É muito difícil pensar Portugal e a sua crise estrutural, porque os portugueses são, por natureza, animais avessos ao pensamento. Não pretendia comentar o debate Prós e Contras (RTP1) de ontem (1 de Março), mas, depois de ter visto casualmente esta imagem, resolvi não quebrar a tradição: o desemprego revela o fracasso total da geração grisalha na condução do destino nacional. Fátima Campos Ferreira colocou o dedo na ferida: a geração grisalha foi de tal modo egoísta e incompetente que hipotecou o futuro de todas as outras gerações, negando-lhes desde logo uma educação verdadeira. Portugal está cada vez mais pobre e a geração grisalha que se instalou no poder depois do 25 de Abril contribuiu activamente para o empobrecimento nacional em todas as frentes institucionais: as gerações mais novas perderam o emprego e não estão preparadas - psicológica e cognitivamente - para imaginar um novo futuro para Portugal. Os convidados - empresários (António Saraiva, Armindo Monteiro e José Manuel Fernandes) e sindicalistas (Raymond Torres, Carvalho da Silva e João Proença) - são figuras do sistema que urge derrubar através da acção revolucionária. Os empresários portugueses desconhecem o significado da livre iniciativa, carecem de formação, exploram descaradamente a mão-de-obra e, no fundo, parasitam o Estado. E os sindicalistas perderam o contacto com a luta política: a sua única missão é garantir e reforçar tanto quanto possível as regalias já conquistadas dos trabalhadores do Estado, isto é, dos funcionários públicos. Com a ajuda preciosa de políticos medíocres e amigos da corrupção e do sistema financeiro, os empresários e os sindicalistas criaram este monstro que nega o futuro às novas gerações: o capitalismo sem riscos. Em Portugal, este tipo de capitalismo de Estado, que gera continuamente corrupção, mediocridade e regressão, é absolutamente refractário à renovação das elites: ele foi inventado e fabricado para garantir o enriquecimento fácil das mesmas figuras - os mesmos sindicalistas, os mesmos empresários, os mesmos políticos, os mesmos magistrados, os mesmos banqueiros, sempre os mesmos - que formam as pseudo-elites nacionais, bem como dos membros das suas famílias e das suas redes. Ora, nesta hora de crise, tornou-se demasiado evidente que as mesmas figuras nacionais que bloquearam o futuro aos portugueses não podem protagonizar a mudança social qualitativa. Os desempregados e os esquecidos, que não são sindicalizados e que não encontram emprego nas empresas privadas e públicas, devem revoltar-se violentamente contra o sistema estabelecido e derrubá-lo. Libertar o futuro de Portugal é tarefa de uma revolução social: não há outra alternativa, como demonstrou este debate. Aqueles que devem ir lavar os pratos não são os licenciados, mas as pseudo-elites que traçaram como destino das licenciaturas lavar pratos ou conduzir taxis. É preciso não ter vergonha na cara para fazer tais afirmações ou defender a evolução darwinista (Jack Soifer): a própria falsidade do sistema instituído exige o seu derrubamento revolucionário. Os tempos que vivemos são muito indigentes e, apesar de desejar uma filosofia mais "positiva", não a posso formular, porque as catástrofes naturais e sociais que se abatem sobre diversos países do mundo trazem à consciência a condição mortal do homem. Doravante, a filosofia precisa ter em conta a condição essencial de sem-abrigo do homem. Diante da revolta da natureza, nada está protegido. Porém, esta condição de ser sem-abrigo do homem pode funcionar para lhe lembrar que existe vida - e vida mais digna - para além do consumo. O homem precisa aprender a libertar-se, objectiva e subjectivamente, da objectividade capitalista e das suas ilusões. A dúvida moderna e a desconfiança que a acompanha podem materializar-se através destas catástrofes naturais, e, quando já nada faz sentido, resta-nos o suicídio ou o pensamento da morte. O mundo comum colapsa e mergulha nas trevas do eterno esquecimento, devorando a luz e a dignidade da vida humana, e a vaidade revela a sua estupidez. A ganância pela imortalidade demonstrada por esta geração grisalha condenou Portugal à morte, em nome da qual os portugueses esquecidos e injustiçados podem livrar-se dos velhos incompetentes que enriqueceram à custa do empobrecimento geral: a sua morte gera novas oportunidades para a vida. Os velhos - sempre os mesmos velhos das mesmas velhas pseudo-elites - precisam morrer para que haja espaço para a vida. Os portugueses devem permanecer em Portugal e recusar ser exilados no seu próprio país: abandoná-lo, emigrando, é deixar os velhos egoístas usufruir de reformas chorudas auto-estipuladas, ter uma vida longa e uma morte pacífica. Superar a geriatria instalada no poder é dar início à acção que visa ultrapassar a crise e libertar o futuro. J Francisco Saraiva de Sousa
13 comentários:
Os tempos que vivemos são muito indigentes e, apesar de desejar uma filosofia mais "positiva", não a posso formular, até porque as catástrofes naturais e sociais que se abatem sobre diversos paises do mundo trazem à consciência a condição mortal do homem. Doravante, a filosofia precisa ter em conta a condição de sem-abrigo do homem. Diante da revolta da natureza, nada está protegido.
Porém, esta condição de ser sem-abrigo pode ser usada para lembrar ao homem que existe vida - e vida mais digna - para além do consumo. O homem precisa libertar-se objectiva e subjectivamente da objectividade capitalista.
A dúvida moderna e a desconfiança que a acompanha podem materializar-se através destas catástrofes naturais, e, quando já nada faz sentido, resta-nos o suicídio ou o pensamento da morte. Tudo mergulha nas trevas, incluindo a luz. Tudo é esquecimento. E a vaidade é uma estupidez.
A ganância pela imortalidade demonstrada por esta luso-geração de velhos grisalhos e incompetentes condenou Portugal à morte. E só em nome da morte podemos libertar-nos destes velhos burrecos: a sua morte liberta novas oportunidades para a vida. Os velhos precisam morrer para que haja espaço para a vida!
E quando falo dos velhos refiro-me unicamente à velhice das pseudo-elites nacionais: os velhos que empobreceram Portugal.
Os portugueses devem permanecer em Portugal: abandoná-lo é deixar os velhos ter uma morte pacífica e feliz. Eles é que devem deixar Portugal e ir trabalhar duro nos confins da Europa.
Apetece-me brincar com o post sobre a família do homófobo que não se apercebe da relatividade do conceito de família que deu: anseia pelo regresso de um sistema matrilinear! Percebe-se a razão de ser de tal anseio-desejo!
Diz ele que a família nuclear é constituída pelo irmão da mulher, os filhos da mulher e o marido da mulher. Que ridículo! Além disso, deixa por esclarecer se os filhos da mulher são também filhos do marido da mulher!
LOL, isto tá hardcore ahah
Bueno, tava ag a ler isto
“Estamos vendiendo allá a la mitad de precio, comparado con lo que venden los capitalistas venezolanos”
http://www.presidencia.gob.ve/action/noticia/view_ver_mas?id_noticia_web=4179
e de tarde encontrei estes peq docs
POUM
http://www.youtube.com/watch?v=RzUlT2yOXmg
e este sobre a Durruti vou ver logo :)
http://www.youtube.com/watch?v=BGJnN1QojyI
asta \0/
No debate da Sic, Passos Coelho colou Rangel à Manuela Ferreira Leite e assim comeu-o.
O certo, o verdadeiramente certo, é que os políticos lusos desejam poder pessoal e status, mas não têm solução para a crise que ajudaram a criar. A política das medidas e dos papéis nunca funcionou; pelo contrário, bloqueia a mudança qualitativa.
O homem certo ainda não chegou!
Afirmar que o PSD - ou mesmo o PS - foi a locomotiva da ruptura não é verdade, porque nunca houve uma ruptura qualitativa em Portugal. Se estes partidos tivessem governado bem, não estaríamos na crise em que estamos: teríamos mais confiança no futuro e nós não a temos, porque o país está cada vez mais pobre e doido. É preciso dizer a verdade: ninguém com bom-senso é feliz neste país invejoso e maldoso.
Qualquer semelhança com o Brasil, não será mera coincidência...
Gostei do seu blog! Muito esclarecedor e reflexivo. Parabéns!
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