«A luta pela liberdade e pela dignidade tem sido entendida muito mais como uma defesa do homem autónomo do que propriamente como uma revisão das contingências de reforço sob as quais as pessoas vivem. Uma tecnologia do comportamento seria útil no sentido de reduzir de forma satisfatória as consequências aversivas do comportamento, próximas ou retardadas, e de ampliar as possibilidades de realização de que o ser humano é capaz, mas os defensores da liberdade opõem-se ao seu emprego. A oposição pode suscitar algumas questões que dizem respeito aos "valores".» (B.F. Skinner)
A leitura de O Homem Unidimensional de Herbert Marcuse ajudou-me a mudar de perspectiva em relação às "ciências do comportamento": o programa de abolição da mente levado a cabo pelo behaviorismo de Watson e pelo ambientalismo de Skinner é um programa de filosofia política. Para defender o carácter dialéctico da teoria do homem unidimensional, demarcando-a da psicologia behaviorista, publiquei um artigo intitulado Marcuse e o Behaviorismo. Convém dizer que, nessa altura, eu era ainda estudante universitário, e que esse foi o meu período intelectual mais produtivo, até porque a burrice visceral dos meus professores não me dava outra alternativa a não ser estudar por conta própria. Lembro-me de observar o rosto malvado de alguns dos meus professores quando os meus colegas exibiam os meus artigos na sala de aula. Desde muito cedo, praticamente desde bebé, se levar em conta o testemunho de terceiros, fui obrigado a aprender a lidar com a inveja que, em Portugal, mata as pessoas que se destacam da mediocridade reinante. Tive a infelicidade de nascer em Portugal e de crescer depois do 25 de Abril quando a massificação do ensino trouxe consigo a tirania da inveja que aboliu a qualidade do ensino universitário: a ralé saída de um dia para o outro do seu covil invadiu todas as instituições de ensino e, apoderando-se delas, instalou a ditadura da mediocridade. Os saloios diplomados por decreto tornaram-se "milagrosamente" "professores universitários" que, em nome da maldita igualdade, aboliram o próprio ensino, convertendo-o numa espécie de exercício burocrático que garante um ordenado sem esforço: abolir a qualidade e o mérito é algo que os portugueses fazem naturalmente e com muito prazer. A sua miséria mental faz deles seres malvados, especializados em obter prazer no desempenho da actividade cruel de neutralizar a diferença qualitativa que os reduz à sua própria mediocridade. Os portugueses são, por natureza, zombies, mas zombies malvados programados para assassinar a inteligência e a cultura superiores. Graças à ajuda de portugueses brilhantes - sim, também há bons portugueses! - e de estrangeiros, os meus anjos salvadores, publiquei mais de 40 artigos extensos em menos de dois anos: a minha actividade intelectual protegeu-me durante esse período crucial do meu desenvolvimento cognitivo da tarefa desagradável que é lidar com a inveja portuguesa. Vivi durante esse período numa espécie de ilha cercada por zombies malvados. Do alto de um dos seus penhascos observava os zombies portugueses, cujo império crescia de um dia para o outro: a ralé zombie apoderou-se paulatinamente do país depois do 25 de Abril, conduzindo-o até à actual bancarrota total. Hoje Portugal é um país sem futuro: a abolição do mérito está consumada em Portugal e no resto da Europa, o que quer dizer que as novas gerações são piores do que as gerações anteriores. Seria interessante analisar esta regressão de Portugal à luz do comportamentalismo de Skinner, mas não é esse o caminho que vou seguir: as alterações do mundo social produzidas depois do 25 de Abril não modificaram qualitativamente os portugueses como pessoas; pelo contrário, acentuaram todos os seus traços malvados. Como compreendo bem o estado de alma de Sampaio Bruno quando se queixava de ser um exilado - um estrangeiro - na sua própria terra natal! Malditos zombies portugueses que sonham com a vida eterna! A ideia de voltar a vê-los num outro mundo depois da morte é deveras aterradora. Quem é suficientemente masoquista ou atrasado mental para desejar socializar com estes malditos? No caso do mito platónico das punições eternas ter alguma base verídica, eu quero ver Portugal a ser devorado pelas chamas do Inferno.
Marcuse ensinou-me a fazer leituras políticas dos textos científicos e filosóficos: a crítica da ideologia não é mais do que a elucidação crítica do texto político que opera silenciosamente nas entrelinhas dos textos produzidos em nome da ciência. A obra científica de B.F. Skinner (1904-1990), toda ela impregnada pela ideia de que o comportamento é função das suas consequências, é demasiado densa: o seu objectivo primordial foi definir a "psicologia" como uma ciência natural, aceitando os postulados, os objectivos e o método da física, da química e da biologia. Fazer da psicologia uma ciência natural levou-o a recusar qualquer tipo de dualismo corpo-mente (1), a admitir como hipótese de trabalho que o comportamento - a única realidade que pode ser observada - está submetido a leis fixas e estáveis (2), e a definir como objectivo básico da pesquisa experimental a descoberta dessas leis (3). A recusa do dualismo corpo-mente implica elevar o comportamento - aquilo que um organismo faz e, no caso do homem, diz - a objecto exclusivo da "psicologia". De certo modo, a abolição da mente implica a substituição da psicologia pela ciência do comportamento. O comportamento de um organismo não ocorre no vazio, mas num ambiente dotado de características concretas, sendo seguido por certas consequências. As leis do comportamento operante explicitam as relações existentes entre três termos fundamentais no estudo objectivo do comportamento: os estímulos ambientais, cuja presença leva um organismo a exibir o comportamento (1), o comportamento observável (2), e as consequências ou estímulos ambientais que se seguem - imediatamente ou não - ao comportamento (3). Para estudar o comportamento de aprendizagem, Skinner construiu um sistema destinado a provocar comportamentos: a caixa de Skinner é constituída por um simples compartimento que contém uma barra horizontal móvel e um orifício para a chegada da comida. Quando um rato faminto faz pressão sobre a barra, desencadeia-se um pequeno sistema eléctrico que deixa escapar de dentro de um reservatório uma bolinha de comida para ratos que entra na caixa. Ora, como o accionamento da barra horizontal pelo rato é seguido pelo aparecimento de bolinhas de comida, a frequência do comportamento de accionar a barra aumenta. Neste exemplo, a barra constitui o estímulo ambiental que torna possível o comportamento de a accionar, o qual é seguido pelo aparecimento das bolinhas de comida para ratos. Skinner destacou a importância do comportamento operante, no caso do condicionamento instrumental, em oposição ao comportamento respondente, no caso do condicionamento clássico. Nas pesquisas de Pavlov sobre o condicionamento, o toque de campainha associado à apresentação de comida desencadeava por si só uma reacção num cão faminto (condicionamento clássico). Porém, quando se introduz um rato numa caixa de Skinner, a animal exibe primeiramente uma reacção de inspecção local. À primeira vez, será por acaso que o rato manipulará a barra; depois, pouco a pouco, estabelecer-se-á a ligação entre fazer pressão sobre a barra e obter comida (condicionamento instrumental). No caso do condicionamento clássico, o estímulo condicional - o toque de campainha - está relacionado no tempo com o estímulo incondicional - a comida - que desencadeia uma resposta específica - a salivação: a resposta é suscitada por um estímulo observável específico e o cão preso, não podendo agir por sua própria conta para assegurar o estímulo, responde apenas quando o pesquisador lhe apresenta o estímulo. No caso do condicionamento instrumental, é a própria acção do rato - a pressão sobre a barra - que está relacionada no tempo com o reforço - a comida: a resposta ocorre espontaneamente sem nenhum estímulo externo observável e, como pode inspeccionar o local, o rato aprende a accionar a barra para obter comida. Este comportamento do rato é denominado operante porque é a própria acção do animal que determina o aparecimento do estímulo reforçante. O aparecimento da comida é chamado reforço porque é dela que depende a integração deste comportamento. O rato que tiver desencadeado o sistema por acaso, uma vez, depois uma segunda vez, acabará por manipular a barra cada vez com mais frequência. A lei da aquisição que deriva desta experiência básica afirma que a força ou a eficácia de um comportamento operante aumenta quando ele é seguido pela apresentação de um estímulo de reforço. Se interrompermos a distribuição de comida, o comportamento acabará por se extinguir: a aquisição do mecanismo depende da sucessão no tempo da operação e do reforço. O mesmo se passa com o homem: o comportamento que reduz estímulos prejudiciais não é adquirido sob a forma de reflexos condicionados, mas como resultado do processo de condicionamento operante. Para Skinner, o ambiente, em vez de provocar comportamentos, selecciona-os, mantendo uns, incrementando ou eliminando outros ou modelando novos comportamentos através de aproximações sucessivas. Tal como a selecção natural de Darwin que explica a origem de milhares de espécies distintas sobre a superfície da terra, as contingências de reforço são - segundo Skinner - suficientes para explicar a enorme diversidade de comportamentos humanos, tanto os mais simples como os mais complexos. Segundo uma bela expressão de Skinner, «o mundo mental rouba o espectáculo», porque não reconhece o comportamento como objecto de estudo por direito próprio. Ora, à medida que formos conhecendo a influência de ambientes cada vez mais complexos sobre o comportamento, a ciência do comportamento tenderá a substituir gradualmente conceitos tradicionais que têm sido utilizados para explicar o próprio comportamento, a partir de entidades ou atributos mentais que não podem ser realmente identificadas: o ambiente irá substituir definitivamente o homem interior e a ciência do comportamento rematará a revolução iniciada por Copérnico e, mais tarde, retomada por Darwin, obrigando o homem a abandonar o seu último reduto diferencial - o eu interior - e a aceitar a realidade: o seu comportamento é função de uma história genética e de contingências ambientais. O conhecimento da história genética e das contingências de reforço são suficientes para explicar cabalmente o comportamento sem necessidade de apelar ao homem autónomo interno: «A geração espontânea de comportamento chegou à mesma situação alcançada pela geração espontânea de insectos e de microorganismos nos tempos de Pasteur».
A tecnologia do comportamento proposta por B.F. Skinner é de tal modo sedutora que alguns pensadores marxistas viram nela o complemento psicológico do marxismo. Afinal, a ciência do comportamento parece partilhar um pressuposto fundamental do pensamento dialéctico, que Skinner formulou nestes termos: «Os homens actuam sobre o mundo e transformam-no, e, por sua vez, são transformados pelas consequências da sua acção». Em 1948, Skinner publicou o seu romance Walden Two, onde descreveu uma comunidade rural de mil membros, na qual cada aspecto da vida quotidiana é controlado pelo reforço positivo. A utopia comportamentalista de Skinner parte do pressuposto básico de que o homem é uma máquina: «Se usarmos os métodos da ciência no campo dos assuntos humanos, devemos supor que o comportamento é ordenado e determinado, que aquilo que o homem faz é o resultado de condições específicas, e que, uma vez descobertas essas condições, podemos prever e, até certo ponto, determinar as suas acções». Convencido de que o comportamento humano pode ser controlado, orientado, modificado e moldado pelo uso adequado do reforço positivo, Skinner transpôs para a sociedade global as suas descobertas de laboratório sobre os programas de controle comportamental: o homem autónomo cede, finalmente, o seu lugar privilegiado ao homem-máquina que pouco mais é do que um rato. O objectivo primordial da tecnologia do comportamento de Skinner era melhorar a vida das pessoas e da sociedade e aliviar o sofrimento humano, através da modificação dos comportamentos nos ambientes do mundo real, tais como lares, escolas, fábricas, prisões e instituições de saúde mental. Para Skinner, todo o comportamento era aprendido e, por isso, na sua perspectiva, a tecnologia do comportamento podia ser usada para transformar os comportamentos indesejáveis em comportamentos desejáveis, através do seu reforço positivo sem necessidade de punir o comportamento indesejável. O não-uso da punição dava alguma credibilidade ao humanismo de Skinner, mas como definir o comportamento desejável e aceitável depois da demolição da noção de homem autónomo e dos seus atributos interiores essenciais, tais como liberdade, dignidade e responsabilidade? A filosofia política subjacente ao comportamentalismo radical de Skinner não é isenta de dificuldades: a sua utopia, quando foi transposta para o mundo real, converteu-se naquilo que sempre foi - a apologia ideológica da ordem social estabelecida e dos valores da adaptação. Em 1971, Skinner publicou a sua obra Beyond Freedom and Dignity, onde defendeu a ideia de que não devemos deixar a questão da liberdade pessoal interferir na análise científica do comportamento humano: o homem pode ser controlado, tal como o comportamento do rato é controlado na caixa de Skinner. A noção nuclear de homem-máquina já tinha sido exposta por Skinner em obras anteriores - The Behavior of Organismus (1938) e Science and Human Behavior (1953), mas foi nesta obra de 1971 que ela recebeu uma moldura antropológica sistemática: a abordagem do organismo vazio foi alargada aos domínios do homem, de modo a substituir o agente autónomo - sujeito livre e responsável pelos seus comportamentos - pelo ambiente - «o ambiente em que a espécie se desenvolveu e onde o comportamento individual é moldado e mantido». Beyond Freedom and Dignity é uma obra claramente anti-humanista: o seu programa ambientalista de controle do comportamento humano rompe com todo o humanismo, a partir do momento em que transfere as funções atribuídas ao homem interior para o ambiente controlador: «O quadro que emerge a partir de uma análise científica não é de um corpo com uma pessoa no seu interior, mas de um corpo que é uma pessoa, no sentido de que dispõe de um repertório complexo de comportamentos». O ambientalismo de Skinner abole, como ele próprio o disse, «o homem autónomo - o homem interior, o homúnculo, o demónio possuído, o homem defendido pelas literaturas da liberdade e da dignidade». A análise científica do comportamento desaloja o homem autónomo: «O homem autónomo é um recurso utilizado para explicar o que não somos capazes de explicar por outro meio qualquer. Foi fruto da nossa ignorância e, à medida que a nossa compreensão aumenta, a verdadeira essência de que se compõe desaparece. A ciência não desumaniza o homem, ela retira-lhe a condição de homúnculo e deve fazê-lo se quiser evitar a extinção da espécie humana. Quanto ao homem qua homem, prontamente afirmamos uma genuína libertação. Somente destituindo-o da sua condição, poderemos voltar às causas reais do comportamento humano. Somente assim poderemos passar do inferido para o observável, do milagroso para o natural, do inacessível para o manipulável»: Skinner não encobre o interesse instrumental que orienta a sua análise do comportamento do homem-máquina. A ciência do comportamento é tecnologia do comportamento: «O ambiente é que é "responsável" pelo comportamento inadequado, e é o ambiente, não algum atributo do indivíduo, que deve ser modificado», ou, por outras palavras, «o que deve ser modificado não é a responsabilidade do homem autónomo, mas as condições ambientais ou genéticas das quais o comportamento individual é a função». A explicitação da filosofia política subjacente à tecnologia do comportamento depende da análise profunda da antropologia bio-comportamental de Skinner, a qual ainda permanece mergulhada nas suas próprias dificuldades teóricas. Se a pessoa não é um agente gerador, mas um locus, um ponto no qual confluem muitas condições genéticas e ambientais num efeito comum, como afirma Skinner, então já não faz sentido falar do próprio homem: o controle do comportamento é transferido do homem autónomo para o ambiente, mas este ambiente que inclui o mundo da cultura não pode ser visto como "produto do próprio homem". Skinner continua a usar uma linguagem antropológica inadequada para pensar a sua própria teoria comportamental. A revolução comportamental ainda não se libertou completamente da herança tradicional. A concepção da morte de Skinner ajuda a compreender a dificuldade de inverter a relação de controle: «a pessoa não actua sobre o mundo; o mundo é que actua sobre a pessoa». A morte liga-se ao comportamento através das práticas culturais herdadas: o homem que assiste à morte dos outros teme-a porque ela constitui a perspectiva da aniquilação individual. Quanto mais individualista for o homem, tanto mais é provável que ele, para defender a sua própria liberdade e dignidade, seja levado a negar as contribuições do passado e a renunciar a qualquer perspectiva de futuro. Este individualismo extremo - recusa de agir em benefício dos outros e da cultura que sobreviverá à morte de cada um dos seus membros - ameaça a continuidade da própria sociedade humana: é preciso reforçar todos os comportamentos individuais que garantam a sua sobrevivência. A subtileza do raciocínio de Skinner - o homem que, apesar de desprezar a grande teoria, foi um filósofo! - só pode ser avaliada e desconstruída a partir da sua análise das agências controladoras, tais como o governo, a religião, a psicoterapia, o controle económico e a educação, tarefa que está fora do âmbito deste estudo: o que posso aqui acentuar é a sua perspectiva pragmatista que o leva a "aceitar" todas as instituições sociais que reforcem a adaptação do homem - o homem unidimensional de Marcuse! - ao seu ambiente social, de modo a garantir a sua continuidade. O controle do comportamento realiza-se para garantir a ordem social estabelecida, mas, para ser eficiente e efectivo, é preciso "remodelá-la" - e não destruí-la ou fugir dela! -, reduzindo os estímulos prejudiciais através do condicionamento operante. Mudar o ambiente social para mudar o próprio homem: eis um programa que não é de todo estranho ao marxismo, mas tanto o programa de controle do comportamento de Skinner como o programa revolucionário de Marx falharam, porque - para retomar o tema de outra obra de Skinner, Verbal Behavior (1957) - a criança não aprende uma língua numa base palavra por palavra em função do reforço recebido pelo uso correcto ou pela pronúncia correcta de cada uma delas. Como demonstrou Chomsky (1959, 1972), a criança domina as regras gramaticais necessárias à produção de frases e este potencial para construir regras é herdado e não aprendido. Konrad Lorenz realizou uma crítica científica sistemática do behaviorismo e das suas aplicações à pedagogia: os resultados da recomendação comportamental de não educar as crianças na frustração ou na punição, como se todo o comportamento humano fosse reactivo, mostraram que as crianças habituadas a que tudo ceda ao seu capricho se adaptam mal às obrigações sociais, escolares e, mais tarde, profissionais. Seria fácil recorrer a este elemento de resistência humana - a natureza humana inata e a sua biogramática - para continuar a defender o mesmo programa de reformas sociais, mas a verdade é que hoje - neste mundo mergulhado no abismo - precisamos de repensar tudo de novo, em diálogo produtivo com todas as teorias que herdámos do passado e, sobretudo, dos dois últimos séculos que moldaram, para o bem e para o mal, o mundo em que vivemos.
A leitura de O Homem Unidimensional de Herbert Marcuse ajudou-me a mudar de perspectiva em relação às "ciências do comportamento": o programa de abolição da mente levado a cabo pelo behaviorismo de Watson e pelo ambientalismo de Skinner é um programa de filosofia política. Para defender o carácter dialéctico da teoria do homem unidimensional, demarcando-a da psicologia behaviorista, publiquei um artigo intitulado Marcuse e o Behaviorismo. Convém dizer que, nessa altura, eu era ainda estudante universitário, e que esse foi o meu período intelectual mais produtivo, até porque a burrice visceral dos meus professores não me dava outra alternativa a não ser estudar por conta própria. Lembro-me de observar o rosto malvado de alguns dos meus professores quando os meus colegas exibiam os meus artigos na sala de aula. Desde muito cedo, praticamente desde bebé, se levar em conta o testemunho de terceiros, fui obrigado a aprender a lidar com a inveja que, em Portugal, mata as pessoas que se destacam da mediocridade reinante. Tive a infelicidade de nascer em Portugal e de crescer depois do 25 de Abril quando a massificação do ensino trouxe consigo a tirania da inveja que aboliu a qualidade do ensino universitário: a ralé saída de um dia para o outro do seu covil invadiu todas as instituições de ensino e, apoderando-se delas, instalou a ditadura da mediocridade. Os saloios diplomados por decreto tornaram-se "milagrosamente" "professores universitários" que, em nome da maldita igualdade, aboliram o próprio ensino, convertendo-o numa espécie de exercício burocrático que garante um ordenado sem esforço: abolir a qualidade e o mérito é algo que os portugueses fazem naturalmente e com muito prazer. A sua miséria mental faz deles seres malvados, especializados em obter prazer no desempenho da actividade cruel de neutralizar a diferença qualitativa que os reduz à sua própria mediocridade. Os portugueses são, por natureza, zombies, mas zombies malvados programados para assassinar a inteligência e a cultura superiores. Graças à ajuda de portugueses brilhantes - sim, também há bons portugueses! - e de estrangeiros, os meus anjos salvadores, publiquei mais de 40 artigos extensos em menos de dois anos: a minha actividade intelectual protegeu-me durante esse período crucial do meu desenvolvimento cognitivo da tarefa desagradável que é lidar com a inveja portuguesa. Vivi durante esse período numa espécie de ilha cercada por zombies malvados. Do alto de um dos seus penhascos observava os zombies portugueses, cujo império crescia de um dia para o outro: a ralé zombie apoderou-se paulatinamente do país depois do 25 de Abril, conduzindo-o até à actual bancarrota total. Hoje Portugal é um país sem futuro: a abolição do mérito está consumada em Portugal e no resto da Europa, o que quer dizer que as novas gerações são piores do que as gerações anteriores. Seria interessante analisar esta regressão de Portugal à luz do comportamentalismo de Skinner, mas não é esse o caminho que vou seguir: as alterações do mundo social produzidas depois do 25 de Abril não modificaram qualitativamente os portugueses como pessoas; pelo contrário, acentuaram todos os seus traços malvados. Como compreendo bem o estado de alma de Sampaio Bruno quando se queixava de ser um exilado - um estrangeiro - na sua própria terra natal! Malditos zombies portugueses que sonham com a vida eterna! A ideia de voltar a vê-los num outro mundo depois da morte é deveras aterradora. Quem é suficientemente masoquista ou atrasado mental para desejar socializar com estes malditos? No caso do mito platónico das punições eternas ter alguma base verídica, eu quero ver Portugal a ser devorado pelas chamas do Inferno.
Marcuse ensinou-me a fazer leituras políticas dos textos científicos e filosóficos: a crítica da ideologia não é mais do que a elucidação crítica do texto político que opera silenciosamente nas entrelinhas dos textos produzidos em nome da ciência. A obra científica de B.F. Skinner (1904-1990), toda ela impregnada pela ideia de que o comportamento é função das suas consequências, é demasiado densa: o seu objectivo primordial foi definir a "psicologia" como uma ciência natural, aceitando os postulados, os objectivos e o método da física, da química e da biologia. Fazer da psicologia uma ciência natural levou-o a recusar qualquer tipo de dualismo corpo-mente (1), a admitir como hipótese de trabalho que o comportamento - a única realidade que pode ser observada - está submetido a leis fixas e estáveis (2), e a definir como objectivo básico da pesquisa experimental a descoberta dessas leis (3). A recusa do dualismo corpo-mente implica elevar o comportamento - aquilo que um organismo faz e, no caso do homem, diz - a objecto exclusivo da "psicologia". De certo modo, a abolição da mente implica a substituição da psicologia pela ciência do comportamento. O comportamento de um organismo não ocorre no vazio, mas num ambiente dotado de características concretas, sendo seguido por certas consequências. As leis do comportamento operante explicitam as relações existentes entre três termos fundamentais no estudo objectivo do comportamento: os estímulos ambientais, cuja presença leva um organismo a exibir o comportamento (1), o comportamento observável (2), e as consequências ou estímulos ambientais que se seguem - imediatamente ou não - ao comportamento (3). Para estudar o comportamento de aprendizagem, Skinner construiu um sistema destinado a provocar comportamentos: a caixa de Skinner é constituída por um simples compartimento que contém uma barra horizontal móvel e um orifício para a chegada da comida. Quando um rato faminto faz pressão sobre a barra, desencadeia-se um pequeno sistema eléctrico que deixa escapar de dentro de um reservatório uma bolinha de comida para ratos que entra na caixa. Ora, como o accionamento da barra horizontal pelo rato é seguido pelo aparecimento de bolinhas de comida, a frequência do comportamento de accionar a barra aumenta. Neste exemplo, a barra constitui o estímulo ambiental que torna possível o comportamento de a accionar, o qual é seguido pelo aparecimento das bolinhas de comida para ratos. Skinner destacou a importância do comportamento operante, no caso do condicionamento instrumental, em oposição ao comportamento respondente, no caso do condicionamento clássico. Nas pesquisas de Pavlov sobre o condicionamento, o toque de campainha associado à apresentação de comida desencadeava por si só uma reacção num cão faminto (condicionamento clássico). Porém, quando se introduz um rato numa caixa de Skinner, a animal exibe primeiramente uma reacção de inspecção local. À primeira vez, será por acaso que o rato manipulará a barra; depois, pouco a pouco, estabelecer-se-á a ligação entre fazer pressão sobre a barra e obter comida (condicionamento instrumental). No caso do condicionamento clássico, o estímulo condicional - o toque de campainha - está relacionado no tempo com o estímulo incondicional - a comida - que desencadeia uma resposta específica - a salivação: a resposta é suscitada por um estímulo observável específico e o cão preso, não podendo agir por sua própria conta para assegurar o estímulo, responde apenas quando o pesquisador lhe apresenta o estímulo. No caso do condicionamento instrumental, é a própria acção do rato - a pressão sobre a barra - que está relacionada no tempo com o reforço - a comida: a resposta ocorre espontaneamente sem nenhum estímulo externo observável e, como pode inspeccionar o local, o rato aprende a accionar a barra para obter comida. Este comportamento do rato é denominado operante porque é a própria acção do animal que determina o aparecimento do estímulo reforçante. O aparecimento da comida é chamado reforço porque é dela que depende a integração deste comportamento. O rato que tiver desencadeado o sistema por acaso, uma vez, depois uma segunda vez, acabará por manipular a barra cada vez com mais frequência. A lei da aquisição que deriva desta experiência básica afirma que a força ou a eficácia de um comportamento operante aumenta quando ele é seguido pela apresentação de um estímulo de reforço. Se interrompermos a distribuição de comida, o comportamento acabará por se extinguir: a aquisição do mecanismo depende da sucessão no tempo da operação e do reforço. O mesmo se passa com o homem: o comportamento que reduz estímulos prejudiciais não é adquirido sob a forma de reflexos condicionados, mas como resultado do processo de condicionamento operante. Para Skinner, o ambiente, em vez de provocar comportamentos, selecciona-os, mantendo uns, incrementando ou eliminando outros ou modelando novos comportamentos através de aproximações sucessivas. Tal como a selecção natural de Darwin que explica a origem de milhares de espécies distintas sobre a superfície da terra, as contingências de reforço são - segundo Skinner - suficientes para explicar a enorme diversidade de comportamentos humanos, tanto os mais simples como os mais complexos. Segundo uma bela expressão de Skinner, «o mundo mental rouba o espectáculo», porque não reconhece o comportamento como objecto de estudo por direito próprio. Ora, à medida que formos conhecendo a influência de ambientes cada vez mais complexos sobre o comportamento, a ciência do comportamento tenderá a substituir gradualmente conceitos tradicionais que têm sido utilizados para explicar o próprio comportamento, a partir de entidades ou atributos mentais que não podem ser realmente identificadas: o ambiente irá substituir definitivamente o homem interior e a ciência do comportamento rematará a revolução iniciada por Copérnico e, mais tarde, retomada por Darwin, obrigando o homem a abandonar o seu último reduto diferencial - o eu interior - e a aceitar a realidade: o seu comportamento é função de uma história genética e de contingências ambientais. O conhecimento da história genética e das contingências de reforço são suficientes para explicar cabalmente o comportamento sem necessidade de apelar ao homem autónomo interno: «A geração espontânea de comportamento chegou à mesma situação alcançada pela geração espontânea de insectos e de microorganismos nos tempos de Pasteur».
A tecnologia do comportamento proposta por B.F. Skinner é de tal modo sedutora que alguns pensadores marxistas viram nela o complemento psicológico do marxismo. Afinal, a ciência do comportamento parece partilhar um pressuposto fundamental do pensamento dialéctico, que Skinner formulou nestes termos: «Os homens actuam sobre o mundo e transformam-no, e, por sua vez, são transformados pelas consequências da sua acção». Em 1948, Skinner publicou o seu romance Walden Two, onde descreveu uma comunidade rural de mil membros, na qual cada aspecto da vida quotidiana é controlado pelo reforço positivo. A utopia comportamentalista de Skinner parte do pressuposto básico de que o homem é uma máquina: «Se usarmos os métodos da ciência no campo dos assuntos humanos, devemos supor que o comportamento é ordenado e determinado, que aquilo que o homem faz é o resultado de condições específicas, e que, uma vez descobertas essas condições, podemos prever e, até certo ponto, determinar as suas acções». Convencido de que o comportamento humano pode ser controlado, orientado, modificado e moldado pelo uso adequado do reforço positivo, Skinner transpôs para a sociedade global as suas descobertas de laboratório sobre os programas de controle comportamental: o homem autónomo cede, finalmente, o seu lugar privilegiado ao homem-máquina que pouco mais é do que um rato. O objectivo primordial da tecnologia do comportamento de Skinner era melhorar a vida das pessoas e da sociedade e aliviar o sofrimento humano, através da modificação dos comportamentos nos ambientes do mundo real, tais como lares, escolas, fábricas, prisões e instituições de saúde mental. Para Skinner, todo o comportamento era aprendido e, por isso, na sua perspectiva, a tecnologia do comportamento podia ser usada para transformar os comportamentos indesejáveis em comportamentos desejáveis, através do seu reforço positivo sem necessidade de punir o comportamento indesejável. O não-uso da punição dava alguma credibilidade ao humanismo de Skinner, mas como definir o comportamento desejável e aceitável depois da demolição da noção de homem autónomo e dos seus atributos interiores essenciais, tais como liberdade, dignidade e responsabilidade? A filosofia política subjacente ao comportamentalismo radical de Skinner não é isenta de dificuldades: a sua utopia, quando foi transposta para o mundo real, converteu-se naquilo que sempre foi - a apologia ideológica da ordem social estabelecida e dos valores da adaptação. Em 1971, Skinner publicou a sua obra Beyond Freedom and Dignity, onde defendeu a ideia de que não devemos deixar a questão da liberdade pessoal interferir na análise científica do comportamento humano: o homem pode ser controlado, tal como o comportamento do rato é controlado na caixa de Skinner. A noção nuclear de homem-máquina já tinha sido exposta por Skinner em obras anteriores - The Behavior of Organismus (1938) e Science and Human Behavior (1953), mas foi nesta obra de 1971 que ela recebeu uma moldura antropológica sistemática: a abordagem do organismo vazio foi alargada aos domínios do homem, de modo a substituir o agente autónomo - sujeito livre e responsável pelos seus comportamentos - pelo ambiente - «o ambiente em que a espécie se desenvolveu e onde o comportamento individual é moldado e mantido». Beyond Freedom and Dignity é uma obra claramente anti-humanista: o seu programa ambientalista de controle do comportamento humano rompe com todo o humanismo, a partir do momento em que transfere as funções atribuídas ao homem interior para o ambiente controlador: «O quadro que emerge a partir de uma análise científica não é de um corpo com uma pessoa no seu interior, mas de um corpo que é uma pessoa, no sentido de que dispõe de um repertório complexo de comportamentos». O ambientalismo de Skinner abole, como ele próprio o disse, «o homem autónomo - o homem interior, o homúnculo, o demónio possuído, o homem defendido pelas literaturas da liberdade e da dignidade». A análise científica do comportamento desaloja o homem autónomo: «O homem autónomo é um recurso utilizado para explicar o que não somos capazes de explicar por outro meio qualquer. Foi fruto da nossa ignorância e, à medida que a nossa compreensão aumenta, a verdadeira essência de que se compõe desaparece. A ciência não desumaniza o homem, ela retira-lhe a condição de homúnculo e deve fazê-lo se quiser evitar a extinção da espécie humana. Quanto ao homem qua homem, prontamente afirmamos uma genuína libertação. Somente destituindo-o da sua condição, poderemos voltar às causas reais do comportamento humano. Somente assim poderemos passar do inferido para o observável, do milagroso para o natural, do inacessível para o manipulável»: Skinner não encobre o interesse instrumental que orienta a sua análise do comportamento do homem-máquina. A ciência do comportamento é tecnologia do comportamento: «O ambiente é que é "responsável" pelo comportamento inadequado, e é o ambiente, não algum atributo do indivíduo, que deve ser modificado», ou, por outras palavras, «o que deve ser modificado não é a responsabilidade do homem autónomo, mas as condições ambientais ou genéticas das quais o comportamento individual é a função». A explicitação da filosofia política subjacente à tecnologia do comportamento depende da análise profunda da antropologia bio-comportamental de Skinner, a qual ainda permanece mergulhada nas suas próprias dificuldades teóricas. Se a pessoa não é um agente gerador, mas um locus, um ponto no qual confluem muitas condições genéticas e ambientais num efeito comum, como afirma Skinner, então já não faz sentido falar do próprio homem: o controle do comportamento é transferido do homem autónomo para o ambiente, mas este ambiente que inclui o mundo da cultura não pode ser visto como "produto do próprio homem". Skinner continua a usar uma linguagem antropológica inadequada para pensar a sua própria teoria comportamental. A revolução comportamental ainda não se libertou completamente da herança tradicional. A concepção da morte de Skinner ajuda a compreender a dificuldade de inverter a relação de controle: «a pessoa não actua sobre o mundo; o mundo é que actua sobre a pessoa». A morte liga-se ao comportamento através das práticas culturais herdadas: o homem que assiste à morte dos outros teme-a porque ela constitui a perspectiva da aniquilação individual. Quanto mais individualista for o homem, tanto mais é provável que ele, para defender a sua própria liberdade e dignidade, seja levado a negar as contribuições do passado e a renunciar a qualquer perspectiva de futuro. Este individualismo extremo - recusa de agir em benefício dos outros e da cultura que sobreviverá à morte de cada um dos seus membros - ameaça a continuidade da própria sociedade humana: é preciso reforçar todos os comportamentos individuais que garantam a sua sobrevivência. A subtileza do raciocínio de Skinner - o homem que, apesar de desprezar a grande teoria, foi um filósofo! - só pode ser avaliada e desconstruída a partir da sua análise das agências controladoras, tais como o governo, a religião, a psicoterapia, o controle económico e a educação, tarefa que está fora do âmbito deste estudo: o que posso aqui acentuar é a sua perspectiva pragmatista que o leva a "aceitar" todas as instituições sociais que reforcem a adaptação do homem - o homem unidimensional de Marcuse! - ao seu ambiente social, de modo a garantir a sua continuidade. O controle do comportamento realiza-se para garantir a ordem social estabelecida, mas, para ser eficiente e efectivo, é preciso "remodelá-la" - e não destruí-la ou fugir dela! -, reduzindo os estímulos prejudiciais através do condicionamento operante. Mudar o ambiente social para mudar o próprio homem: eis um programa que não é de todo estranho ao marxismo, mas tanto o programa de controle do comportamento de Skinner como o programa revolucionário de Marx falharam, porque - para retomar o tema de outra obra de Skinner, Verbal Behavior (1957) - a criança não aprende uma língua numa base palavra por palavra em função do reforço recebido pelo uso correcto ou pela pronúncia correcta de cada uma delas. Como demonstrou Chomsky (1959, 1972), a criança domina as regras gramaticais necessárias à produção de frases e este potencial para construir regras é herdado e não aprendido. Konrad Lorenz realizou uma crítica científica sistemática do behaviorismo e das suas aplicações à pedagogia: os resultados da recomendação comportamental de não educar as crianças na frustração ou na punição, como se todo o comportamento humano fosse reactivo, mostraram que as crianças habituadas a que tudo ceda ao seu capricho se adaptam mal às obrigações sociais, escolares e, mais tarde, profissionais. Seria fácil recorrer a este elemento de resistência humana - a natureza humana inata e a sua biogramática - para continuar a defender o mesmo programa de reformas sociais, mas a verdade é que hoje - neste mundo mergulhado no abismo - precisamos de repensar tudo de novo, em diálogo produtivo com todas as teorias que herdámos do passado e, sobretudo, dos dois últimos séculos que moldaram, para o bem e para o mal, o mundo em que vivemos.
J Francisco Saraiva de Sousa
12 comentários:
Bem, a minha mente foi formada-deformada na e pela ciência do comportamento. Daí a dificuldade em demarcar-me dessa problemática. Pensei num texto pequeno, uma vez que já tinha publicado outro sobre o mesmo assunto. E não queria falar no ensino programado, mas o fracasso do ambientalismo está precisamente na pedagogia. Logo vejo como tratar este texto.
Ah, mas há mais - foi Lorenz a denunciar a pedagogia dos seguidores de Skinner. Mas este aspecto de Lorenz transparece em todas as críticas que faço e que aqui estão concentradas no primeiro parágrafo, onde volto a criticar os portugueses.
Escrever directamente aqui tem efeitos sobre o meu estilo de escrita e de pensamento. Condenso muito e isso pode parecer uma armadilha, mas é antes um voo de abstracção em abstracção para poupar tempo.
O problema é que, por vezes, o cientista entra em confronto com o filósofo ou mesmo o homem e vice-versa. Nessas ocasiões, fico literalmente dividido. Para fazer um ataque radical a Skinner, seria obrigado a recorrer à genética, correndo o risco de aplaudir outro tipo de controle. Penso que a teoria de base precisa de alterações e eu até as faço, mas está tudo muito complexo. Deixei de acreditar no homem...
Lidar com portugueses desencadeia este cansaço do homem. Para Skinner, o homem é um rato, e, para mim, os tugas são zombies malditos. De certo modo, o desaparecimento dos portugueses seria um acontecimento libertador!
Bem, Skinner não era propriamente um monstro: consigo descobrir citações que revelam alguma humanidade. Mas a orientação geral produziu o controle do homem: substituir o homem autónomo pelo homem-máquina tem efeitos reais terríveis - o homem tornou-se um rato ou uma ratazana. Mas a antropologia de Skinner não é isenta de dificuldades: alguns valores do homem autónomo transitam... mas já sem conteúdos.
Toda esta polémica devia ser lida à luz da Guerra Fria - entre os duas potências nunca houve escolha possível. Ambas foram atraídas por teorias do controle. O mais lixado é que já não conseguimos imaginar uma sociedade sem controle. O que falha/ou foi sempre a antropologia: a utopia comportamentalista de Skinner situa-se tb ela na tradição da utopia criada por Platão.
Concordo com Lorenz - sem punição não há alegria. Facilitismo produz homens-cobras venenosas. Punição produz homens-responsáveis. Skinner transfere a responsabilidade do homem para o ambiente - modifica o ambiente para modificar o homem. Enfim, desalma o homem para o controlar. Este registo do pensamento de esquerda ainda não pode ser descartado, mas já introduzi a punição.
Peço imensa desculpa ao meu amigo que edita a revista Abismo Humano. Tenho visto os emails mas passou... Só agora vi os meus artigos publicados. Sorry! O formato é giro!
Ok, se vi tudo bem, a revista Abismo Humano publicou dois artigos meus, nos seus nº. 5 e 6. Sorry, André! Depois das férias falamos. :)
Adicionei os links na lista de actualizações onde podem ser lidos.
E já vi mais coisas publicadas, mas se não me avisarem com alarme eu não as vejo logo. O tempo escasseia.
Sim, eu sei que recebi por e-mail. Sorry, acontece comigo!
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