentes - managers - lixaram tudo e, se não forem corridos, continuarão a insistir nas mesmas receitas erradas e a aumentar os seus salários. O Estado é uma fraude, a economia de mercado é uma fraude, os economistas são uma fraude... enfim o ocidente está a empobrecer.
Aconselho a leitura do manifesto do fórum mundial - Samir Amin, Senegal - para alternativas ao fluxo neoliberal dominante - mainstream. Concordo em linhas gerais com o manifesto, mas a filosofia é muito complexa e exige tempo para dar o seu consentimento: uma alternativa global ultrapassa as nossas capacidade de conceptualização. Só consigo pensar o ocidente, do qual deve partir a iniciativa, com impacto global posterior. O mundo é muito desigual e o neoliberalismo criou conflitos onde eles não existiam, o que dificulta a estratégia global. O ocidente precisa recolher-se, pensar e mudar... Depois pensaremos à escala global!
O caso português merece estudo: Portugal foi o último país da velha Europa a conquistar a democracia e o primeiro a perdê-la, devido às más políticas implementadas depois do 25 de Abril. Até podemos dizer que nunca houve real democracia - transitámos do fascismo para outro totalitarismo: o Estado soviético - centralizado e burocrático - é o nosso Estado. Aquilo que se criticava - o Estado soviético - é aquilo que existe no chamado mundo livre: um Estado totalitário que proibiu a expressão de alternativas socioeconómicas e políticas fundamentais, o que esvaziou logo a democracia. Em Portugal, já vivemos o fascismo civil. A nossa política económica foi sempre financiada pelo endividamento. E os tugas não satisfeitos com essa porcaria de política destruiram a educação e a cultura. O resultado final é não termos gente preparada para implementar a mudança: burrecos fraudulentamente diplomados não resolvem a crise nacional. Com esta malta destituída de verdadeiro conhecimento não vejo saída para Portugal - condenado a regressar à miséria!
Sim, tb concordo q as alternativas ao modelo economico ainda continuam a ser o grande calcanhar de aquiles(mais por causa do q as pessoas estarão dispostas a abdicar). Howeva, sei que há mts estudos e propostas de modelos alternativos fruto do trabalho de alguns economistas e pensadores em geral, parece-me é q eles não têm sido suficientemente divulgados e testados, e, claro, já pra não falar no obvio boicote q sofrem por parte do poder dominante.
Veja aqui o Chomsky a nomear
alguns:
http://www.youtube.com/watch?v=LxdgaXdsvVI
este é um bonus eheheh
http://www.youtube.com/watch?v=zDJee4stYN0
o.O
Sim, mas há outro problema: como implementar esses modelos num mundo tão, tão, tão povoado? Há um excesso de população que agrava a pobreza e nós temos o envelhecimento da população. Ora, aqui reside um problema.
Chomsky - tenho os livros dele, mas vou ver. :)
Já leu o Manuscrito sobre Matemática de Marx? Era um génio e, sem ele, não há alternativa: Marx e capitalismo pertencem-se; enquanto um durar, o outro não morre! :)
Hummm, o modelo organizacional proposto na entrevista já foi executado... e sem resultados significativos. Socialismo libertário não é alternativa! Esta passa pela redefinição de bem-estar! Um outro tipo de sociedade que devia estar a ser preparado pela educação - mas esta foi destruída! O futuro precisa de agentes inteligentes e críticos; a educação produz em massa burrecos diplomados que só sabem falar tretas e consumir! A dificuldade não é somente objectiva, é actualmente subjectiva!
Ah, o capitalismo de Estado foi tematizado pelos economistas da Escola de Frankfurt e foi esse modelo económico que orientou a teoria crítica, a qual criticou o estalinismo, o liberalismo e a social-democracia. Porém, sem um modo de produção alternativo, a teoria crítica não pode desfazer o Estado - como desejam os anarquistas - ou a economia de mercado - regulada! Autogestão é termo giro mas não funciona: era preciso indivíduos saudáveis, inteligentes, humanos, mas mesmo assim não funciona. Há a antropologia negativa que ainda não tratei: a natureza humana não é infinitamente maleável; a sua inércia é um factor a levar em conta! Caso contrário, somos presas da fantasia!
Mais - os mestres da teoria crítica não apoiaram Maio de 68 ou a revolta estudantil e tinham razão, como sabemos agora!
não apoiaram as acçoes violentas mas apoiaram as ideias :)
bem, deixa-me ir saindo q tá um frio do caraçaaaaassssssssss
Ainda a proposito de alternativas, recebi isto agora mesmo atraves do Facebook
Caro(a) membro(a) do Grupo do Movimento Zeitgeist Portugal no Facebook.
É muito gratificante termos ultrapassado os 800 membros, em menos de 3 semanas! Por isso, agradecemos-te sentidamente por fazeres parte do nosso grupo, de facto, agradecemos-te simplesmente por existires!
O facto de existirem pessoas que sabem que temos de sair dos actuais ciclos sociais viciosos e evoluir para algo melhor dá-nos esperança no futuro.
Porém, só com uma grande percentagem de população do planeta consciente e informada sobre o Projecto Vénus e muitos outros projectos similares se poderá tornar realidade o que hoje parece ser sonho ou até utópico: a erradicação da dívida, guerra, fome, ignorância, pobreza e sobretudo, estratificação social.
Aproveitamos este agradecimento para te convidar a comunicar e coordenar esforços com todo o movimento.
Neste momento a melhor forma de o Movimento Zeitgeist trocar ideias e coordenar esforços é tirando proveito da tecnologia TeamSpeak, com a qual podemos comunicar todos juntos por voz e texto.
De facto fazemos uso desta tecnologia para reuniões globais e regionais do movimento.
Se tiverem interesse em instalar o teamspeak (que é gratuito) e tiverem alguma dificuldade, por favor, não hesitem em me contactar a mim ou aos outros administradores: o Rui Pereira ou ao Tiago Lucena para ajuda.
Com paz e solidariedade
Rogério Marques
"Torna-te na mudança que queres ver no Mundo"
- Mahatma Gandhi
:)
Asta 0/
Estava a escutar os debates partidários e desisto: com malta assim não vamos longe! Alienação total! Fuga à verdade e à realidade! :(
Precisam de ZeitGeist! :)
Bem, depois de concluir a leitura crítica do neoliberalismo, constato que a orientação política que imprimi aos meus posts está correcta. Cheguei aos meus resultados seguindo outra via e, mesmo quando todos falavam da pós-modernidade, eu continuava a lutar pelo regresso de Marx, o que significa que não fui hipnotizado pela treta financeira do neoliberalismo.
Porém, não concordo completamente com as alternativas propostas. Democratizar o Estado é fundamental e essa tarefa deve ser levada a cabo a partir de uma reforma do Estado e dos seus agentes. Só a partir desta reforma estrutural do Estado - libertando-o dos interesses privados instalados e da corrupção, fenómenos derivados do neoliberalismo - podemos reestruturar e dignificar o sector público que foi corrompido pela política neoliberal. Educação e Saúde são sectores públicos que devem ser dignificados e libertos do fantasma neoliberal. A economia de mercado deve ser substancialmente corrijida e contida na sua própria esfera de acção: o mundo da vida e da cultura não pode ser objecto da especulação financeira. O capital financeiro e o sector bancário precisam de disciplina: devemos lutar pelo fim do domínio financeiro e monetário que gerou pobreza, violência gratuita e desemprego. As ditas reformas que destruiram a segurança social e o próprio estado de bem-estar sempre estiveram ao serviço da globalização financeira que gerou esta terrível assimetria entre poucos muito ricos e muitos pobres. A política democrática deve enterrar o neoliberalismo! A golbalização do capital bloqueou o investimento produtivo e a criação de emprego, mas também gerou um vasto sector de desempregados e de pobres que devemos conduzir para a luta contra a ordem neoliberal.
De momento, devemos aqui no ocidente lutar pela democratização transparente do Estado e pela regularização da economia de mercado. O capital deve ser retido e reinvestido no sector produtivo. Ah, a qualificação dos recursos humanos é um reforma neoliberal que gera falsas esperanças e destrói o ensino e a educação, com muita violência. Chegou a hora de abolir da agenda política a mentira da qualificação: precisamos é de outro ensino adaptado às necessidades do país.
É preciso ter cuidado com as privatizações, porque algumas das que foram realizadas tiveram efeitos fatais sobre a economia real portuguesa. A lógica do capital financeiro e da banca é perversa e mortal! A ideologia financeira gerou a crise! A banca portuguesa fez má política e não investiu na economia real! A banca é mentirosa!
E a banca também é responsável pelo endividamento e estamos endividados porque foram seguidas más políticas, uma delas é o crédito à habitação. Se tivesse sido investido na economia, sria bom investimento e teríamos meios para reduzir a dívida! A corrupção financeira é fatal!
Estou a reler alguns aforismos de Dämmerung de Horkheimer, a obra que acompanha o Eclipse da Razão, integrado na edição alemã como Crítica da Razão Instrumental. "Ocaso" clarifica o pensamento de Horkheimer e permite compreender o seu pensamento tardio. Porém, todos aqueles que falam do abandono da luta de classes deviam ler esta obra! Ocaso de Horkheimer e Minima Moralia de Adorno ainda não foram bem compreendidas. E são obras muito complexas! Um conceito que devia ter desenvolvido é o da urbanidade da linguagem!
À globalização capitalista financeira deveríamos opor o princípio universal da história da Filosofia: a dialéctica do esclarecimento retoma noções fundamentais da dialéctica hegeliana. A Filosofia é Ocidental e fora do Ocidente não há filosofia: é preciso pensar este enunciado se quisermos operar a passagem da filosofia para o mundo global. Mas vamos enfrentar uma terrível dificuldade: os conceitos filosóficos são estranhos ao mundo não-ocidental e a sua globalização implica ocidentalização. Penso que na América Latina o chamado pensamento indígena já compreendeu isso, mas o corte com o pensamento europeu não é genuíno. Os escritos de Marx sobre colonialismo, modo de produção asiático, etc., testemunham essa dificuldade, e historicamente ele tinha razão: a descolonização e a independência não trouxeram uma sociedade desenvolvida; pelo contrário, o desenvolvimento e a sua perspectiva foram liquidados. O Ocidente é a única civilização que realizou os ideais da humanidade - esta verdade é incontornável!
E, no entanto, tanto Hegel como Marx, integraram todo o mundo na história Universal, mas a história da liberdade começa na Grécia, logo é a história esclarecida do Ocidente! A Fenomenologia do Espírito de Hegel tematiza bem os acontecimentos fulcrais dessa história, que exige a libertação do escravo. A Filosofia da História de Hegel fala do Oriente, mas acusa-o de não saber o que é o espírito ou o homem livre, cuja consciência surge na Grécia. Marx forja o modo de produção asiático para clarificar essa diferença entre Oriente e Ocidente! A dominação implica a dominação das outras culturas: claro que sempre o implicou, desde as descobertas que justificaram a evangelização. É preciso pensar bem tudo isto antes de avançar com a praxis universal de emancipação!
Enfim, o capital virtual, o único global, implica desemprego local e pobreza real espalhada pelo mundo!
A consciência destes problemas referidos impede-me de explicitar o conceito de ciberfilosofia: o mundo virtual funciona como um feitiço!
Pensei inicialmente enquadrar tudo na pré-história da humanidade, de modo a libertar o mundo para um outro futuro: a dialéctica do esclarecimento permite isso, com a ajuda de Bloch, mas isso implicava um salto, uma ruptura com a tradição. Ora, todo o meu ser revolta-se contra essa ruptura e exige a restituição integral da história. Porém, sei que a criação exige violência! Sem violência não podemos salvar o mundo! A Filosofia deve fechar os olhos perante a violência que vise realizar o humanismo integral: não a deve tematizar! E muito menos condenar!
Regressando ao terra-a-terra, um bom resumo do q se passa com a chantagem dos deficits
http://pt.mondediplo.com/spip.php?article625
;)
ah! tb cheguei aqui via facebook https://www.blogger.com/comment.g?blogID=2189193661351612334&postID=6279049981777284121
Veja aí os bilderbergers tugas o.O
Temos défice excessivo e o dinheiro fica-nos mais caro. É precise reduzir o défice e este orçamento do Estado vai fazer isso, permitindo ajustamentos graduais. Portugal não pode viver acima das suas possibilidades. A Alemanha arrancou, mas a nossa situação incomoda-a. A Europa do Sul estraga tudo! E qualquer dia não há nada para ninguém. :(
As alternativas não podem ser precipitadas: é preciso pensar a sua viabilidade!
LOL, de certeza q leu bem o artg?? A ideia q importa reter é a chantagem e aproveitamento da ideia do deficit/pec pra reduzir as politicas sociais, permitir lucros bancarios, endividamento crescente etc
Li - as políticas sociais sem crescimento económico e criação de riqueza endividam. É preciso produzir e exportar: a política social boa é a do pleno emprego numa economia forte.
Quanto à banca, já tinha falado na necessidade de a disciplinar.
A minha esquerda é muito terra-a-terra... :)
Ah, ontem já tinha dito que a queda do muro de berlim era tb o fim do modelo social europeu e do neoliberalismo que o minou com as chamadas reformas! É preciso mudar de modelo social neste palco global dominado por economias emergentes!
Entre apoiar o desempregados e a manutenção do sistema público da saúde e da educação, escolho a segunda. É preciso fazer opções de fundo: toda a despesa que fomenta vícios deve ser cortada. saúde, educação, segurança social são prioritárias, e são elas que definem a democracia social. O resto resolve-se pela via do crescimento económico!
A noção do Estado-Pai que faz milagres é pura magia autoritária: o Estado não é pai nem jardineiro, deve ser simplesmente Estado. Compete à economia gerar emprego e riqueza: o Estado deve assumir outras funções, nomeadamente regular os mercados. Não sou adepto de um Estado autoritário...
Basta pensar no Haiti! Eles precisam de ajuda e esta está a ser dada, mas depois tudo voltará à miséria. A caridade nunca aboliu a pobreza!
tsc o Haiti
N sei se tb ja tinha deixado estes links elucidativos..
aiti
www.blogdoces.org
http://jn.sapo.pt/Domingo/Interior.aspx?content_id=1471775
http://www.jornalmudardevida.net/?p=1827
Ya, mudar de vida e de governantes, políticos e lideres partidários! :)
Estudo Schopenhauer, que é o filósofo para o nosso tempo: o seu pessimismo é a denúncia da corrupção e da crueldade. Como diz, o optimismo é uma opinião ímpia, uma zombaria odiosa, em face das inexprimíveis dores da humanidade. Horkheimer tem razão quando destaca a sua actualidade. Devemos confrontar os optimistas com a sua malvadez e o seu egoísmo extremo.
A Filosofia é deveras complicada, sobretudo a dialéctica. O pensamento tardio de Horkheimer não é tão reaccionário, como disse Bloch: a filosofia de Schopenhauer merece ser pensada em relação ao marxismo, porque o seu pessimismo não é incompatível com a teoria de Marx. Este último sabia que a história desenvolve-se pelo seu lado mau e chamou pecado teológico ao processo de acumulação do capital. A sua solidariedade de classe converte-se em solidariedade com os que sofrem nas mãos dos malvados. A linguagem de Marx é muito teológica. Os marxistas interpretaram o pessimismo como uma espécie de rendição à maldade existente, mas Schopenhaeur disse que o fatalismo era a única consolação vendida pelos malvados às suas vítimas. Ora, Marx denunciou o economicismo fatalista. Mas há outra semelhança estrutural: cada um de nós é carrasco e vítima. Bloch chamou reaccionário a Horkheimer, porque ele acreditava na possibilidade de mudar o rumo da história, cuja lógica imanente conduz - segundo Horkheimer - ao mundo totalmente administrado. O problema reside talvez no facto de Horkheimer ter levado a sério a doutrina do mundo como representação, no seio do qual somos escravos, mas a doutrina do mundo como vontade infinita abre-se à liberdade. Este período da filosofia é muito fértil e complexo: as dores do mundo denunciam o carácter ideológico do optimismo. Do ponto de vista teológico, há uma grande proximidade entre Horkheimer e Schopenhauer, mas falta reavaliar a antropologia negativa que, se for vista nos moldes da teologia negativa - um Deus que é suposto para salvar o absoluto -, então o carrasco triunfa. A teoria da reificação como esquecimento implica uma visão da linguagem e o despertar da memória, mas deve ser pensada em ligação com o fetichismo da mercadoria de Marx. Este capítulo do Capital é o obra fundamental da filosofia contemporânea! Somos convidados a revisitar a teoria da maldade radical! A Filosofia dispensa a ciência que nada tem a dizer sobre aquilo que nos preocupa: a ciência é conhecimento do domínio e, como tal, é mais um instrumento da inteligência. Ora, também aqui Schopenhauer subordinou o intelecto à vontade, o que lhe mereceu o elogio de Freud!
Ah, não estou a propor a moral da piedade como solução final, embora aceite a noção de solidariedade universal no sofrimento, aliás uma ideia grata a Sampaio Bruno.
A abertura ao teológico não implica o regresso da religião, porque, nesta esfera filosófica, não há culto: a filosofia recusa a idolatria. Porém, a libertação pela via ascética vislumbrada por Schopenhauer é extremamente sedutora, porque implica resistência: o despojamento é a negação do capitalismo. Suprimir a vontade de viver é negar o capitalismo e o reino do mal existente. O suicídio pode ser visto como a liberdade levada à sua plena consumação. Aqui distancio-me de Schopenhauer: o sucídio não é levado a cabo por se desejar a vida; pode significar a esperança de outra vida liberta da maldade humana. Neste caso, o homem - apesar de desamparado - pode fintar a vontade infinita, dizendo não à vida em todas as suas determinações.
Hummm... sou um filósofo subtil e nunca rendido ao destino! :)
Bem, já verifiquei que a minha agenda inspira muitos bloguistas, mas há uma diferença: eu sou filósofo e cientista e penso sempre em conexão com a tradição que actualizo sempre. Os que me acompanha reproduzem sem nomear a fonte - essa é uma prática de rapina que revela a condição metabolicamente reduzida dos seus praticantes. Pura ilusão! Falta de auto-estima!
Criatividade não é copiar sem referir as fontes; é confrontar os mestres - NOMEADOS - e emergir como homem integral e como pensador radical - um filósofo que pode orientar a praxis do mundo!
Na minha economia cognitiva, estou pronto a colocar a filosofia em confronto com a ciência que, na realidade, não é sabedoria. A noção positivista - isto é, filosófica - de que a filosofia tende a ser ciência é falsa! Hoje em dia, a filosofia não quer produzir uma teoria do conhecimento para a ciência. A tarefa é outra: mostrar que a ciência é mera ideologia instrumental. A ciência só foi ciência enquanto teve a guarda da filosofia. Hoje a filosofia nega a paternidade: a ciência é bastarda! Já nem merce ser tratada como uma forma de conhecimento - pura técnica! O cientista de hoje é um funcionário, um escravo palerma do sistema que lhe nega a dignidade. E os ditos cientistas que dizem ser macacos são isso mesmo - macacos que se arrependeram de ser homens.
Isto traz à minha memória a teoria de Calvino que, lida à luz da Cabala, pode ser integrada na nova síntese filosófica: há animais que são humanos e há outros que parecem ser humanos mas não são humanos. Uma vez a reconciliação estar além dos poderes humanos, podemos no entanto tentar domesticar a maldade. O pensamento é perigoso, mas deve ser pensado, até porque não temos nada a perder! Já não podemos perder nada...
O objectivo é restituir a humanidade aos homens que a perderam - os animais metabolicamente reduzidos que mantêm o sistema em funcionamento! O despojamento é libertação do calvário do consumo! O sistema não funciona se os homens humanos recusarem a vontade de viver que os liga ao sofrimento do mundo.
Com este pessimismo radical mas expectante, podemos salvaguardar a teoria de Marx generalizada a todos os que sofrem - humanismo global!
Até lá devemos tapar o rosto com um véu para não sermos identificados. Homens e mulheres devem tapar o rosto, mostrando a sua solidariedade no sofrimento. Trata-se de um modo de evitar a identificação do indivíduo como peça submissa do sistema: a generalização da burca significa resistência - não mostrar o rosto ao carrasco!
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