A homossexualidade feminina é um fenómeno relativamente pouco compreendido e os estudos que lhe são dedicados são frequentemente de escasso valor científico. De facto, como dizem as próprias lésbicas mais abertas ao espírito dos movimentos feministas, os homens que as estudaram nunca deixaram completamente fora de circuito a «velha ideologia machista» que teima em tratar condescendentemente a sexualidade feminina como uma espécie de «vulnerabilidade». Um conceito impôs-se desde o início da nossa pesquisa de campo: qualquer tipo de expressão sexual tem de ser diferenciado em si mesmo e no seu conceito. Já não se pode falar da homossexualidade feminina como um fenómeno único e uniforme nas suas manifestações. Não há homossexualidade feminina: existem homossexualidades femininas que, tais como as masculinas, têm de ser perspectivadas como estilos de vida altamente diversificados e distintos. Destacam-se imediatamente dois tipos básicos de homossexualidades femininas: as lésbicas masculinizadas e as lésbicas muitíssimo femininas. Qualquer um deles corresponde grosso modo aos estereótipos sociais, respectivamente da "camionista" e da "galinha" ou de "butch" e de "femme" (Bright, 1998). A cultura do duplo-padrão também conseguiu invadir com sucesso os mundos homossexuais femininos — a cultura lésbica. Os dois extremos são completamente distintos, mas, apesar disso, não divergem entre si; pelo contrário, complementam-se, garantindo desde logo a independência sexual das lésbicas. Os extremos atraem-se, mas entre eles desenvolve-se uma multiplicidade de manifestações homossexuais femininas. Entre as lésbicas, há uma crescente tomada de consciência de que a relação sexual entre mulheres deve ser uma «relação entre iguais». Isto significa que os papéis sexuais não se impõem desde o início em função das preferências sexuais de cada uma das parceiras: a relação sexual entre mulheres é vista como uma "luta" que se trava entre as participantes até se alcançar um «equilíbrio». Eis aqui o repto que as lésbicas mais emancipadas lançam à alternação sexual masculina: recusa da cultura estigmatizante do duplo-padrão e, consequentemente, procura de novos modelos culturais mais adequados às especificidades das relações homossexuais femininas. Uma tal emancipação tende a «limar» as arestas demasiado rígidas dos padrões assimilados pelos membros dos dois tipos básicos das homossexualidades femininas. A diferença sexual é desconstruída e, desse acto, resulta a emergência de novos tipos de homossexualidades femininas menos estereotipados e muito mais flexíveis (Baumeister, 2000). Ideologicamente, as lésbicas emancipadas distanciam-se claramente das "camionistas" ou mesmo das "galinhas". Como dizem frequentemente: «Estas estão bem umas para as outras, mas nós procuramos novos rumos», embora numa «situação de emergência» não recusem a companhia sexual de qualquer uma das outras. Assim, temos dois tipos básicos de homossexualidades femininas entre os quais se desenvolvem novos tipos aos quais chamaremos genericamente homossexualidades femininas emancipadas ou emergentes. 1. LÉSBICAS MASCULINIZADAS. Chamaremos lésbicas masculinizadas àquelas mulheres que apresentam um comportamento e um estilo de vida visivelmente masculinos no sentido em que correspondem claramente aos estereótipos sociais da masculinidade. Na terminologia clássica, poderíamos classificá-las no âmbito da "inversão sexual", mas uma tal classificação destaca apenas o papel sexual desempenhado no acto sexual. Numa situação sexual ideal, o homossexual é muito mais que a sua orientação sexual e todas as atitudes e práticas que digam respeito à actividade sexual: reduzir o indivíduo homossexual à sua orientação sexual é adoptar uma concepção fetichista da homossexualidade, que, além de ser imoral, é pouco credível e fértil no plano científico. Qualquer homossexual é um indivíduo total. Os termos «butch», «bombeiro», «camionista» ou «galo» retractam bem esse grupo de lésbicas, mas à custa de encobrir uma diferença. Há, pelo menos, dois subtipos de lésbicas masculinizadas: as caricaturais e as emergentes. 1.1. LÉSBICAS MASCULINIZADAS CARICATURAIS. Às mulheres que se identificam completamente com o padrão masculino social e culturalmente dominante chamaremos lésbicas masculinizadas caricaturais. Encaram a relação sexual entre mulheres em função dos moldes heterossexuais. Isto significa nomeadamente que uma delas — a mais masculina — deve desempenhar o papel sexual masculino, sendo dominadora e activa; a outra deve ser dócil e acima de tudo submissa e passiva. Para que a imitação seja mais genuína, recorrem frequentemente a acessórios sexuais que funcionem como falos, nomeadamente vibradores, com os quais penetram as vaginas das suas parceiras como se se tratasse de uma relação heterossexual. 1.2. LÉSBICAS MASCULINIZADAS EMERGENTES. São as mulheres que, apesar do seu estilo masculino predominante e da sua preferência sexual definida, estão disponíveis para explorar outras alternativas em função do «jogo» que estabelecem com as suas parceiras sexuais. Esta abertura é, no entanto, mais aparente do que real, na medida em que as parceiras «escolhidas» mostram sinais de «feminilidade» e, por conseguinte, são à partida parceiras que se deixam facilmente «submeter» à «liderança sexual» da parceira masculinizada. Estas homossexuais não se identificam facilmente com o padrão sexual masculino. Contudo, apesar de certas manifestações de repúdio da imagem falocrática atribuída à sexualidade masculina, elas procuram «recriá-la» sem aquela «agressividade» que dizem ser especificamente masculina. Geralmente, estas lésbicas são conhecidas entre os homossexuais masculinos como "os galitos". 2. LÉSBICAS EMANCIPADAS. Chamaremos lésbicas emancipadas àquelas mulheres que procuram alternativas em relação aos padrões sexuais instituídos. Para quebrar com o predomínio da cultura heterosexista do duplo-padrão, estas lésbicas procuram instituir novas práticas e jogos sexuais que relativizem substancialmente os papéis sexuais e de género transferidos da cultura heterossexual dominante para as relações homossexuais. Reconhecem a especificidade da homossexualidade e, por isso, procuram salvaguardá-la da colonização heterossexual. De certo modo, as lésbicas masculinizadas emergentes e as lésbicas femininas emergentes — das quais trataremos mais adiante — situam-se nas franjas limítrofes da homossexualidade feminina emancipada, mas não se enquadram plenamente nela por serem ainda portadoras de padrões heterossexuais predominantes. A alternação sexual parece dominar nas suas práticas sexuais: os papéis sexuais não estão pré-fixados; eles resultam da luta que as parceiras sexuais travam entre si até que se alcance a harmonia mais adequada à situação e, sobretudo, à interacção estabelecida. Seria extremamente oneroso diferenciar este grupo de lésbicas. As diferenças estabelecem-se em função de um consenso de fundo: a homossexualidade feminina deve libertar-se da colonização heterossexual dominante e instituir novas práticas e jogos sexuais que transcendam os estereótipos sociais, de modo a garantir a sua plena «autonomia». O que está aqui em questão são precisamente as noções comuns de homem e de mulher. Sem negar as devidas diferenças entre os sexos, as lésbicas emancipadas procuram, tal como os homossexuais masculinos emancipados em relação a uma suposta «essência masculina», recuperar a «essência feminina» que foi deformada e reprimida pela cultural patriarcal. Elas/eles não se inibem quando se afirmam como — gays ou mesmo lésbicas e, pontualmente, afirmam ser transgéneros. As diferenças são insignificantes face ao consenso de fundo que todas as lésbicas emancipadas partilham entre si. Se tivéssemos que determinar essas diferenças, diríamos apenas que são diferenças que se prendem aos grupos a que pertencem e aos respectivos estilos de vida. As lésbicas emancipadas «organizam-se» em grupos, cada um dos quais com o seu estilo de vida próprio, um uso específico da linguagem, maneiras de vestir diferentes, âmbitos de interacções diferentes, frequência de lugares diferentes, maneiras peculiares de lidarem com os homossexuais masculinos, enfim diferenças relacionadas com o estilo de vida da "tribo" a que pertencem. 3. LÉSBICAS FEMININAS. Chamaremos lésbicas efeminizadas àquelas mulheres que adoptam os padrões sexuais femininos, bem como o seu estilo de vida, exagerando-os quando interagem com as lésbicas masculinizadas. Correspondem geralmente ao estereótipo sexual da «feminilidade» e, por isso, são mais conhecidas por "galinhas". Apesar disso, torna-se necessário diferenciá-las em, pelo menos, dois subtipos: as lésbicas efeminizadas caricaturais e as lésbicas efeminizadas emergentes. 3.1. LÉSBICAS FEMININAS CARICATURAIS. São as mulheres que se identificam completamente com o padrão feminino social e culturalmente dominante. Encaram a relação sexual entre mulheres em função dos moldes heterossexuais. Isto significa nomeadamente que uma delas — a mais feminina — deve desempenhar o papel sexual feminino; a outra deve ser forte e acima de tudo activa. Para que a imitação seja mais genuína, recorrem frequentemente a acessórios sexuais que funcionem como falos, com os quais são penetradas pelas suas parceiras masculinizadas como se se tratasse de uma relação heterossexual. 3.2. LÉSBICAS FEMININAS EMERGENTES. São as mulheres que, apesar do seu estilo feminino predominante e da sua preferência sexual definida, estão disponíveis para explorar outras alternativas sexuais em função do «jogo» que estabelecem com as suas parceiras sexuais. Esta abertura é, no entanto, mais aparente do que real, na medida em que as parceiras «escolhidas» mostram sinais de «masculinidade», os quais garantem à partida a «liderança sexual» da parceira masculinizada. A sua «feminilidade» é uma recriação da feminilidade dominante, mas sem o pressuposto da dominação agressiva da parceira masculinizada. São, geralmente, conhecidas entre os homossexuais masculinos e as lésbicas como "as novas galinhas". O facto da tipologia das homossexualidades femininas exposta ser mais sócio-ideológica e cultural do que a nossa tipologia das homossexualidades masculinas reflecte uma diferença das sexualidades de género, com a sexualidade de género masculino a apresentar-se biologicamente mais rígida e fixa do que a sexualidade de género feminino (Baumeister, 2000; Diamond, 2000). Esta última é muito mais flexível e maleável e, por isso, está mais sujeita à socialização heterosexista de género (Whitam et al., 1998). Esta diferença de género explica provavelmente o insucesso da pesquisa genética (Pattatucci & Hamer, 1995) ou mesmo da pesquisa neuropsicológica no domínio das habilidades cognitivas e espaciais (Wegesin, 1998). Apesar disso, usámos alguns marcadores biológicos, supostamente indiciadores de níveis elevados de testosterona pré-natal ou neonatal, tais como o papel sexual preferido ou o tipo de parceira preferido pelos seus atributos. No fundo, as lésbicas diferenciam-se visivelmente em dois tipos: "butch" e "femme", entre os quais colocámos as emergentes ou emancipadas que integram os subtipos emergentes dos dois tipos básicos. As lésbicas "butch" são claramente masculinizadas tanto no aspecto físico como no comportamento, e sexualmente dominantes e activas, no sentido de que tomam «a iniciativa durante o acto sexual», enquanto as lésbicas "femme" são femininas ou mesmo hiperfemininas física e comportamentalmente e sexualmente submissas e passivas, no sentido de deixarem «a outra tomar a iniciativa» (Dicionário Gay/Lésbico Ilustrado online). As "butch" preferem parceiras femininas (aspecto e comportamento) e sexualmente submissas e as "femme" preferem parceiras masculinizadas e sexualmente dominantes, activas ou mesmo agressivas. Tal como sucede com os homens gay, dada a diferenciação interna, as lésbicas completam-se comportamentalmente, afectiva e sexualmente, embora recebam ajuda das mulheres que se auto-intitulam bissexuais, as quais intercalam períodos em que são heterossexuais e períodos em que são homossexuais (Diamond, 1998), ou manifestam simultaneamente comportamentos heterossexuais e homossexuais, podendo mesmo ser casadas com homens e terem filhos. Os casais de lésbicas, tal como os casais gay, tendem a ser sexualmente diferenciados e compatíveis, nos quais as parceiras "butch" têm níveis mais elevados de testosterona salivar (Pearcey, Docherty & Dabbs, 1996). Estes nossos dados coadunam-se parcialmente com os de Muscarella et al. (2004). As lésbicas emancipadas ou emergentes são mais ideológicas e, como tal, procuram desestigmatizar a homossexualidade feminina. O estudo de Bailey et al. (1997) retrata, na nossa perspectiva, bastante bem este padrão emergente, quando, analisando os anúncios íntimos, conclui que as lésbicas discriminam potenciais parceiras românticas que tenham «aspecto masculino» (look masculine), mas não aquelas que ajam de modo masculino (act masculine). Daí que critiquem severamente as "butch" pela sua aparência masculina, sem condenar o seu papel sexual atípico. De facto, nas conversações diárias, elas preferem omitir este aspecto do comportamento sexual, mas, num encontro sexual, «a luta pelo equilíbrio» de que falam regularmente está quase sempre ditada pelos papéis sexuais preferidos por cada membro do casal ou par: a "butch" domina invariavelmente a relação e controla sexualmente a parceira "femme" ou mesmo emergente, desempenhando o papel «em cima», no decurso de actos sexuais tais como fricção dos clítoris um contra o outro, com movimentos pélvicos raramente efectuados pelos homens heterossexuais (Vasey, 2002), penetração lingual e/ou dos dedos na vagina da parceira, uso de vibradores ou dildos e simulação de coito vaginal e manipulação das mamas da parceira e palmadas nas nádegas. Os estudos biológicos têm descoberto associações importantes entre as lésbicas "butch" em particular e as lésbicas em geral e os supostos marcadores biológicos de exposição pré-natal ou neonatal aos androgénios, nomeadamente as 2D.4D digit ratios (Brown et al., 2002; Williams et al., 2000; Hall & Love, 2003) e o desenvolvimento de padrões masculinos nos potenciais auditivos evocados (McFadden & Champlin, 2000) e nas emissões otoacústicas (McFadden & Pasanen, 1998; McFadden, 2002). Estas associações sugerem que este tipo masculinizado de lésbicas é biologicamente mais rígido e fixo do que os restantes tipos, os quais estão mais em consonância com a fluidez da sexualidade e da identidade de género feminino (Diamond, 2000; Diamond, 1998; Baumeister, 2000). Aliás, o aspecto masculino das lésbicas "butch" revela-se visivelmente em dois comportamentos: o uso de cabelo curto e de roupas masculinas ou similares às usadas pelos homens, além de serem mais musculadas e hirsutistas, devido provavelmente à preferência por jogos e desportos masculinos manifestada activa e atipicamente desde a infância (Phillips & Over, 1995; Whitam & Mathy, 1991). Elas e algumas lésbicas femininas caricaturais tendem a ser mais resistentes às atracções intersexuais por homens do que as restantes lésbicas. Estas últimas sentem ou já sentiram atracções por homens, são ou já foram casadas com homens e têm filhos ou têm ou já tiveram casos sexuais com homens, alegando que a relação com homens as satisfaz sexualmente e a relação com mulheres as satisfaz afectiva e emocionalmente. Outro indicador é o facto dos casos conhecidos de transexualismo fêmea-para-macho serem protagonizados por mulheres masculinizadas. A escassez de anúncios íntimos lésbicos nas revistas homossexuais portuguesas, bem como o uso reservado feito pelas lésbicas portuguesas de determinados web sites lésbicos ou mesmo do computador e da Internet, impede-nos de monitorizar mais pormenorizadamente estas observações. Isto sugere que a expressão da homossexualidade feminina em Portugal ainda está fortemente sob controlo da socialização heterosexista de género, apesar da luta de muitas lésbicas e casais de lésbicas contra o heterosexismo e os estereótipos sociais. O facto de muitíssimas mulheres homossexuais conjugarem a vida de casadas e de mães com relações extraconjugais lésbicas, algumas com o conhecimento dos maridos, geralmente de estatuto social e profissional elevado (deputados, profissões liberais e empresários), mostra a força da socialização de género e o modo como impede o desenvolvimento de uma identidade homossexual estável e saudável. Tal como os homens homossexuais, as lésbicas tendem a recordar infâncias menos convencionais do que as mulheres heterossexuais, incluindo características como serem «marias-rapazes», líderes, invulgarmente activas ou exploratórias, preferindo a companhia de rapazes, as roupas de rapazes, jogos e brinquedos de rapazes. No entanto, não podemos assumir automaticamente que uma menina «maria-rapaz» será, na idade adulta, uma mulher lésbica. Contudo, estatisticamente, existe uma associação entre traços de infância e sexualidade adulta (Bell et al., 1981; Singh, Vidaurri, Zambarano & Dabbs, 1998) e, com base nas nossas próprias observações das mulheres lésbicas, podemos afirmar que as lésbicas marcadamente "butch" (masculinas na acção) na vida adulta relataram ter sido «marias-rapazes» quando crianças. Embora não tenha sido publicado nenhum estudo prospectivo importante, comparável ao estudo dos rapazes de Green (1985), sobre raparigas como estas, a nossa pesquisa de terreno aponta claramente no sentido de que as lésbicas marcadamente masculinizadas tiveram quase sempre infâncias atípicas.
A nossa tipologia das homossexualidades femininas destaca um terceiro tipo emergente entre os dois tipos extremos de lésbicas "butch" e "femme", de modo a dar ênfase ao carácter mais fluído da sexualidade de género feminina, mais aberta às influências psicossociais e culturais (Diamond, 2000; Diamond, 2003; Baumeister, 2000; Baumeister, Catanese & Vohs, 2001; Pattatucci & Hamer, 1995). O estudo de Singh, Vidaurri, Zambarano & Dabbs (1999) descobriu que as diferenças que ocorrem naturalmente nos níveis de testosterona entre as lésbicas permitem distinguir dois subtipos de lésbicas: "butch" ou lésbicas masculinizadas e "femme" ou lésbicas femininas. As próprias lésbicas classificam-se nesses dois grupos em função da constituição corporal, do peso, do modo de andar, do estilo de vestir e das atitudes.
As lésbicas "butch" são maiores em tamanho, mais activas e menos bonitas do que as lésbicas "femme" (Loulan, 1990). O grau de masculinidade das lésbicas "butch" foi predito pelos níveis de testosterona salivar (Pearcey, Dochert & Dabbs, 1996). Além disso, as lésbicas "butch" revelaram estar envolvidas em mais relações nos dois últimos anos, relataram menor desejo de dar à luz mas maior desejo de cuidar das crianças das suas companheiras "femme" e eram muito menos propensas a adoptar um estilo submisso de participação sexual. Também disseram apreciar mais os materiais eróticos do que as restantes mulheres. Estes dados sugerem claramente que o estilo das lésbicas "butch" se aproxima muito dos comportamentos sexuais típicos dos homens.
Os casais de lésbicas são fortemente diferenciados e existem indicações de que os membros "butch" têm níveis significativamente mais elevados de testosterona do que as lésbicas "femme". Pearcey, Docherty & Dabbs (1996) descobriram que a testosterona salivar está associada com a classificação "butch/femme", mas somente quando analisada a partir do interior da relação das parceiras. Mais recentemente, Lippa (2007) descobriu que as lésbicas, provavelmente "butch", tal como os homens, exibem um elevado "sex drive", o que sugere o papel fundamental desempenhado pela testosterona na motivação sexual (Baumeister, Catanese & Vohs, 2001), bem como na violência doméstica observada nos casais de lésbicas (Rohrbaugh, 2006; Liu, 2003; Kuehnle & Sullivan, 2003; Pitt & Dolan-Soto, 2001; Pitt, 2000).
Apesar da pesquisa genética ainda não ter fornecido dados conclusivos (Pattatucci & Hamer, 1995), o conjunto dos dados disponíveis apoiam a noção de que existe uma componente biológica na orientação sexual feminina (Bailey, Pillard, Neale & Agyei, 1993; Bailey & Benishay, 1993) e, pelo menos o tipo masculinizado de homossexualidade feminina, é explicável pela hipótese neuro-hormonal, de resto bem fundamentada pelo estudo de populações clínicas, em especial hiperplasia adrenal congénita (CAH) e outras síndromes intersexuais (Hines, 2006).
J Francisco Saraiva de Sousa
A nossa tipologia das homossexualidades femininas destaca um terceiro tipo emergente entre os dois tipos extremos de lésbicas "butch" e "femme", de modo a dar ênfase ao carácter mais fluído da sexualidade de género feminina, mais aberta às influências psicossociais e culturais (Diamond, 2000; Diamond, 2003; Baumeister, 2000; Baumeister, Catanese & Vohs, 2001; Pattatucci & Hamer, 1995). O estudo de Singh, Vidaurri, Zambarano & Dabbs (1999) descobriu que as diferenças que ocorrem naturalmente nos níveis de testosterona entre as lésbicas permitem distinguir dois subtipos de lésbicas: "butch" ou lésbicas masculinizadas e "femme" ou lésbicas femininas. As próprias lésbicas classificam-se nesses dois grupos em função da constituição corporal, do peso, do modo de andar, do estilo de vestir e das atitudes.
As lésbicas "butch" são maiores em tamanho, mais activas e menos bonitas do que as lésbicas "femme" (Loulan, 1990). O grau de masculinidade das lésbicas "butch" foi predito pelos níveis de testosterona salivar (Pearcey, Dochert & Dabbs, 1996). Além disso, as lésbicas "butch" revelaram estar envolvidas em mais relações nos dois últimos anos, relataram menor desejo de dar à luz mas maior desejo de cuidar das crianças das suas companheiras "femme" e eram muito menos propensas a adoptar um estilo submisso de participação sexual. Também disseram apreciar mais os materiais eróticos do que as restantes mulheres. Estes dados sugerem claramente que o estilo das lésbicas "butch" se aproxima muito dos comportamentos sexuais típicos dos homens.
Os casais de lésbicas são fortemente diferenciados e existem indicações de que os membros "butch" têm níveis significativamente mais elevados de testosterona do que as lésbicas "femme". Pearcey, Docherty & Dabbs (1996) descobriram que a testosterona salivar está associada com a classificação "butch/femme", mas somente quando analisada a partir do interior da relação das parceiras. Mais recentemente, Lippa (2007) descobriu que as lésbicas, provavelmente "butch", tal como os homens, exibem um elevado "sex drive", o que sugere o papel fundamental desempenhado pela testosterona na motivação sexual (Baumeister, Catanese & Vohs, 2001), bem como na violência doméstica observada nos casais de lésbicas (Rohrbaugh, 2006; Liu, 2003; Kuehnle & Sullivan, 2003; Pitt & Dolan-Soto, 2001; Pitt, 2000).
Apesar da pesquisa genética ainda não ter fornecido dados conclusivos (Pattatucci & Hamer, 1995), o conjunto dos dados disponíveis apoiam a noção de que existe uma componente biológica na orientação sexual feminina (Bailey, Pillard, Neale & Agyei, 1993; Bailey & Benishay, 1993) e, pelo menos o tipo masculinizado de homossexualidade feminina, é explicável pela hipótese neuro-hormonal, de resto bem fundamentada pelo estudo de populações clínicas, em especial hiperplasia adrenal congénita (CAH) e outras síndromes intersexuais (Hines, 2006).
J Francisco Saraiva de Sousa
9 comentários:
Uma nota omitida neste post: Tal como os homens gay efeminados são marginalizados no universo masculino gay predominante, o mesmo sucede em relação às lésbicas butch no mundo lésbico. O que eles condenam não é a "passividade" ou a "actividade", mas o "aspecto" e o comportamento.
As lésbicas emergentes condenam o aspecto masculino mas admiram a "acção masculina", e os homens gay condenam o aspecto efeminado sem reprovar a receptividade. Estas condenações têm efeitos de saúde negativos nas suas "vítimas".
Outra nota: Agustina Bessa-Luis pode ser lida como uma defensora da teoria da vulnerabilidade feminina. Mais outra mulher do Porto! :))
Outra curiosidade: Abel Salazar dizia que as mulheres portuguesas eram "muito feias" e pouco atractivas, sobretudo quando comparadas com as mulheres do Norte da Europa. È uma perspectiva!
Fui interrompido quando escrevia o comentário anterior..., com o objectivo de ser irónico. :(
Estas últimas sentem ou já sentiram atracções por homens, são ou já foram casadas com homens e têm filhos ou têm ou já tiveram casos sexuais com homens, alegando que a relação com homens as satisfaz sexualmente e a relação com mulheres as satisfaz afectiva e emocionalmente.
Pensava que era o contrário: que as mulheres casavam-se com um homem por estarem apaixonadas ou terem com ele uma íntima relação afectiva, mas deixavam-no porque a sexualidade n era satisfatória.
Bom, de qualquer maneira, foi uma interessante taxinomia... :)
As mulheres do Sul da Europa são mais bem feitas que as do Norte! Muito mais! Têm formas e não só altura e mamas. :P
Olá Papillon
Correu tudo bem? :)
Este texto está muito interessante, sem dúvida!
Mas hoje estou muito cansada para as minhas análises sociológicas! :(
Tive uma semana de trabalho muito cansativa.
Tentarei logo que possa ler mais atentamente.
(Francisco, recebeu o mail que lhe enviei esta semana?)
Helena
Recebi o seu email: Boa iniciativa! Diga depois qualquer coisa! Descanse. :)))
Não... não vi o comentário! :(
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