segunda-feira, 1 de agosto de 2011

10 Melhores Postagens do Mês de Julho

Como já é habitual, Wanderson Lima, autor do blogue O Fazedor, escolhe, no final de cada mês, as 10 melhores postagens. Ontem, no último dia do mês de Julho, Wanderson Lima escolheu o meu texto Henri Bergson: Matéria e Memória, colocando-o entre as "10 melhores postagens do mês de Julho". Desta vez, escolhi uma Esplanada da Foz (Porto) como imagem de fundo, para convidar todos os meus leitores a consultar e a ler atentamente os 10 textos da lista escolhida e comentada pelo meu amigo do Brasil, de preferência numa Esplanada agradável: 10 magníficos textos que revelam uma fusão de horizontes entre Brasil e Portugal. Obrigado, Wanderson Lima!


Wanderson Lima lançou-me um desafio: «Mais um texto “borgeano” de Francisco Saraiva, misto de investigação filosófica e conto, denúncia e jocosidade. Esperamos que Francisco escreva mais textos nesta linha!» Prometo voltar a escrever mais textos nessa linha "borgeana", até porque quero provar à alma defunta de John R. Searle - sim, o espectro de Searle visita-me com regularidade! - que nem todo o materialismo é movido pelo horror à consciência. Com efeito, há um materialismo, mais precisamente uma dialéctica inscrita na materialidade, cujo objectivo é superar o próprio materialismo. Se tivesse espreitado para além dos estreitos horizontes anglófonos, John Searle teria descoberto essa dialéctica inscrita na materialidade das práticas sociais, evitando assim a redescoberta tardia daquilo que já todos nós sabíamos há séculos: o carácter social da mente. Doravante, utilizarei o termo zombies cognitivos para designar os filósofos anglófonos e os seus seguidores, cuja falta de conhecimentos alargados e de experiência de vida choca as almas verdadeiramente filosóficas de todos os tempos. A Filosofia de Hegel e de Marx assusta os zombies cognitivos, tal como a autenticidade sexual afugenta os zombies sexuais que povoam os sites Web-cam. Assumir o seu próprio destino e, num só lance, o destino da humanidade, exige dos zombies aquilo que mais temem: deixar de ser meros zombies telecomandados pelo sistema-feitiço para passar a ser simplesmente homens genuínos, capazes de cooperar na busca da verdade e na tarefa de construir um mundo melhor. Houve um tempo sombrio, pelo menos no mundo anglófono, em que era proibido falar publicamente da consciência: o sistema-feitiço dominante precisava de homens privados de consciência para combater o seu adversário marxista e conquistar o mundo global, fazendo dele refém do capital financeiro. Com a revolução cognitiva, a consciência voltou a entrar no vocabulário desses homens privados de consciência, mas, como o dualismo era e é suposto ser contrário à visão científica do mundo, os zombies cognitivos criaram o materialismo eliminativo que recusa a existência de estados mentais. Os zombies cognitivos falam da consciência para logo a seguir a negar, ou, por outras palavras, elaboram teorias da mente para eliminar a mente: John Searle que acreditava na ontologia de primeira pessoa reagiu, rejeitando o próprio materialismo: eis o seu pecado capital que não o libertou completamente da condição zombie! O conhecimento profundo do mundo em que vivemos, nas suas múltiplas temporalidades, aliado a uma experiência de vida rica e alargada, é o único antídoto-instrumento que temos ao nosso dispor para eliminar a Filosofia Zombie predominante. Encaro esta demolição do mundo zombie como uma tarefa "borgeana".

J Francisco Saraiva de Sousa

3 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Clique sobre a imagem para a ampliar. Há imagens que se clicar outra vez depois de ampliada ocupam todo o monitor do computer.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O caso do cérebro do post anterior ou das fotos do Palácio do Freixo, por exemplo... Etc.

Wanderson Lima disse...

Muito obrigado também, meu caro Francisco!