Cidade do Porto: Parque de Nova Sintra |
«Para o oráculo de Delfos, "conhece-te a ti próprio" significava: sabe que não és deus e não cometas o erro de querer tornar-te deus. Para o Sócrates de Platão, que retoma por sua vez a fórmula, quer dizer: conhece o deus que, em ti, és tu próprio. Esforça-te por te tornares, tanto quanto possível, semelhante do deus». (Jean-Pierre Vernant)
Leia aqui as 10 melhores postagens do mês de Fevereiro: a selecção mensal realizada pelo meu amigo Wanderson Lima, autor do blogue O Fazedor. Boa leitura! E não se esqueça de ler o último número da revista Desenredos e as 10 melhores postagens de Janeiro.
Com o texto em epígrafe, pretendo mostrar o meu empenhamento na busca da Idade Heróica do Porto: o desvio pelos gregos, celtas e suevos foi o caminho escolhido para ir ao encontro do Porto Heróico. O desenho do Castrum Suevorum de Gouveia Portuense alimenta a minha imaginação histórica: a interpretação de António de Sousa Machado é demasiado "nacionalista" para ser verdadeira. Ela rouba-nos toda a tradição oral, cujos vestígios podemos descobrir por detrás de cada um dos cultos cristãos.
J Francisco Saraiva de Sousa
9 comentários:
«No mundo dos deuses olímpicos em que foi admitido, Diónisos encarna a figura do Outro. O seu papel não é confirmar e consolidar a ordem humana e social, sacralizando-a. Diónisos põe esta ordem em questão; destrói-a, revelando com a sua presença um outro aspecto do sagrado, já não regular, estável e definido, mas estranho, inacessível e desconcertante». (Jean-Pierre Vernant)
Sempre gostei de ser o Outro! :)
«Há um barco vazio que ao cair da noite vai descendo o canal negro.
Na obscuridade do velho asilo há ruínas humanas em decadência.
Os órfãos mortos jazem junto aos muros do jardim.
De quartos cinzentos saem anjos com as asas sujas de excrementos.
Gotejam-lhes vermes das asas amareladas.
A praça da igreja está sombria e mergulhada no silêncio, como nos dias da infância.
Sobre solas de prata deslizam vidas passadas
E as sombras dos condenados descem às águas soluçantes.
No túmulo, o mago branco brinca com as serpentes». (Georg Trakl)
«Oh miséria, sopa de pobres, alho doce, pão;
Belos sonhos de vida em cabanas nas florestas.
Fez-se duro o céu cinzento nos campos de giestas,
Canta um sino as trindades seguindo a tradição». (Georg Trakl)
«Oh, que silencioso o andar pelo rio azul abaixo
Meditando sobre coisas esquecidas, quando nos ramos verdes
O chamamento do melro levava um ser desconhecido à decadência». (Georg Trakl)
«Sem sabermos o nosso lugar certo,
nós agimos em real relação.
As antenas sentem as antenas,
e a lonjura vazia aguentou». (Rainer Maria Rilke)
«Não busques nos meus lábios a tua boca,
nem diante do portão o forasteiro,
nem no olho a lágrima.
Sete noites mais alto muda o vermelho para vermelho,
sete corações mais fundo bate a mão à porta,
sete rosas mais tarde rumoreja a fonte». (Paul Celan)
«Nem anarquia, nem despotismo eu quero
que os meus cidadãos cultivem com devoção.
E que não se lance o temor fora da cidade.
Sem nada a recear, qual dos mortais seria justo?» (Diz a padroeira de Atenas aos seus cidadãos! Ésquilo)
«De tudo, o melhor para os homens é não ter
nascido, nem ver o brilho do Sol ardente.
Mas, se se nasceu, transpor o mais cedo possível
as portas do Hades e jazer sob um monte de terra». (Pessimismo de Teógnis!)
«Quando morreres, hás-de jazer sem que haja no futuro
memória de ti nem saudade. É que não tiveste parte
nas rosas de Piéria. Invisível, andarás a esvoaçar
no Hades, entre os mortos impotentes». (SAFO)
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