«A religião é uma Relação, é a relação dum eu limitado com o Infinito que o sustenta, é essencialmente a atitude desse eu, que, vendo-se em angústia, insuficiência e possível abandono, se abre em humildade ao Invisível que o socorre. Esse Invisível é um estranho hóspede, que bateu para que se abrisse e foi, de pronto, reconhecido por nós como o único e autêntico dono da casa. É o hóspede que alimenta o hospedeiro e põe neste a confiança de que só perdendo-se nele, se reencontrará em substancial e imperecível realidade. O orgânico, a ressonância corporal, a simbólica que o corpo empresta é linguagem daquela atitude e nunca a substância do seu ser. O corpo salva-se pela penetração da vontade até aquele ponto em que ele, caindo e levantando-se mas obedecendo, serve a relação do homem com Deus». (Leonardo Coimbra, S. Paulo de Teixeira de Pascoaes) Perante uma Lisboa velha, feia e gorda, sempre pronta a a-propriar-se sem vergonha das iniciativas do Porto, como sucedeu agora com o caso Red Bull Air Race, a melhor atitude dos portuenses é afirmar a universalidade da Cidade Invicta no mundo global, sem fazer qualquer referência a esse antro centralista de corrupção que é a capital vaginal de Portugal decadente e corrupto. A cidade do Porto tem uma história e um legado cultural único que os portuenses devem honrar e autonomizar, de modo a marcar a sua diferença num país imbecilizado e resignado que se deixa capturar pela capital asteca, prestando-lhe tributo, e a acentuar a sua marca original no mundo: o Porto não precisa de Lisboa, essa enorme vagina podre, estéril e venérea que engole Portugal. Escutando os desejos profundos e justos do povo portuense, as elites da Invicta devem aprender a pensar a sua cidade como uma nação e a identificar-se com as suas instituições de prestígio mundial, entre as quais o Futebol Clube do Porto, a única instituição que Lisboa não pode deslocar ou saquear. Nesta hora de conflito aberto com Lisboa e o seu centralismo canibal, os cidadãos do Porto devem esquecer as suas actuais filiações partidárias e reunir-se em torno de um amplo e vasto partido do Norte, capaz de travar a luta pela nossa libertação e pelo nosso desenvolvimento económico, social, jurídico-político, lúdico e cultural. Portugal está cansado de Lisboa, mas nós portuenses já não a suportamos: a nossa alma azul diz-nos que o Porto é uma nação e é como tal que o vivemos. O Marquês de Palmela escreveu esta frase que se tornou profecia cumprida: «A intriga, essa é que é a verdadeira moléstia nacional, a peste portuguesa que nos há-de matar a todos». Cheira mal em Portugal e cheira a Lisboa, a capital putrefacta e insaciável que saqueia o país e os fundos estruturais comunitários, não em benefício nacional integrado, mas em benefício dos bandos organizados de escroques (Max Horkheimer) que afluem ao Terreiro do Paço para saciar a sua gula desmesurada por lucros e poder pessoais. As classes governantes sediadas na capital asteca comportam-se como bandos de escroques e corrompem-se descaradamente, condenando o país à miséria e à pobreza e alimentando o seu pensamento gordo que exibem sem vergonha nos ecrãs televisivos. Contra a falência de Lisboa como capital e o seu positivismo ladrão - amigo dos bens públicos, o Porto encontra no seu legado histórico-cultural a força da heterodoxia e da dissidência política. Leonardo Coimbra (1883-1936), criador da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e co-fundador da Renascença Portuguesa, juntamente com Teixeira de Pascoaes e outros ilustres portuenses, elaborou uma filosofia sistemática da liberdade, a que chamou criacionismo. A designação dada ao seu primeiro pensamento filosófico induz o leitor desprevenido em erro: o criacionismo não é uma espécie de teologia da criação, mas uma filosofia da liberdade que recorre abundantemente à dialéctica para demarcar-se dos sistemas filosóficos que cousificam as categorias - ou noções - fundamentais da filosofia. «A nossa filosofia é, como escreveu Leonardo Coimbra, uma filosofia da liberdade, porque o seu Universo é uma sociedade de consciências e a consciência feita pessoa é a actividade livre e criadora. O grandioso Cosmos material é, pela mais legítima das analogias, acção de consciências». Leonardo Coimbra deu-lhe o nome de criacionismo, demarcando-se do cânone oficial que usa este termo «para discutir o falso problema da criação do mundo por Deus no tempo, ou da eterna existência do mundo no tempo. Este problema não tem sentido. Resulta do mais vicioso, plebeu e vulgar cousismo do tempo. Tempo abstracto e inerte, pairando sobre um Deus adormecido e sobre um mundo inexistente! A mais insignificante determinação do tempo exige a existência do mundo». Leonardo Coimbra rejeita a oposição oficial entre criacionismo e evolucionismo, alegando que o último «tem de admitir actividade criadora e cair num criacionismo». Entendido como filosofia da liberdade, o criacionismo «garante o valor criacionista da actividade cósmica» e é, por virtude própria, progressivo e criador. A evolução é criadora, como dirá Bergson, e situa-se no dinamismo do pensamento que, interrogando continuamente o mundo, deve acompanhar o dinamismo dos fenómenos, de modo a escutar «sempre o longínquo palpitar do coração do Ser». A evolução criadora é assim uma dialéctica ascensional do ser que, no plano ontológico, vai da matéria à vida, da vida à consciência e da consciência à pessoa, e, paralelamente, no plano epistemológico, vai das ciências da matemática à biologia, da biologia à psicologia e da psicologia à sociologia. A dialéctica científica leva à pessoa, «a palavra da síntese filosófica»: «Não precisamos de sobrepor à síntese objectiva uma síntese subjectiva. A realidade não se divide nas duas coisas - sujeito e objecto. O sujeito e o objecto são vagas anunciações da pessoa activa e livre tendo como instrumentos de acção os determinismos subordinados». A biologia, a psicologia e a sociologia convergem na pessoa, exigindo a inflexão da trajectória do pensamento científico para esta «irredutível realidade» - a pessoa que «só é livre, quando vence todos os cousismos, isto é, quando vence as solicitações inferiores ou limites materiais», abrindo-se à transcendência e ao infinito num mundo visto como «uma sociedade de mónadas» (G. W. Leibniz) e não como «uma degenerescência de Deus». Infelizmente não possuímos um estudo integrado e integral da Escola do Porto, porque os estudos existentes exibem a tendência nefasta de dissolver a problemática filosófica portuense nesse campo pardacento chamado filosofia portuguesa, como se não houvesse uma filosofia portuense autónoma de cariz mundial. Ora, há uma filosofia portuense que fala a diversas vozes sem no entanto abdicar da sua unidade essencial: a crítica radical do positivismo e do evolucionismo mecanicista, que a afasta do pensamento dominante em Portugal na época da Primeira República. Guerra Junqueiro (1850-1923) é o pai e o mentor da filosofia elaborada pela Escola do Porto: a temática da dialéctiva evolutiva ascensional que vai da matéria inorgânica à vida, da vida à consciência e da consciência a Deus foi lançada por Guerra Junqueiro, sendo retomada e reelaborada por Sampaio Bruno (1857-1915), Teixeira de Pascoaes (1877-1952) e Leonardo Coimbra, entre outros. A filosofia portuense ocupa um lugar único e original no âmbito da História da Filosofia Ocidental, antecipando uma problemática filosófica que será "retomada" por Henri Bergson, Samuel Alexander, Alfred N. Whitehead, Lloyd Morgan, Smuts, R. G. Collingwood, Teilhard de Chardin, Bernhard Rensch, Hans Jonas, Edouard Goldsmith, James Lovelock, William Irwin Thompson, Ilya Prigogine e Errol E. Harris. Ângelo Alves destacou as duas faces da atitude de Leonardo Coimbra na sua fase criacionista: a face negativa que é o seu antipositivismo e a face positiva que é a sua intenção metafísica. O próprio Leonardo Coimbra afirmou que o pensamento filosófico deve ao positivismo a «atenção que hoje desperta a metafísica»: «O pensamento metafísico foi envergonhado pelo pensamento científico, sempre em progresso e em afirmações de palpável fecundidade. O espírito alarmado olhou-se de novo, e, se reconheceu que a metafísica lhe é entranha, ficou sempre com a censura nos ouvidos, e hoje a sua metafísica é consciente e crítica, prudente e humilde, corajosa e honesta». A recusa do positivismo reconduz a uma «metafísica consciente e crítica» que, tomando como objecto as próprias ciências (Antero de Quental), procura revelar o direccionismo ascendente da evolução criadora que culmina na pessoa: «A pessoa é em sociedade e para a sociedade», sem a qual - a consciência colectiva - não poderia usar criativamente a linguagem e os sinais que dão vida ao pensamento individual e emergir como pessoa moral e religiosa. Arnaldo Cardoso de Pinho realizou de modo brilhante uma viagem pelo pensamento sempre em andamento de Leonardo Coimbra, de modo a mostrar a unidade de todo o seu pensamento teologicamente orientado em torno da realidade da pessoa e da continuidade da vida e da consciência. Porém, este impulso teológico só pode ser compreendido na chama antropológica que, resistindo à coisificação e às idolatrias coisistas, revela uma realidade dinâmica que, na escalada ascendente - e teleologicamente orientada - do Ser, sobe da matéria à vida, da vida à consciência e da consciência à pessoa que se abre a Deus: «Ciência, moral e religião são obras do pensamento, que, na pessoa e para a pessoa, as edifica». O Princípio Antrópico Cosmológico que surge da interpretação de Copenhaga da teoria quântica - iniciada por Niels Bohr - revela a actualidade e a pertinência da filosofia da Escola do Porto, em especial do criacionismo de Leonardo Coimbra. Em termos muito genéricos, o princípio antrópico afirma que nós existimos porque o universo é da maneira como nós vemos que ele é. Ora, se a realidade física depende da existência do espírito e o espírito depende da existência prévia da realidade física, nenhum deles pode existir a não ser que ambos surjam em simultâneo. O reconhecimento da continuidade entre matéria e espírito num mundo unificado inviabiliza a visão copernicana do papel da mente humana na construção do conhecimento do mundo: a vida inteligente está necessariamente implicada no universo desde os primórdios da realidade física e todo o processo de evolução natural alcança a consciência de si próprio no espírito humano. Retomando a linguagem usada por Guerra Junqueiro, Teixeira de Pascoaes capta o verdadeiro significado do princípio de organização universal revelado pela nova concepção do cosmos: «A finalidade da vida é a definição da existência. E digo finalidade, porque todo o esforço da Natureza se dirigiu e dirige num sentido humano ou consciente. /O destino do homem é ser a consciência do Universo em ascensão perpétua para Deus. /O homem é ele e o seu habitat. É céu e terra contidos numa definição espiritual ou consciente. /O homem, sonhando, transborda de si mesmo, amplia o mundo, porque ilumina as suas dimensões desconhecidas. O sonho é alta temperatura, um estado térmico da alma, a sua incandescência. /Que seria do mundo sem o homem? Permaneceria como abismado numa absoluta inexistência». O cosmos material de que fala Leonardo Coimbra implica necessariamente a formação da sua própria observação por seres inteligentes, porque é nos seus espíritos que o todo cósmico alcança a consciência. Ora, assim definido, o princípio antrópico mais não é do que a versão moderna da tese aristotélica de que as formas naturais existem por mor da humanidade. Cosmologia e antropologia implicam-se mutuamente e, nesse laço de convergência universal, abrem-se à teologia: a Escola do Porto restitui ao homem o papel central que lhe tinha sido retirado pela revolução copernicana, na medida em que o todo cósmico só se efectiva e se realiza plenamente quando é conhecido, observado e interpretado pela mente humana. O reconhecimento da centralidade da mente humana levou a Escola do Porto a esboçar uma antropologia fundamental, isto é, uma interpretação da existência humana, que ainda não foi devidamente compreendida e analisada como uma crítica da modernidade. Um texto de Leonardo Coimbra ajuda a clarificar as linhas gerais dessa antropologia que Sampaio Bruno pensou sob a figura do Encoberto: «A vida moderna é duma dispersão assustadora. A alma não se recolhe, vive em permanente exteriorização. Não há vida interior. Um vento de tempestade espalhou as almas e lançou a vida em vertiginosa corrida de ambição e loucura. O presente é um importuno a afastar-se dum ambicionado futuro, fugindo sempre, como as miragens, diante dos nossos precipitados passos. O lar, o abrigo das ternuras reconfortantes, perdeu-se na vertigem da vida moderna, toda de ruído, ambição e desesperado movimento. A pátria, esse outro reduto de fecundas tradições e elos de solidariedade, é uma ficção palavrosa, ou uma terrível voracidade de fauces arreganhadas para ambicionadas presas. A humanidade - uma vaga aspiração de alguns vagos filósofos. O Universo - uma terrível mole, sob o peso da qual o homem soçobra e definha. /É preciso levantar os corações abatidos. Que as almas perdidas em caminhos negros, tortuosos e sem fim, sejam conduzidas ao peito humano, ao recolhimento verídico. /Apreendido no Espírito, que se garante pelos seus sucessivos movimentos de vitória, o homem entenderá e realizará o sonhado porvir. /Que os homens voltem a casa e, então, de dentro do seu lar, no fumo do seu fogo e no calor da sua intimidade, a alma humana de novo subirá até Deus. Este humilde planeta levará, em si, uma alta e acordada consciência. É o homem, que, pensativo e ansioso, de pé no seu planeta, sustenta, religiosa, heróica e comovidamente, os ideais da beleza, da verdade, da justiça e do amor. Caminha, e aos estremecimentos do seu religioso espírito, respondem os fecundos estremecimentos do espaço, sulcado de sonho, riscado de ideal». J Francisco Saraiva de Sousa
20 comentários:
Bem, não pretendo apresentar uma chave de leitura de Coimbra, mas penso que se pode analisar o seu pensamento por partes, ligando-as a partir de uma antropologia fundamental. É preciso captar o esquema criacionista ou evolutivo e os seus momentos cruciais, de modo a reconstruir a sua dialéctica ascencional. A relação entre sociologia e psicologia é crucial e a partir dela podemos ir ao esquema filosofia/ciência, arte e religião: a questão é entre o pampsiquismo ou o panvitalismo, porque a sua epistemologia nocional parece apontar numa linha muito idealista!
Hummm... e eis que L. Coimbra coloca problemas que escaparam ao entendimento dos seus estudiosos. Porque será? Ah, porque o português - além de não ler e de não estudar - não tem capacidade de entendimento e estofo cognitivo para explicitar os pensamentos seminais da escola do Porto. Porém, não posso prometer resolver esses problemas que exigem uma visão de conjunto de um pensamento integral sempre em andamento até à morte do filósofo. Aliás, não estou seguro de que ele próprio tenha sido colhido pelo cousismo que critica. O que posso dizer é que a sua crítica ao evolucionismo na biologia tem um momento de verdade antropológica. Como sou dialéctico e tenho orientação teórica, posso emprestar uma filosofia à escola do Porto, a começar por uma antropologia fundamental elaborada a partir de conceitos portuenses, alinhando-os na antropologia filosófica. Vou pensar...
Ah, há uma inflexão no pensamento de Coimbra, mas penso que ela não introduz uma ruptura, dado decorrer do seu sistema criacionista fortemente marcado por Bergson: a sua antropologia clarifica-se sem resolver uma tensão - ou duas!? A sua epistemologia é muito idealista e ele só pode evitar o perspectivismo a partir do problema de Deus. Bah, só vejo a via antropológica... Pascoaes foi mais realista neste esquema evolutivo!
Finalmente, o post está concluído, porque não posso entrar em assuntos mais técnicos sem alterar tudo: abre uma nova via para a filosofia portuense. :)
Sampaio Bruno é o filósofo que dá voz à autonomia do Porto: o povo portuense é, como diz, «cioso da sua autonomia» e despreza Lisboa, porque a nação que é o Porto é «uma cidade inglesa» e não «francesa» como a dita capital.
Afinal, há regionalização em Portugal: a rivalidade entre Porto e Lisboa divide Portugal; são duas regiões que não se suportam mutuamente; o Porto-Norte é inglês, enquanto Lisboa-Sul é francesa e muito moura. Como diz Sampaio Bruno, o autóctone do sul é homem de rua, falador, vivo, pouco tenaz; de carácter suave mas frouxo, ele é naturalmente propenso a viver mais do exterior do que do interior. O homem do Porto é diferente: é robusto, duro, pensativo e vive do interior anímico, fala pouco mas realiza. Enfim dois mundos diferentes: Lisboa fala muito mas não faz nada; o Porto realiza mais do que fala.
Ah, não tenho tempo para reorientar a hermenêutica da filosofia de Sampaio Bruno, salvando-a do obscurantismo nacional. Bruno tem boas ideias e muito ousadas que escapam ao entendimento nacional. A unidade originária não é passado mas futuro e esta é uma noção básica da escola do Porto.
Oh continuo a axar todo esse pessoal uma coisa mt cozinhada à la Associação Comercial do Porto. Conclua lá e passe pra algo mais emocionante e polemico, já basta o fedor do cozido de bacalhau q vamos ter q aguentar :)
E, por ex, um filosofo negro, ainda n descobriu?
:)))
Sr
Tenho estado a mostrar caminhos para sair da crise estrutural e tentar mudar o Norte que tem a maior taxa de desemprego do país. E de facto estes autores apontam algumas saídas, levando em conta desenvolvimentos teóricos posteriores. A pós-modernidade caiu com esta crise, porque era artificial: o capitalismo não mudou, aliás nunca houve qualquer alteração de modelo económico que justificasse a própria pós-modernidade, o que fortalece a perspectiva marxista. O marxismo nunca esteve esgotado, mas pensar o contrário levou a esta situação de caos mundial.
A escola do Porto teve uma postura de esquerda: implantação da república e da democracia e, depois, luta por uma sociedade mais justa que no caso de Bruno era o socialismo. Ela ajudou a mudar Portugal, mas agora todos querem manter privilégios ou supostos direitos adquiridos para os quais não há dinheiro. É preciso acordar desse pesadelo, fazer o discurso da verdade e tentar mudar as coisas sem sacrificar sempre os mesmos, quando na verdade a responsabilidade pertence àqueles que dizem estar seguros mas que afundaram e afundam o país.
Espero que a Associação Comercial - e empresarial - do Porto contribua positivamente para evitar o desemprego no Norte, afastando desde logo os membros burrecos e chulos e sem ideias para além do seu umbigo!
Aliás, é fácil tirar Portugal da crise e dar uma oportunidade a todos, sobretudo àqueles que têm mérito: a merda combate-se eliminando as moscas que a produzem continuamente. Este modelo de sociedade não tem futuro e, se o país não tiver coragem para mudar, a realidade fá-lo-á - pobreza total, sem perspectiva de futuro.
Afirmar que os portugueses não têm interior, mas apenas exterior, é uma verdade fundamental que exige mudança radical: um homem sem interior é um zombie muito perigoso além de ser inútil, desagradável e dispensável. A nossa sociedade já dispensa a humanidade, porque se alimenta exclusivamente do metabolismo. A escola do Porto defendeu a humanidade do homem que se conquista superando a animalidade favorável à exploração total da exterioridade, do corpo reduzido ao seu metabolismo escravizante!
Enfim, a noção de homem sem lar, sem pátria, sem humanidade, sem mundo é brilhante e antecipa filósofos posteriores que gozam de grande prestígio, mas a escola do Porto já tinha avançado com essas ideias anteriormente. O dizer mal do país afunda-nos mais! Eu critico para iluminar a mudança, reconhecendo o mérito a quem tem mérito.
Ho Ho Ho
O q tem estado a postar sem duvida q é meritorio enquanto desempoeiramento e bastante util pra constituição duma memoria referencial alternativa à centralizadora dominante, mas já nao me parece tão util quanto ao seu alcance e utilidade para um pequeno país que se integrou numa macro comunidade europeia de alinhamento capitalista, e cuja propria identidade tem sido ela mesma eclipsada pela vertente capitalista global.
Ou seja, a realidade social e econom n é mais a mesma q marx analisou e quis transformar, sendo que, quanto a mim, so um grande conceito dele continua a pautar dum modo alienante toda a vida humana: o conceito de mercadoria e fetichização de mercadoria.
Como, entre outros, lhe apontou Baudrillard, so a ausencia de uma reflexão sobre a impregnação signica da mercadoria a tdas as esferas da realidade humana já faz toda a diferença e limita irremediavelmente a solução assente sobretudo na dialectica, imho.
Se nao viu, veja algo como este The Corporation pra entender o q está em causa actualmente em tdas as sociedades humanas mundiais, e depois reflita, comparativamente, com o tipo de autores q abordou e da sua acuidade real, mesmo q local:
http://video.google.com/videoplay?docid=3203253804055041031#docid=-684415688278839051
:)
Pois, mas o pensamento da Escola do Porto é global - mundial e não apenas local - nacional. Porém, o global tem um cariz antropológico. moral e ecológico, não é o capitalismo global fortemente desmentido pela actual crise.
A dialéctica deve trabalhar a relação entre culturas e civilizações em colisão: onde há antagonismo há dialéctica. E só uma solução dialéctica desse conflito nos livra da violência e do terrorismo.
Bem, até os USA estão a defender e a implementar a intrevenção do Estado na economia: o capitalismo não mudou na sua essência, serviu-se da globalização para crescer, nada mais, e, como sabemos, está em crise: o que o move é a obtenção do lucro imediato. O capitalismo não pensa a longo prazo, mas a filosofia pensa o futuro.
Ah, e quando falo no marxismo levo em conta o contributo de Max Weber..., não me refiro ao caso soviético com o qual nunca concordei.
Sampaio Bruno elaborou uma ética cósmica - em linguagem de hoje ecológica - que envergonha os seus actuais mentores internacionais. A sua palavra de ordem era desenvolvimento moral, isto é, cultural! Muito actual porque foi isso que o 25 de Abril esqueceu fazer...
Ah, o desemprego e a escassez de recursos desmentem essa coisa do signo - uma alienação mental que colhe enquanto há subsídios e garantias de consumo. Quando falta o dinheiro, tudo se torna bem material. :)
Enfim, há vida, há mundo para além - e aquém - dos textos! Uma forma de refutar o pós-moderno!
Sim, sim eheh :)
Ah! ja q estava aqui a passar ao meu amg do blog Tecnologa, n esqueça tb destes cenarios previsiveis q eu ja tinha postado algures noutro post
http://dissidentex.wordpress.com/z-cenarios/
Isto e docs como o The Corporation ja servem bem para ir directo ao q axo q mais interessa contextualizar, imho o.O
Vou sair, mas ainda deixo aqui outro a quem se interesse
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Documentário quase poético sobre um dos temas mais importantes do planeta: A luta mundial contra a opressão do neoliberalismo.
A regra do empobrecimento de uma população é quase sempre a mesma: Emprestar dinheiro do FMI, cumprir seus ajustes estruturais, privatizar todos os setores que possam gerar lucros, seguir as regras liberais da OMC. Com isso sempre vem a miséria e daí o descontentamento. Para combater tanta gente descontente que sai às ruas, usa-se a polícia e o exército, para que o Estado que as corporações querem, não se transforme no Estado que as pessoas querem.
A Quarta Guerra Mundial hoje é travada em todos os cantos do mundo. De um lado os povos e do outro os governos dos países que se ajoelharam ante as exigências das grandes corporações.
Veja os depoimentos e lutas contra políticas neoliberais em alguns países pelo mundo: Argentina, Coréia, África do Sul, México, Itália, Canadá. Choque-se com a opressão brutal pura e simples que o Estado de Israel faz sobre a Palestina
http://ngv.bradipz.net/new_global_vision/disc55/ngv_ny_en_20040928_the_fourth_world_war.avi
legenda
http://www.opensubtitles.org/pt/download/sub/3135515
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ASTA LA VISTA \0/
Ah, puro marxismo esse comentário contra o neoliberalismo! :)
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