Armada Portuguesa, 1507 |
Caravela Vera Cruz (ANL) |
«Durante todo o século XVI, as esquadras portuguesas detêm incontestável hegemonia no oceano Índico, e até 1570 nos mares malaios; o Atlântico entre a África e o Brasil está sob a sua dominação. Durante um século, o comércio português usufrui o monopólio da rota do Cabo e dos tratos cristãos de Moçambique e Malaca; só a partir de 1565, com o estabelecimento da rota de Acapulco a Manila, terá de enfrentar uma concorrência cristã nos portos da China e do Japão, de que até aí açambarcava os riquíssimos resgates. O tráfico negreiro e o comércio marítimo do ouro, da malagueta, do marfim sudaneses pertenceram, quase sem contestação, às caravelas portuguesas de 1440 a 1510-1515, e a primeira metade do século XVI não abre brechas demasiado graves neste monopólio; durante o terceiro quartel de Quinhentos, os Portugueses conservarão ainda o melhor quinhão. /Algumas dezenas de mercadores portugueses estão estabelecidos em Antuérpia, há um bairro português em Sevilha, um terço de Buenos Ayres é portuguesa, a Inquisição persegue-os em Lima e no México. Feitorias portuguesas funcionaram regularmente na Flandres e em Londres, na Andaluzia, em Florença, Nápoles, Veneza, até em Chios, bem como em Oram, em Fez e várias cidades marroquinas, em Arguim e no próprio Sáara - Uadam -, nos rios de Guiné e na Serra Leoa, nas costas da Malagueta e da Mina e em Benim, no Congo, em Angola, no Brasil e no rio da Prata, salpicaram a costa oriental de África, a costa da Arábia, o golfo Pérsico, as duas fachadas da Índia, as ilhas Malvinas, Samatra - para quê continuar? /Assim se edificou um império à escala do globo, oceânico, o mesmo é dizer, comercial, sem dúvida, mas também fundiário e agrícola. Assim surgiram as cristandades exóticas. Assim se desenrolou a espantosa diáspora dos Portugueses trasvasando por todos os mares, ilhas e terras firmes. Rumo de Portugal e dos Portugueses, rumos do mundo: inextricavelmente interferentes, confundidos.» (Vitorino Magalhães Godinho, Os Descobrimentos e a Economia Mundial, 1º. vol.)
J Francisco Saraiva de Sousa
4 comentários:
Bem, um dos nossos problemas era fazer guerras, em vez de dedicar exclusivamente ao comércio. Mas nessa altura éramos guerreiros - a nossa história militar é demasiado longa. Devemos ter lutado com quase todo o mundo! :)
E no começo do século XV éramos um milhão da habitantes... :)
Apesar de termos lutado com quase todos, os descendentes gostam de nós: Portugal deixou marcos-referências em todo o mundo. Mas o mais curioso é os árabes gostarem de nós: Portugal impediu a sua expansão. O Ocidente deve-nos isso!
Aliás, a guerra tem o seu lado positivo. Depois do 25 de Abril, foi-nos dada uma paz corrupta...
A subserviência deste governo constitui mau agoiro! Não vamos longe com comportamentos subservientes porque ninguém respeita os "criados submissos".
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