sábado, 8 de dezembro de 2007

Depressão e Internet Addiction

Diversos estudos mostraram a existência de um uso aditivo, portanto, patológico, da Internet, de resto associado significativamente com problemas sociais, psicológicos e ocupacionais.

Os netviciados usam a Internet, em média, 38 horas por semana, para fins não-académicos ou não-profissionais. Este uso compulsivo provoca efeitos negativos no desempenho académico dos estudantes, desavenças nos casais (as infidelidades on-line, por exemplo) e redução do desempenho profissional na população dos empregados.

Os indivíduos não-viciados usam a Internet, em média, 8 horas por semana, e não relatam efeitos negativos.

As capacidades interactivas da Internet que parecem ser mais aditivas (em termos comportamentais) são os "chat rooms" e os "on-line games", para já não falar da pornografia e de outros usos sexuais da Internet.

O alcoolismo e a toxicodependência estão geralmente associados a perturbações mentais, tais como a depressão. Ora, o uso compulsivo da Internet também foi associado à depressão, através da utilização do "Beck Depression Inventory", aliás ligado às terapias cognitivas da depressão, já referidas aqui noutro post. Young & Rodgers (1998) demonstraram que o uso patológico da Internet está fortemente associado à depressão. Contudo, a relação causal ainda não foi esclarecida. Os nossos dados parecem mostrar que níveis elevados de isolamento social conduzem ao dispêndio excessivo de tempo diante do computador, donde resulta um aumento da depressão, a qual poderá constituir um factor etiológico no desenvolvimento de qualquer "addictive syndrome". (Ver posts editados nos meus blogues CyberPhilosophy e CyberBiologia e CyberMedicina.)

J Francisco Saraiva de Sousa

5 comentários:

E. A. disse...

Acho que a Internet, em si mesma, não é aditiva, ela é-o em função do sexo. Ou seja, é um meio, porque a internet em si não é nada especificamente, é aquilo que a cada um possa proporcionar. No caso de pessoas aditas ao sexo, ou com qualquer uma das parafilias que lhe subjaz, utilizam a internet como o meio mais fácil para a sua satisfação. Ou então, como também enunciou, aditas ao jogo, mas, mais uma vez a internet é um meio para proporcionar essa busca, e não é um vício em si.

Uma pergunta que gostaria de lhe fazer porque é a sua área de especialização, saber-me-á responder: numa aula a prof. Isabel Renaud disse-nos que os filmes pornográficos representam as várias parafilias de modo a satisfazer os utilizadores que são todos, portanto, perturbados mentalmente. De facto, já vi alguns filmes, e mesmo aquele que achei "bonito" (belas pessoas, boa música e belos cenários) têm sempre cenas de sado-maso, etc, etc, as fantasias mais comuns de uma maneira formatada. Será isto que ela quer dizer? Que a pornografia (toda ela) usa-se das perturbações dos seus clientes?

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A pornografia é uma indústria produzida por homens para homens e, por isso, a feitura dos filmes reflecte todos aqueles estímulos capazes de excitar os homens.
A Renaud exagerou, a menos que tenha visto muitos filmes porno. Há casais que usam filmes para excitar o homem e não são necessariamente perturbados. Aliás, há grande diversidade de temáticas e algumas mulheres já realizam e produzem filmes porno.
Contudo, alguns estudos detectaram menor competência cognitiva nos seus utentes, mas outros não reproduziram tais resultados.Qualquer dia edito um post sobre isso, embora já tenha editado algo sobre pornografia.
A análise factorial tem dado resultados não significativos quanto à Internet. Mas, em si, a Internet vicia: eu sou viciado e dependente do computer. Adição profissional, técnica. E não tem nada a ver com sexo. :))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não sei se leu meu texto "GaySex on the Internet": apresenta alguns resultados..., imcompletos, porque é artigo.

E. A. disse...

Obrigada.
Sim, o filme luxuoso que vi foi acompanhada. E não acho que eu tenha perturbações, nem a companhia. Mas o que é facto é que os filmes pornográficos são formatados, podem ser esteticamente tratados, mas têm sempre as mesmas "cenas". Por isso, possa ser (e é) excitante para as mulheres, mas sobretudo, minutos depois, entediante.

Vício na máquina... sinceramente não percebo: ela é viciante porque é alienante. Como o trabalho, o sexo, o jogo... Mas não consigo perceber a qualidade específica da internet, ou do computador. Se calhar o Francisco não é viciado, é futurista. Todos ficarão assim, agarrados ao pc.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sexo é bom, sobretudo acompanhado! :))
Qualquer técnica vicia: adições tecnológicas. Veja o caso do telemóvel: comportamentos viciados. Porém, o perfil psicológico tem uma palavra a dizer. Estamos de acordo. :))