segunda-feira, 6 de agosto de 2012

OPorto: Holidays (VI)





8 comentários:

Joaquim António Almeida Martins dos disse...

Descobri este blogue por acaso quando procurava na internet informações sobre Tran Duc Thao e a fenomenologia husserliana. Acho tratar-se de um caso claro de serendipidade. Não sou um amante de blogues pela simples razão de que aqueles com que me tenho cruzado nada me acrescentam, pelo contrário. De facto, foi do também seu blogue Cyber Philosophy que cheguei a este. É uma pena que esse tenha cristalizado em 2010. Pergunto-me é se este se assume como uma excrescência, mais generalista, daquele? Gostei imenso do que vejo e do que fui vendo e parece-me que encontrarei algum tempo para, diariamente, espreitar o CyberCultura e Democracia Online. Não numa lógica voyeurista, mas porque posso aprender alguma coisa com o que aqui vejo publicado. Os posts de Oporto Holydays aparecem-me claramente como um aspeto natural da 'silly season'. Quanto à beleza do Porto, eu, que sou portuense e muito moderadamente portista, sempre achei que as boas fotos são - quase - sempre melhores que a realidade. Aliás a propósito da beleza do Porto e de Portugal, remeto-o justamente para o seu post de 3 e 4 de julho de 2012 de que reproduzo, aqui, apenas isto: «Portugal é uma terra de loucos primitivos e maldosos. Já não suportava lidar com estes tubos digestivos ambulantes. Tenho muito nojo dos portugueses. A sua presença contamina o ar que respiro. É impossível encontrar a serenidade entre estes seres esquecidos por Deus. Portugal é um país maldito que irá arrepender-se de ter nascido: a existência de portugueses é um atentado contra a humanidade dos verdadeiros homens. Só seremos livres quando apagarmos Portugal do mapa do mundo. Lutar contra esta maldição personificada neste povo zombi: eis o sentido da vida.» (Albino Forjaz de Sampaio, Manuel Laranjeira, toda a Geração de 70?). Não é o país o reflexo do seu povo? Concordo substancialmente consigo embora me permita dizer que me parece que esta sua opinião ali expressa releva de um momento menos idiossincraticamente positivo que o Francisco por ventura estava a passar. Gostava de o conhecer e de falar consigo sobre uma série de questões ligadas à filosofia, à fenomenologia, à sociologia. Uma das questões que mais me ocupa atualmente é perceber como é possível compaginar fenomenologia com materialismo? Daí o meu interesse por Tran Duc Thao. É que, para mim, trata-se de pretender misturar azeite com água. Como lhe digo acima, sou do Porto e se lhe for possível e/ou se vir algum interesse (ver disponibilidade) podemos um dia destes tomar um chá em qualquer lado e trocar algumas ideias. Parece-me que terei muito a aprender consigo. Já agora, o que faz atualmente?

Parabéns pelo blogue e exorto-o a continuar para benefício de alguns que se interessem por questões ligadas à cultura, à democracia, à filosofia. Que não sejam só «tubos digestivos ambulantes». Deixo-o com uma provocação: o que diz dos portugueses, não poderá/deverá ser dito do ser humano, independentemente da sua nacionalidade? Qual a fronteira entre a civilização e a barbárie (remeto-o para Hannah Arendt - cujo pensamento sei que conhece bem)?

um abraço,

António Almeida

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Caro António Almeida

Obrigado pelas palavras de ânimo!

Sim, é verdade que ando zangado com os portugueses. O facto de os criticar significa que ainda não rompi completamente com eles, mas não deposito grande esperança neles. Portugal está condenado a ser o triste país que é e que sempre foi!

Quanto ao Tran Duc Thao: penso que a sua obra pode ser consultada na biblioteca da FLUP! Recebi um email que me pedia essa informação: eis a minha resposta, embora não tenha a certeza da sua existência na FLUP. A articulação fenomenologia e materialismo já foi realizada diversas vezes: as obras são desconhecidas em Portugal - mas existem!

Sim, aquilo que digo dos portugueses pode ser dito dos humanos. Eu escolhi a humanidade ocidental - e é em confronto com esta que encaro os portugueses. O desenvolvimento da teoria é complexo...

De momento, não estou no Porto: sou amigo de climas frios! O calor obriga-me a editar fotos para manter o blogue activo.

Abraço

Joaquim António Almeida Martins dos disse...

O e-mail é meu também. Que me diz a falarmos pessoalmente um dia destes, quando estiver de volta? Acha que me consegue ajudar a localizar o Tran Duc Thao por aqui? Que leituras me sugere relativamente à articulação fenomenologia/materialismo, se é que posso tomar a liberdade de lho perguntar?
Peço-lhe ainda que apague um dos meus comentários. A minha falta de jeito para estas coisas fez com que o publicasse 2 vezes (e não faz sentido aparecer o mesmo texto 2 vezes). Não sei como...

Um abraço,

AA

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Terei muito prazer em conversar consigo no final deste período de calor!

A melhor obra de Tran Duc Thao é Fenomenologia e Marxismo, onde articula os dois. Mas ele tem outras obras que geralmente são entregues ao esquecimento da psicologia: são obras que vão mais longe na articulação do materialismo dialéctico. Tran Duc Thao deu aulas ou conferências em França e marcou muitos filósofos. Referia-me a estes últimos, alguns dos quais estavam próximos do círculo de Althusser! Sebag também escreveu uma obra importante nesse campo - próxima do estruturalismo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Althusser nomeia-os na sua derradeira obra! Sartre, Merleau-Ponty ... são outros nomes a ter em conta!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O mais destacado é Desanti: uma obra ignorada neste triste país.

Joaquim António Almeida Martins dos disse...

Claro que sim. Sartre, Merleau-Ponty, Max Scheler, Sartre, eventualmente. Schutz. Agora, atenção que a minha abordagem será eminentemente etnometodológica (daí a fenomenologia). Só que ela não me satisfaz do pont ode vista teórico conceptual pelo que terei que a articular com a Teoria Crítica (Horkheimer, Habermas, Axel Honnet). Penso também ter que ir buscar Nietzsche e Foucault. Confesso que não me quero meter com Schopenhauer (que é provavelmente o filósofo que mais admiro pela sua frontalidade nihilista). Mas sei que se for recuando, a dada altura dou comigo nos Pré-Socráticos porque tudo de uma forma ou de outra se interrelaciona. Não concorda? Não conheço Desanti nem Sebag. O que procuro de Thao é precisamente o "Phénomélogie et Matérialisme Dialectique". Se não o encontrar em Portugal vou ter problemas porque sendo um livro dos anos 50 não é evidente que o encontre na Amazon. A ver vamos.

abç,

AA

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Estive a pensar e o livro pode ter sido requisitado pela Faculdade de Economia da UPorto. Um professor de economia falou-me do livro... Mas como ando atarefado esqueci o desfecho da conversa!

Abraço