«A necessidade de evitar por qualquer preço a repetição de uma crise do tipo da de 1929 tornou-se uma questão de vida ou morte para o capitalismo...» (Ernst Mandel, 1962)
Estamos em 2008, o capitalismo sofreu desde os tempos de Marx algumas mudanças cosméticas, o bloco soviético e o seu modelo "socialista de economia planificada" ruíram e eis aí a grande crise do capitalismo em marcha acelerada, em plena era da Globalização: Os USA estão "falidos" e o seu sistema económico-financeiro ameaça derrocar, com milhares de famílias a ficarem brevemente sem casas, o desemprego a atingir taxas inimagináveis, enfim a pobreza e as desigualdades sociais a crescerem infinitamente a ritmos galopantes. A Europa confia na autonomia do seu Banco Europeu, como se as suas políticas monetaristas merecessem alguma confiança, sobretudo no momento presente em que todos sabemos o que significa "corrupção financeira e bancária"!
Esta crise do capitalismo mostra que a análise de Marx do capitalismo continua a ser válida, pelo menos nas suas linhas gerais e mais profundas, e os economistas "burgueses" sempre souberam disso, porque a sua "economia" mais não é do que uma tentativa de controlar e evitar a repetição de uma crise do tipo da de 1929 (Galbraith, 1954), com o consequente resultado visível de terem manipulado o Estado para se constituirem em "classe dirigente". Como escreveu Paul M. Sweezy (1942), «o inimigo realmente mortal do capitalismo é o seu próprio carácter contraditório», ou, como disse Marx, «a verdadeira barreira da produção capitalista é o próprio capital». Em plena Guerra Fria, Ernest Mandel (1962) mostrou que o capitalismo exacerba uma série de contradições inerentes ao sistema: (1) a contradição entre a socialização da produção e a apropriação privada, (2) a contradição entre o carácter organizado, planificado, do processo de produção no interior das empresas e a anarquia da economia capitalista no seu conjunto, (3) a contradição entre a unificação global da economia e a conservação dos móbeis de lucro capitalista e (4) a contradição entre a tendência para o avanço das forças produtivas e os obstáculos que se opõem a esse avanço, devidos à própria existência do capital, às quais acrescenta outras mais actuais que ameaçam internamente o sistema. A globalização do capitalismo agravou estas contradições e produziu muitas outras, algumas das quais produziram guerras e toleraram massacres inúteis, criaram conflitos intercivilizacionais profundos, agravaram a distância entre ricos e pobres, e ameaçam, de uma ou outra forma, a própria Civilização Ocidental.
A herança do capitalismo é, portanto, pesada e intolerável. Esquematicamente, a lógica irracional do capitalismo destruiu, provavelmente de modo irreversível, a natureza e ameaça a biodiversidade e a própria vida na Terra (crise ecológica), produz continuamente desigualdades sociais e assimetrias de poder (crise social), engorda o Estado a ponto deste e os seus "administradores" estarem a liquidar a democracia, a cidadania e a invadir a esfera privada dos seus "cidadãos" (crise política), e, não satisfeito com tais façanhas, o capitalismo coloniza e comercializa a cultura (crise cultural) e ameaça gravemente o domínio da tradição ocidental a ponto de quase a liquidar (crise de civilização).
Estas crises (apresentadas esquematicamente) são muito evidentes desde há muito tempo, mas ninguém se preocupou verdadeiramente com elas, porque o capitalismo conseguiu domesticar a própria natureza humana, reduzida por todos os lados à sua dimensão estritamente metabólica e, portanto, satisfeita (crise humana), desde que os seres metabolicamente reduzidos tenham uns trocos no bolso ou crédito garantido fraudulentamente pelo sector bancário, para garantir o seu estacionamento nas grandes áreas comerciais, especialmente nas praças da alimentação, onde pastam pausadamente, qual gado completamente alienado do mundo (Arendt).
Diante desta crise financeira do capitalismo como sistema, cujo desfecho desconhecemos, estamos perfeitamente desarmados: não temos um modelo económico alternativo e também não desejamos retomar o "modelo soviético", apesar deste ter tido os seus aspectos positivos, como demonstrou Herbert Marcuse; e isto porque durante muito tempo os economistas defenderam um "discurso keynesiano optimista", como se estivessem na posse de uma solução milagrosa para garantir um "capitalismo sem crises". No entanto, desde a queda do Muro de Berlim, estes mesmos economistas, pelo menos na Europa, retomaram um "discurso fatalista", como se a única solução fosse "fazer sacrifícios" (redução do poder de compra, desemprego galopante, congelamento dos salários, etc.) para garantir a sustentabilidade do "Estado da Providência Social", uma criação "socialista" bastarda da economia keynesiana. De repente, o futuro deixa de estar garantido, embora as "classes dirigentes" (os "administradores" de James Burnham) estejam mais ricas do que nunca, dado a necessidade da intervenção do Estado para evitar o deflagrar das crises do capitalismo.
Ora, para fazer frente aos efeitos nefastos desta crise, convém regressar aos textos dos autores já clássicos e ignorados, devido à propaganda da "ideologia dos economistas", rejeitando todos os autores contemporâneos: Karl Marx, Rudolf Hilferding, Lenine, Paul M. Sweezy, Paul A. Baran, Maurice Dobb, Ernest Mandel, John K. Galbraith, W. W. Rostow, J. M. Keynes, Raymond Aron, enfim J. Schumpeter, entre os quais Keynes definiu O Capital de Marx como «um manual de economia desactualizado, (...) sem interesse e sem aplicação no mundo moderno». Ora, Keynes enganou-se completamente e auto-iludiu-se quando pensou ter descoberto o "antídoto anti-crise", porquanto a sua economia foi superada por novas tentativas de impedir o deflagrar das crises cíclicas do capitalismo.
Com este regresso aos textos clássicos, independentemente da sua orientação político-ideológica, procuramos novas vias e novas alternativas que possibilitem continuar a "sonhar para a frente" (Ernst Bloch), mas sem visar a "colonização do futuro" (auto-crítica marxista e liberal) e sem esquecer que devemos estar preparados para "dar a vida" em defesa do domínio Ocidental ameaçado interna e externamente pelos bárbaros (homenagem a Oswald Spengler). Esta busca só é possível mediante a revitalização da Filosofia, de resto a única jóia ocidental que não se presta à "prostituição", como sucede com a ciência e a tecnologia ocidentais, mais neutras em termos etnoculturais, e, por isso, desprezada e combatida pelos novos bárbaros que desejam as supostas "riquezas ocidentais" quando nós já sabemos que muitas delas são uma falsa e perigosa miragem, portanto, um sonho vão, quase um pesadelo. O actual clima de conflituosidade intercultural volta a colocar na ordem do dia o tema da Guerra e, segundo o prognóstico de Spengler, devemos defender o Ocidente com as armas nas mãos, em vez de cruzarmos os braços.
Na sua obra "Der Mensch und die Technik", Spengler escreveu estas belas palavras: «O optimismo é cobardia. Nascidos nesta época, temos de percorrer até final, mesmo que violentamente, o caminho que nos está traçado. Não existe alternativa. O nosso dever é permanecermos, sem esperança, sem salvação, no posto já perdido, tal como o soldado romano cujo esqueleto foi encontrado diante de uma porta de Pompeia, morto por se terem esquecido, ao estalar a erupção vulcânica, de lhe ordenarem a retirada. Isso é nobreza, isso é ter raça. Esse honroso final é a única coisa de que o homem nunca poderá ser privado». Morrer a lutar pelo seu posto é tarefa nobre, mas actualmente perdeu-se o sentido da luta pelas causas nobres e muito menos pela nossa civilização. Os jovens perderam os vínculos com a nossa tradição e caminham com as pernas abertas a qualquer invasor. Contudo, a missão da Filosofia é zelar pela nossa Tradição Ocidental. Aliás, a alma da Cultura Superior Ocidental é a Filosofia. J Francisco Saraiva de Sousa
Estamos em 2008, o capitalismo sofreu desde os tempos de Marx algumas mudanças cosméticas, o bloco soviético e o seu modelo "socialista de economia planificada" ruíram e eis aí a grande crise do capitalismo em marcha acelerada, em plena era da Globalização: Os USA estão "falidos" e o seu sistema económico-financeiro ameaça derrocar, com milhares de famílias a ficarem brevemente sem casas, o desemprego a atingir taxas inimagináveis, enfim a pobreza e as desigualdades sociais a crescerem infinitamente a ritmos galopantes. A Europa confia na autonomia do seu Banco Europeu, como se as suas políticas monetaristas merecessem alguma confiança, sobretudo no momento presente em que todos sabemos o que significa "corrupção financeira e bancária"!
Esta crise do capitalismo mostra que a análise de Marx do capitalismo continua a ser válida, pelo menos nas suas linhas gerais e mais profundas, e os economistas "burgueses" sempre souberam disso, porque a sua "economia" mais não é do que uma tentativa de controlar e evitar a repetição de uma crise do tipo da de 1929 (Galbraith, 1954), com o consequente resultado visível de terem manipulado o Estado para se constituirem em "classe dirigente". Como escreveu Paul M. Sweezy (1942), «o inimigo realmente mortal do capitalismo é o seu próprio carácter contraditório», ou, como disse Marx, «a verdadeira barreira da produção capitalista é o próprio capital». Em plena Guerra Fria, Ernest Mandel (1962) mostrou que o capitalismo exacerba uma série de contradições inerentes ao sistema: (1) a contradição entre a socialização da produção e a apropriação privada, (2) a contradição entre o carácter organizado, planificado, do processo de produção no interior das empresas e a anarquia da economia capitalista no seu conjunto, (3) a contradição entre a unificação global da economia e a conservação dos móbeis de lucro capitalista e (4) a contradição entre a tendência para o avanço das forças produtivas e os obstáculos que se opõem a esse avanço, devidos à própria existência do capital, às quais acrescenta outras mais actuais que ameaçam internamente o sistema. A globalização do capitalismo agravou estas contradições e produziu muitas outras, algumas das quais produziram guerras e toleraram massacres inúteis, criaram conflitos intercivilizacionais profundos, agravaram a distância entre ricos e pobres, e ameaçam, de uma ou outra forma, a própria Civilização Ocidental.
A herança do capitalismo é, portanto, pesada e intolerável. Esquematicamente, a lógica irracional do capitalismo destruiu, provavelmente de modo irreversível, a natureza e ameaça a biodiversidade e a própria vida na Terra (crise ecológica), produz continuamente desigualdades sociais e assimetrias de poder (crise social), engorda o Estado a ponto deste e os seus "administradores" estarem a liquidar a democracia, a cidadania e a invadir a esfera privada dos seus "cidadãos" (crise política), e, não satisfeito com tais façanhas, o capitalismo coloniza e comercializa a cultura (crise cultural) e ameaça gravemente o domínio da tradição ocidental a ponto de quase a liquidar (crise de civilização).
Estas crises (apresentadas esquematicamente) são muito evidentes desde há muito tempo, mas ninguém se preocupou verdadeiramente com elas, porque o capitalismo conseguiu domesticar a própria natureza humana, reduzida por todos os lados à sua dimensão estritamente metabólica e, portanto, satisfeita (crise humana), desde que os seres metabolicamente reduzidos tenham uns trocos no bolso ou crédito garantido fraudulentamente pelo sector bancário, para garantir o seu estacionamento nas grandes áreas comerciais, especialmente nas praças da alimentação, onde pastam pausadamente, qual gado completamente alienado do mundo (Arendt).
Diante desta crise financeira do capitalismo como sistema, cujo desfecho desconhecemos, estamos perfeitamente desarmados: não temos um modelo económico alternativo e também não desejamos retomar o "modelo soviético", apesar deste ter tido os seus aspectos positivos, como demonstrou Herbert Marcuse; e isto porque durante muito tempo os economistas defenderam um "discurso keynesiano optimista", como se estivessem na posse de uma solução milagrosa para garantir um "capitalismo sem crises". No entanto, desde a queda do Muro de Berlim, estes mesmos economistas, pelo menos na Europa, retomaram um "discurso fatalista", como se a única solução fosse "fazer sacrifícios" (redução do poder de compra, desemprego galopante, congelamento dos salários, etc.) para garantir a sustentabilidade do "Estado da Providência Social", uma criação "socialista" bastarda da economia keynesiana. De repente, o futuro deixa de estar garantido, embora as "classes dirigentes" (os "administradores" de James Burnham) estejam mais ricas do que nunca, dado a necessidade da intervenção do Estado para evitar o deflagrar das crises do capitalismo.
Ora, para fazer frente aos efeitos nefastos desta crise, convém regressar aos textos dos autores já clássicos e ignorados, devido à propaganda da "ideologia dos economistas", rejeitando todos os autores contemporâneos: Karl Marx, Rudolf Hilferding, Lenine, Paul M. Sweezy, Paul A. Baran, Maurice Dobb, Ernest Mandel, John K. Galbraith, W. W. Rostow, J. M. Keynes, Raymond Aron, enfim J. Schumpeter, entre os quais Keynes definiu O Capital de Marx como «um manual de economia desactualizado, (...) sem interesse e sem aplicação no mundo moderno». Ora, Keynes enganou-se completamente e auto-iludiu-se quando pensou ter descoberto o "antídoto anti-crise", porquanto a sua economia foi superada por novas tentativas de impedir o deflagrar das crises cíclicas do capitalismo.
Com este regresso aos textos clássicos, independentemente da sua orientação político-ideológica, procuramos novas vias e novas alternativas que possibilitem continuar a "sonhar para a frente" (Ernst Bloch), mas sem visar a "colonização do futuro" (auto-crítica marxista e liberal) e sem esquecer que devemos estar preparados para "dar a vida" em defesa do domínio Ocidental ameaçado interna e externamente pelos bárbaros (homenagem a Oswald Spengler). Esta busca só é possível mediante a revitalização da Filosofia, de resto a única jóia ocidental que não se presta à "prostituição", como sucede com a ciência e a tecnologia ocidentais, mais neutras em termos etnoculturais, e, por isso, desprezada e combatida pelos novos bárbaros que desejam as supostas "riquezas ocidentais" quando nós já sabemos que muitas delas são uma falsa e perigosa miragem, portanto, um sonho vão, quase um pesadelo. O actual clima de conflituosidade intercultural volta a colocar na ordem do dia o tema da Guerra e, segundo o prognóstico de Spengler, devemos defender o Ocidente com as armas nas mãos, em vez de cruzarmos os braços.
Na sua obra "Der Mensch und die Technik", Spengler escreveu estas belas palavras: «O optimismo é cobardia. Nascidos nesta época, temos de percorrer até final, mesmo que violentamente, o caminho que nos está traçado. Não existe alternativa. O nosso dever é permanecermos, sem esperança, sem salvação, no posto já perdido, tal como o soldado romano cujo esqueleto foi encontrado diante de uma porta de Pompeia, morto por se terem esquecido, ao estalar a erupção vulcânica, de lhe ordenarem a retirada. Isso é nobreza, isso é ter raça. Esse honroso final é a única coisa de que o homem nunca poderá ser privado». Morrer a lutar pelo seu posto é tarefa nobre, mas actualmente perdeu-se o sentido da luta pelas causas nobres e muito menos pela nossa civilização. Os jovens perderam os vínculos com a nossa tradição e caminham com as pernas abertas a qualquer invasor. Contudo, a missão da Filosofia é zelar pela nossa Tradição Ocidental. Aliás, a alma da Cultura Superior Ocidental é a Filosofia. J Francisco Saraiva de Sousa
65 comentários:
Defesa do domínio do ocidente?
Com ideias do passado?
Armas do futuro?
Dar a vida?
Ponha as coisas ao contrário. Vá para oriente, e depois de se pôr às cavalitas de Confúcio, veja como a história rola de lá para cá. Eles também têm o hara-kiri, mas não é preciso ir tão longe.
Neste aspecto, defenderei sempre o domínio do Ocidente, com recurso às armas. O mundo não suporta uma exploração irracional, feita contra a liberdade. Confúcio não é filósofo e a China representa uma ameaça real e preocupante: devemos ser duros e a Rússia é aliada nesta cruzada! A liberdade é invenção ocidental e não vejo qualquer outra cultura a defendê-la.
Então vamos a isso. Ora vamos lá inventar um outro modo de relação com o mundo, com a natureza, com as coisas e com os seres, capaz de ser universalizado à escala da humanidade. Nem Ocidente, nem Oriente. A Terra já é pequena de mais…
F. Dias
Como sabe, Hannah Arendt diz e bem que "a vida não é um valor supremo" e que fazer da vida um valor supremoo conduz à decadência.
A própria "racionalidade biológica" exige uma outra postura diante das políticas suicidárias levadas a cabo pelas últimas gerações de lideres ocidentais. A filosofia visa a sabedoria e esta aconselha mudança radical de atitude em relação aos outros estranhos! Viva o Ocidente!
Mas nós temos organização e melhores armas! O que vale Confúcio diante dos nossos gregos! Nada...
Mas a terra não é inesgotável! Como podemos manter estes ritmos loucos de crescimento e alargá-los a todos? A sociedade de consumo não é "boa": destroi e devora tudo...
Sim, vamos pensar alternativas viáveis... Vamos à luta!
E repare: os não-ocidentais cobiçam estupidamente as nossas pretensas riquezas quando nós sabemos que é tudo uma perigosa miragem!
Então está bem, esqueça por um momento o oriente. Faça um parênteses sobre o conceito de ocidente e veja o que aconteceu até agora neste lado.
A modernidade rompeu com o passado e gerou uma ciência sem filosofia e sem sabedoria.; e uma filosofia sem sabedoria e sem ciência. A sabedoria é uma certa forma de estar, olhar e actuar.
Sendo asssim, o que é preciso é restabelecer as pontes entre a filosofia e a ciência, com sabedoria. No século XXI, é preciso ver que é a biologia e a nanotecnologia que ocupam o trono duma forma desgovernada de sabedoria. Mas prometem mundos e fundos.
Sim, vamos pensar nisso. Sou um "conceptual designer", mas preciso de ajuda. Estou preocupado com o futuro e, apesar do meu temperamento optimista, não vejo luzes, mas luto... Ainda bem que nos encontramos online... Vamos contagiar outros!
É, em Braga, estão todos orgulhosos com a nanotecnologia! :))
Os jovens perderam os vínculos com a nossa tradição e caminham com as pernas abertas a qualquer invasor.
ahahahah... lindo!
Bom, comungo com o seu hino à nobreza, porque, de facto, agora não há esse espírito de sacrifício pois não há identificação com nada, há uma diluição total de valores e a sua hierarquia foi completamente invertida.
Mas se a Filosofia pode ser a salvação para o reencontro, não posso admiti-la como brasão de armas, pois quero ser uma cidadã do mundo e não apenas do Ocidente, como anunciavam os gregos estóicos. E os gregos, como bem sabe, deixaram-se influenciar muito pelo Oriente, que não eram considerados "bárbaros"... (!!!)
Ser-se amigo da sabedoria é ser-se amigo do diálogo, da razão e da verdade, enfim, do universal.
Os estóicos legaram-nos essa noção cosmopolita de cidadania do mundo. E. Bloch gosta dessa ideia e retomou-a na sua luta pela cidadania!
Hummm... Papillon: os maltratados "marxistas" sempre estiveram mais preocupados com o mundo do que Heidegger! (risosss)
Mas não podemos descartar essa possibilidade das "armas"... A nossa "segurança" não pode ser ameaçada... e ficarmos parados, de braços cruzados, à espera de quê?... Não da liberdade e da cidadania! (Pense!)
O diálogo também vicia... Por isso, acho a teoria de Habermas um pastel-de-nata...
Contudo, a "universalidade" da nossa racionalidade não pode ser usada contra nós, como sucede frequentemente. Talvez um dia resolva transcrever pedaços de discursos islâmicos, africanos e indianos, para mostrar como eles nos "odeiam" e desejam vingança. Em Inglaterra, defendem a morte dos "pecadores" e somos nós os seus "pecadores". Muito bárbaro... Têm liberdade no ocidente e usam-na contra nós; o que não podemos fazer nos seus países de origem, como sabe... A Democracia deve estar atenta e vigilante!
Francisco,
Estou a pensar como me disse, e n consigo encontrar a minha referência a Heidegger vs. Marx... nem mesmo subliminarmente...
"Braços cruzados e pernas abertas" é a posição ergonómica dos jovens. Estúpidos como são (somos), armados e guerrilheiros, qual será o desfecho? Essas pessoas de que fala do Islão, Índia e África são os estúpidos de braços armados... quer o mesmo, versão ocidental?
O Francisco faz-me lembrar o discurso dos republicanos dos USA... olhe a guerra do Iraque! Só faz com que odeiamos os americanos (da nossa cultura Ocidental) e nos condoamos com os iraquianos (pelo menos é o meu sentimento).
Quanto ao "pense" era uma recondução à nossa conversa ontem à noite via e-mail! :)
Sim, os republicanos cometeram erros e agravaram esse ressentimento dos árabes contra nós. Apesar disso, tornaram visível algo que estava a ser "omitido" no discurso oficial. É incontornável: temos um conflito latente, melhor, real com os fundamentalismos. Daí o cuidado com a sua vinda para a Europa: que o diga a França que gauleses quase não os tem! Natalidade é problema político fundamental (Arendt).
a Carta sobre o Humanismo mostra que Heidegger "admirava" Marx! E até foi bem recebido por certos marxistas, como sabe, apesar do seu equívoco nazi! Aliás. segundo Goldmann, Ser e Tempo inspira-se em Lukcás...
errata: é odiemos e não odeiamos.
o presente do conjuntivo é difícil.
Não percebi a "errata"!
Só faz com que odeiamos os americanos (da nossa cultura Ocidental) e nos condoamos com os iraquianos (pelo menos é o meu sentimento).
Onde se lê "odeiamos", deverá ler-se "odiemos", já percebeu querido Francisco?
Já percebi, Papillon. Quando penso e debato ideias, esqueço a gramática. Mas faz bem em conjugar bem os verbos!!! :))))
O Francisco não perdia nada em ir dar uma espreitadela à Escola de Kyoto (Nishida Kitaro, Nishitani Keiji), que parece que já inventaram uma boa alternativa para ligar o pensamento ocidental com o oriental e com pernas para andar! Eles beberam Heidegger.
Não obstante Heidegger e Wittgenstein terem sido os maiores génios filosóficos do século XX, (não sei se Francisco concorda) a verdade é que viraram costas ao mundo. Um trocou a companhia da ciência e da técnica pela arte niilista, e o outro pelo silêncio místico. Um refugiou-se nos textos, o outro na sua própria mente.
Ou então podíamos tentar recuperar Husserl e Weber e ignorar os pastéis-de-nata de Frankfurt e os extravagantes heideggerianos e wittgensteinianos de Nova Iorque, São Francisco e Berlim.
O século XX, ao contrário do que se diz, foi um bom século em termos de filósofos. A "Dialéctica Negativa" de Adorno, O Princípio esperança de Bloch e História e Consciência de Classe de Lukcás não podem ser ignoradas! E tantos outros! Um bom século filosófico e científico! Os japoneses, como dizia o Bruno do Porto, estão bem integrados no Ocidente: até já sofrem de depressão! :)))
Por Toutatis !!!
Quanta animação !!!
Gosto de discursos de ruptura e de posições assumidas. Mas gosto também de leituras macroscópicas do mundo e de sabedoria sedimentada em sólidas memórias.
Nisso estou com as grandes escolas filosóficas alentejanas que preferem decicir devagar e bem que depressa e mal. É que, dizem eles, "na se volta atrás no têmpu" !!!
:)))
Gosto de Heidegger, que estudei durante 2 a 4 anos consecutivos, sob a direcção de Michel Renaud, e cheguei a apresentar um longo seminário sobre a "dedução transcendental kantiana" tal como a interpretou Heidegger, chegando à conclusão que a onto-logia era, em última análise, neuro-logia. Contudo, penso que a forte influência de Heidegger "eclipsou" a Filosofia!
Arendt também é uma filósofa bem importante! Husserl, Sartre, Ponty, etc. Volto a frisar: um bom século filosófico, científico e artístico. Max Weber é ocidentalista como eu! :)))
Manuel
Não podemos esquecer o passado! porque temos o compromisso de o salvar, como dizia Walter Benjamin, outro grande filósofo do século XX.
Papillon:
Repare que muitas dessas pessoas do "lado de lá " de que fala foram literalmente enconstadas á parede !
Veja o caso dos Palestinianos. Chegamos lá há cinquenta anos, dissemos "cheguem-se para lá" ( porque não estavamos disponiveis para devolver aos judeus a nossa quota do saque do nazismo ) e introduzimos uma lógica de permanente ruptura nos seus modos de vida....como é que quem tem um pingo de orgulho próprio pode tolerar isso ?!
Errata: onde está "Lukcás" devia estar LUKÁCS"! :(
Ironias sucedem outras ironias, como judeu, Walter Benjamin vítima do nazismo, suicidou-se?
Bruno Latour arvorou-se genuína alternativa à “ironia vitimizadora”, como traço fundamental da sociologia do conhecimento que se desenvolveu na segunda metade do século XX. Ele deve estar a pensar na ironia paroquial da sociologia do conhecimento de matriz wittgensteiniana.
Penso que Latour nada contribui para o esclarecimento desta bizarra mente humana. O que se ganha e o que se perde com a sucessão e passagem do tempo?
Papillon:
Repare que muitas dessas pessoas do "lado de lá " de que fala foram literalmente enconstadas á parede !
N falei nada do "lado de lá". Aliás se quer saber a minha opinião, acho imoral o que nós fizemos.
A última parte do texto, voluntarioso e apaixonado ( como se quer...), também me suscita algumas questões.
Uma tem desde logo a ver com a mais valia do nosso modelo civilizacional: não me merece particular respeito quem enriquece delitantemente à custa dos outros e ainda por cima malbarata o pecúlio herdado com a desfaçatez própria dos play boys endinheirados!
Depois, porque a moralidade que incorporei da cultura a que pertenço, levam-me a preferir uma subsistência digna a qualquer vida de abundância ainda e sempre construida à custa de uma variante qualquer do esclavagismo grego.
Defesa do Ocidente ?
Claro ! Se amanhã me aparecer aqui à porta um descendente do Califa reclamando a terra que o D. Sancho I lhe "anexou" há oitocentos anos, dir-lhe-ei, eh, pá!, tem lá paciência mas isso já prescreveu !!
Agora lutar pela mesma lógica que induziu essas "anexações" ?!Não acredito em cruzadas, nem por Cristo nem pela Democracia !
::))
Ok, vou regressar ao jovem Georg Lukács que escreveu, quando aluno de Max Weber: «Mundo contingente e indivíduo problemático são realidades que se condicionam uma à outra». :)
Papillon:
Tem toda a razão ! Mil desculpas chegam ?
( mas onde fui eu buscar aquilo ?!... )
:)
Só os grandes sábios e os grandes ignorantes são imutáveis.
Por Kung-Fu-Tze.
Não sei quem é esse Kung-Fu-Tze, mas pelo nome não devo estar interessado em conhecer, Papillon. Prefiro Homero e a sua valentia! :)
Mas (reconheço) é uma frase gira! :)))
É Confúcio, caro Francisco. :)
Manuel,
Foi um acto falhado. Pensava que eu pensava isso. É a prolepse do saber.
F. Dias
Husserl + Max Weber já temos. Chama-se Alfred Schutz que criou a fenomenologia social da vida quotidiana e ao qual já dediquei 4 ou 5 posts.
Papillon
Prometo ler Confúcio!
Manuel Rocha
O esclavagismo não me intimida, tal como não intimidou H. arendt! para mim, esses medos devem ser exorcizados!
Libertei-me dos papões ou dos conceitos/preconceitos mumificados. Prefiro a Vida! :)
Li há poucos meses o ensaio de Bruno Miguel Pinheiro “Sobre o mundo da quotidianeidade em Alfred Schutz" e fiquei com ele a germinar. Terei de lá voltar um dia destes.
Eu tenho o Schutz: É bom ler as suas duas obras e os ensaios todos! Saiu uma póstuma ao cuidado de um seu discípulo Luckmann! :)
Mas voltando á crise do capitalismo, tenho um palpite que as deficiências do capitalismo global o vão levar à morte definitiva daqui a dez anos. Portanto, só depois de estar morto e enterrado e missa de sétimo dia é que nascerá a hiperdemocracia que o Jacques Attali vaticina só para daqui a cinquenta anos. Eu sou mais optimista, isto é, quero estar cá para ver.
Óptimo! Mas a "coisa" parece estar feia, mesmo para nós endividados, apesar do Ministro das Finanças dizer ter confiança na reacção da nossa economia. Que está tão morta! Os americanos estão com grave problema. Esta crise vai deixar na ruína milhares de pessoas e famílias, sem casa e talvez sem emprego. Crédito irracional! As casas valem menos que as "dívidas"... :(
Papillon,
Já apanhei o fio da meada...:)
era aos "estúpidos de braços armados" que me pretendia referir...:)
Em linguagem futebolistica diriamos que foi um remate à barra...não entrou mas bateu no alvo ...:)
A morte do Capitalismo, F Dias ?!
Aí está um prognóstico de resultado que eu só faria no fim do jogo...:))
Não conheço sistema com maior maleabilidade, capacidade de se auto regenerar ou até de ressuscitar dos mortos! Nestes tempos de todas as cobardias, como diria o Francisco, acede-se melhor ao poder pelo dinheiro do que à chapada. E poder foi algo que sempre fascinou os homens...:)
E que sistema económica iria suportar uma sociedade hiperdemocrática ?
E ou me engano muito, o coveiro vai ser o Confúcio pós-capitalista revoltado com a importação encetada por Teng Xiaoping. Se vai ter uma ajudinha do Buda ou não, está tudo ainda em aberto…
Boa questão, Manuel! Que sistema económico!
Sim, essa era a perspectiva de Spengler: a China. Daí que tenha dito para cairmos de armas na mão. Esta visão reflecte a sua filosofia (orgânica) da história.
E só precisa de coveiro. Não há assassino, porque vai morrer de morte natural. Não se preocupem porque na altura o caos e a auto-organização encarregar-se-ão de o fazer nascer. Sempre foi assim.
Humberto Maturana e Francisco Varela? Autopoiese: A Organização do Vivo? (brinco)
E aceitamos essa mudança radical?
É verdade que conheço bem e já trabalhei em tempos as teses destes autores. Mas por acaso agora estava esquecido deles.
Entretanto Francisco dirá que aquela minha ironia do Confúcio, do Tao da Física, do Henri Atlan, Jean Petito e Jean-Pierre Dupuy tnão é viável, porque ela é incapaz de se sustentar sem a banida posição reflexiva.
Aceitamos ?!
As implosões não se aceitam ou rejeitam, Francisco...:) acontecem !!
Mas estou com o F Dias: cá estaremos para ver e não será por isso que isto vai deixar de girar...:))
Essa era a divisa de Husserl em "A Crise das Ciências Europeias e Fenomenologia Transcendental", aliás obra negligenciada, sobretudo o ensaio "a filosofia como autoreflexão da humanidade, como autorealização da razão". Diz ele: «Vida pessoal é viver comunitariamente como eu e nós num horizonte de comunidade". Curioso! "A Europa espiritual tem um lugar de nascimento" -- A Grécia! :)
Pessoalmente, a minha atitude não é de esperar e aguardar; mas atacar e salvaguardar a nossa Civilização... Sou assim..., não desisto...
Prefiro a morte honrosa à escravatura china! Que venham os extraterretres canibais e que os comam, como eles fazem com tudo que é bicho! (Versão diplomática do meu sentir!) :)))
Há um jogo filosófico dos direitos, em que se supõe que somos invadidos por extra-terrestres e, então, é pedido que escolham 3 entre 10 direitos, pois a partir de agora só terão direito a 3, e que digam porquê este e n aquele, etc. O Francisco sabotaria o jogo, porque escolheria o direito ao armamento para se libertar pela morte.
N seja assim: os povos orientais (Índia, China, Japão) são muito abertos à nossa cultura. Eles n se preocupam com ortodoxias (no sentido literal do grego: opiniões correctas ou verdadeiras), porque realmente n são teóricos como nós, "indiscretos espectadores do mundo". Aliás, só dessa maneira as várias escolas ou ceitas convivem orgiasticamente.
Papillon
Quanto ao jogo, concordo. não me sujeito as regras estranhas. :)
Já leu "A Sombra de Dionísio" de Michel Maffesoli? Trata da orgia: tudo entrelaçado, uns nos outros, outros nos uns... uma perfeita orgia, a que só falta a energia de Reich! :)))
Não concordo com Foucault: temos ciência erótica, sim, mas também fazemos muito sex. Erotismo e do bom! :)))
Muito interessante ter falado da energia de Reich, porque há 5000 anos os Orientais já falavam da energia kundaliní, situada no chakra da base da coluna que tem a ver com os órgãos sexuais, e que precisamente é libertada aquando do orgasmo (não somente). No yoga as retroflexões tb são muito poderosas para esse efeito. :)
Não li esse livro, mas Diónisos é o Deus do informe, do fluido e, logo, da orgia.
Pois, o especialista é o Francisco e se diz que fazemos muito sexo, eu acredito. Do bom, tenho dúvidas, senão haveria muita mais alegria. :)))
Concordo. :)))
Os marroquinos estão a gritar por "solidariedade" (em francês), aqui no Porto. Estou a ouvi-los. não querem ser reconduzidos para donde partiram: expatriados ou expulsos de Portugal. :)
Eu gosto de Marrocos. Os marroquinos são tratados abaixo de cão pelos belgas, franceses, etc. Sabia que eles consideram-nos país-irmão por já termos sido território árabe?
Não sabia, Papillon! Houve aqui uma manifestação, escutei os slogans, mas duraram pouco. Suspeito que foi só gritado para as televisões. Depois silenciaram...
Mas é assim. De resto, um dos ideais fundamentalistas do islão (Marrocos n é) é recuperar o território perdido para os cristãos.
Eu já vi um documentário sobre os africanos que vêm a navegar em carcaças (que nem são barcos!) com destino até Espanha... são quase sempre interceptados nas Canárias, como aconteceu nessa viagem documentada... enfim, indigência extrema. E, pior que tudo, n chegaram à terra prometida, tiveram q voltar para trás, para onde muitas vezes n têm nada, pois venderam tudo para pagar o tal "barco"... :(((
Que Deus nos ilumine nestes tempos obscuros! Não se zangue comigo por convocar Deus. Tenho esse dom e vocação! :)))
Ora, quanta jactância!
Ou vai entrar para um convento?
Reze muito por mim, sim? :)
Estava a provocá-la, porque sabia que, como boa nietzschiana, iria reagir assim. :)) Bons sonhos!
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