«De forma que o homem vive sozinho. O que o obriga a ser justo e grande? A educação? O exemplo? A educação ensina-lhe a guerra; pedaços de ciência fazem-no balofo e seco; e o exemplo mostra-lhe o triunfo dos habilidosos, dos que se curvam e transigem, sabendo ameaçar ou recuar conforme a ocasião; dos que alijando os preconceitos — coração, ilusões, sonho — ficam mais lestos para um combate sem tréguas. A pobreza parece-lhe a desonra, porque vê sempre o pobre desprezado e calcado; o amor uma irrisão e procura um casamento rico; o sacrifício uma tolice. Só teme a valer a cadeia e a pobreza.
Depois a luta pela vida é aspérrima. Este moço aspira a tudo e tem na sua frente uma multidão compacta, que lhe barra os lugares. O triunfo de quem é? Dos que calcam para passar, sem que haja gritos ou blasfémias que os detenham. Os menos audaciosos ou os mais honestos afundam-se. Não há energia que resista à luta miudinha de todos os dias — se se tem coração. Embota-se a vontade, gasta-se a ambição, e em torno os que adularam ou calcaram sobem, trepam, com risos desdenhosos e ares de protectores.
É por isso que quase todos os rapazes, que até aos vinte anos reclamam justiça e se revoltam, começam, depois, curvos e submissos, a entrar no grande rebanho. Soa a hora trágica da vida. Pesam-se as coisas. Começa-se a ver que o que vale na terra não é o talento nem o trabalho. Para se vencer assim era preciso ser-se um herói ou um santo; gastar-se a existência para se conseguir o que um imbecil alcança numa hora, cortejando e dobrando-se. Principia-se então a ser o quê? Charlatão. A vida é uma comédia. Toma-la a sério para quê — se ela é feita de nulidades, de coisas vãs ou ridículas?» (Raul Brandão, 1901, O Padre.)
A compreensão deste texto de Raul Brandão é esclarecida à luz do poema Falam as Escolas em Ruínas de Guerra Junqueiro:
«A alma da infância é um passarinho;
Gorjeia o ninho e a escola chora:
Na infância cai a noite; e o ninho
Tem sobre as plúmulas d'arminho
A aurora.
A alma da infância é flor mimosa;
A escola é triste e a flor vermelha:
Na escola paira a c'ruja odiosa,
E sobre o cálice da rosa
A abelha.
Tu fazes, Pátria, as almas cegas,
Prendendo a infância num covil.
Aves não cantam nas adegas;
Se a infância é flor. porque lhe negas
Abril?!» A escola portuguesa é um covil que aprisiona as almas nascidas para o mundo e que não as deixa cantar, tornando-as cegas à aurora e a Abril. A escola portuguesa é a escola do crime: os professores-zombies, os professores-carrascos, os professores-cegos, enfim os anti-professores, tudo fazem para cegar as crianças e os jovens que nasceram para o mundo comum. Em vez de lhes abrir as portas desse mundo, atrofiam os órgãos mentais e cognitivos, embotam a vontade e penalizam a ambição: o currículo oculto visa formar charlatães preparados para um dia mais tarde adularem e calcarem o mérito, de modo a treparem sem mérito pela escada social da vida e a roubar aos outros o seu próprio lugar natural ao sol. Portugal corrupto reprime todos aqueles que anseiam pelo justiça e que estão prontos a lutar pela transparência da vida pública: a Pátria portuguesa não é um ninho, mas sim uma prisão que, através de diversos dispositivos punitivos de exclusão e de ostracismo, força os portugueses a curvarem-se diante do estado de coisas estabelecido e a submeterem-se às ordens irracionais dos charlatães que se apropriam corruptamente de todos os centros de decisão nacional. Nesta pátria corrupta e madrasta , os portugueses são obrigados a ingressar no rebanho, isto é, no coro do silêncio cúmplice, porque, pesando as coisas, eles sabem que em Portugal o talento, o mérito e o trabalho carecem de valor: o que garante um lugar ao sol não é a competência, mas a imbecilidade - ou a esperteza - que se curva e se dobra aos caprichos dos charlatães que nos governam e lideram. De um ou de outro modo, uns mais recompensados, outros menos recompensados ou mesmo excluídos, todos os portugueses são charlatães. E nesta ausência de coração reside o carácter trágico de Portugal, cujo temor não lhe permite conquistar o futuro. Os habilidosos que nos governam, lideram e dirigem são assassinos imbecis formados numa escola siciliana: eles calcam para passar e os gritos dos que são calcados já não os cobrem de vergonha. Os corruptos perderam a vergonha.
J Francisco Saraiva de Sousa
11 comentários:
Hummmmm... Dia chuvoso! É bom para dormir! :)
Prós e Contras debate hoje o tal referendo: Portugal é o país da conversa interminável que não leva a nenhum lado. curiosamente, hoje testei a maldade portuguesa: simplesmente terrível. O mal radical são os próprios portugueses! :(
Se conhecesse Portugal, Nietzsche não tinha feito filosofia à martelada, mas comprava uma metralhadora e matava tugas! :)
O tal maluco quer queimar as obras de Nietzsche e de Heidegger - é assim que fala o tuga típico, o burreco criminoso! Bem, pode ser que surja uma ditadura militar progressista e elimine o maluco! :)
Já deu para perceber que, apesar de cansado, estou imensamente irónico e divertido! Sou ultratreinado a lidar com malucos! :)
Ah, é preciso dizer que os homófobos sonham com ânus, têm fantasias anais e, frequentemente, estimulam o seu próprio recto, introduzindo os dedos. Diante de um gay saudável, e em privado, o homófobo tenta fazer-se de homem, mas com jeito acaba por abrir as pernas ao gay - tendem a ser passivos.
Bem, já que os homens heterossexuais começam a apreciar a estimulação anal, o melhor que as mulheres podem fazer é comprar um pequeno vibrador e fazer a estimulação. Ah, procurando estimular a próstata, para que gemam muito.
Há mulheres que ficam arrepiadas, pensando que os maridos vão ficar gays. Bem, só conheço dois casos em que isso aconteceu, mas sem abandono da heterossexualidade - dizem-se bissexuais.
Porém, esta preocupação pode ser dirigida ao sexo oral aplicado ao clitóris. Alguns homens ficam com vontade de experimentar um pénis. É a vida... e não há nada a fazer.
Ah, amigas, nada de grandes vibradores ou de dildos, porque se ele aceitar essa penetração profunda pode gostar e, nalguns casos, pode ter dificuldade em conjugar a penetração vaginal e a sua própria penetração anal - uma espécie de conflito de desejos que pode neutralizar a erecção do pénis. Noutros casos, tem o efeito de a aumentar... Enfim... é um mistério tipo surpresa! :)
Ah, mais outro conselho para os tugas que frequentam certos sites: Oh, malta, usem lubrificante, porque melhora a imagem e a qualidade da erecção. Até porque nesse capítulo Portugal não está mal servido! :)
O tal maluco quer queimar as obras de Nietzsche e de Heidegger
Uh! quem??? ai dele, até lhe dou um nó nas tripas e enforco-o com elas!!
Pessoal q passa ozolhos por aqui, baixem o fake-doc SLAVTOJ ZIZEK que postei no topico de documentários da minha comuni. Tá excelente como análise psicanalitica do cinema e mt divertido :P
Os nabos informáticos não terão dificuldade em baixar, pois é so clicar no link e, uma vez feito o dl, o documentário começa logo a ser exibido automaticamente no media player o.O
C YA 0/
É o homófobo aqui do Porto! :(
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