Hoje não estou com paciência para acabar de ver o programa «Prós e Contras» dedicado às tecnologias no futebol. Pelo que escutei e vindo das bocas de quem veio, sempre as mesmas, cheguei à conclusão que os problemas do futebol são, por um lado, o jornalismo desportivo em geral e, por outro, os ladrões que usam uma instituição que gere emoções e fomenta identidades para enriquecer e para ter visibilidade. O jornalismo distorce sistematicamente a «verdade do jogo» e tenta manipular os resultados, mediante campanhas de desmotivação e desmoralização. Estas campanhas de propaganda perniciosa, mais do que os árbitros ou outros agentes desportivos, aliás vítimas delas, são tendenciosas e claramente clubísticas. Além disso, a «democracia» é um conceito político dotado de um sentido digno e, por isso, não deve ser aplicado levianamente a esferas não-políticas. Se há uma «verdade do jogo» (conceito epistemológico, não desportivo), ela não resulta de um entendimento «democrático», mas do próprio jogo visualizado imparcialmente (situação ideal) pela equipa de árbitros. Precisamos de uma epistemologia do jogo, capaz de desmistificar as mentiras do jornalismo desportivo, pelo menos do lisboeta. A aplicação indiscriminada das tecnologias poderá desumanizar o futebol e destruir a sua «beleza»: a libertação das energias contidas e reprimidas. Até estou a ceder muito, contra gosto, a um modelo energético do comportamento, mas a metáfora é adequada para exprimir o meu pensamento. Deixem o futebol gerir-se a si mesmo e não queiram burocratizá-lo. Chega de burocracia: mata a alma e rouba a identidade. Nesta matéria, convém ser conservador: a mudança não é necessariamente «boa» e a mudança tecnológica protagonizada pelo Hermínio da Liga é simplesmente má, porque significa controle burocrático e, portanto, falsificação dos resultados desportivos. Leiam «A Tribo do Futebol» de D. Morris: uma visão «etológica» do futebol com aquele humor tipicamente inglês. J Francisco Saraiva de Sousa
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