segunda-feira, 18 de junho de 2012

Futebol: a válvula dos impulsos homo-eróticos


Ontem foi um dia divertido: uns amigos alemães de esquerda socialista partilharam comigo estas e muitas outras imagens dos rituais futebolísticos. Foi uma oportunidade para rever a teoria da tribo do futebol de Desmond Morris e de lhe dar um conteúdo mais sexual: o futebol como cópula gay ritualizada no campo e exteriorizada algures nos bastidores. Penso que a teoria da natureza homossexual das relações sociais proposta por Lévi-Strauss e retomada por Luc de Heusch, para já não falar de Lionel Tiger e Robin Fox, pode ser desenvolvida a partir do paradigma do futebol ou mesmo do exército e de outras instituições masculinas: a rigidez das sexualidades de género masculino é hoje um conceito amachucado. As sexualidades masculinas não são tão rígidas como pensávamos: a fluidez que verificamos nos nossos dias reconduz ao núcleo homo-erótico. Não bastar dar um nome: "homens que fazem sexo com outros homens"; é preciso explicar este comportamento e revelar o seu núcleo homo-erótico. Os chimpanzés e outros macacos fornecem excelentes modelos animais para compreender a natureza homossexual das relações sociais humanas. A libertação das mulheres produziu efeitos estranhos na sociedade: desvalorizou o corpo feminino e sobrevalorizou o corpo masculino, quebrando o tabu homossexual. (Um efeito perverso pode ser o desejo de auto-amputação e a erotização do membro amputado!) Os homens de hoje fazem aquilo que os homens de ontem desejavam fazer: "curtem a sua própria masculinidade". Este comportamento homo-erótico está presente em muitas sociedades arcaicas, onde a iniciação permite a prática institucional de relações homossexuais. A homossexualidade institucionalizada não é apenas uma invenção indo-europeia, bem exemplificada no caso grego (Bernard Sergent, K. J. Dover), mas uma prática presente nas mais diversas áreas culturais (G. Herdt, R. C. Kirkpatrick), bem como nas nossas instituições masculinas totais. Não sei se desejo retomar a minha investigação sobre determinação sexual e diferenciação sexual do cérebro e do comportamento: prefiro explorar outras áreas do conhecimento, embora reconheça a importância desta área da pesquisa sexual. Escusado será dizer que, ao fazer estas observações, estou a tentar mostrar que o que é surpreendente não é a homossexualidade mas a própria heterossexualidade. Ou seja, estou a problematizar a própria heterossexualidade. Quando realizei a minha investigação estava consciente disso, mas não soube dar-lhe expressão. Afinal, por que os homens são heterossexuais? Não estará o sucesso do futebol ligado à sua natureza homossexual? Não será a tribo do futebol uma tribo gay que revive nos nossos dias os rituais da caça ancestral? Ontem, quando os portugueses festejavam os golos do Cristiano Ronaldo, olhei-os de outra forma: vi que eles lá no fundo de si próprios eram e são "paneleiros". Depois dei-me ao trabalho de observar atentamente os sites nórdicos "Anti-Cristiano": o que observei? Observei que os nórdicos redescobriram o facto do "paneleiro" ser uma figura latina. As amostragens americanas já levam em conta esta classificação. Compreende-se agora a razão que leva os homens latinos a mascarar-se de prostitutas nos cortejos carnavalescos: eles são "travecas" exímios que aproveitam o Carnaval para dar expressão à mulher de má-vida que habita neles. (A nossa aliança - ego-alemães - é estritamente política: derrubar as políticas de direita da chanceler!)

J Francisco Saraiva de Sousa

14 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ah, os meus amigos alemães que adoram o Porto estão ligados às artes e ao cinema. Há um filme alemão que tem como cenário o Porto, cujo nome pode ser traduzido assim: Hoje à noite ou Esta noite!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E ensinaram-me a aderir aos sites anti-ronaldo - são fabulosos! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ah, como tenho recebido emails sobre a evolução, um dia posto mais textos sobre este tema: não sei qual a alternativa que há à teoria da evolução. Nem sempre compreendo as dúvidas que me são colocadas. Fico meio-atordoado com algumas dúvidas!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Reina muita confusão na mente dos diplomados e tomo isso como indicador do fracasso da educação. Afinal, o que andam a aprender na universidade? Estou preocupado com a emergência generalizada de uma consciência presa ao presente! Este tipo de consciência não distingue o homem do animal, de todo!!! Fico triste!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Até compreendo que possam duvidar do mecanismo da selecção, mas da própria evolução não compreendo!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A consciência presa no presente desvaloriza a historicidade. Meus amigos, eu não preciso ter a idade dos gregos ou dos dinossauros para os conhecer. Ou será que só posso conhecer aquilo com que me confronto durante o meu período de vida???? Muita bobagem aprendem ou desaprendem. Não quero ser envolvido por essa corrente mental alienada da história! Nunca fui idiota cultural!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Acrescentei mais 2 fotos para exemplificar o humor nórdico em relação ao Ronaldo. Claro não vou fazer análise de conteúdo ou mostrar o Ronaldo na retrete, ou a ser massajado, ou em traje masoquista ou ainda com as unhas dos pés pintadas. O que conta são os traços do "estigma".

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Suspeito que algumas fotos foram retocadas por nossos vizinhos de Spain ou por italianos, mas também eles são alvo do rótulo "paneleiro".

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Um estudo científico implica distância: nos sites anti-ronaldo revela-se muita coisa sobre o futebol. Um ponto de partida...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Mas há um outro traço mais psicológico: o ronaldo é frequentemente apresentado como um simulador de faltas, um fiteiro... um traço atribuído aos latinos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ou então como chorão ou um homem que reza mesmo dentro da retrete. Mais traços para a construção do estigma latino: associação com a Igreja Católica, a beatice, e o ser chorão.

Bem construído o estigma latino! É preciso educar Portugal! Já pensei criar um blogue Educar Portugal.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Choramingão, mandrião, frouxo, são traços com implicações políticas: a Europa do Sul, a pedinte! No outro site aparece o Paulo Portas ajoelhado a pedir dinheiro à francesa do FMI: esta faz um gesto feito com os dedos; os papéis de género invertem-se, o macho latino é reduzido à sua frouxidão. O estigma latino começa a colar e difunde-se de cérebro para cérebro... Um caso de difusão de ideias.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Eu - sabendo que os portugueses não são nada - tenho difundido que Portugal não é um país latino. Porém, se houver um tuga nas proximidades, estraga tudo quando diz - sou latino! Não foram abençoados por Deus! :(((

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Que me resta? Dizer que há híbridos em Portugal! Ou então expulsa a esfregona linguaruda do tuga burro!