Este post inicia uma leitura de um poema de Else Lasker-Schüler. O poema intitulado "Fuga do Mundo" (Weltflucht) diz:
«Quero chegar ao sem limite
Para regressar a mim,
Já estão em flor os narcisos-do-outono...
Tarde de mais, quem sabe... regressar
Ah, morro no meio de vós
Os que convosco me sufocais.
Queria tecer uma teia de fios a envolver-me
Pôr fim à confusão,
Confundindo,
E fugir
Para dentro de mim.»
Este poema de Else Lasker-Schüler (1869-1945) traz a marca de um pensamento profundo, de um pensamento que deseja pensar o Eu que pensa, como se o pensamento resultasse de uma acto de volição! As "Baladas Hebraicas" assentam num substrato pré-bíblico que não permite que o episódio do Antigo Testamento seja lido à luz do lugar-comum ou da tradição legitimadora. Se «o que é importante não é o poema, mas o estado poético», então este estado poético deve escapar a uma leitura legitimadora, quase oficial, afim de possibilitar «o regresso a mim».
De facto, a sociedade é vista como uma prisão que sufoca a criatividade da imaginação e, deste modo, o desenvolvimento da interioridade do eu. Ao impor os seus lugares-comuns aos "seus" indivíduos, a sociedade veda-lhes os caminhos da individualização e da autonomia. O mundo dos indivíduos sobresocializados é o mesmo para todos eles: um mundo fechado à possibilidade e à alternativa, um mundo que não possibilita a di-ferença e no qual todos falam a mesma linguagem.
Ora, é a um tal mundo de confusão anestesiante que a poetisa deseja escapar e que já não quer ver o mundo tal como este se vê a si próprio. Esta fuga ao sentido literal, ou melhor, ao sentido oficial e colectivo, segue os caminhos da rebeldia. Estes caminhos de revel nada mais são do que os caminhos da interioridade do eu, espelhado na transcendência ou nas fantasias sem limites das histórias «orientais» inventadas para rejeitar o mundo real, onde não há di-ferença, porque há mais sociedade do que indivíduo.
O título do poema diz o que o poema tematiza: "Fuga do Mundo" (Weltflucht). Contudo, esta fuga do mundo não é uma manifestação de ascese (Weber): não se trata de fugir a um mundo e agarrar-se a outro mundo já pré-fabricado. A fuga do mundo é encarada desde logo como um «regresso a mim». Porém, este regresso da poetisa a si própria não é nada fácil, dado que a poetisa, tal como qualquer outro mortal, está lançada num mundo que não escolheu e que, durante o seu longo processo de socialização, foi interiorizado pelo eu, incorporou-se ao eu. Conforme diria George H. Mead, a sociedade e a linguagem são anteriores ao "eu", donde resulta a concepção do eu como produto da sociedade e da interacção social. Ora, este eu sobresocializado carece de força para tentar libertar-se da presença do opressor que nele parece habitar. Só parece haver uma saída para quem deseja regressar a si próprio: «querer chegar ao sem limite», isto é, desejar escapar à sociedade intrasubjectivamente omnipresente, a ponto de nessa vertigem correr o risco da aniquilação individual total. Nesta vertigem, o indivíduo pode testar as suas próprias forças de individualização e os sem limites da sua imaginação. Chegar ao «sem limite», lá onde já não parece haver outra alternativa senão a resignação perante o poder da totalidade social, pode ser uma viagem sem regresso. Tudo parece depender daquela parte de si próprio que permanece enraizada na biologia sui generis de cada indivíduo: o impulso, a espontaneidade, a criatividade, enfim a imaginação poética. Cabe a este si próprio rebelde à socialização medir as suas forças interiores contra as forças indiferenciadas da sociedade. Muitos perdem-se nessa confusão: «tarde de mais, quem sabe... regressar». Mas quem não arrisca nunca saberá se seria demasiado tarde para tentar a sua sorte e regressar a si próprio. Para saber isso, é necessário que tenha a coragem de assumir esse risco fatal. Quem já não suporta ser sufocado pelo mundo comum, demasiado impessoal e colectivo, deve correr esse risco e correr este risco é apetrechar-se dos meios que a sociedade ainda lhe faculta e usá-los contra a sociedade da confusão. É quase como que se colocar num lugar originário anterior à formação da sociedade e, através da imaginação poética, criar mundos irreais que, quando confrontados com a sociedade estabelecida, mostram que esta é apenas uma possibilidade entre muitas outras sociedades possíveis. Contudo, uma tal transcendência dentro da sociedade que se pretende transcender é um movimento político: exige uma mudança radical e qualitativa da sociedade real. Mas, antes de mudar a sociedade da confusão, é necessário criar indivíduos que desejam libertar a sociedade, começando por se libertar a si próprios. Estes indivíduos que se re-belam só podem surgir do ardil: confundir a sociedade que confunde, de modo a «fugir para dentro de mim».
Mas o que significa aqui confundir? Confundir significa «fundir juntamente, ou misturar», «tomar as pessoas ou as coisas por outras, não distinguir», «pôr em desordem, misturando várias coisas», «perturbar a alma», «convencer com razões e envergonhar, rebatar, desmascarar», enfim, «humilhar, vexar, cobrir de vergonhas, levar alguém a não saber que responder». A tarefa poética de «pôr fim à confusão, confundindo, e fugir para dentro de mim» é extremamente arriscada. A sociedade funde juntamente todos os seus indivíduos, sufocando a sua voz que se perde, sem ser escutada, e morre numa voz que não é a sua voz mas a voz de um colectivo impessoal. Onde há excesso de sociedade, há défice de individualidade criadora: a língua só deixa pensar aquilo que sempre já foi pensado por todos os que nos precederam, ou seja, pela sociedade e pelos seus lugares-comuns cristalizados.
A distinção, isto é, a di-ferença, é neutralizada e silenciada numa só voz: a sociedade, o colectivo impessoal que sufoca, é, por natureza, in-diferente. Pôr fim a este estado de in-diferenciação impessoal, de confusão, é uma luta desigual, na medida em que o indivíduo já está socializado e, portanto, aprisionado nas teias simbólicas da sociedade. Ninguém que se atreva a escapar da tirania da sociedade sabe de antemão se será bem sucedido: pode ser tarde de mais para fugir do mundo que nos priva da nossa interioridade subjectiva.
«Outono» é a figura precisamente usada para designar o carácter arriscado dessa fuga do mundo, fuga esta que não é uma fuga para o deserto, longe da cidade dos homens, como sucedeu com os monaquistas, mas uma fuga para dentro de si próprio, permanecendo no entanto entre os homens na sua sociedade in-diferenciada. O caminho a seguir é, portanto, «confundir a confusão». Confundir a confusão significa, num só momento ou movimento, desmascarar e perturbar a confusão que não di-ferencia, opondo-lhe a fantasia sem limites das histórias inventadas como resposta da criatividade do eu mais profundo ao mundo real da in-diferenciação. Confrontar os outros «que convosco me sufocais» com outros universos virtuais que embaraçam a predominância hegemónica e a opacidade essencial do mundo comum real. Estes universos possíveis não são irreais, mas possibilidades bem mais reais, sobrereais, que abrem fendas no mundo real, criando agitação louca entre aqueles que não se diferenciaram do nós, uns dos outros, num mundo indi-ferenciado. Confundir a confusão é agitar e perturbar a in-diferenciação, deixando-a sem método e desorientada, e, nessa agitação, levar consigo para dentro de si próprio aquilo que sempre já lá estava: o substrato a partir da a-propriação do qual o eu genuíno, a interioridade do eu, pode ser re-feita, libertada dos sentidos sedimentados num meio simbólico demasiado oficial.
A poetisa a-propria-se assim da língua que é sempre a nossa língua, dando-lhe uma nova possibilidade de vir a ser, não a língua da con-formidade, mas a linguagem da re-volta. Com efeito, fugir para dentro de si próprio é re-voltar-se no sentido de regressar a si próprio, num diálogo interior em que o Si mesmo fala com o Mim, aquilo que já está previamente sedimentado e cristalizado em cada um de nós, o social, tendo em vista dar novos sentidos, novas direcções e novas orientações ao eu como ao mundo. «Regressar a mim» é voltar a si próprio, àquela esfera mais própria e mais íntima da nossa subjectividade, voltando a pensar de novo, desde a sua "origem", novas possibilidades de ser no mundo e para o mundo. O substrato, isto é, o Ilimitado é o pensamento "puro", o pensamento «sem limites», sem constrangimentos e sem coacções externas, sem barreiras. Puro acto de criação poética! Aquilo que é sem limites é o ilimitado e o pensamento que deseja pensar sem limites a-briga-se no Ilimitado, na clareira de Rilke, o lugar original donde briga, isto é, luta contra o limitado. O limitado é aquilo que vive confinado a si mesmo, o fechado em si mesmo, dentro dos seus limites. O mundo donde a poetisa deseja fugir é o mundo limitado e este mundo é o mundo que põe limites ao eu e à sua actividade autoreflexiva, o mundo que o mergulha profundamente na in-diferenciação. (Continua) J Francisco Saraiva de Sousa
Este poema de Else Lasker-Schüler (1869-1945) traz a marca de um pensamento profundo, de um pensamento que deseja pensar o Eu que pensa, como se o pensamento resultasse de uma acto de volição! As "Baladas Hebraicas" assentam num substrato pré-bíblico que não permite que o episódio do Antigo Testamento seja lido à luz do lugar-comum ou da tradição legitimadora. Se «o que é importante não é o poema, mas o estado poético», então este estado poético deve escapar a uma leitura legitimadora, quase oficial, afim de possibilitar «o regresso a mim».
De facto, a sociedade é vista como uma prisão que sufoca a criatividade da imaginação e, deste modo, o desenvolvimento da interioridade do eu. Ao impor os seus lugares-comuns aos "seus" indivíduos, a sociedade veda-lhes os caminhos da individualização e da autonomia. O mundo dos indivíduos sobresocializados é o mesmo para todos eles: um mundo fechado à possibilidade e à alternativa, um mundo que não possibilita a di-ferença e no qual todos falam a mesma linguagem.
Ora, é a um tal mundo de confusão anestesiante que a poetisa deseja escapar e que já não quer ver o mundo tal como este se vê a si próprio. Esta fuga ao sentido literal, ou melhor, ao sentido oficial e colectivo, segue os caminhos da rebeldia. Estes caminhos de revel nada mais são do que os caminhos da interioridade do eu, espelhado na transcendência ou nas fantasias sem limites das histórias «orientais» inventadas para rejeitar o mundo real, onde não há di-ferença, porque há mais sociedade do que indivíduo.
O título do poema diz o que o poema tematiza: "Fuga do Mundo" (Weltflucht). Contudo, esta fuga do mundo não é uma manifestação de ascese (Weber): não se trata de fugir a um mundo e agarrar-se a outro mundo já pré-fabricado. A fuga do mundo é encarada desde logo como um «regresso a mim». Porém, este regresso da poetisa a si própria não é nada fácil, dado que a poetisa, tal como qualquer outro mortal, está lançada num mundo que não escolheu e que, durante o seu longo processo de socialização, foi interiorizado pelo eu, incorporou-se ao eu. Conforme diria George H. Mead, a sociedade e a linguagem são anteriores ao "eu", donde resulta a concepção do eu como produto da sociedade e da interacção social. Ora, este eu sobresocializado carece de força para tentar libertar-se da presença do opressor que nele parece habitar. Só parece haver uma saída para quem deseja regressar a si próprio: «querer chegar ao sem limite», isto é, desejar escapar à sociedade intrasubjectivamente omnipresente, a ponto de nessa vertigem correr o risco da aniquilação individual total. Nesta vertigem, o indivíduo pode testar as suas próprias forças de individualização e os sem limites da sua imaginação. Chegar ao «sem limite», lá onde já não parece haver outra alternativa senão a resignação perante o poder da totalidade social, pode ser uma viagem sem regresso. Tudo parece depender daquela parte de si próprio que permanece enraizada na biologia sui generis de cada indivíduo: o impulso, a espontaneidade, a criatividade, enfim a imaginação poética. Cabe a este si próprio rebelde à socialização medir as suas forças interiores contra as forças indiferenciadas da sociedade. Muitos perdem-se nessa confusão: «tarde de mais, quem sabe... regressar». Mas quem não arrisca nunca saberá se seria demasiado tarde para tentar a sua sorte e regressar a si próprio. Para saber isso, é necessário que tenha a coragem de assumir esse risco fatal. Quem já não suporta ser sufocado pelo mundo comum, demasiado impessoal e colectivo, deve correr esse risco e correr este risco é apetrechar-se dos meios que a sociedade ainda lhe faculta e usá-los contra a sociedade da confusão. É quase como que se colocar num lugar originário anterior à formação da sociedade e, através da imaginação poética, criar mundos irreais que, quando confrontados com a sociedade estabelecida, mostram que esta é apenas uma possibilidade entre muitas outras sociedades possíveis. Contudo, uma tal transcendência dentro da sociedade que se pretende transcender é um movimento político: exige uma mudança radical e qualitativa da sociedade real. Mas, antes de mudar a sociedade da confusão, é necessário criar indivíduos que desejam libertar a sociedade, começando por se libertar a si próprios. Estes indivíduos que se re-belam só podem surgir do ardil: confundir a sociedade que confunde, de modo a «fugir para dentro de mim».
Mas o que significa aqui confundir? Confundir significa «fundir juntamente, ou misturar», «tomar as pessoas ou as coisas por outras, não distinguir», «pôr em desordem, misturando várias coisas», «perturbar a alma», «convencer com razões e envergonhar, rebatar, desmascarar», enfim, «humilhar, vexar, cobrir de vergonhas, levar alguém a não saber que responder». A tarefa poética de «pôr fim à confusão, confundindo, e fugir para dentro de mim» é extremamente arriscada. A sociedade funde juntamente todos os seus indivíduos, sufocando a sua voz que se perde, sem ser escutada, e morre numa voz que não é a sua voz mas a voz de um colectivo impessoal. Onde há excesso de sociedade, há défice de individualidade criadora: a língua só deixa pensar aquilo que sempre já foi pensado por todos os que nos precederam, ou seja, pela sociedade e pelos seus lugares-comuns cristalizados.
A distinção, isto é, a di-ferença, é neutralizada e silenciada numa só voz: a sociedade, o colectivo impessoal que sufoca, é, por natureza, in-diferente. Pôr fim a este estado de in-diferenciação impessoal, de confusão, é uma luta desigual, na medida em que o indivíduo já está socializado e, portanto, aprisionado nas teias simbólicas da sociedade. Ninguém que se atreva a escapar da tirania da sociedade sabe de antemão se será bem sucedido: pode ser tarde de mais para fugir do mundo que nos priva da nossa interioridade subjectiva.
«Outono» é a figura precisamente usada para designar o carácter arriscado dessa fuga do mundo, fuga esta que não é uma fuga para o deserto, longe da cidade dos homens, como sucedeu com os monaquistas, mas uma fuga para dentro de si próprio, permanecendo no entanto entre os homens na sua sociedade in-diferenciada. O caminho a seguir é, portanto, «confundir a confusão». Confundir a confusão significa, num só momento ou movimento, desmascarar e perturbar a confusão que não di-ferencia, opondo-lhe a fantasia sem limites das histórias inventadas como resposta da criatividade do eu mais profundo ao mundo real da in-diferenciação. Confrontar os outros «que convosco me sufocais» com outros universos virtuais que embaraçam a predominância hegemónica e a opacidade essencial do mundo comum real. Estes universos possíveis não são irreais, mas possibilidades bem mais reais, sobrereais, que abrem fendas no mundo real, criando agitação louca entre aqueles que não se diferenciaram do nós, uns dos outros, num mundo indi-ferenciado. Confundir a confusão é agitar e perturbar a in-diferenciação, deixando-a sem método e desorientada, e, nessa agitação, levar consigo para dentro de si próprio aquilo que sempre já lá estava: o substrato a partir da a-propriação do qual o eu genuíno, a interioridade do eu, pode ser re-feita, libertada dos sentidos sedimentados num meio simbólico demasiado oficial.
A poetisa a-propria-se assim da língua que é sempre a nossa língua, dando-lhe uma nova possibilidade de vir a ser, não a língua da con-formidade, mas a linguagem da re-volta. Com efeito, fugir para dentro de si próprio é re-voltar-se no sentido de regressar a si próprio, num diálogo interior em que o Si mesmo fala com o Mim, aquilo que já está previamente sedimentado e cristalizado em cada um de nós, o social, tendo em vista dar novos sentidos, novas direcções e novas orientações ao eu como ao mundo. «Regressar a mim» é voltar a si próprio, àquela esfera mais própria e mais íntima da nossa subjectividade, voltando a pensar de novo, desde a sua "origem", novas possibilidades de ser no mundo e para o mundo. O substrato, isto é, o Ilimitado é o pensamento "puro", o pensamento «sem limites», sem constrangimentos e sem coacções externas, sem barreiras. Puro acto de criação poética! Aquilo que é sem limites é o ilimitado e o pensamento que deseja pensar sem limites a-briga-se no Ilimitado, na clareira de Rilke, o lugar original donde briga, isto é, luta contra o limitado. O limitado é aquilo que vive confinado a si mesmo, o fechado em si mesmo, dentro dos seus limites. O mundo donde a poetisa deseja fugir é o mundo limitado e este mundo é o mundo que põe limites ao eu e à sua actividade autoreflexiva, o mundo que o mergulha profundamente na in-diferenciação. (Continua) J Francisco Saraiva de Sousa
10 comentários:
Bravo!!!
Adorei. Ainda mais a recensão do que o poema.
Uma vez que este é um blog democrata eu voto para que se torne um blog de análise poética. :)
A ancestral luta entre sociedade e indivíduo, que as tragédias gregas celebraram como mais nenhuma outra expressão!
Mas quem não arrisca nunca saberá se seria demasiado tarde para tentar a sua sorte e regressar a si próprio. Para saber isso, é necessário que tenha a coragem de assumir esse risco fatal.
Só quem viaja pode regressar; só quem se lança às feras, pode triunfar. :)
E no entanto, e apesar de toda a coerção, há sempre no tecido social de que dependemos um espaço para a marginalidade onde alguns arriscam cruzar fronteiras e lançar sementes para novas searas sociais.
Resta contudo a questão da legitimidade desses processos. Como não há forma de regressar à história, ficaremos para sempre sem saber se algures no tempo cruzamos tempos de harmonia, em que os condicionalismos culturais objectivos geriam as expectativas a um nível em que a coexistência entre a satisfação do eu e o destino do todo foi possível - até que alguém á procura de um outro "eu" o rompeu...:))
É da nossa natureza a demanda de Reinos do Prestes João, mesmo quando se acaba, como Baudolino, apaixonado por mulheres com pés de cabra…:))
Olá ambos
Estava desencantado ontem até agora que cheguei a casa.
A poetisa teve um final triste em Israel, muito triste. Gosto dela por causa da conexão com Georg Trakl. Talvez tenha sido um pouco "violento", mas a sua poesia presta-se a estes devaneios.
Sim, Papillon: os gregos cantaram bem essa tragédia e Snell acha que só a partir de certa altura é que descobriram o Self! Estranho..., sempre o conflito...
Sim, Manuel, a marginalidade dava origem a uma longa pesquisa e bem interessante. O mundo do devaneio, do êxtase... tantos pequenos mundos que nos possibilitam escapar à vigilância... Gosto desses universos alternativos, porque neles o nosso self verdadeiro revela-se melhor... :)
O espírito da utopia, tal como o revelou Ernst Bloch: sonhar acordado... Isso alimenta o nosso espírito e fortalece-o.
Tenho lido caladinha ( até para não ler depois "bocas" de que gostaram muito do meu blog...(risos)), mas desta vez tenho de dizer algo.
E o que tenho simplesmente a dizer é que acabo de ler a melhor recensão sobre um poema de que tenho memória !
Aceita uma rosa branca ?
Claro que aceito uma rosa branca! Obrigado, Alvorada. Fez-me lembrar Paul Celan e "Sete Rosas Mais Tarde". :)))
O mundo do devaneio, do êxtase é o mundo do dionisíaco...
Espero que a noite tenha sido boa conselheira... e que o tenha re-encantado!
Viva a luz, viva o Sol e Apolo! A penumbra só é interessante se for passagem para a luz. :)
Sim, miss Alvorada só o Francisco e o meu prof Caeiro a ler-nos Píndaro e Safo e Holderlin... salvé a vós.
Partilhamos a mesma paixão pelos poetas: Holderlin, Píndaro, Safo, Celan, Trakl, a nossa FlorBela... :)
Ultimamente tenho redescoberto a fenomenologia da imaginação poética de Blanchard, aquela que desprezei quando estudava. Era (e ainda sou) muito científico! :(
Está a ver: em vez de Bachelard escrevi Blanchard (um biopsiquiatra). :)
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