Prós e Contras debateu hoje (24 de Maio) o Pacto para o Emprego que o governo vai apresentar na próxima quarta-feira na concer-tação social. As propostas do governo ainda não são cabalmente conhecidas, mas o sindicato de Carvalho da Silva - CGTP inter-sindical - já marcou uma mani-festação para o próximo sábado. Não se trata de luta de classes entre os trabalhadores e o patronato, mas de uma luta em defesa dos direitos adquiridos pelos trabalhadores da função pública ou das empresas públicas. António Saraiva (CIP) lembrou que não faz sentido falar em direitos adquiridos sem ter uma economia para os suportar. O mundo está a mudar e Portugal já foi obrigado por Bruxelas a tomar medidas radicais de austeridade para combater a nossa dívida pública total. A discussão do código de trabalho realizada na primeira parte do debate por Helena André (Ministra do Trabalho), Carvalho da Silva e João Proença (UGT) não trouxe nenhuma ideia nova, limitando-se a repetir a velha retórica que foge da questão do naufrágio da economia portuguesa como o diabo foge da cruz. Silva Peneda (CES) desvalorizou a questão do trabalho, para colocar sobre a mesa as dificuldades de acesso das empresas ao crédito. Na sua perspectiva, a solução dos problemas nacionais e europeus passa pelo federalismo europeu. Helena André terminou o debate afirmando que o objectivo da reunião será realizar um diagnóstico consensual da situação que possibilite a procura cooperativa de novas soluções para o problema do desemprego em Portugal. Ora, este diagnóstico deve ser radical. Portugal é confrontado pela primeira vez com uma realidade cruel: as novas gerações - as do telemóvel e do e-mail - não foram educadas para o trabalho produtivo e para a responsabilidade. A prioridade é pôr em prática uma reforma radical da educação e voltar a enviar para a universidade exigente - completamente reformada e liberta das batatas incompetentes - as gerações que foram fraudulentamente diplomadas para emitir opiniões absolutamente irracionais. Há um teste que pode ser realizado publicamente: colocar questões e exigir respostas no âmbito do conhecimento, sem permitir a manifestação de opiniões e de jogos pobres de linguagem. Num tal teste, a maior parte dos portugueses, cada um na sua área, chumba. A ignorância activa fraudulentamente diplomada é o inimigo número 1 de Portugal: aquele inimigo que nos recusa um futuro, porque pensa que pode viver sem estudar, sem trabalhar e sem produzir, usando simples e magicamente o cartão de crédito para financiar o seu consumo irracional e os seus programas de férias exóticas prolongadas. Para estas gerações metabolicamente reduzidas à sua condição animal, a vida é uma diversão. Nas últimas décadas, os portugueses foram treinados - tal como se treinam os cães para desempenhar certas funções menores - para abdicar da sua humanidade. A política da autenticidade - a recuperação da humanidade - é prioritária num duplo-sentido: permite identificar e analisar os erros de governação cometidos no passado (1) e projectar um novo futuro exigente (2). Sem este programa estrutural de humanização dos portugueses - a nossa grande revolução cultural, Portugal não tem futuro, nem sequer como membro pobre e atrasado de uma federação europeia. Mudança radical e corajosa de vida: eis a tarefa urgente dos portugueses, cuja implementação pode vir a iluminar o destino da Europa. J Francisco Saraiva de Sousa
4 comentários:
Terminei o post anterior sobre a homossexualidade em Angola. :)
Ando à espera de um bom debate para clarificar ideias, mas o debate de ontem foi mesmo uma seca. Porém, lancei uma das ideias fundamentais: resgatar a educação, implementar uma revolução cultural, rompendo com direitos adquiridos. Portugal tem poucas pessoas boas mas precisa da sua competência para evitar o naufrágio em que vivemos.
Ya, Portugal é um barco a afundar-se! :(
Precisamos da competência alemã: quer dizer despedir as actuais classes governantes (todos os partidos) e afundá-las no oceano.
«abdicar da sua humanidade»; não era o Goggly que dizia coisas dessas?
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