Escolhi esta fotografia como imagem de fundo para lembrar à Fátima Campos Ferreira que também existe um Instituto Goethe na cidade do Porto. Há uma coisa de que não me podem acusar: a de desconhecer a cultura alemã. Quase todos os textos que edito neste blogue testemunham a minha dívida para com o pensamento filosófico e científico oriundo da Alemanha. O debate Prós e Contras de hoje (18 de Julho) teve um formato que se presta melhor ao comentário crítico, porque, desta vez, só participaram quatro convidados: João Ferreira do Amaral, João César das Neves, Ricardo Paes Mamede e Viriato Soromenho Marques. Porém, para minha tristeza, estou demasiado stressado cognitivamente para poder analisar com detalhe as ideias ventiladas no debate: os arquivos neurocientíficos da minha mente estão quase todos abertos, pelo menos até concluir o estudo anterior, e, por isso, resta pouco espaço-disposição para abrir arquivos económicos, de modo a entrar no espírito deste debate entre economistas, com excepção do último convidado. Desde que tomei conhecimento da proposta de saída organizada de Portugal da zona Euro defendida há muito tempo por Ferreira do Amaral, tornei-me - academicamente falando - adepto deste economista português que ousa pensar pela sua própria cabeça. Já houve um tempo em que fui adepto convicto da União Europeia, mas hoje - reavaliando as teorias filosóficas que lhe deram orientação - sou mais céptico: a perda de soberania nacional a favor de uma Europa dominada pela Alemanha num mundo global traz a marca da fúria totalitária do conceito: subsumir a diferença sob o signo da identidade. União Europeia, federação europeia, governo económico, mundo global - todas estas palavras são conceitos totalitários que contrariam claramente o espírito "expansionista" português: nós somos mais "alegres" quando fugimos da Europa. Ferreira do Amaral referiu algumas das contradições europeias e penso que a sua abertura de espírito possibilita gerar novas alternativas económicas e políticas, capazes de enfrentar o conservadorismo inerente ao projecto neoliberal da globalização - a grande armadilha na qual caiu por estupidez - e inércia mental dos seus lideres - a Europa. Portugal não cresce desde que entrou na zona Euro e não pode crescer com estas políticas de austeridade que a troika nos impôs. É certo que fomos mal-governados nos últimos trinta anos, como lembrou até à exaustão César das Neves, mas estes sacrifícios exigidos serão em vão se continuarmos na zona Euro. Não vale a pena perdermos a nossa identidade para assumir uma outra identidade, a do país dominante: as "uniões", as federações de países que falam línguas diferentes, sufocam o futuro, sobretudo o futuro dos mais desfavorecidos. Não há nada mais totalitário do que qualquer ideia de globalização: o neoliberalismo que moldou o mundo nestas últimas décadas é totalitarismo puro. O ataque ao Estado Social é prova disso, bem como a falta de solidariedade dos países europeus do Norte em relação aos países periféricos e destes entre si. Porém, este ataque encontra terreno propício numa contradição fundamental da Europa: o grande problema do envelhecimento populacional que torna o velho continente vulnerável às invasões. E a esta contradição acrescentam-se outras contradições referidas por Ferreira do Amaral e por Paes Mamede, entre as quais a incapacidade europeia para enfrentar os desafios da globalização. Enfim, a civilização ocidental parece estar no fim do seu percurso-ciclo - e este pensamento entristece-me profundamente. Hoje o texto é demasiado breve, mas procurei compensar essa brevidade com o uso da abstracção. Deste modo, poupei tempo sem ter stressado mais a minha mente.
J Francisco Saraiva de Sousa
6 comentários:
O post anterior sobre o cérebro está finalmente concluído! Que alívio! :)
Google reteve alguns comentários! :)
Ya, a equipa americana elimina automaticamente certos comentários provenientes de certas zonas. Não fui eu que tomei conhecimento do conteúdo por outra via. Isto é tudo americano!
Para todos os efeitos, só tomo posições em relação ao ocidente - n me envolvo em certas zonas do mundo.
“Portugal não cresce, desde que entrou na zona Euro”. Esta frase fez-me parar para pensar, digo para reflectir. Concluí que me falta informação para aprofundar esta tese que me parece tão importante... para a minha “hipótese” geral sobre a União Europeia: que a UE é uma forma de organizar e legitimar as relações de dominação no espaço europeu a que se submetem os outros países por razões ideológicas e por incapacidade para sobreviver fora desse “castelo”.
A alusão do Francisco Saraiva de Sousa a “a falta de solidariedade dos países europeus do Norte em relação aos países periféricos e destes entre si”, entendo-a no sentido material (ou materialista?) e não no sentido moral do termo “solidariedade”, visto que os países não se relacionem acima dos seus interesses estratégicos, como certamente o Francisco também pensa.
E agora vou passar pelo "Ladrão de Bicicletas" para ver se encontro por ali alguma alusão ao assunto inicial deste comentário.
António M P
Medina Carreira já mostrou gráficos sobre o crescimento económico português. E agora a Quadratura do Círculo abordou temas relacionados.
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