Na sua obra «A Miséria da Filosofia», Marx apresenta uma classificação dos economistas bastante actual, apesar da economia moderna fazer tudo para denegrir o seu nome ou o seu contributo, de resto reconhecido por Joseph A. Schumpeter.
Marx distingue três escolas de economistas: a escola dos economistas fatalistas, que compreende os clássicos (Adam Smith e Ricardo) e os românticos, a escola humanitária e a escola filantrópica. Todos os economistas destas escolas «são os representantes científicos da classe burguesa», aos quais Marx opõe «os socialistas e os comunistas», «os teóricos da classe proletária», onde se inclui. Mas actualmente há uma nova classe de economistas que, ao contrário dos clássicos, não encara a miséria como «a dor que acompanha qualquer parto, na natureza como na indústria», adoptando intencionalmente traços das restantes escolas. Como os românticos, são «fatalistas indiferentes que, do alto da sua posição (adquirida na segunda metade do século XX), lançam um soberbo olhar de desdém sobre os homens locomotivas que fabricam as riquezas». Sabem que «a miséria é gerada em tão grande abundância como a riqueza», mas preferem negar «a necessidade de antagonismo», por vezes deplorando «o infortúnio do proletariado», quando, na verdade, estão interessados na manutenção das desigualdades sociais, que justificam a subjugação apresentada como fatalista da política à economia, a sua economia burocrática e o pensamento único.
Este economicismo classista que pretende reduzir tudo à economia - o homem, a sociedade, a cultura e a natureza são colonizadas pela economia instrumental e funcional - é o maior inimigo da democracia e, desde a queda do muro de Berlim, já não consegue encobrir o seu rosto, que mostrei no meu post Notas sobre Burocracia. Com efeito, tal como os economistas filantrópicos de Marx, os economistas burocratas do nosso tempo «querem conservar as categorias que exprimem as relações burguesas (relações de desigualdade social injusta), sem ter o antagonismo que as constitui». Por isso, inventaram (algumas) políticas de segurança social: o seu rosto pseudo-humanitário, as quais, além de serem (racionalmente) insustentáveis, criam párias sociais, isto é, animais profundamente dependentes e, portanto, submissos. O sentido de muitas destas políticas é contrário ao «desenvolvimento da individualidade» e das suas potencialidades subjectivas exigido por Karl Marx. É este Marx liberal, finalmente liberto da prisão do «marxismo soviético», que deve ser resgatado pela Esquerda socialista ou social-democrata, bem como a sua crítica da economia política, conforme mostrei neste post Prós e Contras: O Trabalho.
J Francisco Saraiva de Sousa
Marx distingue três escolas de economistas: a escola dos economistas fatalistas, que compreende os clássicos (Adam Smith e Ricardo) e os românticos, a escola humanitária e a escola filantrópica. Todos os economistas destas escolas «são os representantes científicos da classe burguesa», aos quais Marx opõe «os socialistas e os comunistas», «os teóricos da classe proletária», onde se inclui. Mas actualmente há uma nova classe de economistas que, ao contrário dos clássicos, não encara a miséria como «a dor que acompanha qualquer parto, na natureza como na indústria», adoptando intencionalmente traços das restantes escolas. Como os românticos, são «fatalistas indiferentes que, do alto da sua posição (adquirida na segunda metade do século XX), lançam um soberbo olhar de desdém sobre os homens locomotivas que fabricam as riquezas». Sabem que «a miséria é gerada em tão grande abundância como a riqueza», mas preferem negar «a necessidade de antagonismo», por vezes deplorando «o infortúnio do proletariado», quando, na verdade, estão interessados na manutenção das desigualdades sociais, que justificam a subjugação apresentada como fatalista da política à economia, a sua economia burocrática e o pensamento único.
Este economicismo classista que pretende reduzir tudo à economia - o homem, a sociedade, a cultura e a natureza são colonizadas pela economia instrumental e funcional - é o maior inimigo da democracia e, desde a queda do muro de Berlim, já não consegue encobrir o seu rosto, que mostrei no meu post Notas sobre Burocracia. Com efeito, tal como os economistas filantrópicos de Marx, os economistas burocratas do nosso tempo «querem conservar as categorias que exprimem as relações burguesas (relações de desigualdade social injusta), sem ter o antagonismo que as constitui». Por isso, inventaram (algumas) políticas de segurança social: o seu rosto pseudo-humanitário, as quais, além de serem (racionalmente) insustentáveis, criam párias sociais, isto é, animais profundamente dependentes e, portanto, submissos. O sentido de muitas destas políticas é contrário ao «desenvolvimento da individualidade» e das suas potencialidades subjectivas exigido por Karl Marx. É este Marx liberal, finalmente liberto da prisão do «marxismo soviético», que deve ser resgatado pela Esquerda socialista ou social-democrata, bem como a sua crítica da economia política, conforme mostrei neste post Prós e Contras: O Trabalho.
J Francisco Saraiva de Sousa
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