Porto: Casa do Roseiral |
Mais algumas ideias para a elaboração da Filosofia Médica:
1. Em Portugal, com os "filósofos" que temos, é impossível fazer o elogio da Filosofia: Eles mataram a Filosofia. Porém, a Filosofia atravessa um mau momento em todos os países ocidentais: as modas parisienses desgastaram a pesquisa filosófica e quebraram a continuidade da pesquisa fundamental. É preciso repensar a filosofia nas suas conexões com a ciência e a política: o mito positivista deve ser desinstitucionalizado. A Filosofia é conhecimento: esquecer isso é reduzir a filosofia a nada ou - o que é pior - a algo inofensivo. O Império da Opinião deve ser demolido e os seus portadores eliminados.
2. Os alemães têm produzido as melhores obras de Filosofia Médica. Hoje estive a ler algumas. Porém, o campo da Filosofia Médica é extremamente complicado. Sempre privilegiei a via que vai da patologia à fisiologia, mas neste momento vacilo: as teorias médicas disponíveis não captam a complexidade da biomedicina.
3. Steussloff & Gniostko (1968) escreveram uma obra monumental "A Imagem Marxista do Homem e Medicina", onde estabelecem como meta da medicina marxista o «homem social sadio». Ora, a medicina marxista é aqui pensada como antropologia. No entanto, acho ser possível questionar Marx sobre o problema do normal e do patológico: a minha intuição é que Marx concede prioridade ao patológico, até porque a sua "utopia social" é algo que ainda não foi realizado. Há portanto um repto marxista à abordagem de Comte.
4. De certo modo, Marx herda os problemas e as temáticas da medicina hipocrática e aprofunda-os. Ora, os princípios da medicina marxista permitem-nos detectar os erros das análises de Michel Foucault: o conceito de natureza não pode ser despachado. Direccionar o nosso olhar para a medicina permite-nos actualizar Marx. A Marxfobia é uma doença mental.
5. Só há um caminho para impedir a catástrofe: Usar a genética e a biomedicina para eliminar a maldade dos indivíduos de Direita.
6. O Jovem-Marx analisou conceitos-chave da Tradição da Medicina, em especial os conceitos de natureza e da relação do homem com outro homem que se comporta como "animal político". Deste modo, o seu Humanismo cristaliza-se a partir do Naturalismo.
7. Se a meta da medicina marxista é o homem social sadio, então podemos dizer que ela aprofunda a medicina hipocrática. A natureza pode eliminar o que torna a pessoa doente e restituir-lhe a saúde. Isto significa que a medicina grega é essencialmente formação do homem, é medicina antropoplástica, cuja arte terapêutica consiste no cuidado privado do corpo e num serviço público em prol da saúde denominado "politike". Com os novos progressos da medicina, é fácil recuperar estes conceitos gregos a partir da abordagem antropológica de Marx.
8. Ao esquecer a tradição marxista, a Esquerda europeia ficou sem orientação teórica e política. A Direita está a aproveitar essa amnésia da esquerda para destruir o Estado Social e o Serviço Nacional de Saúde. Marx continua a ser a luz que orienta as práticas políticas de esquerda; sem ele, não há política de esquerda.
9. Sou mesmo teimoso e não desisto facilmente das tarefas que me proponho: Pensar a biomedicina de modo a elaborar uma nova Filosofia Médica e uma Teoria Geral da Medicina. Passei todo o dia a estudar a evolução das ideias biológicas e médicas, na tentativa de descobrir um fio condutor. Porém, já ao fim da tarde, a minha mente foi caçada por uma ideia: a do desaparecimento do normal e do patológico ou, pelo menos, a emergência de uma abordagem plural. Quando passamos do macroscópio ao microscópio, torna-se oneroso classificar as doenças: a revolução do objecto e da óptica - a biologia molecular - faz desaparecer a nosologia. No entanto, suspeito que podemos actualizar a medicina hipocrática a partir desta revolução sem precedente.
10. A Clínica surgiu no século XVII, fazendo o termo referência ao leito onde o doente repousa. Ora, o desenvolvimento das teorias médicas nos finais do século XIX e no decorrer do século XX tornou desnecessária a clínica.
11. Ao longo da história, a medicina produziu mais mortes do que "curas". A sua amplitude contrastava com a sua fraca eficácia: muitas das pestes referidas pela história de Portugal foram crises de fome; as pessoas morriam de fome e não da peste. No entanto, nos conceitos da medicina hipocrática descobrimos ideias seminais que moldaram a evolução das ideias médicas.
12. Com a descoberta dos micróbios, o homem sentiu-se estranho num universo repleto de inimigos invisíveis. A bacteriologia levou à imunologia: a imunidade humoral é uma homenagem a Hipócrates.
13. "Abram os cadáveres": Esta palavra de ordem deu origem à anatomia e, posteriormente, à anatomia patológica. Logo aqui a medicina ocidental marca a diferença: a medicina chinesa é uma medicina sem anatomia. Porém, a dissecação dos cadáveres matou muitos "médicos" com a "picada anatómica". A ideia de infecção andava no ar, não podendo ser tematizada sem instrumentos.
14. O desenvolvimento da medicina foi bloqueado por diversas forças: a Igreja Católica tentou travar o uso dos cadáveres para a descrição anatómica e os "amigos dos animais" lutaram contra a experimentação animal sem a qual não haveria fisiologia. Porém, todos estes obstáculos foram superados e hoje todos beneficiam com o progresso da medicina. A história da anestesia pode ilustrar esta luta entre forças retrógradas e forças revolucionárias.
J Francisco Saraiva de Sousa
340 comentários:
«O mais antigo ‹Mais antiga 201 – 340 de 340Segundo dia da minha demanda pelo universo da heresia. O nascimento do romance e das literaturas ocidentais pode ser visto à luz de uma grande heresia surgida no século XII. E, sendo assim, a literatura e a poesia portuguesas têm sido mal-interpretadas. Convém não afastar a nossa literatura da literatura espanhola. Os Amandis portugueses desempenharam um papel nuclear na literatura mundial. Já sinto o cheiro de um Porto em busca do Graal!
A Mística - Ocidental e Oriental - deve ser libertada do preconceito materialista do século XIX. Há claramente duas correntes místicas na Europa: a ortodoxa e a herética. Nem sempre é fácil distingui-las. Esta busca da heresia pode ser produtiva: pacifica as relações entre Ocidente e Oriente. Uma via de recuperar a chama ardente da alma árabe!
O Porto possui um longo passado obscuro que ainda não foi revelado. Mas para desvelar esse passado oculto é preciso fazer uso da imaginação instruída pelo conhecimento superior. Sampaio Bruno foi herético e, durante o seu exílio holandês e francês, teve acesso às correntes subterrâneas do pensamento ocidental: o seu exílio é todo ele uma filosofia portuense.
Será que Camões conhecia o sentido oculto da sua poesia? Cantou ele o amor-paixão? Que relação estabeleceu entre esse amor de amar e a morte? Haverá uma mística oculta na poesia de Camões? Suspeito que ninguém leu Camões!
O Porto precisa de descobrir a sua origem celta para encontrar o seu caminho. Como não houve um Porto Árabe, é necessário descobrir o fundo do Porto Celta para compreender toda a sua história. O Porto sempre foi e é herético.
O facto de poder autonomizar o Porto do resto de Portugal, pelo menos em pensamento, é sintomático: o Porto é a alma de Portugal. António José Saraiva analisa o "Amadis de Gaula" mas sem captar a sua mensagem oculta: a passagem directa do Amadis para os amores de Pedro e Inês é um tremendo erro de análise. Os amores de Amadis e Oriana inspiram-se nos amores de Tristão e Isolda e de Lançarote e da rainha Genebra: quer dizer que ainda estão próximos do mito original do amor ocidental.
Aquilo que os portugueses dizem definir a alma portuguesa - o amor infeliz, a saudade do distante, a experiência do sofrimento - não tem nada de especificamente português: trata-se apenas de vestígios de uma mutação herética da alma ocidental ocorrida no século XII.
A Igreja da alma herética é a Igreja do Amor que a Inquisição destruiu, queimando os "Puros" e os seus livros. Já repararam que a Igreja Católica reagiu ao "culto da dama" - mas quem era essa "dama"? - com o culto de Nossa Senhora?, e que o jogo de xadrez surgiu no século XII com a dama a ter mais poder que o rei? Pois, a cabeça serve para pensar...
"A Corte Imperial": o único manuscrito desta obra magnífica pertenceu a Afonso Vasques de Calvos, morador na cidade do Porto que ainda era vivo em 1454: a obra deve ter sido escrita em finais do século XIV e inícios do século XV. Ora, há na obra vestígios de heresia: o beijo e a aureola da luz apontam para ela.
«O maior fim da criação do mundo é Deus ser Homem e o Homem ser Deus» (A Corte Imperial). A obra é considerada ortodoxa mas esta afirmação aponta para além da ortodoxia: Ela é profundamente herética e será mais tarde usada para legitimar o "ateísmo integral". Sampaio Bruno que conhecia bem esta obra retomou esta afirmação na forma que lhe deu Novalis.
Agostinho da Silva que ensinou em universidades brasileiras não compreendeu a realidade brasileira, sobretudo quando a confronta com a realidade dos USA. É certo que progresso técnico não implica progresso humano, como ele diz, mas quando reduzido ao confronto entre catolicismo e protestantismo, a verdade é que o Brasil fica a perder duplamente: privado de progresso técnico e humano, o Brasil fica apenas com um catolicismo misturado com diversas religiosidades arcaicas. A lucidez de Agostinho da Silva ofusca-se quando procura reduzir tudo a Deus e ao seu catolicismo.
Entre Marx e Freud é preciso colocar o nome de Wilhelm Reich, o dos primeiros escritos, onde produz a síntese freudo-marxista. De facto, precisamos reler os discursos da Psicanálise à distância. Na Psicanálise houve sempre duas alas: a ala da direita encabeçada por Jung e a ala de esquerda encabeçada por Reich. A Psicanálise é uma Filosofia que enganou todos quando se fez passar por terapêutica.
Daqui a 100 anos os homens olharão para a nossa "era" como sendo a pior "era da humanidade". Pena eu já estar morto porque devo ser o único mortal que condena a actual mediocridade satisfeita. Infelizmente, não podemos escolher o período histórico em que decorre a nossa vida, mas podemos lamentar o facto de vivermos numa era obscura e medíocre. Há gerações que nasceram fatalmente exiladas!
A seguir à Revolução de Outubro de 1917 houve um longo período de "libertação polimorfa da sexualidade", ou melhor, de caos sexual. Este período ficou conhecido como "bolchevismo sexual" e durou até que Estaline resolveu impor novas restrições à sexualidade em 1934. Reich confronta a sexualidade bolchevique e a sexualidade nazi ou mesmo a burguesa. A verdade é que todas elas mostram que a libertação sexual - a sexualidade satisfeita - não resolve nenhum dos grandes problemas sociais que preocupam os homens.
Eu não sei se a ciência irá resistir à tecnologia autonomizada, mas - supondo que ela resista e floresça no futuro próximo - os cientistas desse futuro irão ridicularizar a ciência que se tem feito e que ainda se faz: uma enorme confusão categorial. O caso da psicanálise é exemplar: uma leitura sociológica ou uma leitura biológica? As duas leituras podem ser feitas: o que é estranho é haver biólogos que respondem à psicanálise retomando os seus próprios termos a partir da estrutura e da função do cérebro. Ora, o biologismo de Freud não é biologismo molecular: a substância vida significa coisas diferentes em cada um destes campos teóricos. A Filosofia é fundamental para distinguir os níveis em que as teorias trabalham.
Confrontemos a Psicanálise e a Etologia objectiva de Konrad Lorenz: John Bowlby conseguiu operar uma síntese entre ambas e ínumeras outras sínteses são possíveis. Porquê? Porque ambas as ciências supõem um modelo físico energético. O modelo psico-hidráulico de Lorenz é capaz de explicar os comportamentos dos animais de forma formidável. Porém, não conseguimos traduzir esse modelo energético em linguagem neural das neurociências: os grafos neurais são suficientes para explicar o comportamento.
O Porto está em crise? Sim, a Cidade do Porto está há muito tempo em crise e os responsáveis por essa crise são os portuenses que recusam a modernização da cidade. Porém, há outra razão: a inserção do Porto neste ermo chamado Portugal.
Ainda continuo a estudar a História do Brasil tendo já chegado ao século XX; porém, devo confessar que estou perplexo com alguns rumos fatais tomados pela sociedade brasileira: as contradições internas são gritantes e não sei como podem ser resolvidas. Julgo que o problema brasileiro é o mesmo de toda ou quase toda a América Latina.
O discurso da emancipação do Índio que acompanhou a independência do Brasil é completamente "louco". Eu gosto muito dos trajes e dos ornamentos dos índios peruanos que visitam o Porto. Mas daí a depositar qualquer esperança social na missão do índio ou do negro vai uma longa distância. Mesmo os USA que seguiram outro caminho já não conseguem evitar a crescente pobreza interna. As pessoas não conhecem bem as cidades americanas para além do centro: a pobreza que habita as periferias invade o próprio centro. O sonho americano é uma tremenda mentira.
Estive a ler autores franceses e alemães que dizem que Portugal foi povoado por franceses vindos do Sul de França. Ora, o Porto fazia parte de outro reino ibérico: De afinidade em afinidade vamos até à Galiza, passamos por Aragão e entramos em plena Provença francesa. Eis a nossa genealogia. De facto, a saudade portuense aponta para a sua origem.
O Porto tem mudado muito desde o tempo de Fernando Gomes e o facto da Universidade do Porto ter-se mundializado deu maior visibilidade à cidade. Agora é preciso pensar novos modelos de desenvolvimento para o Porto capazes de atrair e de fixar os portuenses e os estrangeiros. Sedução e fixação devem caminhar juntas.
Olhar para o Norte é o destino do Porto: A cidade do Porto deve fechar-se a Lisboa e abrir-se a Vigo, Santiago de Compostela e Corunha, bem como a outras cidades do norte peninsular. Afinal, o que nos interessam as ligações múltiplas a Lisboa? Nada...
Os portugueses são maus uns para os outros: Trabalhar em Portugal é estar sob ameaça permanente e sujeito a abuso de poder. O governo retomou o ataque a V Constâncio, esquecendo que o BPN era um banco laranja-podre. E Durão Barroso construiu a sua carreira à custa de Portugal. Este é o problema: os burocratas portugueses vendem o país ao estrangeiro para construir as suas carreiras.
Marc Bloch diz que os califas de Córdova não chegaram a dominar com mão muito firme os pequenos reinos cristãos que se estendiam desde meados do século XI até à região do Douro. Sendo assim é provável que os muçulmanos nunca conquistaram o Porto. Aliás, todos os autores estrangeiros que li vão nessa linha. Porém, lendo um português, fiquei a saber que a presença moura foi completamente destruída para não deixar vestígios. Mas como se trata de um lisboeta o melhor é esquecê-lo, até porque traça um perfil africano da população da "capital".
A invasão do Islão alterou completamente o devir da civilização ocidental, fazendo o motor civilizacional passar do Sul para o Norte e quebrando a nossa ligação com Bizâncio, a civilização grega. O Norte de África, a Turquia, o Egipto e todo o Próximo Oriente eram nossos. Maomé só fez estragos.
Se as pessoas estudassem a "História da Europa" a partir das invasões bárbaras e da queda do Império Romano do Ocidente, mudariam de perspectiva: nós europeus somos "irmãos".
No tempo de Sócrates, os portugueses fartaram-se de ladrar; agora no tempo de Coelho metem o rabo entre pernas e piam como os pintainhos. Esta mudança de comportamento é sintomática: os portugueses não foram abençoados por Deus no que se refere à inteligência e à coragem de ser.
A chuva estragou o meu dia: fiquei com os neurónios húmidos como a chuva, isto é, profundamente irritados. Não me lembro de tanta chuva contínua, dia após dia, semana após semana, mês após mês.
Estou decepcionado com os "historiadores portugueses": Não temos nenhum estudo sobre "Portugal" antes da formação da nacionalidade. Para conhecermos essas épocas remotas, temos de recorrer aos historiadores espanhóis. E detesto o ódio que os "mouros" nutrem pelo Porto. Por outro lado, as chamadas "histórias nacionais" assentam num preconceito terrível que desvirtua a verdade história. Quando falo de um Porto Romano, faço-o sabendo que ele não era "português".
O modo de produção feudal - o feudalismo - sempre me fascinou, até porque possibilita uma leitura biológica, mais precisamente etológica, dos rituais de vassalagem. Em Portugal, essa discussão sobre o feudalismo foi quase sempre evitada: Mattoso foi o único historiador que lhe deu relevo. A questão que coloco é a seguinte: Houve um Porto Feudal? Os visigodos estabeleceram-se no campo, evitando assim as cidades cujo desenvolvimento estava ligado ao comércio.
Pelos documentos e estudos que consultei, Portucale - o Porto - compreendia dois pólos urbanos: a cidade episcopal e o burgo comercial. Tendo sofrido diversas invasões destrutivas, o Porto foi sempre obrigado a reconstruir-se, eliminando muitos vestígios do seu passado. A tradição tipicamente portuense-galega é a revolta contra o poder eclesiástico - as lutas entre bispos do Porto e "burgueses" - e régio - as lutas anteriores implicavam ora alianças com o rei ora desavenças com o rei, quase sempre protagonizadas pelos bispos portuenses.
Eu acho que o Porto foi sempre - secretamente - herético. Infelizmente, não temos um bom estudo científico sobre a história da cidade episcopal portuense ao longo dos séculos. D. Hugo, o primeiro-bispo portuense - era francês; falta saber como ele concebia o catolicismo. A heresia portuense tal como a adivinho é de origem francesa.
Os cemitérios portuenses - as cidades dos mortos - também narram a História do Porto. Já consultei um livro dedicado ao seu estudo mas fiquei decepcionado com a falta de imaginação do autor. Há um imaginário em acção nos túmulos dos cemitérios portuenses e esse imaginário é claramente dualista e, portanto, herético. Os arqui-portuenses sabiam mais filosofia do que os seus actuais historiadores.
Rendi-me à evidência: O Estado Novo fez mais pela cultura portuguesa do que a democracia que a tem enterrado. Todas as nossas grandes figuras culturais pertencem ao Estado Novo. Estou chocado por saber que há documentos portugueses perdidos na Biblioteca de Paris: alguns foram reeditados durante o Estado Novo, outros permanecem esquecidos. Mais: a preservação desses documentos deve-se ao interesse dos estrangeiros. É por isso que não gosto dos portugueses desleixados.
Estou a ficar galego: até já compro livros em galego. No discurso oral, galegos e portuenses falam quase a mesma língua. O discurso escrito parece ser mais complicado, pelo menos numa primeira abordagem, mas se lerem em voz alta começam a compreender: a escrita galega é quase portuguesa. Afinal, nós portuenses já fomos galegos.
As palavras de Ricardo Quaresma foram sábias: Ama o FCPorto e está pronto a morrer pelo seu clube. Um grande portista!
O Norte precisa unir-se porque tem uma palavra a dizer: Basta desligar os canais centralistas para os paralisar e os deixar sem audiência. Afinal, não somos obrigados a escutar os "mouros" sem ofensa para os verdadeiros mouros que são pessoas simpáticas. Nunca tenha a televisão ligada quando esta diz mal do Norte e dos nossos emblemas. Desligue... e não queira ser mentalmente colonizado pelos "mouros-invejosos".
A luta contra o centralismo trava-se em diversas frentes e, na frente ideológica, é fundamental desligar os canais centralistas. A ideologia manifesta-se neste acto de desligar a TV.
Isto sim é ser inteligente: não escutar os opressores, não ler os seus jornais e revistas. Protege-se a mente e não se dá dinheiro aos centralistas. Bloqueio ideológico e material contra o centralismo.
Não basta dizer que o Porto é uma nação; é preciso ir mais longe e adequar o comportamento e a mente a essa realidade. Se o Porto é uma nação para ti, age de modo adequado, incorporando isso na tua mente, no teu corpo e no teu comportamento. Liberta-te do opressor centralista e ajuda o Porto a ser autónomo.
Os "mouros" não querem o Quaresma na selecção nacional por ele ser portista. Porém, quando jogam na Champions e na Taça UEFA, esquecem que o fazem graças às vitórias do FCPorto. Malditos oportunistas que sujam o nome de Portugal!
Ser português está a tornar-se um fardo cada vez mais pesado. Ora, para nos libertarmos desse fardo endividado, basta rejeitar ser português: Assume-te como portuense e luta pela independência do Porto-Norte! Masoquismo lusófono não é connosco: Somos Porto!
Estou num dilema: Se Deus me perguntasse em que tempo quero viver, eu não sei responder. Já pensei em diversos períodos mas acabo por os descartar. Enfim, por omissão, confirmo a decisão divina. Que chato!
Ontem, antes de adormecer, descobri algures na estante um livro que nunca cheguei a ler: a autora é uma feminista que submete a epistemologia masculina a um inquérito feminista. É uma espécie de História da Filosofia à luz da ideia de Mulher. Já li algumas partes e fiquei perplexo: a autora faz um ataque feroz ao dito ascetismo sexual de Kant, acusando-o de ser misógino. Diz ela que nós homens desvalorizámos o corpo da mulher, a sua sexualidade e a sua receptividade. Ao poder do falo activo opõe o poder vaginal da eterna receptividade. O conhecimento é, para ela, coito sem receptividade. Ora, os filósofos homens já tinham esboçado essa crítica da tirania da razão dominadora mas sem sexualizar a cognição.
O feminismo auto-dissolve-se. Depois de ler as obras mais importantes do feminismo, olhamos para a história e ficamos satisfeitos com a obra magnífica dos nossos heróis masculinos. Se eles tivessem escutado a receptividade feminina, não estávamos aqui a discutir estas pseudo-teorias da receptividade pura. Claro, a receptividade teria sido invadida por instrumentos alheios.
Nunca discuti seriamente com uma feminista, excepto com uma australiana. A tese nuclear da feminista que estou a ler é esta: a cisão entre cognição e Eros na filosofia de Kant acarreta a supressão da dimensão erótica da existência. A autora tem mérito em tornar esta hipótese credível, até porque recorre à filosofia marxista. Porém, a tese pode ser contestada a partir da obra de Kant que opera a passagem do estético como pertinente aos sentidos para o estético como pertinente à arte e à beleza.
Há passagens que não compreendo nesta autora feminista. Numa dessas passagens, ela refere uma obra de Fanon -"Black Skin, White Masks", onde ele mostra as dificuldades de um negro adoptar os modos da cultura imperialista francesa. Deste conflito do eu consigo mesmo no caso do negro, ela passa para o conflito pessoal da mulher que adopta a Filosofia produzida por homens como actividade científica: a objectividade tal como cultivada pelos homens é inacessível à mulher que não pode abdicar do seu ser sexual e emocional. A tradição acusada de desprezar as mulheres gera um conflito interior quando apropriada por elas: a feminista reclama o direito ao sexo feminino, às emoções descontroladas e à relatividade. Nesta perspectiva, a filosofia é, para a mulher, uma oportunidade para se realizar como ser sexuado, portanto um lugar de encontros sexuais.
«A sublimação nem sempre é a negação de um desejo; nem sempre se apresenta como uma sublimação contra os instintos. Pode ser uma sublimação por um ideal. Então Narciso já não diz: "Amo-me tal como sou", mas sim: "SOU TAL COMO ME AMO"» (Gaston Bachelard)
Amo profundamente Platão, o filósofo-divino, e é com orgulho masculino que me filio a ele. Sou filho espiritual de Platão sem esquecer a conexão órfica.
Enfim, ainda não cumpri uma promessa que fiz a mim mesmo: Conheço o erotismo ocidental, sim aquele que nasce no "Banquete" de Platão, o erotismo árabe, o erotismo indiano ou mesmo o erotismo chinês, mas ainda não vislumbro o erotismo africano. Conheço a vida sexual de inúmeras tribos africanas mas o meu cérebro ainda não fez "clique". Mas vou continuar a pensar no assunto, até porque estou no caminho certo: apreender todo o erotismo banto e africano a partir da homossexualidade ritualizada dos Tonga.
Apesar do seu conservadorismo, Freud tem sempre razão contra os revisionistas da Psicanálise. Freud sempre teve consciência da discrepância existente entre teoria e terapia: a teoria é uma crítica radical da civilização tal como a conhecemos, a terapia implica o ajustamento do indivíduo ao princípio de realidade condenado pela teoria. Ora, os revisionistas romperam com a metapsicologia de Freud, indo do Id para o Ego, isto é, espiritualizando Freud e culminando numa ética idealista: toda a psiquiatria americana é terapia de ajustamento. No fundo, a terapia devia libertar as "perversões" contra o status quo, isto é, produzir subjectividades rebeldes dotadas de corpos super-sexualizados e eróticos.
Eu evito ver canais portugueses de TV porque tenho aversão à política nacional. Porém, hoje vi parte de um debate e conclui: os portugueses não são masoquistas; os portugueses são infelizmente burros. Agora parece que o destino de Portugal passa pela Finlândia: Que vergonha!
Não adianta sonhar Portugal: o século XXI está irremediavelmente perdido e nunca mais haverá futuro para Portugal. Os portugueses estão em vias de extinção. E de facto merecem ser extintos.
Spengler dizia e com razão: as civilizações nascem, vivem e morrem quando se esgota a sua alma criativa. Ora, há muito tempo que estamos a ver sinais de declínio ocidental. E, se tivesse de apontar um, acentuaria o facto dos ocidentais terem deixado do inovar, criar e trabalhar, desde que a sua sobrevivência ficou garantida pelo Estado Social. Isto é evidente tanto na Europa como nos Estados Unidos. Os americanos são completamente saloios: a inovação é garantida por estrangeiros.
A chamada "profecia" de Marx vai cumprir-se mais cedo ou mais tarde: o colapso do capitalismo vai ser talvez acelerado pela ocorrência de uma série de catástrofes naturais e mesmo de guerras entre mundos culturais diferentes. A Terra está a sofrer transformações profundas e ninguém as quer reconhecer: os ocidentais mimados e envelhecidos vivem como se fossem os últimos homens. Este facto já atesta o declínio acelerado da última civilização. A Terra prepara-se para expulsar o homem... tal como no passado distante eliminou os dinossauros.
África é um armazém de vírus fatais: Ébola volta a estar activa na Guiné-Conacri e países vizinhos. Parece que a população local come uma sopa com carne dos morcegos frutívoros. Ora, o vírus ebola precisa apenas de 2 a 21 dias para se manifestar como febre hemorrágica, matando nove em dez contaminados. Ora, se o vírus chega à Europa, teremos uma epidemia do ebola a acrescentar à Sida.
Estou entusiasmado com a obra feminista que estou a ler com atenção: a hipótese foi formulada de modo claro e rigoroso, o que permite testá-la à medida que aborda cada uma das filosofias. Penso que a autora considera ser suficiente contextualizar cada uma das filosofias para a relativizar na sua pretensão de verdade universal. Há aspectos ideológicos que são descartados, mas o núcleo duro a que chama ascetismo resiste à relativização feminista, o que quer dizer que desde o Orfismo e Platão o conhecimento como "pureza" foi bem «interpretado» pelos mestres pensadores. Nem a mulher sai valorizada deste empreendimento feminista radical, nem o ascetismo é refutado. Pelo contrário, o próprio empreendimento feminista confirma a "verdade masculina".
O meu preconceito anti-chinês é demasiado evidente para tentar encobri-lo. Porém, usei algum tempo livre para refrescar a minha memória do erotismo chinês. Os livros da erótica chinesa reconduziram-me ao taoísmo que, de repente, me fez pensar. Ficam desde já avisados: Sempre que falar de taoísmo estou a tentar dialogar com a China que me repugna.
A obra é tão transparente que permite vislumbrar o declínio do Ocidente na subversão feminista das instituições masculinas. Hoje até folheei o "Corão" para compreender o uso do véu e Maomé tinha razão.
Eu aprecio muito a poesia árabe que provavelmente influenciou os nossos cantares de amor e de amigo. Ora, alguma dessa poesia foi produzida na Pérsia que posteriormente não resistiu à invasão muçulmana. As feministas tendem a reduzir a história ao controle das mulheres pelos homens sem no entanto procurarem explicar o domínio masculino. Ora, sempre que criticam uma instituição do passado em nome da falsa igualdade entre homens e mulheres, as feministas reactivam o domínio masculino sem o qual não haveria história. Paradoxalmente, a crítica feminista de S. Tomás de Aquino leva-nos a dar razão a ele e a admirar a sua imensa sabedoria. Criticar Santo Agostinho é "pecado", pelo menos para mim que vejo nele um "corpo ardente".
Sabedoria árabe: «Alá criou o homem para que trabalhe por Sua glória. Deu-lhe uma mente, o que o situou bem acima dos animais, e fê-lo diferente da mulher tanto na mente como no corpo; na mente para que ele pudesse realizar, e no corpo para que ambos pudessem procriar e confortar e agradar um ao outro. (...) O homem é um pensador». Ora, não compreendo como se pode criticar a igualdade proporcional entre os sexos pensada por Tomás de Aquino, a qual é já muito ousada.
Estou tão desiludido com a realidade vigente que ando a reler autores já assimilados ou já esquecidos e superados. No decurso da semana anterior, redescobri um outro Freud: o fracasso da Psicanálise como ciência não inviabiliza a Filosofia da Psicanálise. Aliás, acho que essa filosofia pode ser reexaminada à luz das neurociências e da própria biologia.
Portuenses e Portistas: Precisamos de ser ousados e inovadores. O Porto sempre conseguiu estar na vanguarda de todos os grandes movimentos sociais e culturais. O Porto tem história mas essa história não pode fazer dele um "museu turístico"; pelo contrário, ela exige continuidade e actualização. Não podemos ficar parados olhando para o passado porque o passado só faz sentido à luz do futuro sonhado.
Uma cidade-museu não gera desenvolvimento e emprego.
Vou partilhar um receio: o litoral do Porto está ameaçado. O mar reclama aquilo que lhe roubámos no passado. É por isso que defendo a construção de novos pólos urbanos para o Porto. A Cidade deve crescer noutras direcções, mais precisamente aquelas que foram mal-tratadas. A zona da Foz é feia, sejamos sinceros.
Eu amo a cidade do Porto e o seu potencial mas o mesmo já não posso dizer dos seus habitantes: Predomina uma mentalidade retrógrada e medíocre que nega o desenvolvimento económico e cultural à cidade. O Porto não pode ser o prolongamento umbilical de pessoas saloias, retrógradas e idiotas. Os portuenses nem sempre são amigos genuínos da Cidade Invicta. É certo que muitas das figuras que dão visibilidade ao Porto não são portuenses de nascimento e de coração, mas elas estão onde estão por desleixo dos próprios portuenses que introduzem estranhos nos seus quadros superiores.
Ontem, quando disse que um milionário turco está interessado em investir no FCPorto, o meu amigo Nelson respondeu que o clube pertence aos portistas. Certo, o FCPorto será sempre um clube da Cidade Invicta. Porém, se fosse comprado por um milionário, estava melhor. Sem investimento estrangeiro, não temos futuro no Porto e em Portugal. Para vencer é preciso investir...
Cartas em cima da mesa: Ando preocupado com a noção de temporalidade subjacente à teoria dos instintos de Freud. Sei que predomina a força do passado que cristaliza em Jung no mito da actualização da herança arcaica. De certo modo, vejo essa actualização na nossa sociedade: a regressão que pode conduzir à auto-destruição. Porém, há outra tendência que aponta para o futuro e é essa que devemos libertar do conservadorismo freudiano através da reformulação da sua teoria do narcisismo primário e da fantasia (imaginação).
Ou em linguagem portuense: os portuenses traem o passado heróico da Cidade Invicta sempre que lhe fecham as portas do futuro. Não é nada bom ser um portuense traidor!
Será possível uma civilização sem repressão? A dinâmica dos instintos é implacável: o princípio do prazer reclama a gratificação intemporal. A reconciliação entre a racionalidade da dominação e a racionalidade da gratificação exige a descoberta de um elemento que seja comum a ambas. De certo modo, a gratificação está a paralisar o Ocidente pondo em causa o seu domínio mundial. A Filosofia é cada vez mais necessária para pensar e repensar novas soluções, novas alternativas políticas. Porém, sabemos hoje que, para impor alguma justiça redistributiva no mundo, é necessário baixar o nível de vida, isto é, redefini-lo de acordo com outros critérios. Ter carro, televisão, computador, e outras coisas não é sinónimo de bom nível de vida. Se a fantasia se separou do pensamento, como supõe Freud, ela não pode autonomizar-se do pensamento sem correr o risco de deitar tudo a perder.
Estou furioso comigo: Não sei se devo reescrever a minha tese de doutoramento ou se devo passar a outro projecto. De facto, apesar do meu discurso ser neurobiológico e genético, há nele uma tendência para a "normalização". Ora, esta noção não é biológica. Também há outra via: repensar a filosofia da ciência. A "normalização" garante sempre financiamento. Enfim, somos funcionários do status quo e isto é mesmo feio.
Em Medicina sempre que usamos o termo "stress" é para dizer diplomaticamente que desconhecemos a causa de uma patologia.
Infelizmente, as teses de doutoramento, pelo menos em Ciências e em Medicina, não permitem a formulação de hipóteses ousadas: o modelo está padronizado, bastando segui-lo a par e passo e apresentando estatísticas. Porém, não podemos problematizar as estatísticas mesmo quando elas estabelecem uma correlação tão engenhosa que pressupõe um gene-candidato demasiado inteligente. A nossa era é a era da estupidez diplomada.
Enfim, a "socialização" da produção científica está a destruir a própria ciência. Acumulam-se demasiados dados mas não há sínteses produtivas. O meu mundo predilecto está a morrer.
Imaginem esta situação demasiado real: Suponha que deseja estudar as homossexualidades femininas e apresenta um projecto a duas professoras universitárias, desconhecendo que elas são lésbicas. Ora, não consegue fazer a apresentação porque elas o interrompem dizendo que é preferível estudar o papel curativo dos cães na doença de Alzheimer. Uma nova explicação da homossexualidade feminina é encarada como um atentado contra os "direitos humanos" e a "totalidade do rato". Sim, em Portugal há professoras lésbicas que são contra o uso de ratos na investigação. A Universidade vigente diz: PROIBIDO INVESTIGAR!
Nos USA, um amigo - chefe de departamento - perdeu o cargo depois de um transsexual o ter acusado de "assédio sexual". Ora, ele detesta transsexuais e limitou-se a investigá-los. O transsexual diz ser "mulher", age como mulher fatal e, sem se olhar no espelho, pensa que todos se rendem aos seus (des)encantos. Mundo louco em que vivemos!
Erótica árabe: «O clitóris é a sede e a primeira chave das sensações voluptuosas da mulher. É estranho e excitante constatar que um apêndice tão pequeno como aquele é, em grande parte, responsável pela iniciação do prazer da mulher na cópula».
Erótica árabe: «O pénis é o órgão da cópula. É também o órgão da urinação. (...) A circuncisão torna o pénis mais limpo. Sem ela algum material sempre se acumula ao redor da cabeça, o qual se torna muito nocivo. (...) O líquido seminal costuma ser branco leitoso, embora às vezes tenha uma coloração amarelada, e tem a consistência de muco. O seu odor é adocicado e muito característico».
A erótica árabe distingue três tipos de pénis no que se refere à forma e não ao tamanho: 1º. o pénis que apresenta forma de bastão cilíndrico e recto, o mais frequente; 2º. o pénis que se curva para cima e em direcção ao corpo, considerado como ideal para a cópula; e 3º. o pénis que se curva para baixo e para fora, afastando-se do corpo. As mulheres consideram este último pénis difícil e doloroso para ser acomodado na vagina. O comprimento do pénis varia de homem para homem e não vou aqui partilhar a perspectiva árabe. Ora, Danoff distingue 37 personalidades do pénis, onze das quais são positivas e as restantes negativas. A erótica árabe não vai tão longe como a sexologia de Danoff.
Qual destes grupos de homens possui o pénis de maiores dimensões na escala de Kinsey: os homens heterossexuais, os homens homossexuais ou os homens bissexuais?
Quem tem as irmãs mais bonitas: os homens heterossexuais ou os homens homossexuais? Lembre-se de que o "gene gay" é transmitido pela via maternal ou feminina.
Qual destes grupos étnicos possui o pénis de maiores dimensões na escala de Kinsey: Brancos, Negros, Indianos ou Chineses? Só falo destes 4 grupos porque foram os únicos a ser investigados.
As mulheres preferem pénis grandes ou médios? Recentemente foram meta-analisadas diversas amostras que mostram que as mulheres não se preocupam com o tamanho do pénis do parceiro, pelo menos é o que dizem e disseram. Porém, escutando as mulheres, acho que elas preferem pénis grandes.
As teorias feministas condenam o catolicismo, desde Santo Agostinho até Tomás de Aquino, esquecendo que depois da morte as almas masculinas e femininas são idênticas. Ora, Lutero e Calvino que aconselharam as freiras e os padres a sair dos mosteiros e dos conventos para se casarem e procriarem foram muito mais severos com as mulheres do que os dois Padres da Igreja Católica. Calvino chegou mesmo a dizer que a mulher espancada pelo marido não podia divorciar-se dele. O domínio do homem sobre a mulher não foi posto em causa pela Reforma.
Antes de desligar quero partilhar uma informação afro-erótica: os Dogon realizam uma cerimónia em que os casais podem trocar de parceiros e ir para a selva para consumar a cópula. Os homens pintam-se e enfeitam-se e depois dançam para as mulheres: os mais "votados" fogem com as mulheres para consumar o sexo e as mulheres fazem o mesmo com outros bailarinos.
Rendi-me à crítica da objectividade na filosofia de Kant realizada pela filósofa feminista Robin Schott. De momento, considero a sua obra como um dos melhores contributos recentes para compreender a filosofia de Kant, ao lado da obra seminal de Heidegger. A questão de Kant como "eunuco emocional" não é relevante quando confrontada com a crítica marxista da sua filosofia: Schott utiliza a teoria do fetichismo da mercadoria de Marx para demolir todo o empreendimento de Kant, situando-se assim ao lado de Lukács e de Goldmann, embora seja mais radical do que eles, em particular no entendimento da coisa-em-si de Kant.
A leitura atenta da obra feminista de Robin Schoot obrigou-me a deslocar mais de 50 livros da estante, gerando algum caos aqui em casa. Tenho estado a acompanhar as suas citações e referências bibliográficas mediante o confronto com os originais. De facto, não há uma erótica na obra de Kant que, de resto, vê a mulher como "objecto-coisa". Porém, dado estar embebida nos conceitos marxistas, Schott faz filosofia masculina independentemente da sua postura feminista.
Foi Kant um "eunuco emocional"? A vida de Kant foi monótona, como todos sabemos. No entanto, apesar dessa monotonia, o cérebro-mente de Kant é extremamente masculino, sobretudo quando tenta purificar o aparelho cognitivo do fluxo sensorial, emocional e sentimental. As feministas negam a diferença sexual, de modo a destacar a fluidez das identidades de género. O marxismo de Schott afasta-a desta discussão das identidades de género tal como a encontramos em Buttler e outras feministas lésbicas. A mente masculina é diferente da mente feminina, bastando pensar que nós homens temos dificuldades em identificar as nossas emoções. Kant "patologizou" essa inclinação emocional das mulheres e afastou-se do pietismo por causa da coloração emocional da fé. Falta demonstrar que ele estava errado porque contextualizar uma teoria não implica a sua refutação. Aliás, as feministas disseram adeus à teoria. Ora, para nós homens, a teoria é fundamental porque nos permite agir sobre a natureza e a sociedade.
O que é irónico é que a crítica feminista da filosofia e da ciência só foi possível graças à "revolução copernicana" de Kant. O relativismo extremo que caracteriza os meios intelectuais contemporâneos deriva, em grande parte, da teoria kantiana do conhecimento.
A "objectividade sexual" de Kant: «O amor sexual transforma a pessoa amada em Objecto de apetite; tão logo o apetite seja saciado, a pessoa é jogada fora como se joga fora um limão que foi espremido...» Sartre disse algo idêntico e podemos ver nestas afirmações a reificação das relações sexuais. No entanto, observando os comportamentos das feministas ou mesmo dos homens homossexuais, constato um desvio entre o que dizem e o que fazem: o sexo tornou-se descartável e o amor não faz sentido nesta sociedade sexualmente promíscua.
A Mulher vista por Kant: «A natureza estava interessada na preservação do embrião e implantou o medo no carácter da mulher, um medo de dano físico e uma timidez em relação a perigos semelhantes. Por causa dessa fraqueza, a mulher pede legitimamente protecção masculina». Oh, minhas amigas feministas de fala inglesa: Então nunca leram Darwin? Ou a vossa estratégia consiste em atacar o pensamento alemão, de modo a legitimar o domínio anglo-saxónico?
Kant detestava viajar mas era bom observador quando passeava à tarde na sua cidade-natal. Ora, tendo visto algumas mulheres carregadas de livros, comentou: as "mulheres instruídas" «usam os seus livros mais ou menos como um relógio, isto é, usam o relógio de modo a que vejam que possui um, embora esteja em geral quebrado ou não marque o tempo certo». Misoginia? Onde? Em Portugal, as mulheres universitárias fingem saber aquilo que não sabem, exibindo livros em público. E os homens portugueses seguem-nas, mostrando assim um défice crónico de masculinidade. Estes sim são "eunucos cognitivos"!
Para me distrair e me libertar de tal concentração sobre a obra de Robin Schott, resolvi realizar uma leitura lúdica de George Buchanan. Como sabem, os portugueses foram os primeiros europeus a navegar ao longo da costa africana para tentar descobrir o caminho marítimo para a Índia. Ora, no decurso dessas navegações, os portugueses estabeleceram contactos com diversos reinos africanos, cujas populações masculinas se entregavam aos "prazeres proibidos". Em 1500, descobriram o Brasil. D. João III «que tira as terras - em Marrocos - aos seus próprios soldados, oferece-as - no Brasil - aos "sodomitas"». Quer dizer: a classe sacerdotal enviada para o Brasil integrava muitos "sodomitas" que provavelmente praticavam sexo com os indígenas brasileiros. Infelizmente, não temos um estudo sério sobre as práticas sexuais entre colonos portugueses e indígenas.
Um esclarecimento: Eu nunca estabeleci uma relação entre o tamanho do pénis dos negros e a homossexualidade. Os estudos de que disponho não mostram que os negros tenham um pénis maior - em média - do que os homens brancos e indianos. Porém, a homossexualidade não é uma invenção ocidental: os portugueses que navegaram pela costa africana foram confrontados com as homossexualidades africanas, nomeadamente nos reinos de Benin e de Daomé e em Angola. E o que descobriram na costa ocidental voltaram a descobrir na costa oriental africana ou mesmo na Índia. Além disso, como cientista não misturo vida privada e investigação.
Aliás, Chaka (1785-1828), o rei guerreiro e fundador da nação Zulu, foi um homossexual latente: a homossexualidade está presente na maior parte dos povos de língua banto.
Enfim, na genética do desenvolvimento dos mamíferos o impulso é para "ser fêmea". Mesmo um embrião dotado de um cromossoma Y do qual foi apagado o gene SRY não se desenvolve como "macho": o estado indiferenciado é feminino. O que faz de nós homens? O gene SRY que herdamos dos nossos pais-machos, claro.
Rendam-se à Ciência e deixem de me confrontar com as vossas "mitologias pessoais". "Analgésico negro": Mitologia ou Realidade? Os estudos científicos disponíveis não confirmam essa "percepção", a vossa, não a minha.
Os homens homossexuais indianos partilham um traço típico que não encontramos nos indivíduos homossexuais de outros grupos étnicos. Adivinhe esse padrão especificamente indiano!
Enfim, a moral vigente bloqueia a investigação. Mas vai chegar o dia de revelar toda a verdade sobre a sexualidade masculina e não é com a teoria da bissexualidade que lá chegaremos. As Casas dos Homens em todas as culturas e os rituais de iniciação ou de passagem sempre-já indicaram o caminho que foi trilhado não só pelos indo-europeus mas também por outros povos.
O meu derradeiro comentário sobre um autor que acabei de ler: Amigo, nós homens somos Filhos de Zeus, tal como Dionísio, e, se não fosse a cabeça de galinha de Eva, ainda estávamos no Paraíso.
Uma das duas versões diz que Narciso foi despedaçado e devorado pelas mulheres da Trácia. Pare e pense: Porquê? NARCISO é o símbolo máximo da masculinidade auto-suficiente. É como se as pavoas resolvessem despedaçar o Pavão!
Qual destes dois grupos de homens é o mais inteligente, em média, claro: os homens heterossexuais ou os homens homossexuais? O que está aqui em questão é a performance cognitiva, tanto a do hemisfério esquerdo - sede da linguagem - como do hemisfério direito. E podemos referir homens geniais para acentuar essas capacidades cognitivas superiores.
Mais outro exercício mental: O útero da mãe possui uma espécie de memória das sucessivas gravidezes masculinas. Ainda não sabemos explicar molecularmente essa memória uterina que parece envolver a alfa-fetoproteína, a qual pode desempenhar um importante papel na orientação sexual. Usando um cálculo sofisticado (regressão lógica), sabemos que os irmãos que têm irmãos mais velhos tendem a ser homossexuais. O aborto de um embrião masculino entra no cálculo. Consegue imaginar um modelo genómico capaz de explicar estes dados?
A última questão é daquelas que faço nos testes para poder avaliar os bons alunos, porque questões deste tipo implicam domínio total da matéria. Ora, não é preciso que o aluno tenha uma resposta; basta mostrar que sabe pensar. Com questões deste tipo nunca há inflação nas notas e os bons alunos são recompensados.
Agora fiquei curioso: Quem aqui sabe dizer alguma coisa sobre o Projecto Genoma Humano. Que ideia fazem disso? A Ciência cresce e a mente das pessoas não acompanha esse crescimento científico. Ora, sendo assim, como se justifica falar de investigação científica e de cidadão bem-informado? Bah
Outra questão retórica que me "preocupa" é esta: Que ideia têm as pessoas da sua anatomia e da sua fisiologia? Falam e querem ser escutadas; no entanto, desconhecem a estrutura do cérebro e as funções cerebrais. Afinal, o que aprenderam na escola?
Ou nascemos inteligentes ou estamos condenados à idiotice. Ninguém se torna inteligente: ou tem superabundância de conexões neurais ou não as tem. Ora, esta riqueza plástica do cérebro não se compra. Não acredito na possibilidade de vender "pacotes" de memória, embora haja neurocientistas que acreditam nessa treta. É capitalismo dos neurónios: moléculas lucrativas.
Lembro-me de ter ouvido Nuno Crato falar da importância da memória na aprendizagem ou no ensino. Acho que se referia a um texto que tinha escrito sobre a educação em Portugal. Na altura, fiquei intrigado com a noção cratiana de memória. E pensei para comigo mesmo: "Este pensa que o Belmiro de Azevedo vai vender "memórias" no "continente" dentro de poucos anos". Hoje Nuno Crato é ministro da educação.
"Ai, ai, ai... estou a perder a memória", diz uma paciente. "Que comprimidos recomenda para incentivar a minha memória?" Resposta correcta: "Tente exercitá-la, pelo menos uma vez na vida!.
Depois de concluir a leitura do tal livro feminista, reconheço-me como asceta masculino, embora não me identifique como fetichista. De facto, o livro é uma leitura marxista da filosofia de Kant nas suas três ramificações: esfera cognitiva, esfera moral e esfera estética. A autora é boa sempre que deixa de lado o feminismo, mas quando, sem o querer, reduz a Filosofia à sexualidade torna-se facilmente alvo de contra-ataque masculino. Porém, falta saber com que direito as feministas radicais falam da existência em geral e em nome dos homossexuais masculinos. Com efeito, grandes vultos da filosofia foram homossexuais.
Porém, estou impressionado com a qualidade cognitiva do livro de "filosofia feminina": a autora foi mais longe do que Lukács, Goldmann e Marcuse ao concluir que o ascetismo (masculino) que molda a tradição ocidental é fetichista. Ora, neste aspecto, não sei se Marx estaria de acordo com ela porque o fetichismo da mercadoria só se aplica ao modo de produção capitalista. A menos que a autora com recurso a Freud considere que a sexualidade masculina é, por natureza, fetichista.
Confesso que sou narcisista e órfico, portanto asceta cognitivo: O meu dom masculino é capaz de demolir radicalmente a "filosofia feminina". As nossas faculdades cognitivas masculinas garantem o sucesso da destruição das iniciativas feministas, até porque as feministas são obrigadas a utilizar os instrumentos cognitivos que elaborámos ao longo de 2 500 anos de história sem contar com o contributo feminino.
Há mulheres e mulheres: as feministas não podem falar em nome da Mulher porque tal "substância" não existe. Neste momento, depois da invasão das universidades pelas feministas radicais, estamos em condições objectivas e subjectivas para avaliar a praxis transformadora do feminismo: A qualidade do ensino melhorou? Os métodos maiêuticos feministas ajudaram a desenvolver integralmente os alunos? A sexualização da filosofia e da ciência produziu alguma obra digna de mérito? A verdade é que hoje assistimos à destruição das universidades e à liquidação do conhecimento. O feminismo produz aquilo que critica na tradição filosófica: fetichismo sexual. Deste modo, devolvo-lhe a crítica: o feminismo é fetichismo.
E radicalizando a crítica masculina torna-se possível definir a mulher como "eunuco racional".
A cognição feminista é idêntica a um ataque de histeria ou de epilepsia. Descontrolo total das hormonas.
Enfim, estrategicamente, tenho estado a demolir a economia do conhecimento tal como pensada por Castells e outros idiotas. Sempre que sou profundo e - sim - objectivo não obtenho resposta. Não se trata aqui de ausência de mulheres, como dizem as feministas, mas sim de ausência cognitiva. Para transformar o mundo é preciso primeiro conhecê-lo. Como podemos falar de sociedade do conhecimento quando os agentes sociais abdicaram o conhecimento? Paradoxo: a sociedade mais idiota da história pretende ser a sociedade do conhecimento.
Os homens estão a ficar demasiado "efeminados" e "frouxos". E perderam a capacidade de elaborar grandes teorias. Perante os discursos feministas, a reacção natural seria esta: Como é que elas podem recorrer à "autoridade" de Nietzsche, Freud, Marx, Lacan e Foucault sem ficarem "castradas"? Destes nomes o mais suave é o de Marx: os outros nunca nutriram especial interesse pelas mulheres ou pela causa feminista.
A Filosofia Contemporânea é o palco de um único conflito entre "objectivistas" e relativistas ou entre modernistas e pós-modernistas, conflito este que as feministas reduziram à sexualidade sem ousar apresentar uma nova teoria do conhecimento. Penso que a filosofia pode e deve seguir um novo caminho sem romper com a sua própria tradição. Quando atacam Kant, as feministas esquecem que este homem nunca pertenceu à classe dos privilegiados, tendo vivido preocupado com o seu sustento na velhice. Além disso, ele viveu numa Alemanha que ainda não era capitalista, de resto como reconheceu Marx quando falava do "atraso" alemão.
Depois da desconstrução feminista de Kant chegou a hora de defender a sua filosofia. Mesmo no meu período juvenil mais radical sempre me defini como "marxista transcendental": Nunca suportei o materialismo da vulgata marxista e sempre me senti atraído pelos conceitos cosmológicos, apesar de ser antropólogo no meu interesse cognitivo. Os comentadores de Kant - tanto os amigos como os inimigos - deixam sempre de lado a Dialéctica Transcendental e a definição kantiana de Filosofia, concentrando-se apenas sobre a Estética e a Analítica Transcendentais. Ora, interessa recuperar a solução das antinomias da razão pura e confrontá-la com a cosmologia resultante da Relatividade e da Teoria Quântica.
Hoje li um Prefácio à obra de Kant - A Religião dentro dos limites da Razão, da autoria de um autor espanhol. Fiquei chocado com o seu conservadorismo reaccionário. Diz ele que essa obra dá resposta à questão: O que devo esperar? Ora, sabemos que a obra além de clarificar a moral kantiana não desempenha um papel nuclear no sistema filosófico de Kant, como demonstrou Cassirer.
Convém distinguir as obras do período pré-crítico e as obras de Filosofia Crítica de Kant: o estudo das últimas devia ser obrigatório, pelo menos para os estudantes de filosofia. Kant reconduziu o domínio da filosofia no sentido cosmológico a três questões: O que posso saber? (A "Crítica da Razão Pura" responde a esta primeira questão.); O que devo fazer? (A "Crítica da Razão Prática" responde a esta segunda questão.); e O que me é lícito esperar? A "Religião dentro dos limites da Razão" não responde a esta terceira questão. Ora, estas três questões reduzem à questão fundamental: O que é o Homem? O sistema kantiano tem sido reduzido à trilogia. A "Crítica do Juízo" é fundamental nesse sistema e, sendo assim, deve dar resposta a essas questões: Qual? A "Antropologia" de Kant responde à questão fundamental, mas será essa resposta suficiente?
A leitura atenta das obras de um autor acaba por nos dar acesso à sua própria pessoa que já não pertence ao mundo dos vivos. Conhecendo bem Kant, Hegel e Marx, sei à partida que nenhum deles iria fechar-se ao crescimento do conhecimento científico. No final da sua vida, Kant foi colhido de surpresa pela ideia de História e reagiu elaborando uma história do ponto de vista cosmopolita. Hegel que introduziu a história na Filosofia confrontado com Marx seria obrigado a reformular a sua concepção da dialéctica. Kant é definido nas suas relações com Newton. Ora, que relação há entre a filosofia critica de Kant e a filosofia matemática da natureza de Newton? Serão concordantes ou distintas? Agora imaginemos Kant contemporâneo de Einstein e de Heisenberg: a sua filosofia seria obrigada a "corrigir-se". A fraqueza do positivismo reside no facto de ter abdicado da função cognitiva, supondo que essa função cabe apenas à ciência. É contra esta filosofia da merda que devemos lutar e expulsá-la das universidades, dando tiros nos seus protagonistas. Conseguem imaginar Marx a rejeitar a genética molecular? É na obra destes autores geniais que devemos encontrar inspiração para responder aos novos desafios.
Enfim, estamos a destruir o espírito da Universidade sempre que contratamos professoras feministas que reduzem a Filosofia à Sexualidade: a crítica do sistema em si mesmo não produz conhecimento. Este surto de "esquerdas conservadoras" deve ser combatido em nome do Conhecimento
Merece Michel Foucault figurar na história da Filosofia? Quando o lemos aprendemos alguma coisa sobre filosofia? Que contributo deu ele - ou Derrida ou Deleuze - à Filosofia? A filosofia analítica era chata, mas esta nova filosofia francesa é merda.
Resumindo o núcleo duro da minha missão no facebook: Proponho uma Cruzada contra a Ignorância activa. No passado, os cruzados combateram os mouros infiéis e expulsaram-nos da Península Ibérica. Hoje, em nome do Conhecimento, devemos expulsar os idiotas que invadiram as universidades para produzir merda. A Cruzada do Conhecimento contra a estupidez: eis o que sempre foi a Filosofia.
Só em Portugal é que o governo de Passos Coelho está a desmantelar o Estado. Olho para os restantes países da União Europeia e vejo Estados fortes e autónomos. Neste momento, os utentes de ADSE sempre que usam o cartão estão a destruir o Serviço Nacional de Saúde, desviando o dinheiro dos contribuintes para os hospitais privados. A questão que os portugueses deviam colocar é esta: A quem beneficia o desmantelamento do Estado Português? Desde que silenciaram a Filosofia a classe política tornou-se corrupta.
Cartas na mesa: As ditas universidades privadas foram criadas para dar emprego a um número significativo de políticos que ficam temporariamente no desemprego quando perdem as eleições. Toda a gente sabia disso, bem como de autarcas, jornalistas ou futebolistas a assumir postos universitários sem terem habilitações superiores. Daí que os diversos governos tenham dado subsídios e bolsas aos alunos das universidades privadas. A promiscuidade entre poder político e poder económico é total neste ermo chamado Portugal. A ralé no poder gera corrupção: o Estado existe para financiar o sector privado que emprega "políticos".
Hoje revisitei os teóricos do Nazismo. "Mein Kampf" de Hitler é uma obra que merece ser pensada. Eis uma das teses da sua teoria racial: «O cruzamento de sangues e o consequente abaixamento do nível da raça constituem a única causa da morte das civilizações; porque os homens não sucumbam por perderem guerras, mas por perderem a capacidade de resistência que é característica do sangue puro». Aplicada ao colapso da civilização, esta teses tem poder explicativo, como veremos no post seguinte.
Rosenberg, o filósofo do nazismo, desenvolveu estes temas culturais numa obra intitulada "Mito do Século XX": «Os valores da alma da raça, que se encontram como forças motoras atrás da nova imagem do mundo, ainda não se converteram em consciência viva. Mas a alma é a raça vista de dentro. E vice-versa: a raça é o mundo exterior da alma». A Filosofia do Nazismo foi bem pensada: a cultura e a erudição de Rosenberg não podem ser negligenciadas.
O Nazismo teve um alvo a abater: aquilo a que chamou "bolchevismo cultural" e que a nova direita chama de "marxismo cultural". Com excepção de Lenine que quase previu a ascensão do fascismo e talvez de Reich, os marxistas não souberam explicar o sucesso do nazismo, tendo sido as suas primeiras vítimas. De facto, o marxismo, bem como a filosofia em geral, nunca conseguiu explicar o motivo que leva a maioria dos esfomeados a não roubar ou a não fazer greve. Há um facto brutal persistente ao longo da história: a maioria dos esfomeados não rouba e a maioria dos explorados não faz greve.
Convém pensar o nazismo e o fascismo porque vivemos hoje numa conjuntura que é favorável à sua ascensão. Sei que o nazismo se filiou filosoficamente ao ascetismo: a pureza tem sido utilizada por todos os movimentos comprometidos com causas ligadas à libertação. Hoje é o alvo predilecto dos discursos feministas. Não acredito que o ascetismo esteja ligado a todos os movimentos totalitários, mas sei que um discurso anti-pureza é decadente e a decadência reside na classe média.
Heidegger detestava Rosenberg; porém, desenvolveu uma das teses de Rosenberg: a necessidade de resgatar a pureza racial dos gregos antigos. O Logos filosófico que começou por falar grego fala actualmente - segundo Heidegger - alemão. O grande inimigo de Heidegger: o latim e as línguas dele derivadas, como o italiano. Os povos mediterrânicos têm o "sangue poluído".
Cadê a universidade de Coimbra? A sua história é a história de um fracasso, o qual reflecte o espírito idiota dos portugueses. Um facto incontornável: a zona sul da Europa é muito menos desenvolvida do que a zona norte. A Reforma Luterana foi fundamental para o aparecimento de novas universidades em solo alemão: o latim cedeu lugar ao alemão, a filosofia deixou de ser escrava da teologia na Alemanha, e, com ela, surgiu o ensino das ciências. Filosofia + Ciência = Espírito Livre.
Enfim, após revisitar a literatura nazi e anti-nazi, fiquei espantado com uma ideia que surgiu na minha mente: A missão da Filosofia Política é libertar-nos da Política e da classe política.
Um "eu fascista" co-habita com o "eu" que se mostra para o exterior: o homem-médio e o homem-massa são habitados por um "eu fascista". Ora, este "eu fascista" manifesta-se em períodos de crise, como sucedeu com a vitória de Hitler conquistado em eleições "livres". O "eu fascista" é o "zé-ninguém" que, em período de crise, vota na direita conservadora, nacionalista e reaccionária. Embora reconheça a inferioridade racial do povo português, sei que esse "eu fascista" está a crescer em tamanho no norte da Europa. Porém, há uma diferença: o "eu fascista" do norte é conquistador, enquanto o "eu fascista" do sul é presa. Há povos que nasceram para ser escravos das raças puras.
Como filósofo, nunca desprezo a força do adversário e, para isso, sou obrigado a usar a sua própria linguagem. O Ocidente está interna e externamente intoxicado, tanto genética como culturalmente. O domínio do mundo pertence àquela raça que souber conservar a pureza de sangue e permanecer imune às culturas estrangeiras. Ora, neste momento, só vejo um povo capaz disso: o povo chinês.
Qual seria o problema de Salazar? Medo da sexualidade, como sugere Reich. O Ocidente viveu a maior parte do tempo com uma "psicologia" muito rudimentar que só foi substituída por Freud. É fácil compreender o Ocidente mas muito difícil fazer uma análise psicológica do povo português. Como é que podemos fazer análise de um povo que nasceu sem alma?
Em Portugal, a figura mais inteligente aparece no teatro de Gil Vicente e chama-se "Parvo". Quando o Diabo lhe pergunta quem é, ele responde: "Ninguém". O Zé-Ninguém apoderou-se dos meios de comunicação mediada pelo computador para implantar a "terra de ninguém". Ora, onde reina o ninguém reina o Führer: a juventude está ávida de misticismo nazi.
Vou partilhar um pensamento: Depois de ler um estudo biográfico sobre Fernando Pessoa, lembrei-me do poema que dedica a Oliveira Salazar. E pensei logo nesta associação: o impulso destrutivo de Pessoa está associado ao tamanho diminuto do seu pénis e talvez à abstinência sexual. Aquela "ciência das sensações" é feminina: o corpo-sensação é corpo-receptivo. Pessoa foi talvez um homossexual com pénis pequeno. Que triste fado!
Ah, descobri o segredo de Fernando Pessoa: os Sambia têm um ritual de iniciação em que os neófitos deglutiam o sémen dos seus parceiros mais velhos para incorporar a masculinidade. Uns perdiam masculinidade, outros apropriavam-se da masculinidade perdida pelos primeiros. Ora, os heterónimos de Pessoa podem ser vistos à luz desta iniciação masculina. Como inveja o pénis dos outros, Pessoa cria diversas figuras, cada uma delas especializada na incorporação da masculinidade de um Outro. Porém, Pessoa vacila entre a oralidade e a analidade: o seu corpo-campo de sensações é corpo anal. Isto significa que cada heterónimo devém-gay com determinada preferência sexual. Pessoa-Pessoa tenta ser o "padrinho" de todos eles, mas acaba por ser escravo das fantasias sexuais de cada um deles. Mas há mais: Pessoa-Pessoa sonha devir-mãe mas sem pai a mãe que pretende ser gera gravidezes histéricas.
Lenine chegou a detectar a estrutura caracterial do homem actuante sem no entanto ter integrado o factor subjectivo da história na sua teoria. Daí que os mestres do marxismo nunca tenham estudado as causas por que os homens, desde há milénios, aceitam a exploração e o aviltamento moral, isto é, a escravatura: a luta entre capitalistas e trabalhadores encobre uma outra realidade, a existência de conservadores e de revolucionários em todas as camadas sociais. O marxismo reformulado continua a ser a luz ao fundo do túnel do mundo ameaçado pelas trevas.
Se escrevêssemos hoje um novo Manifesto do Partido Comunista, começaríamos logo de início a condenar o capitalismo e a burguesia que em pouco tempo produziram as Guerras Mundiais, o Holocausto, os campos de concentração e o fascismo. O nosso desejo de liberdade leva-nos a travar uma luta sem tréguas contra o capitalismo.
Burke, um dos pais do pensamento conservador, criticou a Revolução Francesa que deu o golpe de misericórdia às sobrevivências feudais. Ele tinha razão para temer a acção de Robespierre: a guilhotina foi inventada para decepar os opressores e a nobreza feudal. Curiosamente, hoje aqueles que defendem a Direita e o status quo capitalista continuam a ser conservadores, no sentido de condenarem a Revolução Francesa que abriu as portas do poder à burguesia. No fundo, há em todas as classes sociais reaccionários e revolucionários.
Já reparam que sempre que a Europa se fecha em si mesma surgem imediatamente estruturas feudalizantes? Claro que, em economia capitalista, essas estruturas geram corrupção.
No Brasil o povo protesta contra o PT; em Portugal o povo deseja ver o Coelho no prato. As pessoas ainda não compreenderam que as fronteiras entre esquerda e direita se esfumaram depois da globalização do capital financeiro: a agenda neoliberal une todos em torno da corrupção.
Em Filosofia, o que interessa é a eficácia política dos seus conceitos. Uma filosofia pode ser demasiado etérea e simbólica, mas se os seus conceitos produzirem efeitos reais sobre a formação do self e sobre o comportamento real das pessoas, ela passa a ser uma força política transformadora: nuns casos revolucionária, noutros casos reaccionária. Assim, por exemplo, a teoria da horda primordial de Freud pode até ser uma fantasia cognitiva; no entanto, ela produziu profundos efeitos no modo como as pessoas se auto-definem. A eficácia política faz da Filosofia uma das mais poderosas forças de transformação do mundo. Em princípio, estaríamos diante de uma fronteira entre filosofia e ciência; porém, essa fronteira é ilusória: a própria ciência produz efeitos práticos que embaraçam a sua pretensão de pureza científica.
Hoje resolvi ler/reler Jung sem preconceitos: o seu conservadorismo com ligação ao nazismo assusta-me; no entanto, a ideia de inconsciente colectivo abordada no âmbito do outono da vida seduz-me. O inconsciente colectivo, o tesouro dos arquétipos da humanidade ancestral, pode ser visto como um campo quântico que comunica com a mente através de determinados portais. Há portanto outros caminhos a seguir de modo a evitar as armadilhas do dualismo de substância. O conceito de energia primordial é fascinante e sabemos donde vem: do centro da nossa galáxia.
A minha matriz mental e cognitiva é, toda ela, nórdico-alemã, o que me obriga a compreender o nazismo sem ficar escandalizado com o holocausto. Há em Jung um pensamento dialéctico que ele bebe da sua fonte originária: Heráclito. Ora, este compromisso de sangue com a Grécia antiga leva-nos a desejar a eliminação do tipo mediterrânico impuro e poluído; daí a nossa aversão ao cristianismo.
Carl G. JUNG: «A cultura racional dirige-se necessariamente para o seu contrário, ou seja, para o aniquilamento irracional da cultura».
A leitura de Jung fortalece o meu ódio contra os portugueses e os povos latinos: a ideia de extermínio desta massa destituída de alma é uma ideia purificadora. E o mais engraçado é descobrir que o governo de Passos Coelho está a aniquilar Portugal.
Como explicar este meu súbito interesse por Jung? Ontem, quando disse que o nosso "eu visível" co-habita com um "eu fascista", o "portal" abriu-se durante o sono, dizendo-me que era urgente reler Jung. A nossa mente é um misto de opostos; ou melhor, ela comunica com diversos campos quânticos.
Hoje não é possível filosofar sem dominar a Mecânica Quântica, a Teoria da Relatividade, a Cosmologia Quântica e a Física das Partículas. A Filosofia deve actualizar as suas teorias em função dos novos desenvolvimentos científicos. Chegou a hora de descartar o conflito entre materialismo e idealismo.
Carl G. JUNG: «O conceito de Deus é simplesmente uma função psicológica necessária, de natureza irracional, que absolutamente nada tem a ver com a questão da existência de Deus».
A derrocada da cultura revela-se no "amor" que as pessoas dizem ter pelos animais. Se Freud ou Jung fossem vivos, esse "amor pelos animais" seria interpretado como sintoma de uma neurose ou psicose. E, de facto, trata-se de um fenómeno regressivo.
Quem escolhe os animais como companheiros e campos-objectos de investimento libidinal, está a dizer aos outros humanos: "Eu sou um animal e é como tal que quero ser tratado". A cultura racional produziu o seu contrário: o ódio pela cultura.
Uma grande verdade: O Sábio alimenta-se da crítica; os ignorantes - os portugueses, por exemplo - aplaudem ou exilam os sábios. Os portugueses são inimigos do Conhecimento; daí que tenham produzido um país da merda.
O que é a mente auto-consciente? A ciência detesta este tipo de questões porque não tem respostas ou, pelo menos, pensa não ter respostas. O materialismo constantemente adiado que identifica mente-cérebro é impensável. É preciso ser ousado e recorrer à própria Física, encarando a auto-consciência como um campo que comunica com o cérebro a partir de determinados sítios. Algo de semelhante foi realizado pela teologia quando fala da memória infinita de Deus. Ora, esse campo da memória de Deus pode ser o campo da nossa consciência. Porém, Deus perdeu-se ao criar o mundo e somos nós humanos que temos de o resgatar. O formalismo matemático permite clarificar estes assuntos mediante a introdução de novas variáveis.
Provocação: Onde há mulheres o pensamento está ausente. A crise da educação deve-se ao facto da presença esmagadora dos membros do sexo feminino. O que fica no lugar do pensamento? Discussões intermináveis sobre o sexo. Sim, para construir a civilização foi preciso excluir as mulheres, como dizem as feministas. A força do Islão reside nessa exclusão.
Santo Agostinho e Tomás de Aquino, bem como outros padres da Igreja, chegaram a pensar uma "heresia": a sabedoria de Deus parece não ter sido perfeita quando criou os dois sexos. Sabe como eles contornaram a heresia? Se não sabe aproveite a ocasião para estudar.
Os utentes do facebook andam assustados com a espionagem: os que habitam um país governado pela "direita" usam esse facto para condenar esse governo, e vive-versa: os que habitam um país governado pela "esquerda" utilizam a mesma "imagem" para denunciar o totalitarismo. Ora, deixando de lado essa treta da direita e da esquerda, as pessoas já deviam saber que o meio electrónico permite o controle de muitos por poucos. A tecnologia não é politicamente neutra: a tecnologia produz dominação. Enfim, a psicose das massas é terrível.
Nas savanas africanas, há mais hienas do que leões. Apesar de ser o rei da selva, os leões nem sempre vencem as hienas. Os leões têm como adversários as hienas, os leopardos e as chitas. Há filmes que mostram estes animais a matarem-se uns aos outros. Eles competem no mesmo nicho ecológico. Porém, ver leões a matar chitas parece não fazer sentido porque geralmente os leões ficam com as presas caçadas pelas chitas. A explicação deste comportamento parece ser a seguinte: cada um destes grupos de animais mata as crias dos outros. Embora nunca tenha visto uma chita a matar as crias dos leões, parece ser essa a razão que os leva a matar as chitas adultas e bebés.
Na minha imaginação infantil, a hiena cujo rir escutei tantas vezes aparece associada à necrofagia e sobretudo ao cemitério. Esta imagem da hiena contrasta com a de Aristóteles: morte e hiena andaram sempre ligadas no meu imaginário infantil. Depois muito mais tarde aprendi a conhecer melhor a hiena, usando-a como modelo animal da diferenciação sexual do cérebro e do comportamento. No entanto, a imagem infantil não se apagou completamente porque o sexo anda associado à morte.
O patriarcado é visto pelas feministas como sendo responsável por todos os males. Não sei como é que as feministas ainda não escolheram a imagem da hiena para simbolizar as suas pretensões "matriarcais estéreis", isto é, sem maternidade. As crias da hiena nascem agressivas, mais as fêmeas do que os machos. No entanto, a hiena-fêmea super-agressiva sofre na cópula e no dar à luz porque o seu clitóris é um falo.
Que vigarice boifica! Corruptos, ladrões e malucos! Patologia pura! Insanidade mental total!
Este jogo entre os boificas e os portistas foi uma vergonha total: o árbitro fartou-se de dar cartões amarelos e não houve jogo nos últimos 15 minutos. Os treinadores foram expulsos, foi marcado um penalti inexistente, o público boifica invadiu o relvado, os boificas jogaram anti-jogo agressivo, enfim a corrupção esteve no campo. Há adeptos e adeptos. A verdade é que os boificas não são mentalmente sadios; são fascistas na sua maioria. Um país habitado por pessoas primárias que temem a vida é um país sem futuro. Detesto Portugal e desejo que os mercados financeiros afundem este ermo patológico.
O último a rir ri mais e melhor. Ver Portugal pobre e derrotado é um gozo. Com o rosto assimétrico, sinal de maus genes, os boificas e as lagartixas vão penar no hospício. A maldição está a ser cumprida: os portugueses vão penar até morrer.
A Assembleia dos Justos decretou a morte de Portugal.
As pessoas saudáveis que habitam este ermo mental chamado Portugal deviam ficar envergonhadas com as cenas que ocorreram hoje no Estádio dos Malucos Encarnados. Há limites para a tolerância: silenciar comportamentos patológicos sem protestar é, ele próprio, um comportamento indicador de perturbação mental. O fascismo mental não pode ser tolerado: Os boificas se fossem pessoas saudáveis tinham vergonha do comportamento psicótico do Ai Jasus. O homem é simplesmente maluco.
Os portuenses devem pensar seriamente na sua vida e romper com a treta nacionalista. Se não fossem tão medíocres já tinham rompido com Portugal. Eu defendo o Porto mas não acredito muito na solidariedade do Norte. A minha experiência indica que as coisas más que acontecem no Porto são protagonizadas por pessoas de outros lugares do Norte. Devemos ser desconfiados e cínicos e matar imediatamente o inimigo.
Tal como defendo a dignidade da Rússia-mãe, defendo igualmente os alemães: Eu sou fruto do pensamento alemão, o único que vale a pena pensar. Rejeito qualquer tentativa de identificar o pensamento alemão e o nazismo. Além disso, nem todos os nazis foram mentes perturbadas. Rosenberg foi muito lúcido quando escreveu o Mito do Século XX: a decadência mediterrânica aconteceu quando Alexandre parte à conquista do Oriente. A poluição começa a ocorrer nesse fatídico momento: os Gregos que estudamos com paixão não são os gregos poluídos de hoje.
Qual é o problema de Portugal? Poluição, impureza, má genética... Os portugueses fogem do pensamento como o Diabo foge da Cruz. Ora, quando está em causa o futuro de uma grande tradição como a nossa, os povos periféricos são os primeiros alvos a abater. Portugal não deu nenhum contributo para a civilização ocidental e, portanto, não merece existir. O mundo respirará ar puro quando este ermo mental desaparecer da face da terra.
Como disse Calvino: Só os Eleitos se salvam! Deus nunca quis salvar os portugueses e os poluídos! Precisamente, aqueles que morrem na morte. Eis a suprema maldição: a aniquilação.
Doravante, a minha filosofia vai recorrer a imagens primordiais, de modo a dar ênfase à maldição que se abateu sobre Portugal.
O Zé-Ninguém diz: Deus não existe e vive como se fosse imortal. No entanto, quando cai doente e a morte é anunciada, o monstro não quer morrer. Mal ele sabe que a morte precoce seria a sua única oportunidade de salvação. Escuta: Tu vais morrer depois de penares muito. Quem sabe se não transportas os germes do Apocalipse Zombie!
Como eu vejo vastos sectores dos homens do Norte: Acéfalos dotados de um par de membros posteriores curtos. Asco: eis o que sinto pelos portugueses. Noutro dia disseram-me que era o Nietzsche de Portugal, mas não sou nem uma coisa nem outra: Sou dialéctico no jogo jogado entre Natureza e Cultura. E Portugal não está inscrito nos meus genes.
Amigos/as: Não fiquem zangados/as comigo porque eu nunca fiz parte do coro do "politicamente correcto". E por temperamento não gosto de fazer parte dos vencidos da história. Quanto ao pensamento alemão, preciso dele para viver: na minha alma não há lugar para pensamentos castrados e castradores.
Carl G. JUNG: «O americano apresenta-nos uma estranha figura: a de um europeu com maneiras de negro e alma de índio». Esta análise de Jung do perfil do americano merece ser lida e meditada.
Adler e Jung abandonaram Freud, seguindo cada um deles o seu próprio caminho. Freud foi deveras irónico quando critica Adler, omitindo por maldade Jung. Porém, o desafio de Adler a Freud é forte: Adler recusou a condição de estar sujeito a Freud, e este entendeu esta cisão interna da psicanálise como reacção anti-semita.
A noção de inconsciente de Lévi-Strauss está mais próxima de Jung do que de Freud: a teoria da libido foi abandonada ou, pelo menos, secundarizada. O marxismo tanto criticou como operou uma síntese com a psicanálise: o freudo-marxismo. Para mim, tanto a psicanálise de Freud como a psicologia individual de Adler e a psicologia analítica de Jung são meras filosofias elaboradas em chave psicológica. Pena Jung não ter merecido a atenção dos pensadores marxistas.
O pensamento do dia é o seguinte: O marxismo não está esgotado, mesmo que já não possa apresentar uma solução política pronta a utilizar. Os marxistas que se desviaram muito da rota definida por Marx cometeram uma traição: a tarefa mais importante do nosso tempo é a crítica da economia dominante, e não a teoria burguesa da acção comunicativa de Habermas.
O divórcio entre Filosofia e Ciência consumou-se com prejuízo para ambas: as filosofias elaboradas em chave psicológica - Freud, Adler e Jung - distanciaram-se da ciência apresentando-se como "ciências". Lacan mistificou a ciência do inconsciente de Freud e sobre esta mistificação surgiu o feminismo radical que, além dessa herança obscura, reclama Foucault e Derrida. Judith Butler: a partir da matriz heterossexual desconstrói a heterossexualidade compulsiva e - paradoxal - a própria homossexualidade. Mas como não pode haver uma sem a outra o resultado é o reforço da matriz heterossexual. Claro, o feminismo radical odeia a biologia; é tudo uma construção social.
Há uma maneira de calar Butler perguntando-lhe o que faz na cama com as suas parceiras lésbicas.
Entre o imaginário e o simbólico há a mãe e a ameaça de castração introduzida pelo pai. Então, o menino para não perder a pilinha interioriza a interdição paternal e identifica-se com o pai. Esta análise de Lacan realiza-se ao nível da linguagem.
Tudo se reduz a cisões e ausências.
Cartas sobre a mesa: Tanto Adler como Jung não suportam a teoria de Eros de Freud. O Complexo de Castração repugna-os. Traduzindo a sua crítica em termos simples: Freud encarou a "mente saudável" a partir da "mente neurótica" e, desse modo, degradou a "natureza humana". Mas foram mais longe: a castração pode ser um complexo especificamente semita e judeu. Enfim, purificaram a "psicanálise" da neurose dos judeus.
Freud compreendeu isso porque acusa-os de anti-semitismo.
Como sabem, Adler substitui a pulsão sexual pela vontade de poder - impulso do ego. Jung retém Nietzsche. Germanização do pensamento.
O macho germânico recusa ser subalterno do macho judeu e o macho suíço acrescenta o conflito geracional: a análise dos sonhos das pessoas no outono da idade precisa recorrer aos arquétipos do inconsciente colectivo; o inconsciente individual é para os jovens que têm futuro à frente.
Adoro o espírito agonístico dos alemães! Sei sempre o que está subentendido na sua poderosa escrita.
Cadê o macho português? Não há registo histórico deste suposto macho que castrou o pensamento. O homem pode sobreviver sem pénis mas não pode viver sem cabeça. Porém, o macho português é uma excepção: vive sem cabeça.
Os alemães apropriaram-se da herança grega, tornando-a "própria" e elevando-a à dignidade máxima e à excelência. O meu preconceito contra Jung incorporado a partir de Freud privou-me de uma grande companhia: o inconsciente colectivo é uma ideia fascinante, mas o que me seduz é a concepção de Si-Mesmo, da Persona e do processo de individuação de Jung, bem como a distinção entre animus e anima. A individuação é pensada como "tornar-se si-mesmo", Verselbstung, ou "realizar-se do si-mesmo", Selbstverwirklichtung: Tornamo-nos o nosso próprio si-mesmo a partir da diferenciação da mente colectiva. Somos fragmentos dispersos da psique colectiva.
Grosso modo, a Terra tem 6 mil milhões de anos e a vida surgiu há 3 mil milhões de anos: eis datas que deviam fazer pensar. Do inorgânico ao orgânico e, depois com a linguagem, o salto vertiginoso do orgânico para a vida consciente. Supondo existir um "campo universal", somos forçados a questionar os seus "desígnios" porque nem todos os homens ao longo do tempo foram "iluminados" pela sua "sabedoria". Isto implica que a maquinaria neural não é igual em todos os homens: Há cérebros mais preparados do que outros para comunicar com o tal "campo universal". Porém, nunca podemos definir esse campo como um "campo energético" porque não sabemos o que é energia psíquica ou universal.
"Energia" é o conceito-fetiche do século XIX. E foi desalojado pela ciência actual.
Tudo se reduz a probabilidades quase impossíveis: Como é que o campo da consciência consegue disparar os neurónios?
É um problema de sinapse ou de partícula desconhecida?
Passei quase todo o dia a estudar mecânica quântica mas depois fui interrompido por uma amiga. Andamos todos tristes. A teoria quântica tem fama de ser complicada. Hoje vislumbrei um modo para descomplicá-la: há modelos matemáticos e modelos verbais e aquilo que um "ganha" o outro perde. A filosofia da mecânica quântica não precisa do misticismo oriental, até porque ela não implica qualquer laço com a religião. As modas orientalistas atrapalham mais do que ajudam a esclarecer.
Os misticismos orientais são "pensamentos" grosseiros que só ganham alguma densidade cognitiva quando interpretados à luz da Filosofia. Os cientistas deviam saber que a teoria quântica surgiu no seio de uma determinada tradição: a sua matriz é ocidental e é na filosofia ocidental que deve procurar a sua interpretação mais adequada. A teoria quântica aboliu a noção de objectos separados e introduziu a noção de participação em vez da de observador. O grande desafio é incluir a consciência na sua descrição do mundo. Ora, há muitas filosofias que já o fizeram e de modo racional. A tradição ocidental é auto-suficiente.
Heisenberg: «O que observamos não é a natureza propriamente dita, mas a natureza exposta ao nosso método de questionamento». Esta frase poderia ser atribuída a Kant para não recuar mais no tempo. Qual a necessidade de recorrer ao misticismo oriental?
A Geometria não é inerente à natureza, mas sim imposta à natureza pela mente humana. Coube a Einstein mostrar que o espaço e o tempo são construções da mente humana. Einstein rejeitou completamente o universo de Newton, mas a sua ideia fulcral não é estranha à tradição filosófica.
Estou a adorar estes debates no facebook porque me ajudam a clarificar as minhas ideias. Eu auto-encaro-me como o último guardião da Tradição Ocidental e, quando critico o feminismo que mancha o ascetismo, faço-o para dar mais um empurrão à alma ocidental; caso contrário, caminhamos para o ocaso. Não há fusão de civilizações; em sentido rigoroso, não há diálogo entre civilizações.
Há uma Filosofia da Técnica e das Tecnociências e uma Filosofia da Tecnologia. Prefiro esta última designação para nomear a clarificação filosófica da essência da tecnologia. Na era da máquina e do engenheiro, surgiu propriamente a filosofia da técnica com a obra seminal de Ernst Kapp. Marx também foi um pensador da técnica. Outros nomes relevantes: T. Walker, A. Ure, F. Dessauer, J. Laffitte, Gilbert Simondon, H. Bergson, O. Spengler, J. Ellul, J. Y. Goffi, G. Hottois, H. jonas e T. Engelhardt. Há também os críticos da civilização técnica desde o romantismo alemão até aos nossos dias. A Bio-tecnologia está actualmente no centro da reflexão filosófica: a Bio-ética.
Uma Teoria Crítica da Tecnologia incide em três domínios: o controle da natureza, o controle da vida e o controle do próprio homem. O marxismo sempre teve em consideração estes três domínio da dominação técnica. Uma obra que deve ser lida: "Science and the Modern World" de Whitehead (1925). E mais esta: "The Domination of Nature" de Leiss (1972). Outra interessante: "The End of Nature" de McKibben (1990). Ainda há boa produção científica e filosófica, mas não em Portugal, país pouco amigo do conhecimento sério.
O Conhecimento exige disponibilidade, capacidade cognitiva elevada, dedicação e muito esforço. Ora, sabemos que essas são qualidades ausentes entre os portugueses, criaturas viradas completamente para o exterior e privadas de interioridade.
Tenho estado a pensar nos paralelos entre Teoria Quântica e misticismo oriental estipulados por Capra e, de facto, não vejo nenhuma convergência entre ambos: a Teoria Quântica não é uma experiência íntima com o universo; pelo contrário, é uma descrição do mundo que recorre a formalismos matemáticos sofisticados. A convergência não faz sentido porque uma escola que silencia a alma racional nunca poderia ter levado à revolução científica e filosófica do século XX: a Teoria Quântica faz parte da tradição crítica do Ocidente.
Embora tenha estudado com rigor o Hinduísmo, o Budismo, o Pensamento Chinês, o Taoísmo e Zen, F. Capra esquece o papel desempenhado pelo misticismo oriental na sociedade e na legitimação de uma determinada estrutura de poder: as sociedades indiana, chinesa e japonesa não são de modo algum sociedades "harmónicas". As categorias místicas são extremamente opressivas. Lembrar que o hinduísmo desenvolver o tantrismo - misticismo erótico -, onde a iluminação é procurada através da experiência de amor sensual e carnal, não abona nada a favor do paralelo entre Teoria Quântica e misticismo oriental. De erótica a mecânica quântica não tem nada. E onde nela encontramos a energia feminina do universo? Capra é burrinho...
A natureza dual da luz não pode ser pensada a partir dos dois princípios chineses: yin e yang, até porque a dualidade onda-corpúsculo não tem nada a ver com a sexualidade. O paralelo não faz sentido; é uma estupidez.
Resta-nos escrever a obra: Teoria Quântica contra o misticismo oriental. O mundo oriental rendeu-se aos encantos tecnológicos que resultaram da Teoria Quântica e tornou-se difícil conservar a aura da tradição oriental. Quem adira à ciência ocidental perde a sua própria tradição.
Não podemos criticar a Razão sem nesse instante perder a razão: o Logos de Heráclito deve continuar a ser o fio condutor da nossa tradição crítica; abdicar dele é regressar à barbárie. Os filósofos ocidentais que criticam a Razão devem ser condenados ao ostracismo. Ditadura pedagógica: eis o que necessitamos neste momento de crise profunda.
A Razão é paternalista, como já sabia o divino Platão: as massas populares não são sensíveis aos argumentos racionais; a sua irracionalidade exige que sejam conduzidas pelos homens do conhecimento. É neste terreno que vejo o eclipse da política: Num mundo ameaçado, a política deve ceder o seu lugar ao Conhecimento.
Não há soluções perfeitas e, neste aspecto, Buda tinha alguma razão. Os mercados financeiros estão a corromper e a destruir a democracia. É pena não podermos reagir reforçando a democracia. Para salvar o mundo, ou melhor, para adiar o seu colapso inexorável, já não podemos defender a democracia que nos afundou: o povo não pensa de modo racional e a opinião pública é pura manipulação da irracionalidade do povo. A democracia nunca foi verdadeiramente real e nunca será real. Precisamos inventar outra forma de governo que no início será uma ditadura pedagógica capaz de obrigar o homem a aceitar a sua mortalidade.
Andam durante todo o ano a dizer mal do cristianismo mas no Natal e na Páscoa comportam-se como se fossem cristãos do consumismo. O povo não pensa...
A Filosofia da Tecnologia é um campo de batalha onde dois exércitos diversificados internamente se confrontam. De um lado, temos o exército da Tecnofilia, e do outro, o exército da Tecnofobia. Tanto a tecnofilia como a tecnofobia são filosofias que articulam a tecnologia com a história, o homem, a vida, a natureza, a economia e a política. Curiosamente, o marxismo e o liberalismo situam-se no mesmo exército da tecnofilia. Ernst Bloch não abdica da utopia técnica de F. Bacon.
O que é o Budismo? Conhecem as Quatro Verdades Nobres do Budismo? A situação humana é sofrimento e frustração resultantes da resistência humana ao fluxo da vida. A causa deste sofrimento reside no apego e avidez. É possível libertarmo-nos desta situação, de modo a atingir o nirvana. Mas para isso é preciso seguir o Caminho Óctuplo, o caminho do meio entre extremos opostos. O Budismo é mais uma psicoterapia do que uma religião.
Escrevi no passado um ensaio sobre cosmologia científica a que dei o título "Vertigem de Empédocles". Dado defender nesse ensaio um universo oscilatório, poderia ter escolhido outro título sugestivo: A Dança Cósmica de Shiva. Como se sabe, no hinduísmo Shiva é o deus da criação e da destruição que sustenta através da dança o ritmo interminável do universo. Mas preferi ser um electrão mental para sondar a mente de Empédocles no momento em que se lança no vulcão.
Argumento contra a tese orientalista da Teoria Quântica de Capra. No século III da nossa era, Plotino concebeu a alma cósmica como fonte de todas as almas que existem dentro dela, escrevendo: «Há tanto a Alma como as muitas almas. Da Alma Una procede uma multiplicidade de diferentes almas». Em linguagem da Teoria do Campo Unificado obtemos a seguinte tradução: "Há tanto o Campo Uno como os muitos campos. Do Campo Uno procede uma multiplicidade de diferentes campos". A Teoria Quântica foi elaborada dentro desta tradição teórica onde se inclui o neoplatonismo que é filosofia. Como é evidente, os detalhes da Teoria do Campo Unificado superam qualquer aproximação do passado.
Eu sou um guardião da Civilização Ocidental e, dado o cristianismo ter moldado a minha tradição, não o posso descartar para depois assumir a defesa de outras religiões. Porém, relembro aqui que o cristianismo foi helenizado: o próprio S. Paulo foi obrigado a aprender grego e a assimilar o pensamento grego. Depois foi a Patrística Grega que helenizou o cristianismo. Convém ter cuidado quando se critica a tradição.
Graças aos árabes, o Ocidente teve acesso às obras de Platão e de Aristóteles, bem como a outras obras dos gregos. Mas reparem: a mensagem cristã foi desde logo helenizada e foi desse encontro entre filosofia grega e cristianismo que surgiu a teologia: racionalização do dogma. Os padres da Igreja leram a mensagem cristã à luz da filosofia grega. Por isso, o cristianismo conheceu tantas heresias e acabou por conduzir à secularização que, de resto, já se encontra em certas ideias bíblicas.
Francisco Sanches (1551?-1623) é o único filósofo português que merece algum destaque nas Histórias da Filosofia: o seu cepticismo impressionou o mundo culto. Afinal, quem já leu "Que nada se sabe". "Quod nihil scitur" (1581)? Lothar Thomas escreveu a "Contribuição para a História da Filosofia Portuguesa", onde analisa com algum detalhe o pensamento de Sanches.
Leibniz: "A Filosofia da Península Hispânica pagará abundantemente as vigílias de quem a puder estudar e a compreender". Infelizmente, ainda não temos uma História da Filosofia da Península Ibérica.
A Filosofia Portuguesa está muito ligada à medicina: Francisco Sanches é um desses casos. Mas temos também João Hebreu que contactou a Academia Platónica de Florença e, em ligação com Mirandola, tenta realizar a síntese de Platão e de Aristóteles. Alguém conhece o seu "Diálogo de Amor"? Depois temos diversos filósofos judeus: Abrahão Ferreira, Samuel da Silva, Uriel da Costa, João Serram, bem como alguns escolásticos platonizantes: Frei João dos Santos e Padre Bento Perreira. Judaísmo, platonismo e neoplatonismo, e averroísmo latino exerceram poderosa influência na filosofia portuguesa.
A Universidade de Coimbra foi um tremendo fracasso: A "Geschichte der Philosophie in Portugal" de Lothar Thomas ainda está marcada pelas mentiras produzidas na Universidade de Coimbra. E, como seria de esperar, esquece de ver que a nobreza do povo português reside e irradia do Porto. Uma História da Filosofia Portuguesa só é possível à luz do Porto.
Em sentido rigoroso, as filosofias "nacionais" surgem depois do nascimento dos tempos modernos: A Filosofia da Idade Média não tem "nacionalidade" e, como se sabe, fala latim. Tanto o clero como a nobreza eram classes universais, isto é, não tinham "pátria". O tesouro da filosofia da Península Ibérica é universal, incluindo os contributos de diversos povos, entre os quais o judeu e o árabe. É por isso que digo que a filosofia portuguesa nasceu no Porto.
Eis o tesouro filosófico peninsular: Averróis nasceu em Córdova em 1126, dando a conhecer a filosofia de Aristóteles. Algazel é responsável pelo êxodo da filosofia muçulmana do Oriente para a Espanha (Península Ibérica). Averróis é, portanto, um filósofo hispânico, ao lado do qual temos figuras de destaque da filosofia judaica: Avicebron e Moisés Maimónides. Espanha, Sicília e Nápoles foram os principais pontos de contacto entre o Oriente e o Ocidente: a Escola de Tradutores de Toledo foi fundamental para a irradiação ocidental da filosofia. As Universidades foram fundadas no século XII.
Acho que decidi aprofundar o meu conhecimento da Teoria Quântica: Sempre simpatizei com a interpretação filosófica da Escola de Copenhaga. Hoje estive a ler o contributo de um físico italiano, cuja obra é extremamente difícil. Deste confronto resultou a necessidade de criar uma Filosofia Quântica. Estou muito triste com a viragem de Dirac depois de velho, dando razão a Einstein contra Bohr.
Max Jammer: "Não pode existir dúvida alguma sobre o facto de que o precursor dinamarquês do existencialismo moderno e da teologia neo-ortodoxa, Soren Kierkegaard, através da sua influência sobre Niels Bohr, tenha influenciado também, de certo modo, o caminho da física moderna".
Os adeptos de Einstein recorrem à história para tentar eliminar a interpretação da Escola de Copenhaga da Mecânica Quântica, colocando-a sob pressão da Lebensphilosophie vista como a "ideologia dominante de todo o período imperialista da Alemanha". E citam Georg Lukács: «A afirmação geral da ideologia do desespero na Alemanha é, sem dúvida, antes de mais, uma consequência da derrota, da paz de Versalhes, da perda de perspectiva nacional e política». O princípio de complementaridade de Bohr é interpretado a partir do ataque de Kierkegaard contra a dialéctica de Hegel, e a recusa da noção de causalidade a partir do ataque de Spengler contra o princípio de causalidade. É estranho que físicos que desejam a aproximação entre filosofia e física façam um uso indevido das obras filosóficas.
Doravante, chamarei Misticismo Quântico às tentativas de síntese entre física dos quanta e misticismo oriental. Os principais protagonistas do misticismo quântico foram: Brian Josephson (Prémio Nobel), Fritjof Capra, O, Costa de Beauregard e o físico indiano E. C. G. Sudarshan. Todos eles referem a tradição védica da Índia e aceitam, de certo modo, a ideia de que o espírito exista antes da matéria e tenha o poder de a gerar. Porém, esta crença religiosa já tinha os seus representantes na física: William Crookes, Arthur Eddington, James Jeans, Eugene Wigner, R. D. Mattuck, G. Klein, A. A. Cochran, L. Bass e H. Pietschmann.
No entanto, concordo com os adeptos de Einstein na leitura que fazem da obra de Laplace sobre as probabilidades (1814), traçando uma distinção entre determinismo ontológico e determinismo gnoseológico, ou seja, o determinismo da natureza e o determinismo do conhecimento humano. Laplace foi determinista ontológico sem acreditar na possibilidade de o homem ser capaz de realizar esse programa: «Todos esses esforços em busca da verdade tendem a aproximá-lo - o homem, claro! - continuamente da Inteligência que apenas vislumbrámos, mas da qual ficará sempre infinitamente longe».
Os físicos soviéticos interpretaram os fundamentos da Mecânica Quântica à luz do materialismo dialéctico e, de facto, produziram bons trabalhos que infelizmente não são conhecidos no chamado mundo livre. Basta nomear dois grandes físicos soviéticos: Landau e Fock, ambos influenciados pelas ideias de Copenhaga-Göttingen. Landau escreveu um livro célebre, juntamente com Lifshits: "Mecânica Quântica", que, como manual universitário, garantiu a vitória de Bohr na URSS.
Onde estavam as "inteligências" portuguesas em 1902 - Crise dos fundamentos da matemática -, em 1905 - Einstein formula a teoria especial da relatividade e descobre a equivalência entre massa e energia -, e em 1927 - formulação da mecânica quântica, para só referir estas três datas da explosão de ciências? Pois, não sabem responder porque em Portugal não há massa cinzenta pensante.
Infelizmente, já não dou cursos de Lógica Formal há mais de 10 anos. Tenho uma excelente bibliografia de Lógica. Mas neste momento já ninguém se preocupa com a Lógica: Bolonha matou o ensino.
Hoje acontece com a Lógica aquilo que aconteceu com a Geometria de Euclides: explosão de geometrias não-euclidianas, explosão de lógicas. As lógicas polivalentes também datam das primeiras décadas do século XX. Infelizmente, em Portugal ainda se ensinava uma versão corrupta da lógica aristotélica sem levar em conta a sua formalização por Lukasiewicz, cuja obra está na origem da lógica difusa (fuzzi).
Dizem que com Sócrates o interesse da Filosofia se desviou da natureza-cosmos para o homem-Polis. Ora, as obras de Platão e de Aristóteles desmentem este esquema simplista e estúpido. Não consigo conceber um curso de Filosofia sem a disciplina nuclear de Filosofia da Matemática. Platão exigia o domínio da geometria para entrar na sua bela escola de filosofia. A Filosofia não pode ser o reduto-antro dos incompetentes cognitivos.
Em 1902, aquando da crise dos fundamentos da matemática, realizaram-se dois congressos, onde se confrontaram os logicistas, os formalistas e os intuicionistas. A crise deve-se à descoberta de Russell da antinomia que tem o seu nome. Ora, esta dissenção cuja profundidade se revelou no congresso de Königsberg (1930) ainda não está resolvida. Já pensou na relação entre física e matemática?
Hoje avancei muito na interpretação da Mecânica Quântica, mas não sei se devo partilhar ou não a minha própria interpretação.
David Bohm ousou pensar uma nova filosofia a partir da relatividade e da teoria quântica. O seu nome devia figurar na história da Filosofia, até porque ele está muito próximo do pensamento dialéctico hegeliano e marxista. A Filosofia Quântica que não é holista impõe uma revisão profunda do marxismo: o projecto político de Marx não é o mais adequado à sua filosofia. E o que dizer da dialéctica da natureza de Engels? Infelizmente, vivemos na era da fragmentação consumada que dispensa os espíritos geniais.
O reomodo é um novo uso da linguagem proposto por Bohm que privilegia o verbo, em vez do substantivo. Trata-se de uma nova experiência da linguagem. Porém, apesar de achar o desafio interessante, vejo nesse empreendimento a proposta de um novo tipo de ciência. Bohm vai ao encontro do desejo de Marcuse: elaborar uma nova ciência que não implique dominação. Ora, um tal projecto esbarra contra o princípio de desempenho.
A Dialéctica luta contra a fragmentação, tendo em vista a totalidade indivisa. Ora, se esta é a própria luta da Mecânica Quântica, então a Filosofia Quântica é Dialéctica Quântica: Tudo o que é é Processo. O Jovem-Marx sabia que era necessário superar o antagonismo entre materialismo e idealismo: o erro dos seus discípulos foi terem sacrificado a dialéctica ao materialismo, de resto uma filosofia impensável e nociva. O realismo de Einstein deve ser abolido.
As chamadas "filosofias orientais" não existem; o que existe são leituras filosóficas dos pensamentos religiosos do Oriente. Daqui resulta que a filosofia adequada à Mecânica Quântica nunca poderá ser um misticismo oriental. No Oriente, sobretudo na Índia, o misticismo coexiste com uma sociedade de castas, ou seja, com uma sociedade fragmentada que nega a verdade da totalidade indivisa. O misticismo é ideologia que legitima a crueldade existente. Bohm é mais filósofo do que Capra.
Chegou a hora de introduzir a angústia quântica na Biologia que ainda segue o modelo da Física Clássica. A morte deve ceder o seu lugar à vida: a fragmentação operada pela biologia molecular alimenta-se de corpos mortos. Uma forma de dizer que o evolucionismo tem os dias contados. Maldito defunto que já cheira mal.
A desfragmentação da totalidade indivisa operada pela revolução quântica tem o seu próprio limite: o imensurável escapa ao domínio do conhecimento humano. O Homem é, por natureza, o ser-fracassado.
A Mecânica Quântica pensada nos seus "limites" ou "excessos" lança-nos um desafio total: o dos efeitos cósmicos da acção humana. Diante deste desafio total, resta-nos introduzir Deus nas equações quânticas. Deus só estará a salvo se ele próprio for transcendente ao movimento total; caso contrário, estará condenado ao colapso.
Ao desconforto da aventura humana devemos acrescentar o desconforto cósmico: Eu vejo colapso cósmico. No entanto, o meu teísmo do protesto leva-me a pensar novas configurações cósmicas à maneira de Leibnitz: Tudo o que é possível é real.
Tudo o que parece ser enigmático na Mecânica Quântica fascina-me: Aceito de uma outra leitura do Princípio Antrópico, mas a hipótese de Universos Múltiplos e Paralelos encanta-me ainda mais. Acho que devemos pensar estes caminhos obscuros abertos pela Mecânica Quântica, cuja novidade radical é ter convertido a Física naquilo que sempre foi: FILOSOFIA. Precisamos de REINVENTAR a nossa tradição ocidental, se quisermos ter alguma esperança no futuro. Porém, temos um obstáculo: a fragmentação reduziu o Homem à sua miserável condição animal. E um animal metabolicamente reduzido já não é capaz de pensar a realidade-em-devir-perpétuo. A ideia mais antidialéctica presente nas filosofias da libertação congelou a própria dialéctica: o homem cristalizou-se na sua fragmentação e o horizonte encolheu-se nesse instante.
Alfred North WHITEHEAD: "A meta da ciência é buscar as explicações mais simples para factos complexos. (...) A máxima directora da actividade de todo o filósofo natural deveria ser: BUSCAR A SIMPLICIDADE E DESCONFIAR DA MESMA". Claro, hoje em dia, lidamos com burros diplomados que ruminam como as vacas.
Em Portugal, morre-se cada vez mais sem haver verdadeira renovação: o país está entregue à bicharada. De facto, perante a hecatombe, o melhor é morrer. As pessoas já deviam saber que a vida não faz sentido: a busca do sentido é uma ilusão. Não há qualquer razão para viver...
O segredo da Mecânica Quântica é simples: elaborar uma nova metafísica a partir dela. A metafísica realista já devia estar enterrada e esquecida: Devemos olhar para o mundo sem ilusões. O mundo quântico revela a fragilidade da mente humana: a busca do controle conduz à auto-destruição. O homem que persegue ilusões está condenado a perecer. A escolha é simples: Fissão nuclear ou fusão nuclear? O cancro é o destino! O homem está em vias de extinção!
Vai chegar o tempo em que a busca energética vai levar o homem a produzir plutónio que emite partículas alfa. Ao invadir o ar o plutónio entra nos pulmões sem deixar de emitir partículas alfa que não conseguem sair da caixa torácica. Absorvidas pelo tecido pulmonar provocam cancro. O homem que já é um tumor ambulante vai morrer de cancro: o preço da ilusão. A outra alternativa é uma enorme bomba de hidrogénio... pum-pum...
Um desafio aos amigos da vida: Como justificam o desperdício energético que são perante o Tribunal da Energia Universal? Já pensaram nas pessoas que passam pela vida sem a enriquecer e desperdiçando energia? Afinal, podemos converter uma vida numa pilha!
Quantas refeições fazem por dia? Ora, o organismo desperdiça energia. Aquilo que come não o enriquece mas dá lucro à indústria alimentar. Para viver não é preciso comer tanto. Além de ser um desperdício energético, está a produzir entropia.
Eu fui educado num regime de exigência e não me senti sufocado por causa disso. Nunca copiei e não aprovo esse comportamento. No entanto, ajudei alguns colegas a livrarem-se dos pesadelos da anatomia, através de um dispositivo técnico que hoje seria o telemóvel. Entrei na sala de exame, observava as peças e dizia em voz baixa a resposta correcta. Eu e outro colega - os primeiros a fazer o exame - acertamos em todas as respostas. Ora, os que estavam fora já sabiam as respostas e não houve falhas. Enfim, o Professor de Anatomia anulou todos os exames, excepto o meu. Mas nunca confessei o meu "crime".
O estudo do formalismo matemático da Mecânica Quântica alertou-me para um limite da minha capacidade de concentração. Apesar de ter tempo para concluir uma tarefa, não consegui prosseguir o estudo. Porém, detectei as diferenças fundamentais entre as operações matemáticas e os processos físicos. Vou pensar nisso porque geralmente penso que tudo se resolve com mais formalismo matemático.
1687: Newton publica "Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural". Convém lembrar que a Royal Society foi criada para promover novas formas de pensamento sem a ameaça da Inquisição. Newton foi membro destacado dessa organização. Enfim, os Reis portugueses nunca promoveram o crescimento científico.
Alexandre Pope: "A Natureza e as suas leis jaziam ocultas na noite. Deus disse: Que Newton seja feito! e tudo se iluminou". Newton formulou as três leis do movimento: a lei da inércia, a lei da aceleração e a lei da acção e reacção. E formulou a lei da gravidade: todo o corpo no universo atrai todos os demais corpos do universo com uma força proporcional ao produto das suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles. Ora, a lei do quadrado inverso também se aplica à luz mas isto já é outra história.
Atirar uma banana para o campo de futebol é sinal de racismo? No último jogo do Barcelona, o jogador em causa comeu a banana antes de marcar o canto. Não vi sinais evidentes de racismo.
O "politicamente correcto" é pensamento de rebanho que não tolera a diferença: Não podemos recusar a liberdade de exprimir as suas próprias opiniões a cada membro da sociedade. As pessoas que não cultivam a mente são totalitárias: Atirar uma banana para o campo deve ser visto como um comportamento livre. Comer a banana também foi outro comportamento livre.
Dito de modo simples: Os Europeus são livres na defesa do seu próprio território. E de facto devem usar esse direito. Ninguém pode ser obrigado a viver com quem não quer viver e partilhar o território. A Europa já tem muitos imbecis dentro das suas fronteiras: Chegou a hora de limitar a mobilidade da imbecilidade.
Imaginem esta situação: Vou ver o meu filho ao berçário e, em vez dele, passam-me para os braços uma "banana". Como reajo? Simplesmente dizendo que a "banana" não é o meu filho. Claro, se for um "ananás", não posso produzir uma "banana". Isto é racismo? Claro que não: cada árvore produz os seus próprios frutos. Uma laranjeira produz laranjas e uma bananeira, bananas.
Agora imaginem um híbrido entre banana e laranja: perdeu as qualidades dos "progenitores". Não é nem banana nem laranja. Para dizer a verdade, não consigo imaginar uma banana-laranja: Esse mistura só na salada de frutas regada com Vinho do Porto.
Freud procurou mostrar a ligação entre Jung e o nazismo. Ora, quando caracteriza o americano como europeu com cabeça de índio e alma de negro, Jung presta-se a essa leitura esotérica. Traduzido em linguagem da reencarnação Jung supõe isto: os europeus que nascem em terras africanas podem ser encarnados por almas negras. Daí que o resultado civilizacional seja uma tremenda regressão. Há aqui uma certa dose de racismo esotérico: a raça conserva-se depois da morte algures num universo paralelo. Porém, Jung tem direito de escolher as suas companhias; aliás, todos temos esse direito. Ninguém pode decidir em meu lugar.
A interiorização do "politicamente correcto" que já produz efeitos nefastos nos programas televisivos americanos pode conduzir a um Estado-Totalitário nunca antes visto: Um Estado que nos obrigue a casar com quem não queremos casar. Ora, por detrás desta ideologia política nefasta, está não só a necrofilia mas também o desejo secreto dos opressores em produzirem uma população dócil ao seu domínio.
Hoje estou provocantemente sedutor: Quando leio que havia civilizações nos continentes descobertos pelos europeus, apetece-me comentar isto: Então, assumam o espírito dessas civilizações "saqueadas" pelos europeus sem no entanto reclamar o que pertence ao Ocidente. Troquem a língua, adoptem o tribalismo, comam gafanhotos e sejam canibais, mas não queiram ser filósofos ou cientistas porque isso pertence ao património ocidental. Gostam de futebol? Mas nem o futebol foi inventado pelas civilizações saqueadas pelos europeus. Querem dinheiro? Bah, no fundo, querem continuar a ser colonizados, em vez de seguir esse tal espírito civilizacional interrompido pelos europeus. Já pensaram que podem ter responsabilidade pelo vosso atraso estrutural?
Eu nunca liguei ao facto das equipas europeias terem tantos estrangeiros nas fileiras, embora tenha uma teoria a esse respeito: populações mimadas detestam o esforço. Porém, para acabar com o tal "racismo" e a especulação em torno do futebol, seria melhor cada equipa ser formada por cidadãos nacionais: a qualidade do futebol seria reduzida a médio prazo para voltar depois a subir. De facto, não faz sentido usar tantos estrangeiros nas equipas europeias.
Biologicamente falando, o "racismo" está incorporado no genoma humano. É por isso que a luta contra o racismo é inglória. Cada tribo humana distinguia-se das outras reservando para si o nome de "homem" - os humanos - em confronto com os outros, os bárbaros. Ora, nesta conjuntura mundial, devemos ter orgulho na nossa raça e na nossa "tribo".
As pessoas não sabem mas há barreiras etológicas ao cruzamento entre raças e elas são mais poderosas do que os preconceitos ligados a traços morfológicos. Além disso, temos barreiras culturais e cognitivas. Ora, todos estes traços foram aperfeiçoados e retidos por selecção natural, o que quer dizer que elas garantem a a sobrevivência dos grupos. Os programas culturais obedecem a uma biogramática: a cultura nunca deve entrar em confronto com a genética.
Quando os deuses abandonaram o mundo, a atitude digna dos mortais - nós humanos - é a ironia: Em vez de se comportarem como animais irracionais cativos do rebanho, podem dizer: "É chique ser racista". A ironia é a arma mais poderosa da Filosofia. E lembra-te: Sempre que deres uma banana estás a matar a fome de alguém. A banana como símbolo da solidariedade entre homens de cores diferentes!
Despeço-me com outro desafio ideológico: Algures no nosso planeta os homens-bananas dizem para os homens-ananases: "Esta terra é das bananas!" Porém, quando os ananases foram expulsos da terra das bananas, as laranjeiras deixaram de produzir laranjas e as bananas ficaram sujeitas aos caprichos da fome. Ora, algumas dessas bananas foram viver para a terra dos ananases e, manipulando a democracia, querem impor as suas próprias regras na terra que as acolheu. Ora, amigas-os bananas: Os ananases não querem ficar pobres e sujeitos ao tribalismo-banana. Tenham vergonha nessa cara de banana e cuidem da vossa terra. A democracia é uma invenção-ananás.
O politicamente correcto deixa-nos desprotegidos perante o invasor-maligno. A escolha pertence a cada um de nós!
Conclui uma fase do meu estudo aprofundado da mecânica quântica e da teoria da relatividade. Alguém disse que a MQ permite todas as interpretações mas não concordo com esta perspectiva relativista. Uma Filosofia Quântica plenamente desenvolvida nunca permitirá uma "confirmação" de crenças ancestrais e de noções do misticismo oriental. Aliás, o misticismo oriental é ideologia nefasta.
Quando tenta integrar matéria, vida e consciência humana, a Mecânica Quântica capta as dificuldades das nossas teoria clássicas mas não fornece uma hipótese plausível para solucionar esses problemas. Curiosamente, dada a proximidade do criacionismo de Leonardo Coimbra e da filosofia do processo de Whitehead, é possível realizar uma aproximação entre a Escola do Porto e a MQ: o esquema evolutivo - matéria, vida e consciência - pode ser lido como projecções de uma mesma totalidade indivisa e em movimento. A MQ implica uma ruptura com o evolucionismo mecanicista de Darwin.
Karl H. Pribram estudou a memória a partir da holografia; porém, o seu modelo é ainda mecanicista. O fluir da consciência está mais próximo do fluir universal do que o oceano de energia do espaço vazio que captamos através de instrumentos sofisticados. O problema reside em identificar os processos de dobramento e de desdobramento no cérebro consciente. Matéria e Consciência têm uma mesma base comum, mas como apreendê-la neste curto período de vida de cada um de nós? Eis o problema!
Eu sempre achei que os livros de António Damásio são estupidamente mecanicistas e obtusos. Claro, o que me distancia infinitamente das posições de Damásio é o conhecimento da Mecânica Quântica. Damásio é tão estúpido que não compreendeu que sem a hipótese de Deus que liga a matéria e o pensamento na filosofia de Descartes o seu mecanicismo cai por terra. Damásio diz coisas absurdas sobre o cérebro consciente, como se se tratasse de uma máquina.
Doravante, sempre que alguém denunciar o "racismo", pergunto-lhe qual o contributo que deu para o crescimento da ciência, da mecânica quântica e da filosofia. Ora, se não deu nenhum contributo, o melhor é ficar calado.
Ao contrário do que pensava Descartes, a inteligência - o seu bom-senso - não está bem distribuída entre os seres humanos, até porque há loucos que perderam completamente o bom-senso. Já ouvi diversas pessoas a comentar as obras de Damásio. Apesar da diversidade talvez devida a uma distribuição desigual da inteligência, nunca escutei uma delas a dizer que, se Damásio tivesse razão, estávamos todos tramados: o bom-senso aconselha-nos a rir dos disparates escritos por Damásio.
Hoje vou testar os vossos conhecimentos sobre a teoria restrita da relatividade de Einstein colocando a seguinte pergunta: O que aconteceria se alguém se movimentasse à velocidade da luz e se olhasse num espelho? Se souberem a resposta dominam implicitamente a teoria da relatividade!
Nunca pensei vir a ser físico! Hoje estudei os processos dissipativos tal como encarados pela termodinâmica dos processos irreversíveis, o que me levou a estudar os atractores fractais. A quebra de simetria tem implicações profundas na cosmologia e na mecânica quântica. Enfim, agora estudo a fundo outros capítulos da física que, de resto, já conhecia.
Quanto ao tema gasto do "racismo", tenho pouca coisa a acrescentar: as denúncias infundadas de racismo geram uma espiral de racismo e contraracismo. A noção de história introduzida na ciência pela termodinâmica já não é favorável a um universo de igualdades absolutas. A álgebra tornou-se mais importante do que o cálculo. As diferenças não podem ser abolidas. E numa democracia devemos aceitar as diferenças e a diversidade de perspectivas: um sistema não-racista é totalitário.
Num diálogo algures no FB, alguém me lembrou que o racismo já não é uma questão de sujeição racial mas sim uma questão de cor de pele. Ora, em termos bio-antropológicos e etnológicos, a cor da pele é apenas um traço morfológico racial; sozinho não define uma raça. Além disso, é um traço fenotípico que tem atrás de si uma diferença no genótipo. Enfim, há diferenças raciais profundas; negá-las não faz sentido.
Quando a genética molecular reduz a diferença entre o genoma chimpanzé e o genoma humano a pouco mais de 1%, auto-limita-se: o desenvolvimento não pode ser reduzido a uma mera mecânica de genes. O salto quântico do chimpanzé ao homem fica por explicar, a menos que... se introduza novas variáveis.
Concordo com Ilya Prigogine quando diz que devemos compreender a mecânica quântica no âmbito da tradição ocidental, e vou mais longe ao destacar a sua superioridade sobre outras "civilizações". A nova visão da ciência chama a nossa atenção para a necessidade de restabelecer uma aliança nova entre filosofia e ciência. Sem romper com o berço da racionalidade: o universo dos gregos.
O desmoronamento da física clássica foi um acontecimento notável do século XX, talvez o século mais brilhante da história da humanidade. Libertou-nos da ideologia espontânea dos físicos clássicos: o realismo, o determinismo e a causalidade. A polémica entre Einstein e Bohr é outro acontecimento notável do século, comparável à correspondência entre Clarke (Newton) e Leibniz: o realismo míope de Einstein foi completamente demolido por Bohr.
Noutro dia, um professor reformado de Filosofia disse-me que, como não compreendia o formalismo matemática da mecânica quântica, preferia dedicar-se à "fenomenologia". A minha resposta foi irónica: Então, não sabe que a termodinâmica dos processos irreversíveis parte da experiência fenomenológica da duração? Uma maneira simpática de dizer que a sua fenomenologia era "merda". Sou sempre simpático e sorridente mesmo quando elimino o adversário.
Uma amiga do Brasil desejou-me longa vida para assistir às novidades da Mecânica Quântica. Nunca perdi tempo a pensar no prolongamento da vida ou no adiamento da morte. Quanto à MQ, suspeito que vai custar muito substituí-la por uma nova teoria abrangente. Além disso, se há algum mistério cósmico, ele nunca será revelado pelo homem.
Enfim, os homens libertaram-se de certos constrangimentos culturais e hoje curtem a sua própria masculinidade. Mas isso não significa que sejam todos gays. A heterossexualidade exótica implica a exploração do corpo de outros homens. É o que posso dizer em termos gerais; de resto, é preciso estudar estes novos fenómenos sexuais. A ideia da rigidez da heterossexualidade masculina está a ser invalidada.
Hoje aprendi uma coisa que já sabia: um teste novamente confirmado. As mulheres ficam chocadas com fotos de homens despidos ou semi-nus. Dizem que eles são gays. Eu penso que não ocorreu nenhuma alteração biológica significativa: as sexualidades masculinas sempre foram exuberantes e exóticas e hoje os homens tendem a libertá-las. A mulher livre não suporta a ideia do erotismo do corpo masculino. Mas onde foram buscar o preconceito de género de que a mulher é mais bonita do que o homem? O reino animal mostra o contrário. Os preconceitos foram demolidos e os corpos participam em orgias.
Hoje foi dia de regressar à Biologia Molecular e à Teoria Sintética: Embriologistas e bioquímicos pretendem acabar com o darwinismo, apresentando uma outra teoria da evolução dotada de propósito. Uma professora de embriologia experimental acusa o darwinismo de ser um liberalismo totalitário que é responsável pelo declínio da civilização ocidental. De facto, a explicação dada por Dawkins para o facto do pénis não ter osso possibilitam essa leitura político-epistemológica. Para não ser acusado de ser herético, tenho evitado ler estas obras mas chegou a altura de as ler, até porque o darwinismo nunca me convenceu plenamente.
A minha ideia é reformular a crítica do darwinismo com o fracasso da clonagem dos seres humanos: Um clone é o conjunto dos indivíduos geneticamente idênticos provenientes de um mesmo organismo por divisão, isto é, por reprodução assexuada. Os organismos complexos, de reprodução sexuada, colocam a questão do papel do núcleo e do citoplasma nos fenómenos de diferenciação celular. As experiências de transplante nuclear foram realizadas com algum sucesso na rã. Levadas a cabo no ratinho, estas experiências mostraram que o ovo fecundado se divide por duas vezes e o embrião passa a ter quatro células; porém, o núcleo dessas células é incapaz de assegurar o desenvolvimento do embrião. É certo que dizem ter clonado uma ovelha mas a desgraçada morreu. Substituir o núcleo de um ovócito pelo núcleo de uma célula diferenciada de outro tecido - rim, intestino... - não está a dar resultados positivos.
René THOM, matemático e autor da Teoria das Catástrofes: «Darwin, o gigante da biologia? Neste pobre caso, pobre biologia». De facto, o darwinismo, além de ser uma incongruência, é a ideologia do liberalismo totalitário, do imperialismo e do racismo colonial britânico.
A "Origem das Espécies" de Darwin teve seis edições sujeitas a profundas revisões: Peckham dissecou, frase a frase, mais de 7 500 alterações, algumas alteradas cinco vezes, pondo Darwin a nu. Enfim, a ciência tem sido dogmática e cega e mente com todos os dentes da boca: a obra de Darwin é uma manta de retalhos, uns incongruentes, outros meros truísmos, e outros ainda meros sofismas.
Todos os elementos da teoria da selecção natural de Darwin são transpostos da selecção artificial e, por isso, estão contaminados pela dimensão finalista da selecção pelo homem. Darwin substituiu o agente Homem pela Selecção Natural que, como conceito abstracto, não é muito diferente da Providência. Ao explicar e provar uma coisa e o seu contrário, a selecção natural é um sofisma. A hipótese da sobrevivência do mais apto é um truísmo. Além disso, Darwin tanto recorre à variação aleatória seleccionada como ao uso reforçado das partes, amalgamando assim os argumentos que lhe opunham. Até o editor se apercebeu disso quando resolveu reeditar a primeira edição da "Origem das Espécies".
Só agora reparei que raramente falo de células: Quem sabe definir uma célula e dizer qual das suas organelas é uma central energética?
Tenho estado a estudar as alternativas ao darwinismo e ainda não decidi: É certo que o gradualismo é insustentável, mas as alternativas propostas não explicam tudo. Evolução direccional ou Planeamento? A Bioquímica inclina-se para o lado do planeamento da vida por uma inteligência superior.
A caixa da célula foi aberta para desmentir a teoria de Darwin: estruturas tais como o olho, o cílio ou a coagulação do sangue mostram que houve planeamento inteligente da vida. No entanto, a bioquímica não identifica o planeador: Ele pode ser Deus, alienígenas ou mesmo o homem do futuro. O chauvinismo científico está a ser demolido pelo próprio avanço da ciência. A Filosofia deve retomar a sua função clássica.
Lynn Margulis afirma que os darwinistas se esgotam na sua interpretação zoológica, capitalista, competitiva, regida pelo custo-benefício da obra de Darwin: as pequenas mutações cumulativas não explicam as estruturas bioquímicas complexas. O neodarwinismo mais não é do que uma "pequena seita religiosa do século XX, dentro da fé religiosa geral da biologia anglo-saxónica". De facto, a demolição do darwinismo implica a liquidação do capitalismo anglo-saxónico.
No passado foi a Inquisição Religiosa que tentou bloquear o crescimento da ciência; hoje domina a Inquisição Positivista que inclui o "politicamente correcto": o seu objectivo é justificar - naturalizando-a - a ordem social capitalista. Darwin limitou-se a transpor o capitalismo selvagem para o domínio da biologia. Darwin ou Marx? A escolha do primeiro conduziu-nos ao desastre em que vivemos: a ciência tem funcionado como ideologia do capitalismo. Vivemos uma crise científica e filosófica profunda: Dennett, o filósofo do capitalismo selvagem, defendeu a eliminação dos não-darwinistas. E, como sabemos, os mercados financeiros estão a eliminar milhares de pessoas.
A nossa crise científica e filosófica é de tal modo profunda que já há cientistas a desconfiar do papel da matemática. De facto, matematização não é sinónimo de ciência de rigor, bastando pensar na economia. Aliás, foram inventadas doenças que não existem: o grupo mais desqualificado da ciência - os psicólogos e os psiquiatras - estão constantemente a criar perturbações para conseguir novos financiamentos. A Era da Ciência é, em termos gerais, uma mentira. Não é o indeterminismo quântico que me choca; o que me choca é a desonestidade intelectual de muitos grupos de pesquisa e de muitos laboratórios. O capitalismo está a arruinar a ciência, a filosofia e a cultura.
As viagens no tempo não estão descartadas pela ciência. Uma hipótese sobre a identidade da inteligência que planeou a vida implica a vinda de homens do futuro ao nosso tempo ou mesmo a tempos mais recuados. Porém, uma tal hipótese gera paradoxos.
Niels Bohr não acreditava na possibilidade de revelar o segredo da vida: o surgimento da biologia molecular desmentiu tudo o que tinha dito sobre a biologia, pelo menos à primeira vista. Porém, a origem da vida tem sido excluída da pesquisa biológica e a teoria da panspermia abre as portas ao planeamento inteligente da vida. Se eliminarmos o neodarwinismo começamos a topar os paradoxos da biologia. O programa materialista de investigação tem os dias contados.
Se aceitarmos a ideia de planeamento inteligente da vida, a biologia molecular tem de ser reinterpretada e, nesse caso, irão surgir paradoxos biológicos. A redução da biologia à química deixa de ser credível e Aristóteles pode regressar: Como explicar a vida consciente? O jogo das moléculas não dá resposta, a menos que haja partículas psíquicas.
Estou perplexo: a Ciência mais não é do que o desenvolvimento da Filosofia. Hoje o projecto-verdade atingiu os seus limites: o fracasso da ciência é também o fracasso da filosofia. E este duplo-fracasso está na ordem do dia: o arqui-inimigo do pensamento racional pode finalmente triunfar num mundo dominado pela tecnociência que já não é ciência. Mas há mais: o duplo-fracasso é o fracasso da própria aventura humana. Vejo nuvens negras no horizonte.
Tenho uma mente aberta mas sou homem de escola: Não consigo pensar uma genética sem o modelo informativo. Não vejo como o citoplasma pode ter efeitos sobre o núcleo das células. Estou formatado pelo paradigma dominante!
A Filosofia de Leonardo Coimbra - o sistema do criacionismo - ainda não foi pensada de modo crítico: os seus "herdeiros" abandonaram a ciência, refugiando-se no chamado pensamento português. Coimbra analisa a matemática, a física e a biologia. Curiosamente, detém-se no sistema imunitário e discute as teorias da evolução. Infelizmente, a edição das obras completas não se deu ao trabalho de referir a bibliografia.
Eis uma afirmação notável de Leonardo Coimbra: "O Eu Livre de Bergson muito longe de ser intuitivo é um protesto da dialéctica contra o cousismo do tempo algébrico". Antes tinha dito: "O homem não é uma inutilidade num mundo feito, mas o obreiro dum mundo a fazer". Aqui está o sentido derradeiro do criacionismo de Coimbra. Pena ele não ter tido outra experiência mais rica do mundo para explicitar o miolo da sua dialéctica da racionalização progressiva. Coimbra foi mais outro exilado neste calhau chamado Portugal.
O resgate da Filosofia de Leonardo Coimbra - a filosofia de um portuense ilustre e culto - implica uma decisão prévia: libertar a sua filosofia original das correntes malévolas e nefastas do "catolicismo português", condenando a leitura derradeira que faz da sua própria obra. O sistema de Coimbra é mais o sistema das ciências que estudam a evolução do mundo do que uma filosofia do devir cósmico, embora seja difícil separar os dois aspectos que coincidem no "esquema evolutivo" cósmico
A minha mente é estranha: Passou o dia a pensar na concepção de sistemas bioquímicos de complexidade irredutível para terminar a pensar o resgate da filosofia portuense. A Escola do Porto reagiu negativamente ao positivismo de Comte que tinha ganho terreno em Lisboa e no Brasil. Guerra Junqueiro, Sampaio Bruno e Leonardo Coimbra, para já não falar de Teixeira de Pascoaes, rejeitam a teoria do três estádios de Comte, mas retêm a classificação das ciências dando-lhe a forma de "esquema evolutivo". A empresa de Coimbra deve ser lida em diálogo com a de Whitehead e como preparação do racionalismo de Bachelard. Porém, Coimbra ao ler os poetas - em especial Junqueiro - baralhou tudo na sua cabeça dando uma facada mortal na estrutura dialéctica do seu pensamento original. Além disso, esqueceu que tanto Bruno como Junqueiro tinham criticado o "catolicismo português".
Enfim, começo a compreender os meus amigos brasileiros que fazem campanha contra o PT, Lula, Dilma e Companhia Cubana. De facto, olhando para o Brasil, vejo uma desorganização "africana" total. O Brasil autolimitou-se no seu desenvolvimento ao ceder ao discurso estúpido da colonização, esquecendo o seu lado europeu e ocidental. Os Brasileiros que pensaram as raízes do Brasil geraram o caos, ou melhor, mataram o Brasil.
Estou impressionado com a análise que Leonardo Coimbra fez do sistema imunitário: antecipa algumas descobertas posteriores. Não sei como teve acesso às obras!
Leonardo Coimbra esqueceu articular a imunidade com a genética e a evolução: "A imunidade é devida à formação de substâncias especiais sob a influência de micróbios e das suas toxinas. A imunidade persiste anos, depois da inteira eliminação de micróbios e toxinas. Há portanto uma parte activa do organismo na aquisição da imunidade". As descobertas científicas não lhe permitiam ir mais longe e detectar essa "parte activa" do organismo.
Leonardo Coimbra dominava o cálculo, o que lhe permitiu dialogar com Einstein, Poincaré e Cantor, para só referir estes nomes: "O homem comum vive numa concha, formada dos seus hábitos, depósito dum longínquo arranjo social. Não se interroga, não pressente que, em torno dessa concha, marulha um infinito Oceano, removido de infinitas actividades e formas. No entanto, ele mesmo acredita na absoluta solidez da sua concha, ele mesmo tem um direito e um dever. E quem deve crê na singular excelência do seu dever".
Enfim, a filosofia criacionista de Leonardo Coimbra pode ser iluminada - e ilumina - pela Mecânica Quântica e pelo Planeamento inteligente da vida: "O Eu é uma Sociedade". Quem diz isto é inteligente, mesmo quando parece rezar a Deus. "Só quem trabalha se sente livre e realmente existente".
A Escola do Porto tal como a tenho delimitado produziu o pensamento filosófico mais brilhante em língua portuguesa: Não lhe chamo filosofia portuguesa mas sim Filosofia Portuense. Inclui muitos nomes de cientistas, filósofos, poetas, romancistas e artistas. Não é fácil ler os filósofos portuenses: a sua compreensão exige familiaridade e muita pesquisa que devia estar sedimentada em edições críticas das obras completas. A erudição dos filósofos portuenses é impressionante. Como compreender o criacionismo de Leonardo Coimbra sem dominar o cálculo matemático, as geometrias não-euclidianas ou a teoria da relatividade no seu formalismo matemático? Como compreender Sampaio Bruno sem conhecer a cabala judaica? A Escola do Porto pensou uma aliança entre Portugal e Brasil.
No entanto, a Escola do Porto apesar do núcleo duro que a une e cimenta não foi unânime na recepção da obra de Karl Marx. Sampaio Bruno deve ter sido o primeiro português-portuense a analisar a "economia" de Marx. E, de um modo geral, foi receptivo em relação ao marxismo. Porém, Leonardo Coimbra analisa o marxismo em função do espírito germânico que ele interpreta como um humanismo da vontade: a sua leitura antecipa algumas tendências da filosofia contemporânea mas erra claramente na interpretação global ou em detalhe da filosofia marxista. Mas a sua leitura conduz a uma via frutífera: Coimbra associa a antropolatria com a tecnologia. Há, portanto, uma filosofia da técnica no pensamento portuense.
Sampaio Bruno: "O jacobinismo brasileiro, porém, é outra coisa. É a reflexão e a expressão do ódio ao português". Curiosamente, ontem quando consultei uma obra sobre o Marxismo, fui confrontado com o facto de Marx ter admirado Blanqui: a França como modelo político da Europa. Engels imprimiu outro rumo ao pensamento político marxista. Já pensaram que ainda hoje nos debatemos com o jacobinismo angolano e o jacobinismo moçambicano? Há campo para uma crítica construtiva do modelo jacobino!
Ontem, a TVI deu início a uma nova telenovela onde os portuenses odeiam os lisboetas e vive-versa: acho que tudo gira em torno de um incesto. Sampaio Bruno pensou esta clivagem Norte-Sul, Porto-Lisboa. O Porto precisa actualizar a sua história e o seu pensamento. Afinal, a Filosofia emergiu no Porto liberta do espírito escolástico nacional.
Estou impressionado com a cultura matemática de Leonardo Coimbra: Domina muito bem as teorias matemáticas, incluindo a dos grupos e o cálculo das probabilidade. Aqui há outra diferença: Bruno faz uma crítica das probabilidades enquanto Coimbra se liberta subtilmente dessa crítica bruniana. De facto, um professor de filosofia já tinha chamado a minha atenção para o papel desempenhado pelo cálculo diferencial e integral na filosofia de Coimbra. Porém, na altura não dei importância ao infinitesimal e ainda não sei se precisamos dele para interpretar a continuidade. O formalismo matemático da filosofia de Coimbra dificulta a sua interpretação.
Só vejo uma maneira para resolver esta dificuldade inerente à filosofia da experiência de Leonardo Coimbra: Colocar-lhe a questão do determinismo versus indeterminismo que marcou a interpretação de Copenhaga da mecânica quântica. Ora, Coimbra conhecia o atomismo lógico de Russell e, se leu os Princípios da Matemática, deve ter detectado uma interpretação logicista da continuidade. O mais maravilhoso de Coimbra é o facto de ter introduzido a irreversibilidade do tempo a partir das duas leis da termodinâmica clássica, sobretudo o segundo princípio: o da entropia.
A Escola do Porto tem um padroeiro portuense exilado: Bento de Espinosa. Sampaio Bruno esteve exilado na Holanda depois do fracasso da implantação republicana no Porto, aproveitando esse período para estudar a cabala judaica e visitar a sinagoga portuguesa na Holanda. O pensamento de Bruno é o do exílio interior: faltou-lhe pensar a libertação do exílio interior: o Porto como Cidade-Estado.
Antero de Quental deve ser incluído na Escola do Porto: traz a marca de Espinosa e de Hegel e publicou 4 artigos filosóficos num jornal do Porto.
Os americanos já deviam saber que a Rússia produziu mais obras literárias para a cultura ocidental do que eles próprios: a literatura russa é património ocidental.
Os meus amigos brasileiros ainda não me disseram qual é a alternativa ao PT e a Lula-Dilma. Se a situação do Brasil for semelhante à da Europa, as alternativas são geralmente piores: afundamo-nos sem alternativa.
Acho que a maioria das pessoas segue a lógica da manada: Queixam-se da situação mas não compreendem as razões que a produziram. Defendem os bandidos que tomaram o poder na Ucrânia mas não usam a mesma técnica para se livrarem do poder instituído nos seus países. Falam mal dos mercados financeiros mas não compreendem as razões financeiras que movem os USA, a Inglaterra e a França nesta questão da Ucrânia. Defendem a independência da Ucrânia mas esquecem de lutar pela sua própria independência. Enfim, as pessoas já não sabem pensar.
Eis a verdade: O mundo ocidental está decadente e podre e os europeus se fossem inteligentes já deviam ter concluído que não têm futuro. A massificação do ensino e da comunicação social foi fatal para o destino do ocidente: a democracia foi corrompida a partir do momento em que se universalizou o sufrágio universal. A ralé foi criada para obedecer e não para dar opinião. Só uma ditadura esclarecida nos pode livrar do mal-existente. Já não acredito na democracia.
Pensem no actual sistema de partidos vigente: o que significa hoje ser um partido "socialista", "comunista", "social-democrata", "democrata cristão", "popular" ou "liberal"? O que diferencia a Esquerda da Direita? Como definir esta suposta dicotomia política? Quem souber responder a estas questões finge que sabe aquilo que desconhece. O sistema partidário está podre.
Leonardo Coimbra elaborou uma teoria social do conhecimento deveras interessante. Chamou-lhe "sociologia do conhecimento" mas esta expressão é inadequada para designar uma teoria social da razão: o seu objectivo era apreender a objectividade não como noção cósica mas como intersubjectividade. No entanto, Coimbra sabe proteger-se dos efeitos irracionais do "acordo social". Acho que ele próprio não compreendeu as implicações profundas e revolucionárias da sua teoria.
A teoria social da razão de Leonardo Coimbra é muito mais interessante do que o racionalismo crítico de Popper. Quando fala de uma "sociedade de Eus", Coimbra está a traçar uma distinção subtil entre pensamento que é individual e conhecimento que é social. O social não é aqui uma colectividade amorfa mas uma sociedade individualizada, isto é, constituída por indivíduos. Como é evidente, já estou a interpretá-lo à luz da filosofia contemporânea. Um filósofo vietnamita pensou algo semelhante: uma sociedade de egos transcendentais, fazendo uma síntese entre fenomenologia e marxismo.
Eis uma afirmação ousada de Leonardo Coimbra: "A mecânica é uma psicologia simplificada". Coimbra refere-se à mecânica clássica, onde parece incluir a teoria da relatividade restrita e geral de Einstein. Como ainda não meditei a sua recepção da relatividade, não posso dizer que ele tenha compreendido as suas implicações revolucionárias que já apontam para além da mecânica clássica. Porém, se pensarmos nas relações de incerteza de Heisenberg, encontramos nesta afirmação uma boa aproximação. A crítica dos humanismos realizada por Coimbra leva-me a pensar que ele não aceitaria o Princípio Antrópico que, de certo modo, foi integrado pela Escola de Oxford. Partindo de uma leitura inteligente da obra de Dostoievski, Coimbra afirma que o humanismo integral conduz ao suicídio, dando como exemplo o suicídio de Antero de Quental. A meta é "Theos".
Enfim, a tese central da Escola do Porto pode ser formulada assim: A vida inteligente está necessariamente implicada no universo desde os primórdios da realidade física e todo o processo de evolução natural alcança a consciência de si próprio no espírito humano. Usei o Princípio Antrópico para definir esta tese que, como já disse, não excluí Deus. A filosofia portuense pode ser lida em diálogo produtivo com as filosofias de S. Alexander, A. N. Whitehead e H. Bergson.
Stephen Hawking não interpretou bem o Princípio Antrópico. Há, pelo menos, quatro versões. O Princípio Antrópico Fraco: Os valores observados de todas as quantidades físicas e cosmológicas não são igualmente prováveis mas assumem valores restringidos pela condição de que existem locais nos quais a vida com base no carbono se pode desenvolver, e pela condição de que o Universo é suficientemente antigo para que tal tenha acontecido. O Princípio Antrópico Forte: O Universo deve possuir propriedades que permitem que a vida surja no seu seio a certa altura da sua história.
As outras duas versões do Princípio Antrópico são as seguintes: O Princípio Antrópico Participatório, segundo o qual são necessários observadores para que o Universo exista, e o Princípio Antrópico Final, segundo o qual terá que surgir no Universo um processamento inteligente de informação que, após ter surgido, não mais se extinguirá.
Hoje estive a rever a literatura bio-antropológica americana e nórdica sobre as raças humanas: o problema reside no facto da teoria das raças humanas estar envolvida na categorização de raças inferiores e raças superiores. Racismo e contraracismo infiltram-se no trabalho científico e dificultam a investigação das diferenças raciais.
Algures no Museu do Homem em Paris há um frasco rotulado "la Vénus hottentotte": os órgãos genitais de uma mulher Hotentote chamada Saartjie dissecados pelo anatomista Cuvier. Esta mulher era exibida em espectáculos por causa das suas nádegas proeminentes. Quando morreu em finais de 1815, o seu corpo foi dissecado para resolver dois aspectos: a grande acumulação de tecido adiposo nas nádegas (esteatopigia) e a estrutura prodigiosa fixa directamente aos genitais que cobre as suas partes íntimas como um véu de pele denominado "sinus pudoris" (cortina da vergonha). Saartjie nunca exibiu esta parte do seu corpo em público. Cuvier resolveu o enigma: trata-se dos pequenos lábios dos genitais femininos que estão particularmente desenvolvidos nas mulheres Khoi-san, podendo pender 8 ou 10 cm abaixo da vagina. Convém dizer que, no século XIX, os Bosquímanos e os Hotentotes - bem como os aborígenes australianos - eram vistos como seres muito próximos dos animais inferiores.
Geralmente, leio as obras dos meus mestres sem prestar muita atenção ao racismo explícito. L. Bolk é para mim um grande anatomista que, apesar da sua brilhante descoberta da neotenia, a usou para justificar o racismo: "A raça branca parece ser a que mais progrediu, por ser a mais retardada". Porém, para nossa profunda tristeza, a raça mais juvenilizada é a mongol.
Já tinha lido alguma coisa sobre o anatomista Étienne Serres, mas nunca prestei atenção a esta afirmação: os negros são primitivos porque a distância entre o seu umbigo e o pénis permanece pequena - relativamente à altura do corpo - pela vida fora, enquanto as crianças brancas começam com uma separação pequena mas aumentam-na durante o crescimento. Até aqui Serres descreve um traço morfológico que permite distinguir morfologicamente duas raças. Desconcertante é a interpretação do umbigo em ascensão como sinal de progresso.
Porém, a surpresa maior veio do lado de Havellock Ellis que, em 1894, escreveu: "A criança de muitas raças africanas é pouco menos inteligente, se o é, do que a criança europeia, mas enquanto o africano, à medida que cresce, se torna estúpido e obtuso, e toda a sua vida social cai num estado de rotina limitada, o europeu retém muita da sua vivacidade infantil". Mais recentemente H. Eysenck mostrou que os bebés africanos e americanos negros têm um desenvolvimento sensomotor mais rápido do que o dos brancos. Porém, este desenvolvimento sensomotor mais rápido no primeiro ano de vida está relacionado com um QI mais baixo. Há aqui um critério cognitivo.
Enfim, a verdade é que ainda não sabemos explicar a formação de raças humanas. Nem sequer sabemos como, quando e onde surgiram. Os primeiros teóricos recusaram a origem africana da raça branca, supondo que ela tinha surgido na Ásia Central.
No terreno estritamente científico, concordo com Carleton Coon (1962): Coon dividiu a humanidade em cinco raças principais, a saber: caucasóides, mongolóides, australóides e, entre os negros africanos, congóides e capóides. Quanto ao aumento das capacidades intelectuais entre brancos e amarelos e ao atraso dos povos negros, não tenho nada a dizer a não ser apontar para a história. Coon sustenta que estas cinco raças se individualizaram como subespécies durante o reinado do nosso antepassado, o homo erectus. Também aqui não tenho nada a dizer: é uma mera conjectura.
Nós sabemos muito pouco sobre o passado da Humanidade: Datar o aparecimento das raças humanas já no reinado do Homo sapiens parece-me precipitado porque não acredito que a individualização das raças humanas tenha ocorrido em pouco tempo. Datá-las no reinado do Homo erectus é ousado, até porque o nosso conhecimento é precário e conjectural.
De facto, as pessoas discutem assuntos num terreno meramente ideológico e isso está a bloquear o desenvolvimento de novas teorias científicas e filosóficas. A Biologia das Raças Humanas deve ser objecto de novas investigações científicas. Investigar como, quando e onde surgiram as raças humanas não implica "racismo". Suponha que a ciência venha a demonstrar que a raça X é inferior em termos cognitivos à raça Y. Justifica isso a submissão da raça X à raça Y? Claro que não!
Ai, quando penso nestas grandes questões científicas, fico com a pulga atrás da orelha e a minha lucidez obriga-me a reconhecer que o actual paradigma da genética molecular e da evolução é incapaz de resolver estes "enigmas", ou melhor, anomalias. Acho que a nossa perspectiva ainda está prisioneira das narrações da Bíblia.
Stephen Hawking afirma: "Nós vemos o Universo da maneira que ele é porque existimos". Ora, qualquer uma das versões do Princípio Antrópico diz o oposto: Nós existimos porque o Universo é da maneira como nós vemos que ele é porque, caso contrário, não o poderíamos observar. Fica esclarecida a minha afirmação de ontem à noite.
Hoje vacilo entre a astronomia e a síntese pré-biótica: o pensamento sobre as grandes escalas e as viagens inter-galáxias deixaram-me atordoado.
Ontem escutei um cálculo meio-estranho: Imagine que ao longo da sua vida acumulou um biblioteca com 3000 livros. Ora, no caso de os ler, quando morrer terá ocupado um ano da sua vida à leitura. Não sei como o cálculo foi feito mas já pensou no tempo que "desperdiça" a dormir?
Não sei quanto tempo da minha vida ocupei a ler. A minha biblioteca é várias vezes superior à biblioteca-média de 3000 livros, mas de uma coisa estou certo: já li muito mais de 3000 livros. Enfim, devo ter ocupado 3 anos na leitura ou mais... Gosto da ideia
Modelos matemáticos sofisticados põem em causa a teoria da selecção natural de Darwin sem no entanto fornecerem uma teoria da evolução biológica alternativa. Não consigo imaginar uma nave extraterrestre não-tripulada a chegar à terra tendo em vista criar a vida. No entanto, a teoria da panspermia dirigida não resolve o problema da origem da vida. Afinal, como surgiu a vida extraterrestre?
Para todos os efeitos, a teoria da panspermia - «sementes em toda a parte» - implica planeamento ou concepção inteligente da vida. Porém, convém ter em conta alguns cálculos: a estrela mais próxima da terra está a uma distância de 4,3 anos-luz e as 100 outras mais próximas a 20 anos-luz. A nossa galáxia tem um diâmetro de 100 000 anos-luz. A galáxia mais próxima - Andrómeda - está a uma distância de 2 milhões de anos-luz. E a idade do sistema solar e da Terra é de cerca de 4 500 milhões de anos. A nave extraterrestre não-tripulada andou perdida no espaço vazio até chegar à Terra. E durante quantos anos?
A natureza usa duas linguagens químicas para fazer a vida tal como a conhecemos: a linguagem das proteínas e a linguagem dos ácidos nucleicos (DNA e RNA). Qual delas surgiu primeiro? Actualmente, depois do afastamento da atmosfera redutora, suspeita-se que os primeiros genes eram de RNA: o problema do catalisador primordial permanece sem solução.
Os USA conduzem-nos para a auto-destruição. Já não adianta sonhar mundos melhores sem antes ter criticado a sociedade americana movida pelo impulso da morte.
Os cientistas utentes da língua inglesa intoxicam o mundo com as mentiras que inventam contra os utentes de outras línguas. Newton foi um grande crápula. Quando recomendado para administrador da Real Casa da Moeda, orquestrou com êxito uma campanha contra a moeda falsa, mandando vários homens para a forca. Perseguiu o astrónomo Flamsteed e discutia com todas as grandes figuras, escrevendo artigos polémicos publicados em nome dos amigos. E o que dizer de Darwin na sua disputa com Wallace? Outro crápula.
Aproximadamente 30% do genoma humano são feitos de genes e de sequências relacionadas a genes, e os 70% restantes são de DNA extragénico, compreendendo DNA repetitivo disperso (SINEs e LINEs) e DNA repetitivo agrupado (DNA satélite clássico, DNA minissatélite e DNA microssatélite). Coloquemos a pergunta: O que faz um ser humano ser o que é, em vez de ser um grande macaco? Os genomas de humanos, chimpanzés e gorilas exibem poucas diferenças no que diz respeito ao DNA "activo": as diferenças reais só aparecem quando se examinam as sequências de DNA repetitivo, o que quer dizer que não sabemos responder à questão colocada em cima. Suspeita-se que as diferenças críticas envolvam genes master controladores, provavelmente da família HOX, responsáveis pelo plano do corpo e pelo desenvolvimento do cérebro.
O optimismo científico choca-me. Hoje um americano disse que precisamos mais de 1000 anos para concluir toda a ciência e podermos colonizar a galáxia. Se recuarmos ao início da revolução quântica, topamos com afirmações do género optimista. Porém, esse optimismo quântico foi eclipsado pela II Guerra Mundial. Convém ser "realista": há limitações internas à ciência e há acima de tudo o desejo humano de destruição. 1000 anos são muito tempo: o homem está prestes a destruir o mundo e a vida.
O mesmo cientista americano fica chocado com o facto de aproximadamente 75% dos americanos acreditarem em fantasmas, espíritos e demónios ou na levitação e na reencarnação. Ora, este facto brutal - ao qual devemos acrescentar os vegetarianos - devia levá-lo a pensar que com gente deste tipo não vamos longe. A manada humana é tribal e o capitalismo reforça todos os seus impulsos agressivos e assassinos. A imprensa diária portuguesa relata assassinatos e abusos quase todos os dias.
Ainda falta muito tempo para o Sol se tornar uma gigante vermelha e engolir a Terra. Quando isso acontecer já não haverá vestígios de vida na Terra. Se quisermos continuar a habitar a Terra durante mais uns séculos, devemos pensar novas formas de vida adequadas à tarefa de adiar a catástrofe: Podemos e devemos abdicar da tecnologia e dedicar mais tempo à espiritualidade.
Que horror! Já pensaram que os americanos colocaram uma bandeira americana na Lua? E recentemente um louco vendeu viagens para a Lua. Já é difícil coexistir com os USA aqui na Terra mas um sistema planetário americano é um pesadelo: o espaço conquistado pela loucura americana! Capitalismo planetário americano! Bah
Há sinais de alarme em todos os cantos da natureza: mudanças climatéricas, degelo, gás que se liberta no Árctico, subida dos oceanos, tsunamis, sismos, erupções vulcânicas, asteróides e cometas atraídos pela Terra, enfim guerras intermináveis. O mundo pode acabar a qualquer momento e as pessoas vivem e cobiçam como se fossem eternas. Tenho quase a certa que ainda vamos assistir a uma grande catástrofe natural no nosso tempo de vida.
A Lua está a afastar-se da Terra. Aprendi que a Lua desempenhou um papel no surgimento da vida na Terra; no entanto, actualmente a Lua é vista como um obstáculo ao aparecimento da vida na Terra. Mas seja como for a Lua foi de certo modo incorporada no genoma de muitas espécies e, quando ela desaparecer no espaço frio e escuro, estamos todos tramados e ficamos sem marés. O que vale é que quando isso acontecer o homem estará já extinto.
Que sentido faz prolongarmos a vida humana e retardarmos o envelhecimento? Não faz nenhum sentido: a VIDA é renovação contínua e travar a renovação é um procedimento antibiológico. Os velhos vivem hoje como se fossem a última geração de homens. Claro, o envelhecimento populacional encolheu o futuro: já não há projectos novos.
O poder dos nossos genes aumenta à medida que crescemos e ficamos mais velhos: 50% da nossa inteligência é herdada e torna-se poderosa mais tarde no decurso da nossa vida. Um dos genes candidatos está ligado ao cancro do fígado e ao "açúcar". Um cérebro inteligente consome mais glicose. Enfim, somos "gulosos"!
A biologia é um território fascinante. Nas últimas semanas tomei a decisão de contrariar a selecção natural como mecanismo determinante da evolução. Estamos longe de dominar todos os mecanismos da vida: os manuais dizem que o domínio da biosfera está quase concluído mas não é verdade.
Hoje pensei muito sobre a asma mas não tomei partido na luta entre teorias rivais. No entanto, simpatizo com a teoria da higiene: os hábitos de higiene adquiridos na infância podem condicionar um futuro asmático.
As estatísticas são curiosas: Ter irmãos mais velhos está associado a um futuro sem asma. Porquê? Porque os irmãos mais velhos trazem micróbios para casa e o sistema imunitário do mais novo é obrigado a lutar contra eles. Mas a realidade é ainda mais complexa se levarmos em conta o gene da Imunoglobulina-E. O nosso sistema imunitário deve ser educado pelas micobactérias no início da infância porque, caso contrário, o resultado é um sistema desequilibrado propenso à alergia.
E se lhe dissesse que a bactéria é um organismo mais evoluído do que o organismo humano, qual a sua reacção? Porém, não vou perder tempo a comprovar esta afirmação: Ela exige muitos conhecimentos detalhados de biologia.
O meu estudo já longo da genética das doenças ensina-me muitas coisas, uma das quais diz respeito às diferenças raciais. Falta-nos um estudo detalhado sobre essas diferenças: o cruzamento entre raças produz indivíduos mais vulneráveis à doença.
O poder dos genes manifesta-se de modo evidente na família: Convém não dizer muito mal de um irmão porque está a retratar-se a si mesmo. Lembre-se de que partilhou os pais, os genes, o lar, o ambiente e o útero.
Enfim, não adianta fugir de casa para escapar à família porque transporta consigo os genes e o ambiente partilhados com os outros irmãos. Quase todas as mulheres dizem mal da mãe sem terem consciência de que estão a ficar iguais à mãe odiada. Ora, algumas destas mulheres permitem que os maridos digam mal das sogras. Porém, mais tarde os maridos podem abandoná-las ao constatar que as mulheres são iguais às sogras odiadas. Ironia do destino genético!
O poder dos genes é tramado: Da infância até ao fim da idade reprodutiva dá-nos alguma liberdade mas depois disso começa a ditar o nosso destino como se fosse um poder tirano. O indeterminismo genético - limitado a um determinado período da nossa vida - faz parte do próprio poder genético. Para todos os efeitos, ficamos entregues à morte programada.
Quem descobriu a Biologia Molecular? Quem devia receber um Prémio Nobel a posteriori? Aristóteles, claro: Quando ler a sua obra biológica, traduza certas palavras por "informação" e terá diante de si a biologia molecular.
A teoria da alteridade de Emmanuel Lévinas já esteve na moda. Lembro-me de ter escutado uma "amiga" a falar sobre a ética de Lévinas. Critiquei a sua leitura mas não lhe disse o que pensei nesse momento: "A tua existência académica é uma crueldade porque roubas o lugar que pertence aqueles que têm mérito". Uma burra a ocupar o lugar que pertence por direito próprio a uma pessoa inteligente! Sim, a tua existência significa a morte dos outros.
Em Portugal esta máxima tem validade universal: "Tens muita visibilidade pública? Sim? Então és burro".
Tenho estado a estudar o chamado DNA lixo, "junk DNA". Ele encontra-se em todos os cromossomas e conduziu às impressões digitais do DNA (DNA fingerprinting) que foram usadas pela ciência forense para identificar assassinos. Além disso, as impressões digitais do DNA aplicam-se aos testes de paternidade e ajudam a compreender o canto das aves. A Competição de Esperma é uma teoria que surgiu a partir dessa noção.
As doenças do coração podem ajudar a compreender o modo como o genoma, o corpo e o cérebro interagem. As privatizações têm efeitos negativos sobre a saúde, como demonstra o estudo de Whitehall. Ao darem a impressão de que a vida dos funcionários depende de factores externos, as privatizações geram stress e este gera problemas de saúde. O estatuto social ou de trabalho dos indivíduos é fundamental para compreender a saúde, podendo ser usado como melhor preditor de ataque cardíaco do que a obesidade, o fumar ou a tensão arterial alta. Como é evidente, há outros factores.
Apesar de querer dar pancada a Darwin, sou adepto da teoria do antagonismo sexual. Nas moscas-da-fruta, bem como nos homens, o sémen consiste em células sexuais masculinas em suspensão no líquido seminal que contém proteínas, produtos de genes. Foi realizada uma experiência para identificar o objectivo dessas proteínas masculinas. Ora, durante o acto sexual, as proteínas entram na corrente sanguínea da fêmea da mosca-da-fruta e migram para o cérebro, onde têm o efeito de reduzir o apetite sexual da fêmea e aumentar a sua taxa de ovulação. Eis um caso de guerra entre machos e fêmeas e esta guerra evidencia um conflito primordial entre o cromossoma X e o cromossoma Y que largou muitos genes para se esconder do cromossoma X.
A Fisiologia do Stress - stress e cortisol são praticamente sinónimos - deu origem a um novo tópico estudado pela Psiconeuroimunologia, geralmente combatida pelos médicos. O cérebro responde ao stress psicológico - a imagem de desemprego depois de uma privatização, por exemplo - estimulando a libertação de cortisol. Ora, como o cortisol suprime o grau de reacção do sistema imunitário, pode desencadear-se uma infecção viral adormecida ou instalar-se uma nova infecção. Neste caso, os sintomas são físicos mas as causas são psicológicas. Noutros casos em que a doença afecta o cérebro, alterando o estado de espírito, as causas são físicas e os sintomas psicológicos. A verdade é que bons salários andam associados a boa saúde.
A descoberta das impressões digitais de DNA colocou de lado o sistema sanguíneo ABO, pelo menos nas suas aplicações forenses. Porém, a descoberta de que os homens e as mulheres preferem o odor corporal dos membros do sexo oposto que são geneticamente mais diferentes deles próprios deu novamente visibilidade aos genes MHC do cromossoma 6 que estão envolvidos na definição do eu e no reconhecimento dos intrusos parasitas pelo sistema imunitário. A variação genética deve-se em grande parte às pressões dos parasitas. O genoma como cenário dinâmico em alteração deu uma machadada no mundo de certezas da física clássica, tal como já tinha sido feito pela mecânica quântica.
Já tinha falado de uma memória das gravidezes masculinas guardada no útero materno. Hoje direi algumas palavras sobre a placenta: a placenta pode ser vista como uma tomada de posse parasítica do corpo da mãe por genes paternos do feto, tentando controlar - contra a resistência da mãe - os níveis de açúcar do sangue e de pressão sanguínea para benefício do feto. Portanto, a placenta é controlada por genes paternos que evoluem rapidamente, de modo a enganar os genes maternos.
Enfim, as mulheres que tomam a pílula contraceptiva têm o sentido do olfacto degradado e, por isso, escolhem mal os seus parceiros masculinos: os efeitos negativos dessa má escolha incidem sobre os filhos mais vulneráveis à doença.
A Guerra entre os cromossomas X (fêmea) e Y (macho) pode levar à extinção da espécie humana se Y não conseguir fugir de X: o gene SRY é extremamente estável não tendo sofrido alterações ao longo da nossa evolução; porém, o cromossoma Y é muito instável; daí que defenda a criação de um meio mais amigo do homem. O homem precisa de instituições masculinas para salvaguardar o seu desenvolvimento saudável. Ora, neste momento, as mulheres invadiram tudo e isso pode ser nefasto para o futuro da espécie. Os pais que têm filhos do sexo masculino sabem que eles precisam mais de cuidados especiais do que as filhas. Chama-se a isso vulnerabilidade do sexo masculino. O genoma é um campo de batalha.
Os genes que determinam a orientação sexual, mais precisamente a homossexualidade masculina, estão localizados no cromossoma X. Noutro dia, falei de um gene DAX localizado no cromossoma X: duas cópias desse gene boicotam a via do desenvolvimento masculino imposta por SRY. A guerra dos sexos é genética e tem o genoma como cenário. Se Y não conseguisse fugir de X, a proporção dos sexos desapareceria dando lugar ao nascimento de fêmeas até os machos desaparecerem da face da Terra: extinção da espécie humana.
A antropologia médica tem difundido um erro terrível ao dizer que os europeus dizimaram os índios com as suas doenças, entre as quais a sífilis. Ora, pelo estudo das múmias dos índios, sabemos identificar o seu grupo sanguíneo: O. Ora, o grupo O está ligado à resistência à sífilis, logo quem nos contagiou - nós europeus - foram eles.
Antes de ir jantar, vou deixar uma mensagem provocante: Pela selecção sexual, sabemos que as fêmeas escolhem os machos com os quais querem acasalar. Daqui resulta que as características masculinas foram escolhidas pelas mulheres. Ora, como disse, os genes responsáveis pela homossexualidade masculina localizam-se no cromossoma X. Não é para o pai que os homossexuais devem olhar mas sim para algum tio materno, com o qual partilham a mesma orientação sexual. Já repararam como os homossexuais e as mulheres preferem o mesmo tipo de homem? E o que dizer dos transsexuais masculinos que adoptam certo tipo de forma e de comportamento femininos, preferindo o modelo mais terrível de homem? Guerra entre sexos! Porém, vou introduzir os ruídos de desenvolvimento e a flutuação na minha teoria!
Já ouviram falar da doença terrível e debilitante do cérebro conhecida como KURU? Em finais dos anos 50 do século XX, a kuru era a causa principal de morte entre mulheres Fore, uma tribo da Papuásia-Nova Guiné. Ora, esta tribo praticava o canibalismo funerário: o lema era "cortar, cozinhar e comer" os cadáveres. As mulheres e as crianças comiam os órgãos e os cérebros e os homens comiam os músculos. O agente responsável pela morte das mulheres estava localizado no cérebro dos cadáveres e era e é muito resistente. Ele só foi compreendido depois de terem surgido a doença de Creutzfeldt-Jacob, a DCJ iatrogínica, a scrapie das ovelhas de Suffolk, a insónia familiar fatal e a doença das vacas loucas (BSE): doenças causadas por priões e também transmitida por eles. O prião é uma proteína que altera subitamente a sua forma para uma forma inflexível e pegajosa que resiste a todas as tentativas para a destruir e que se junta em massas agregadas, danificando a estrutura da célula. PRP - proteína resistente à protease - é o seu gene normal nos ratos e nos humanos. E não digo mais nada para não os assustar: esta estranha proteína viola o dogma da biologia molecular.
Há três genes associados à doença de Alzheimer precoce: um no cromossoma 21 e dois no cromossoma 14. Hoje sabemos que o gene culpado é o APOE situado no cromossoma 19: os genes APO são genes apolipoproteína envolvidos nos hábitos do colesterol e das gorduras triglicéridas. O APOE vem em três versões: E2, E3 e E4. A versão má é a E4 e todas as vítimas da Alzheimer tinham e têm colesterol elevado: as placas de proteína insolúvel cujo crescimento danifica os neurónios são piores nos portadores de E4 (E4/E4) do que de E3.
Os países do Norte da Europa implementaram políticas eugénicas, esterilizando os "indesejáveis". Não conheço as estatísticas detalhadas dos resultados desta implementação: o certo é que eles eliminaram os elementos arcaicos da população. Ora, o Sul da Europa nunca procedeu à "lavagem" da sua população e, por isso, temos tantas mentes arcaicas entre nós. O atraso reside na própria população.
Há um conflito entre a genética do cancro e os tratamentos médicos da quimioterapia e da radioterapia. Os tratamentos médicos são artesanais e, de facto, não resolvem o problema. É necessário aguardar pelo aperfeiçoamento da terapia génica do cancro.
Sabia que as nossas células praticam suicídio? Durante o desenvolvimento populações inteiras de neurónios regridem e morrem, isto é, auto-sacrificam-se para permitir que o cérebro humano desenvolva as suas capacidades mentais superiores. Apoptose é a designação dada ao suicídio das células e é neste processo de mortandade que reside o segredo para o tratamento do cancro.
Quanto às doenças cardíacas, há um facto novo: as pessoas - excluo aquelas que têm níveis inatos elevados de colesterol - que sofreram um ataque fazem geralmente um tratamento para baixar vertiginosamente o colesterol. Porém, a genética está a mostrar que essa baixa vertiginosa pode induzir depressão e suicídio.
A propósito de uma conversa recente, sou forçado a enunciar um juízo estético: Coimbra não é efectivamente uma cidade bonita; aliás, acho que qualquer cidade portuguesa a supera em beleza e ordenamento. Como é evidente, não podemos comparar Coimbra com o Porto ou com Lisboa. Braga e Guimarães são cidades mais acolhedoras do que Coimbra. O debate está aberto.
Sabiam que os jogadores de futebol e de boxe são propensos à doença de Alzheimer? Convém não dar muitas cabeçadas durante a vida porque não fazem bem ao cérebro.
Hoje não estou muito inspirado. Estive a ler em diagonal algumas obras sobre Marx e cheguei à conclusão que foram cometidos muitos erros de interpretação. Em vez de um único marxismo, temos diversos marxismos, uns mais imaginários do que outros. Continuo a achar que a análise marxista do capitalismo está correcta: o capitalismo gera desigualdades e segue uma lógica destrutiva. Hoje o proletariado perdeu importância para poder protagonizar uma mudança social qualitativa: o grupo dos desempregados é mais numeroso do que o grupo dos operários. Baran falou de uma revolução mundial: sei que a sociedade capitalista é irracional mas não vejo com bons olhos essa revolução mundial.
A. Schmidt deu contributos fabulosos para a clarificação da Filosofia de Marx: Clarificou o conceito de natureza na filosofia de Marx e criticou o estruturalismo marxista da Escola de Althusser. Paul Tillich salientou a conexão entre alienação e idolatria e Karl Löwith mostrou que Marx combate os ídolos e não os "deuses". As grandes obras de filosofia são alemãs e o público português não tem acesso a elas. Uma grande obra: O Homem Alienado de H. Popitz. Quem a leu? Ninguém, claro!
Muitos "marxistas" célebres traíram o espírito e a letra de Marx. Eis um exemplo: o caso da Índia. Marx criticou o imperialismo inglês sem idealizar o passado pré-britânico da Índia: "... não devemos esquecer que essas idílicas comunidades rurais, embora pareçam inofensivas, constituíam sempre as bases sólidas do despotismo oriental, restringiram o intelecto humano aos mais estreitos limites, tornando-o um instrumento de superstição, escravizando-o às regras convencionais e despojando-o de toda a grandeza e de todas as suas energias históricas. ETC." É muito difícil associar o nome de Marx aos chamados movimentos de libertação nas colónias europeias.
O centralismo régio português a partir do qual se formou o Estado nacional bloqueou o desenvolvimento do país. Noutro dia consultei uns manuais escolares do tempo de Salazar. Dois exemplos: os jovens portugueses das colónias estudavam em Geografia os rios de Portugal deixando na penumbra os rios das suas terras, e, nas Ciências Naturais, aprendiam a classificação dos seres vivos e dos minerais. Tudo isto numa perspectiva estática. Infelizmente, hoje em dia os jovens nem isso sabem...
Eu já nasci no tempo da célula: o meu programa de Biologia foi praticamente citologia mas uma citologia pouco clara quanto às funções das organelas e do núcleo da célula. Enfim, desde cedo que me "alienei" de Portugal formando a minha mente a partir da ciência produzida noutros países. Quando "regressei" a Portugal, pensei que os portugueses eram "inteligentes" mas depressa compreendi que eram burros e gatunos.
É muito difícil ler KARL MARX sem concordar com a problemática teórica que elaborou gradualmente. Hoje, ao reler alguns textos, fiquei com a impressão que o materialismo histórico - a ciência da História - foi elaborado antes do materialismo dialéctico, a partir da reformulação da teoria hegeliana da alienação à luz da crítica da economia política. Porém, acompanhando o pensamento de Marx em movimento, vejo que há nele lugar para uma Antropologia Fundamental e uma teoria da Individualidade Concreta. Quanto ao comunismo como sentido do movimento total da história, não tenho nada a criticar, pelo menos do ponto de vista teórico: A luta contra a exploração económica e a opressão política é justa em qualquer momento da história.
A "Sagrada Aliança" das potências reaccionárias da Europa combatida por Marx e Engels volta a repetir-se na Europa/União Europeia de hoje: os reaccionários não mudam ao longo do tempo; são já-sempre os mesmos reaccionários. Mas há uma diferença: No século XIX, houve oposição real e efectiva ao poder dos reaccionários, enquanto que, no nosso tempo indigente, os partidos de esquerda se demitiram da sua função libertadora para se tornarem partidos sem projecto político.
1848: Marx e Engels publicam o "MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA" durante o começo da Revolução de 1848. Uma obra pequena que define um projecto político para o proletariado. Porém, durante esse período, Marx comete alguns erros políticos, um dos quais foi a teoria da Revolução Permanente, retomada em chave burguesa pelo defunto Popper. A expressão "ditadura do proletariado" não aparece no "Manifesto"; ela surgirá mais tarde numa carta dirigida por Marx a um "camarada comunista". Curiosamente, Marx tinha inicialmente prometido realizar uma crítica do comunismo; no entanto, embora tenha criticado o "comunismo grosseiro" e o esquerdismo - os "alquimistas da revolução", acabou por aderir ao comunismo, dando-lhe uma interpretação histórico-efectiva e real. Ora, esta adesão é anterior à imensa revolução teórica que operou na filosofia e na ciência.
Apesar de ter meditado o marxismo, o pensamento-motriz de hoje foi o fracasso da Revolução Liberal de 1820. Marx pensou um conceito - retardamento da consciência - para designar o facto das pessoas que passam ao lado da história pensarem o presente - a conjuntura política - com categorias herdadas do passado. Trata-se aqui de comédia histórica. A situação portuguesa de 1820 tem algumas semelhanças com a situação alemã no mesmo período: ambos os países estavam atrasados em relação à Inglaterra - Revolução Industrial - e à França - Revolução Política. Porém, os alemães desenvolveram a Filosofia, fazendo da Alemanha a "cabeça" da Europa. Apesar da resistência, a feudalidade foi liquidada. Em Portugal, a feudalidade persiste até hoje.
Hoje, os indivíduos de esquerda, incluindo alguns marxistas, estão mais próximos dos irmãos Bauer - a ala esquerda do hegelianismo - do que de Marx: todos pensam que podem transformar o mundo criticando as ideias. Quando Proudhon disse que "a propriedade é o roubo", Marx respondeu: Proudhon esquece que o roubo, como violação da propriedade, pressupõe a propriedade. A crítica do idealismo levada a cabo por Marx visa libertar o pensamento destes sofismas.
O atraso de Portugal é tão multissecular que sou obrigado a questionar a neurogenética dos portugueses. Portugal deu início à Revolução Comercial e, no entanto, não soube gerir a riqueza criada que fluía daqui para o norte da Europa. Mas não basta criticar esta "política do transporte", como fez Sérgio; é preciso ir à raiz do problema e liquidar a mente arcaica dos portugueses: Auto-Educação é uma palavra que nunca fez parte do vocabulário usado pelo povo português. Os povos burros não têm futuro.
Se conhecessem a História da Cidade do Porto, os portuense já estavam independentes de Portugal há quase um século. Apesar de ter sido invadido pelo exército napoleónico, o Porto soube unir o Minho, dando início à industrialização. A frota portuense de navios comerciais navegava tanto para o norte da Europa como para o Brasil: a burguesia portuguesa nasceu no Porto. Porém, depois da revolução de 1820 com o deslocamento para Lisboa, começa a corrupção feudal. Portugal nasceu afundado e acabou por afundar o Porto.
Falam do "temperamento" de Ricardo Quaresma mas esquecem de analisar se esse tal temperamento não é uma reacção aos preconceitos raciais dos portugueses. Ontem ouvi dizer que Cristiano Ronaldo e Ricardo Quaresma já não se davam bem quando jogavam na formação do Sporting. Paulo Bento alinha nesse jogo e volta a preterir Ricardo Quaresma, de resto o melhor jogador português de momento. Sou solidário com Quaresma porque detesto essa cultura portuguesa de tirar o mérito a quem o tem.
Marx envolveu-se na conjuntura política do seu tempo, deixando de lado o seu grande projecto teórico do qual fazia parte a obra "Balzac e o Capitalismo". Lenine, Estaline e Mao Tsé-Tung foram políticos e filósofos. A burguesia nunca produziu um político-filósofo.
Aconselho a leitura do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels: Leiam e depois discutam o programa marxista de mudança social. Não é a última palavra do marxismo porque este é uma teoria aberta. A economia burguesa está intoxicada com a troca de equivalências. Ora, Marx demonstra que se trata de uma troca de equivalências desiguais. A economia marxista continua válida e não se reduz à teoria do valor.
A classe trabalhadora pode ter diminuído mas continua a ser a classe mais explorada e oprimida da sociedade capitalista, para já não falar do exército de desempregados que, no fundo, não têm pátria. A classe média teme de tal modo a proletarização que se tornou uma força de bloqueio e uma aliada potencial do fascismo.
A teoria de Marx da sociedade capitalista é verdadeira e deve ser concluída. Porém, podemos aceitar a teoria sem nos envolvermos com o projecto comunista. A questão é esta: Se fosse vivo Marx continuaria a ser "comunista"? O desenvolvimento tecnológico está a produzir novos estratos sociais e a globalização coloca novos desafios. O marxismo é capaz de explicar estes novos desenvolvimentos sociais sem rever os seus princípios. Sem completarmos a obra de Marx não podemos projectar um novo futuro. Hoje o capitalismo é uma força de destruição global. Barbárie ou civilização?: eis a questão!
Tontos como são, os portugueses acreditam que o Estado "somos nós", como dizem. Ora, se lessem as obras políticas de Marx-Engels e "Estado e Revolução" de Lenine, nunca diriam tal disparate. A democracia liberal mais não é do que a ditadura dissimulada da burguesia sobre o "povo". Bastou estalar a crise financeira de 2008 para vermos os governos a proteger os lucros e o capital. Sim, amigos, todo o Estado é um estado de classe: Direito e o seu suplemento moral, polícia e exército, escola e tribunais, enfim todas estas instituições funcionam para garantir a exploração de classe e a opressão. E reparem: não precisam da violência para cumprir a sua missão. O opressor interiorizado durante a socialização é o maior inimigo da mudança social qualitativa.
A luta de classes é o motor da história das sociedades de classes. A Social-Democracia Europeia aboliu por decreto a luta de classes, como se as classes sociais deixassem de existir pelo facto dos conflitos sociais terem sido atenuados pelo aumento dos salários. Agora Manuel Alegre diz que podemos estar a assistir ao aparecimento da luta de classes. Quando se instalam desequilíbrios sociais, a luta de classes agudiza-se e intensifica-se. Porém, hoje a situação é mais preocupante: o exército de desempregados aumentou e não há partidos de esquerda capazes de orientar a luta dos explorados e oprimidos. A violência pode estar na ordem do dia.
Faça alguma coisa "útil" na vida: Leia Marx e procure dar o seu pequeno contributo para a mudança social qualitativa. Não agir é agir a favor da exploração e da opressão.
Eu tenho as obras de Marx em alemão mas já não tenho vontade de as ler para poder corrigir o laxismo das traduções portuguesas: os "comunistas" nunca foram cuidadosos com a linguagem.
Não vou andar à procura do "Manifesto Comunista" mas sei que propõe boas medidas, uma das quais é a nacionalização dos bancos. De facto, para acabar com a especulação financeira, os bancos deviam ser "públicos" e dotados de uma administração imune à intervenção de governos loucos.
Raul Brandão, ilustre portuense: "Assim a vida. É um rio de lágrimas, de brados, de mistério". Hoje folheei "Os Pobres" mas como se trata de uma edição antiga e encadernada resolvi não sublinhar muito o texto. Ainda não temos uma História da Literatura Portuense!
Hoje resolvi reler a "História de Portugal" de António Sérgio. Não aprecio o seu estilo de escrita e o seu rancor dissimulado pelo Porto, mas concordo com a sua interpretação da história de Portugal. O vício português revela-se desde logo no seu maior feito: os Descobrimentos. A Política do Transporte foi fatal para Portugal: os parasitas nacionais fixaram-se em Lisboa para participar na distribuição da "riqueza" pelo Rei. Só vejo um caminho para dar novo rumo ao país: Eliminar os parasitas!
A nobreza portuguesa aliou-se sempre à Espanha e, se não fosse a burguesia litoral do Porto e de Lisboa, hoje seríamos uma "província espanhola". A identidade portuguesa ainda não foi pensada: os portugueses são submissos em relação aos estrangeiros e gostam de se comportar como "bons alunos" falando e dizendo aquilo que deviam silenciar. No fundo, a política portuguesa preparou o terreno para a acumulação primitiva do capital: Ingleses e holandeses foram os principais beneficiários da estupidez portuguesa. Monarquia dual: o sonho estúpido da segunda dinastia portuguesa. Nunca tivemos um rei inteligente!
Escreve António Sérgio: "... e de um portus, precisamente, se derivou o nome de Portugal" sem no entanto especificar esse "portus". Porém, mais à frente, refere a "terra portucalense" e a sua principal povoação: "Portucale, junto ao Douro". Enfim, face à falsificação de documentos ou mesmo à sua destruição intencional, para conhecermos as origens de Portugal somos obrigados a estudar os historiadores espanhóis e a olhar mais atentamente para os historiadores portuenses.
Duarte Pacheco, autor do "Esmeraldo": "A experiência é a madre das coisas, e por ela soubemos radicalmente a verdade. (...) Sabe-se mais em um dia agora pelos portugueses do que se sabia em cem anos pelos Romanos". Ora, quem conhece a obra de Duarte Pacheco? Ninguém... e a obra está esquecida nas bibliotecas.
No reinado de D. Manuel, uma multidão de parasitas acorria à capital de todos os pontos do reino. Eis uma exclamação de Gil Vicente: "Cedo não há-de haver vilões!" E ironiza: "Todos del-rei, todos del-rei!" A corte portuguesa aumentou de tamanho: o rei dava o dinheiro à aristocracia e esta passava-o para os estrangeiros, a quem se compravam todas as coisas. Enfim, apesar da passagem da riqueza por Portugal, o país empobreceu, deixou de produzir e ficou endividado. Défice é uma constante na história de Portugal: parasitismo e desenvolvimento detestam-se mutuamente.
Apesar de ser portuense, aprecio a obra de Joel Serrão: Uma lufada de ar fresco sobre a historiografia portuguesa. Abordou temas culturais oitocentistas de um modo interessante. Pena não ter deixado discípulos!
Sampaio Bruno, o pai do pensamento português: "O povo existe, o que é preciso é educá-lo". A educação "da liberdade nunca é uma dádiva graciosa; é sempre uma penosa conquista; e resulta uma quimera abusiva estar-se à espera de que um povo se prepare para o exercício dos seus direitos a fim de só então lhos conceder".
Decidi ler a obra completa de António Sérgio: Sérgio critica severamente os três romantismos portugueses mas não é capaz de oferecer uma filosofia do romantismo português, destacando o romantismo portuense. A crítica que faz aos outros pode ser dirigida contra si: ausência de uma filosofia. O seu formalismo racionalista é profundamente idealista. O seu ódio pelo Porto impediu-o de ver o pensamento de Junqueiro em acção na sua poesia. Porém, as poucas linhas que dedica à cultura quinhentista portuguesa merecem ser desenvolvidas. A Inquisição sufocou a cultura portuguesa das navegações.
Oliveira Martins: eis outro ódio de estimação de António Sérgio que o acusa de ter reabilitado a interpretação romântica do sebastianismo. O padre António Vieira e Lúcio de Azevedo também são demolidos pela crítica política de Sérgio. Concordo com as ideias directoras da sua interpretação da história de Portugal. No entanto, devemos aprofundar a filosofia da história de Portugal, de modo a combater os "espectros nacionais". António Sérgio permanece prisioneiro de uma tradição francesa decadente e defunta.
Sim, Walter Alvarez tem razão: a ciência moderna nasceu com os descobrimentos portugueses. Basta pensar na ciência náutica: holandeses, franceses, ingleses e alemães... enfim todos eles copiaram os manuais portugueses de navegação.
Almeida GARRETT: "HOJE O MUNDO É UMA VASTA BARATARIA, ONDE DOMINA EL-REI SANCHO... (...) E eu pergunto aos economistas-políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?" GARRETT critica aqui o "barão", o novo-rico, feito à custa de especulações e de exploração sistemática do povinho, e ornado de um título de nobreza, como sucedeu em Portugal depois da independência do Brasil e da adaptação do liberalismo ao "comunitarismo de Estado", isto é, a rede de parasitas que capturou o Estado português. O Fontismo voltou a repetir-se depois do 25 de Abril, gerando uma onda de novos-ricos e a ilusão fatal de riqueza. Fontismo é outra constante da história de Portugal.
O que é o oligarquismo português ou comunitarismo de Estado? Um autor anónimo de 1847 respondeu: "A LUTA EM QUE SE ACHA EMPENHADA A NAÇÃO PORTUGUESA DESDE 1820 NEM POR ISSO DEIXA DE TER, COMO CAUSA PRÓXIMA E EFICIENTE, A AMBIÇÃO DOS INDIVÍDUOS DE QUE SE COMPÕEM OS DIFERENTES BANDOS QUE, COM O FALSO TÍTULO DE PARTIDOS POLÍTICOS, SE DISPUTAM ENTRE SI A POSSE DOS DINHEIROS PÚBLICOS... AS GUERRAS CIVIS EM PORTUGAL SÃO EVIDENTEMENTE A GUERRA DOS EMPREGOS PÚBLICOS..." O Estado português capturado por uma rede de parasitas-chulos! Outra constante da história de Portugal!
Só hoje tomei consciência plena das descobertas portuguesas nos oceanos Índico e Pacífico: as ilhas foram todas descobertas pelos portugueses. Sobre o Império do Oriente temos algumas obras boas, mas sobre o Império Africano não temos quase nada: as classes dirigentes portuguesas devem ser decapitadas.
Se os portugueses fossem homens de verdade, condenavam à morte o historiador J.S. da Silva Dias. A sua análise da cultura portuguesa no século XVI reflecte a pequenez do seu cérebro de réptil. Basta citar três nomes para o reduzir à sua mediocridade: Duarte Pacheco, Garcia da Orta e Pedro Nunes, para já não falar de Camões. A concepção da Natureza dos navegadores portugueses é revolucionária e reaparece em Espinoza, por exemplo. Mas há mais: No reinado de D. João II, foi composto o "Regimento do Astrolábio", manual de astronomia náutica para uso dos pilotos. Um exemplar foi descoberto em Munique: a obra original foi copiada e recopiada por Fernández de Enciso, Francisco Faleiro, Alphonse de Saintonge, e Medina, só para referir estes nomes. Enfim, a ciência náutica portuguesa foi incorporada pelos nossos rivais: espanhóis, italianos, franceses, ingleses, holandeses e alemães. Estranho é o facto do nosso património científico e técnico se encontrar nas bibliotecas estrangeiras.
Heyligers, autor da obra "Traços do Português nas principais línguas das Índias Orientais Holandesas": "... POUCAS NAÇÕES SE PODEM GLORIAR DO SEU PASSADO COMO PORTUGAL... O INFLUXO DO ELEMENTO PORTUGUÊS NO ARQUIPÉLAGO MALAIO FOI DE EXCEPCIONAL PODERIO..." Convém lembrar que o português foi a "língua franca" do Oriente, sendo falado na Índia, na Malásia, no Pegu, em Bramá, em Sião, no Tonquim, na Conchichina, na China, em Cormoram da Pérsia, em Meca da Arábia, em Bossorá da Turquia.
Enfim, Portugal descobriu o mundo mas não soube tirar proveito disso: a expulsão dos judeus e a contra-reforma - Inquisição - bloquearam o país. Lisboa - rei e corte de parasitas imundos - desgovernaram o país. O domínio espanhol, as intrigas francesas, a ferocidade holandesa e a influência inglesa foram fatais: os governantes portugueses foram palhaços nas mãos dos governantes estrangeiros. E o que dizer de D. João V o Beato?
A Filosofia de António Sérgio é confusa, partindo de um pressuposto falso: a identidade filosofia = pedagogia. Diz Sérgio: "A Sociedade é uma Ideia", opondo-se assim é escola sociológica de Durkheim, segundo a qual a Sociedade é uma Coisa. Ora, nesta ideia primordial de Sérgio, abriga-se o idealismo. talvez um idealismo da intersubjectividade social. No entanto, aplicando-lhe uma hermenêutica da violência, podemos redescobrir uma fenomenologia social.
Sérgio e Durkheim? Ainda estou a ler os ensaios de Sérgio que diz coisas interessantes sobre a formação do self recorrendo a Camões. A grande preocupação dele é a elaboração de uma ética racional ou, como diríamos hoje, cognitiva. Ele faz uma leitura curiosa do pragmatismo.
É curioso o facto de haver uma escola portuguesa de pensamento social que ainda não foi descoberta e muito menos pensada. Encontramo-la em acção no pensamento de Leonardo Coimbra e de António Sérgio. Sendo a sociedade da ordem do mental, há uma fenomenologia social portuguesa. Os ensaios de Sérgio que estou a ler foram escritos em torno da Primeira Guerra Mundial: não citam Marx, embora a sua ética racional da cooperação esteja próxima da crítica marxista da ideologia. A escola portuguesa pensou uma teoria social - intersubjectiva - da Razão, numa perspectiva dinâmica e, portanto, histórica.
O que me afastou da companhia espiritual de António Sérgio foi a sua animosidade em relação ao pensamento portuense e à Renascença Portuguesa, cujo manifesto foi escrito por Teixeira de Pascoaes: o saudosismo que Sérgio nunca compreendeu nos seus termos. Não há espectrismo na filosofia portuense: a leitura que Sérgio faz do Renascimento é inaceitável.
Infelizmente, não conheço bem o integralismo lusitano criado por António Sardinha, embora tenha tido um professor que o professava. A teoria dos espectros elaborada por António Sérgio pode ser aplicada à crítica do integralismo lusitano como ideologia conservadora que fecha as portas à construção de um mundo melhor. Para mim, o integralismo significa monarquismo!
Não deixei de estudar a História do Brasil: a passagem do século XIX para o século XX - as últimas décadas do primeiro e as primeiras décadas do segundo - revela uma grande afinidade luso-brasileira de pensamento e de acção. O Brasil perdeu-se no caos quando se afastou da sua matriz civilizacional. Positivismo, anarquismo socialista e republicanismo foram doutrinas que exerceram poderoso impacto sobre o pensamento luso-brasileiro. Dilma foi o primeiro presidente brasileiro que não visitou Portugal depois da tomada de posse, embora o tenha feito não-oficialmente quando Lula recebeu um doutoramento honoris causa.
Enfim, em abono da verdade, convém dizer que Portugal tem produzido mentes brilhantes que não frutificaram devido à ausência de debate e de crítica construtiva. Um grande pensamento forja-se no debate crítico: Teixeira de Pascoaes aperfeiçoou o seu saudosismo que, afinal, é uma filosofia da esperança debatendo-se contra a dissidência de Raul Proença e de António Sérgio, entre outros. A escola portuense foi sempre anti-positivista. Diz Pascoaes contra as "chalaças" de Sérgio: "A Saudade é a grande criadora do Futuro". Que proximidade enigmática entre Pascoaes e Benjamin! O Passado Oprimido atiça a chama da Esperança!
Mais um ataque antes de ir descansar: As telenovelas portuguesas não têm ligação com a vida real dos portugueses. Eça de Queirós escreveu: "Sinto que possuo o processo como ninguém, mas faltam-me teses". As telenovelas - tal como os romances de Eça - conhecem apenas o mundo ocioso da fantasia lusitana: falta-lhes o contacto com a vida real e a estrutura social portuguesa. Se o povo fosse inteligente, desligava a TV sempre que passa telenovelas ociosas e néscias.
Hoje descobri uma ilustre portuense: Soror Teodósia de Magalhães, freira de S. Bento, no convento da Ave Maria do Porto, que, em 1730, compôs o tratado intitulado "Firme esperança dos sebastianistas por uma anónima devota do sereníssimo senhor D. Sebastião rei de Portugal".
«Se fores castelhano dou-te os pêsames, se (fores) português (dou-te) os parabéns do novo império, que Deus aumente e prospere por largos anos" (Fernão Homem de Figueiredo, Ressurreição de Portugal e morte fatal de Castela). De facto, Lisboa abre as pernas aos castelhanos, ao passo que o Porto luta pela independência. O sebastianismo com a sua Ilha Encoberta aponta na direcção do Porto.
Usos da Língua Portuguesa: Detesto o "português arcaico" e acho uma estupidez a citação em português arcaico. No entanto, tendo em conta a sua evolução ao longo do tempo, constato que o brasileiro de hoje é muito semelhante ao português do século XIX e que há autores portugueses de hoje que escrevem ao modo do português arcaico, pelo menos no que se refere à construção das frases. Damião de Góis criticava os portugueses por cuidarem mais do "fazer" - entenda-se: a arte do roubo - do que do "dizer" e do "pensar bem". O português não foi feito para pensar grandes pensamentos!
Alcácer Quibir: No dia 4 de Agosto de 1578, os portugueses liderados por D. Sebastião foram derrotados pelo exército marroquino liderado pelo Sultão de Marrocos Mulei Moluco com apoio otomano. É provável que a batalha de Alcácer Quibir tenha sido o holocausto da classe dirigente nacional, levando à perda da independência. Só partindo desse pressuposto podemos justificar os Descobrimentos. No entanto, mesmo depois da restauração de 1640, Portugal nunca mais voltou a ser aquilo que foi antes desta catástrofe nacional: o espírito de cruzada e de cavaleiro e o espírito comercial nunca coincidiram em Portugal. Depois da restauração Portugal ficou sempre dependente dos empréstimos estrangeiros. Enfim, Portugal sempre foi governado por troikas!
Ninguém me interrogou sobre a associação entre Porto e Sebastianismo. Há textos portugueses que falam sobre a Ilha Encoberta, cujos primeiros habitantes eram portuenses. A partir deles podemos alimentar o sonho Porto Cidade-Estado. Esses portuenses da Ilha Encoberta descobriram uma das tribos perdidas de Israel (Judeus). Sim, precisamos de revitalizar as judiarias do Porto.
Tenho estado a ler os ensaios de António Sérgio para compreender a sua filosofia pedagógica: Um programa de pedagogia da acção social que ele pretende redescobrir em Rousseau. Claro, Sérgio ficou contaminado com a leitura dos "intelectualistas" franceses: a sua filosofia transpira idealismo!
Há qualquer coisa na historiografia portuguesa que soa a paradoxo: Afinal, quantas revoluções burguesas houve em Portugal? A revolução de 1383-85 é burguesa, a revolução de 1820 é burguesa e a revolução republicana é o quê? Ou terão sido todas elas revoluções abortadas? Há alguma mutação fatal no genoma português!
Teixeira de Pascoaes esboça uma resposta à minha questão: "A NOSSA HISTÓRIA POLÍTICA É UMA CONSTANTE REPETIÇÃO DOS MESMOS FACTOS DESANIMADORES E TRISTÍSSIMOS". "A POLÍTICA, ENTRE NÓS, É UM MODO DE VIDA QUE DÁ HONRA E PROVEITO. O PÚBLICO APLAUDE E CONHECE AQUELES QUE O EXPLORAM. É O PÚBLICO MAIS INGÉNUO E SIMPÁTICO DO MUNDO..." "O POVO É O MAIOR EM NÚMERO. POSSUI A FORÇA BRUTA DA QUANTIDADE; A FORÇA DOS VENTOS E DAS MARÉS. TODOS O ILUDEM, PORQUE ELE SÓ VAI ATRÁS DE UMA ILUSÃO. SENTE E NÃO PENSA; IMAGINA, MAS NÃO VÊ".
Ahahahahah... Heil Hitler! Já leram esta obra "O Fascismo na sua Época: Acção Francesa, Fascismo Italiano, Nacional-Socialismo"? Isto sim é animação: a Europa deseja acção! Os franceses falam muito mas são os maiores fascistas da Europa. Desgraçadamente, Nolte não perde tempo a analisar o Fascismo Português, a ditadura de Salazar, e o Fascismo Espanhol, a ditadura de Franco. Nolte é um grande historiador alemão e foi aluno de Heidegger. Heil Heidegger!
No final da República de Weimar, a social-democracia alemã e os comunistas alemães foram surpreendidos pela ascensão triunfal do nazismo: os comunistas incautos foram as primeiras vítimas do nazismo. Hitler nunca suspendeu a constituição de Weimar e surpreendeu a Europa quando anexou a Áustria, aliás uma marcha triunfal no decorrer da qual exibiu a sua imensa frota de aviões de guerra. Depois foi a vez do bombardeamento da Polónia e assim sucessivamente até cometer o erro de desistir de bombardear Londres para invadir a Rússia.
Antero de Quental: "A Austrália tem feito em menos de 100 anos de liberdade o que o Brasil não alcançou com mais de três séculos de escravatura! Fomos nós, foram os resultados do nosso espírito guerreiro, quem condenou o Brasil ao estacionamento, quem condenou à nulidade toda essa costa de África, em que outras mãos podiam ter talhado à larga uns poucos impérios".
Antero de Quental: "As nações mais inteligentes, mais moralizadas, mais pacíficas e mais industriosas são exactamente aquelas que seguiram a revolução religiosa do século XVI: Alemanha, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, Suiça. As mais decadentes são exactamente as mais católicas! Com a Reforma estaríamos hoje talvez à altura dessas nações; estaríamos livres, prósperos, inteligentes, morais... mas Roma teria caído". O catolicismo foi e continua a ser a desgraça dos países peninsulares!
Concordo em termos gerais com a interpretação da decadência peninsular elaborada por Antero de Quental. Porém, as conquistas não podem ser vistas como causa económica dessa decadência: os absolutismos católico e político é que arruinaram Portugal. A acumulação do capital não ocorreu em Portugal: as riquezas eram esbanjadas e fluíam para os países do Norte que as investiram na agricultura e nas indústrias. "Espírito Guerreiro": eis uma expressão que não pode ser identificada com as conquistas.
Em Portugal, houve uma cidade que se opôs à política de extorsão e de esbanjamento cortesão de Lisboa: A Cidade do Porto que foi durante séculos uma Cidade-Estado, mesmo depois da formação de Portugal. Lisboa arruinou Portugal.
Alexandre de Gusmão: "Do reinado de D. Manuel em diante, somos sustentados pelos estrangeiros". Lisboa é chula e corrupta! Portugal é chulo e corrupto! Antero de Quental deu o benefício da dúvida aos portugueses quando atribui a sua atrofia cognitiva ao peso do Catolicismo reaccionário. Inclino-me mais para uma explicação genética!
Frase maravilhosa de Antero de Quental que merece ser pensada: "A conquista da Índia pelos ingleses é justa, porque é civilizadora. A conquista da Índia pelos portugueses, da América pelos espanhóis, foi injusta, porque não civilizou".
Antero de Quental condena a ociosidade dos portugueses: "Nós preferimos ser uma aristocracia de pobres ociosos, a ser uma democracia próspera de trabalhadores. É o fruto que colhemos duma educação secular de tradições guerreiras e enfáticas!": horror ao trabalho e íntimo desprezo pela indústria. "A NOSSA FATALIDADE É A NOSSA HISTÓRIA", CONCLUI ANTERO DE QUENTAL.
O último Império Ultramarino português que caiu com o 25 de Abril de 1974 ainda não foi estudado: Penso que a colonização de Moçambique e de Angola obedeceu a outros princípios. A proximidade com a Rodésia e a África do Sul moldou de certo modo o estilo de desenvolvimento de Moçambique. As duas colónias eram mais desenvolvidas do que a Metrópole e a ditadura nunca as sufocou. Os portugueses metropolitanos desconheciam a situação das colónias. Daí os erros cometidos pela descolonização!
António Borges Coelho, historiador marxista português, escreveu: "A história produzira já revoluções burguesas em cidades-estado: Porto, Génova, Veneza, Florença, etc." Embora tenha falsificado as origens de Portugal, António Borges Coelho reconhece que o Porto foi uma Cidade-Estado que fez a sua própria revolução burguesa.
Vitorino Magalhães Godinho: "A descolonização e formação de novas nações, no século XX, pretendeu firmar-se com a criação de uma memória nacional, rejeitando todo o legado dos passados colonizadores; convinha assim apagar a ideia de terem sido descobertos por outros povos arrogantes de superioridade". Godinho condena a seguir a falsificação da história levada a cabo pelas jovens nações, em especial Angola e Moçambique. Mas o mesmo pode ser dito em relação ao Brasil que, neste momento, corre o risco da fragmentação devido ao facto de ter apagado a sua matriz cultural.
Que coisa estranha em mim: andar a estudar a fundo o mundo lusófono. A obra de Boxer é fabulosa: aprecio muito o estilo de história praticado nos USA ou em Inglaterra e, sobretudo, na Alemanha. Houve mentes brilhantes em Portugal e no Brasil. É fundamental haver cooperação luso-brasileira. Geralmente, sou associado a todos aqueles ilustres portugueses que condenaram a estupidez nacional, mas sou infinitamente mais flexível e reconheço mérito onde há mérito. Há uma grande incompreensão entre portuenses e lisboetas. Chegou a hora de clarificar as discrepâncias e de limar as arestas.
Sérgio critica a teoria das duas raças de Basílio Teles, ilustre portuense injustamente esquecido. Embora não a veja como uma teoria capaz de explicar os erros estruturais de Portugal, reconheço-lhe mérito devendo ser integrada numa teoria mais geral. Há sempre um problema: a distinção entre Norte Ariano e Sul Semita não pode esquecer a distinção entre Litoral e Interior. O Porto é Norte mas é Norte-Litoral vocacionado para o mar e o contacto com o mundo.
O facto de ter nascido em Damão (Índia) faz com que António Sérgio tenha um preconceito contra a raça nortenha. De facto, os portugueses não são descendentes de "berberes" do Norte de África. O seu seguidor - Joel Serrão - foi mais dialogante com o pensamento portuense. Porém, quando critica com ironia a "filosofia portuguesa", comete erros filosóficos insuportáveis. A Filosofia não se reduz à Epistemologia e à Lógica do antigo curso de ciências histórico-filosóficas: a autonomização da filosofia em Portugal foi lenta.
Onde reside a fraqueza do pensamento de António Sérgio? Sérgio opõe o espírito medieval ao espírito moderno, reduzindo este último ao método experimental e ao entendimento crítico. Ora, a modernidade é muito mais do que isso: as escolhas bibliográficas de Sérgio colocam-no numa situação de atraso cultural em relação à própria modernidade. Sérgio é provinciano. Leonardo Coimbra abordou a teoria da relatividade de Einstein e estudou obras contemporâneas: Bergson, Heidegger, etc. Como é evidente, nomear o aristotelismo não faz de um autor um aristotélico. Portanto, não sei onde está o aristotelismo da escola do Porto: Leio mas não o encontro.
C.R. Boxer dedicou muita atenção ao problema racial no Império Colonial Português. Ainda não estou preparado para ripostar e re-apresentar novamente a "pureza de sangue". Porém, acho que ele devia ter estudado esse problema em relação ao Império Britânico ou mesmo em relação aos USA. Além disso, não concordo com o facto de colocar no mesmo prato a questão dos judeus e a questão da escravatura. São questões diferentes que obedecem a lógicas diferentes apesar do seu fundamento económico.
Padre ANTÓNIO VIEIRA: "A América faz hoje duzentos anos não estava tão longe do mundo como nós (portugueses) estamos. - O nome, que não sem razão nos chamam, de cafres da Europa..." Bem, António Vieira também foi um "cafre": a sua mente brilhante poderia ter sido mais audaciosa e legar-nos uma obra moderna!
Hoje descobri um ensaio de António Sérgio onde tenta dialogar com Gilberto Freyre. Desse ensaio retenho apenas esta definição: LUSO-DESCENDENTES são "todos os súbditos de el-rei Camões". O problema é que nem todos os portugueses são "lusos". O nosso tesouro é o PORTO!
A descolonização produziu a regressão da África Austral: Moçambique e Rodésia, Angola e África do Sul constituíam um pólo de desenvolvimento. Hoje, seríamos uma potência mundial se não fosse a triste descolonização. A Frelimo falava de socialismo mas esqueceu que a riqueza produzida dependia do contacto com a Rodésia e a África do Sul: o turismo moçambicano era "inglês" e português, claro. Devo dizer que havia muitos brasileiros em Moçambique que estudavam na Universidade de Lourenço Marques. A descolonização bloqueou o desenvolvimento moçambicano.
Tenho estado a ler a correspondência diplomática estrangeira no tempo das Descobertas: os holandeses ficavam espantados com o facto dos portugueses que viviam nas terras das Índias Orientais e da Ásia e da Oceania não mostrarem interesse em regressar a Portugal. Mais do que colonizadores os portugueses foram arquitectos de novas nações: o regresso à metrópole nunca foi desejado. Os holandeses sacaram parte do nosso Império do Oriente mas nunca conseguiram apagar a memória da presença portuguesa quer na língua quer na arquitectura: os indígenas atribuíam todas as construções aos portugueses.
O século XVII português foi uma desgraça: Portugal parou no tempo, ou melhor, regrediu no tempo, voltando ao espírito medieval. A Igreja Católica, os jesuítas e a Inquisição destruíram a cultura quinhentista portuguesa. Os séculos XVIII, XIX e XX tentaram recuperar o atraso mas em vão, segundo A. Sérgio. Porém, este quadro é muito negro: o Porto conservou o espírito moderno. O próprio António Sérgio parou no tempo: Finge conhecer a física quântica e a geometria analítica mas de facto não diz nada acertado a esse propósito.
António Sérgio não conseguiu aperfeiçoar a sua teoria das duas políticas: a de transporte e a de fixação. Ele defende o desenvolvimento da metrópole, o que é correcto, mas esquece que os portugueses se aventuraram pelo mar para construir "novas Lusitânias". Ora, este comportamento revela um desejo que era contrário ao desenvolvimento da metrópole: fugir de Portugal e fixar-se nos novos mundos. As colónias desenvolviam-se mais do que a metrópole: foi assim com o Brasil, com Angola e com Moçambique. Alguma coisa está mal em Portugal: os portugueses não gostam do seu próprio país.
Basílio Teles é verdadeiramente o pensador do Porto Cidade-Estado. Não partilho todas as suas ideias mas concordo com a clivagem racial que traça entre o norte ariano e o sul mouro. Deve ser lido, relido e pensado. A independência é o nosso futuro! O Porto rompeu com o sistema partidário português, em nome de uma democracia mais participativa. O Porto é capaz de atrair investimentos estrangeiros se romper com Portugal.
O historiador C.R. Boxer demoliu a teoria do colonialismo português proposta por Gilberto Freyre, atribuindo-nos a autoria da "pureza de sangue". Infelizmente, ainda não acumulei dados suficientes para o desmentir. No entanto, sei que um dos poemas mais belo de Camões enaltece a "beleza" de uma rapariga chinesa. Ora, isso deu azo a polémica sobre a fealdade das chinesas! Sempre tive a impressão que os homens portugueses não gostam das mulheres portuguesas!
Alma Minha Gentil, que te Partiste
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Algũa cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
Afinal, o que é a cultura para Leslie White? Eis a definição de cultura dada por White em tradução livre do original: "Cultura é, pois, a classe das coisas e acontecimentos que dependem do simbolizar, enquanto são consideradas num contexto extrassomático".
Hoje dediquei o meu tempo ao estudo do Ultramar Português e constatei que o Estado Novo foi bastante maleável na questão do Ultramar: Angola e Moçambique sofreram importante crescimento económico e cultural. A luta entre o governo português e a maldita ONU foi renhida e interessante.
A Companhia de Moçambique que geriu o destino de Manica e Sofala fez com que a Beira se tornasse a segunda cidade de Moçambique, com a ajuda do caminho-de-ferro e do porto da Beira. Em 1928, a Beira tinha 20 000 habitantes e, graças à acção escolar da Companhia, a Beira tinha uma frequência estudantil mais elevada que a Metrópole: 6 402 alunos primários em 1930, e 8 408 em 1940. É preciso descontaminar a história da ideologia nefasta da colonização e descolonização. A descolonização foi retrocesso civilizacional.
Enfim, a "esquerda europeia" - comunista e social-democrata ou socialista - tem sido uma catástrofe para a história e para a verdade. Devemos ajustar contas com a história recente, descontaminá-la das suas mentiras oficiais e repor a verdade histórica. Salazar reagiu aos movimentos de descolonização acentuando a unidade da nação portuguesa e dando cidadania portuguesa aos africanos. Isto implica uma reavaliação crítica do salazarismo.
Enfim, o 25 de Abril de 1974 não foi uma revolução social; foi antes uma desgraça que entregou as colónias a bandos de terroristas selvagens e fomentou a ascensão social da ralé portuguesa. As ralés nacional e africanas destruíram tudo julgando que a apropriação lhes traria a prosperidade. Hoje reina a pobreza onde a ralé corrupta está no poder!
O Porto tem tido ilustres historiadores que não estão acima da crítica. Por exemplo, a obra de António Cruz sobre "O Porto nas Navegações e na Expansão" esquece a história social e económica da cidade do Porto. Ainda não temos uma história económica e social do Porto.
Em suma: Cada povo pensa da sua maneira e o melhor a fazer é cada um ficar no seu galho e recusar falar do diálogo intercultural.
No México antigo, havia uma instituição que aterrorizava os índios dominados pelos astecas: a Guerra Florida. A finalidade dessas guerras era fazer prisioneiros que eram depois sacrificados, os corpos despedaçados e comidos. Os astecas eram canibais. Imaginem o sucesso destas expedições astecas se eles conhecessem a roda: o domínio que exerciam sobre os outros povos seria infinitamente mais eficaz. Ora, o Novo Mundo foi descoberto por Colombo. A cultura asteca é fascinante; porém, não foram os astecas que descobriram novos mundos mas sim os europeus.
As pessoas podem recusar o Ocidente; o que não podem é atribuir a cultura filosófica e científica do Ocidente aos astecas, aos chineses ou ao Egipto Antigo. Descolonizem-se e deixem a filosofia em paz! A Filosofia nasceu na Grécia, mais precisamente na Jónia na cidade de Mileto. Quando se fala em "milagre grego", é para dar ênfase à novidade radical da filosofia grega que criou uma nova tradição - a tradição crítica, demolidora da tradição dogmática do mito. Não há filosofia chinesa ou filosofia indiana: pensamento religioso não é pensamento filosófico. Só à luz da Filosofia posso fazer uma interpretação filosófica de outras tradições alheias ao Ocidente, emprestando-lhes uma ideia filosófica. O poder dos conceitos filosóficos é demolidor!
Que horror! Até conheço o Dr. Merdinhas e tive de encaixar este ataque moçambicano. O merdinhas é simplesmente merdinhas mas disso não tenho culpa. Fica aqui uma lição para os portugueses que não sabem defender-se. E depois convidam-me para ir a Moçambique para fazerem de mim um homem morto. Ah, francamente, com o passado colonial do país, acham que sou burro? De facto, não adianta distribuir pérolas filosóficas pelos "porcos"!
Se a Filosofia nasceu no Egipto (eheee... que ridículo!), nomeiem os filósofos egípcios e as suas obras. Se nasceu na China, digam qual a problemática teórica desenvolvida por esses sábios chineses sem nome e sem rosto? Há limites para a tolerância intelectual: a falsificação boçal da verdade dos factos é doença mental. Ainda me reconduzem a Foucault! Eheeee... O que interessa Foucault!
Ehehee... O meu perfil foi palco de uma revolta terceiro-mundista! O mais engraçado é que o Terceiro-Mundo é obrigado a filosofar à pedrada para se fazer ouvir. Usar a Filosofia para incendiar o Ocidente é tarefa de tontos. Mas aceito o desafio!
A propósito da discussão de ontem, lembrei-me de uma obra de Oliveira Martins: "O Helenismo e a Civilização Cristã". Oliveira Martins enviava capítulos a Antero de Quental que, por sua vez, lhe opunha dúvidas e objecções: Joaquim de Carvalho publicou as cartas de Antero a Oliveira Martins. E António Sérgio criticou a "filosofia comum" a ambos: o realismo social. Como é evidente, o debate entre o poeta e o historiador incidiu sobre a evolução da filosofia desde o seu nascimento na Grécia até ao seu tempo. De facto, esta controvérsia merece ser revisitada porque se trata de um capítulo importante da filosofia em língua portuguesa.
Jean-Pierre Vernant: "A razão grega é aquela que, de forma positiva, reflectida e metódica, permite agir sobre os homens e não transformar a natureza. Tanto nas suas limitações como nas suas inovações, ela é filha da cidade-estado". O aprendiz moçambicano de filosofia da treta confunde dois problemas diferentes: o nascimento da Filosofia na Grécia é facto inquestionável; os estudiosos podem divergir quanto à passagem do mito ao logos, uns vendo nela uma ruptura abrupta, outros preferindo acentuar um processo mais lento iniciado desde logo pelos poetas gregos. Estas duas atitudes foram protagonizadas por Burnet e Cornford, respectivamente, mas nenhum deles foi suficientemente maluco para negar a paternidade grega da filosofia. Além disso, não quero discutir mais com pessoas destituídas de bom-senso e de espírito crítico.
Antes da chegada dos europeus à costa africana, os Tonga não sabiam que o rio Incomáti, que sai do Transval em Komatipoort, era o mesmo rio que desagua no mar perto de Marracuene, a 80 quilómetros de Komatipoort. A geografia indígena era muito rudimentar: cada pessoa fazia a sua própria geografia antes da chegada dos europeus. Ora, os primeiros europeus a chegar às costas africanas foram os portugueses. Ontem, um aprendiz moçambicano de filosofia da treta dizia que eu me refugiava na Europa. Que estranha geografia a do meu "amigo"! Não sabe que nós portugueses somos europeus!
Acho que devemos abrir dois dossiers: o da Ciência Náutica portuguesa no tempo dos Descobrimentos e o do Estado Novo nas suas relações com o Ultramar. Devo confessar que são temas que não conheço a fundo. A conferência de Alvarez em Serralves sobre o papel pioneiro dos portugueses na revolução científica dos séculos XVI e XVII foi um desafio, pelo menos para mim: Pedro Nunes, Duarte Pacheco e Garcia de Orta devem ser estudados, entre tantos outros.
Hannah Arendt demarca-se do aprendiz moçambicano de filosofia que nunca chegou a conhecer, claro: "Os factos são a matéria das opiniões, e as opiniões, inspiradas por diferentes interesses e diferentes paixões, podem diferir largamente e permanecer legítimas enquanto respeitarem a verdade de facto. A liberdade de opinião é uma farsa se a informação sobre os factos não estiver garantida e se não forem os próprios factos o objecto do debate". Podemos divergir quanto à interpretação dos factos, mas não podemos falsificar os próprios factos. Estou perplexo: Nunca escutei ninguém a negar este facto evidente: a Filosofia foi uma criação do génio grego.
Suspendi o meu estudo aprofundado da etnografia moçambicana. De facto, depois da polémica luso-moçambicana, fiquei atordoado com o facto de haver moçambicanos que desejam regressar à vida tribal, colocando-se à margem da história. E o que me chocou mais foi o facto de "consentirem" a colonização chinesa.
A trilogia de Darcy Ribeiro não resolve o "problema indígena", isto é, o problema do índio brasileiro. A antropologia brasileira não consegue iluminar a realidade brasileira. Olho para o Brasil, e vejo três problemas: o problema do índio, o problema do negro e o problema do branco. A literatura abundante sobre os dois primeiros problemas tende a eclipsar o problema do branco. A estes problemas devemos acrescentar o problema dos diversos tipos de mestiços. A transfiguração étnica de D. Ribeiro não rompe completamente - como pretende - com o critério racial: raça e cultura continua a ser uma temática crucial da antropologia. Além disso, o conceito de "sociedade nacional brasileira" é muito vago: os "isolados" não fazem parte da população brasileira e os outros tipos de assimilados continuam a ser "índios".
"Pigmentocracia": eis o termo cunhado por Magnus Morner e retomado por C.R. Boxer para designar os impérios ibéricos. Esquecem os ilustres historiadores anglófonos que foram os ingleses, os franceses e os holandeses que elaboraram a tal teoria da superioridade racial, moral e intelectual dos brancos.
Colonização mental: já utilizei esta expressão diversas vezes. O padre Fernão Guerreiro escreveu estas palavras ao Rei de Portugal em 1605: "Quanto mais pagãos convertidos a Cristo, mais os amigos e vassalos adquiridos para o serviço de Sua Majestade, porque mais tarde estes convertidos lutarão pelo Estado (da Índia portuguesa) e pelos cristãos contra os seus compatriotas não convertidos". Curiosamente, o imperador manchu Yung-cheng disse aos jesuítas: "Que diríeis vós se eu mandasse um grupo de bonzos ou lamas ao vosso país pregar as suas doutrinas? Quereis que todos os chineses se tornem cristãos. etc." Quando roubaram alguns territórios do império português, os holandeses não conseguiram apagar os vestígios da cultura portuguesa.
Pedro Nunes (1502-1578): "Os portugueses ousaram cometer o grande mar Oceano. Entraram por ele sem nenhum receio; descobriram novas ilhas, novas terras, novos povos, e, o que mais é, novo céu e novas estrelas".
António Galvão (1490-1557) descreveu a "luta dos galos" em Java: "A gente desta ilha é a mais belicosa e a que menos tem em conta a vida, que se sabe na redondeza. E dizem que as mulheres ganham a vida soldo pelas armas; e por qualquer coisa se desafiam e matam uns a outros, como se fazem amoucos; e inventam pelejarem galos com navalhas, porque o principal seu desenfadamento é sanguinolento". Clifford Geertz desconhece o "Tratado dos Descobrimentos" de António Galvão (1563).
"O Soldado Prático" de Diogo Couto (1542-1616) é uma obra "que trata dos enganos e desenganos da Índia". É uma obra de crítica e merece ser reeditada, lida e meditada.
Só uma equipa bem disciplinada pode tentar escrever a História das Descobertas Etnográficas ou Etnológicas dos Descobrimentos Portugueses. A informação está dispersa pelas obras dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa. Por exemplo, conhecem as obras do Padre Simão de Vasconcelos, portuense de nascimento, sobre o Brasil, os seus índios e a fundação de São Paulo? Ou as Cartas do Brasil do Padre Manuel da Nóbrega? Ora, a primeira descrição dos índios brasileiros deve-se a um portuense: Pêro Vaz de Caminha! E a "História do Japão" do Padre Luís Fróis? Ou a de Frei João dos Santos sobre a "Etiópia Oriental"?
Quanto à descrição dos povos de Moçambique, só a encontro nas obras sobre a Índia. É claro que existem estudos etnográficos sobre Moçambique mas já pertencem ao período colonial propriamente dito. Frei Gaspar da Cruz escreveu um tratado sobre as coisas da China: descreve os edifícios de Cantão e os trajos e usos dos chinas: "A gente honrada e nobre usa também à mesa de muitas cortesias, dando um de beber ao outro, e cada um trabalha de dar a mão ao outro no beber, porque à mesa não há outro serviço, senão o de beber".
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Acabei de descobrir o manuscrito de Valentim Fernandes, onde descreve os costumes dos povos da Serra Leoa. Ora, estes povos são muito "subtis negros" e adoram um ídolo, feito de "pau cortado", "figura de um homem", oferecendo-lhe sacrifícios de sangue, em especial de galinhas. E conta diversas "lendas" sobre esse culto, uma das quais envolve cobras e peças de vestuário. Não estou certo mas acho que nesta zona da costa ocidental africana se praticavam sacrifícios humanos. Valentim Fernandes fala de ossos depositados em redor do ídolo. Interessante! Os portugueses introduziram a palavra "feitiço" no vocabulário das línguas europeias.
Descobri livros fabulosos de autores portugueses sobre os novos povos descobertos pelos portugueses. D. Francisco Manuel de Melo escreveu: "Olhai: entre os sábios não há nações; eu não sou natural senão da verdade". Um grande ensinamento português para os aprendizes moçambicanos de filosofia e de humanidades. O sábio só deve ter a verdade como pátria.
Para mim, Jaime Cortesão é o grande historiador dos Descobrimentos Portugueses. Ao contrário de Alexandre Herculano, J.Cortesão defendeu que "não há história sem uma filosofia subjacente". Ele tentou esboçar essa filosofia no seu tratado sobre os Descobrimentos, bem como num ensaio intitulado "O Sentido da Cultura em Portugal no Século XIV".
C. R. Boxer tem razão quando diz que a Primeira Guerra Mundial ocorreu entre portugueses e holandeses (1600-1663). O resultado final foi um empate. Em 1613 ocorreu a batalha naval de Santa Helena, em que quatro navios holandeses e um inglês foram forçados a fugir diante de um único navio português. Os ingleses apoiavam Portugal, mas de um modo ambíguo e traiçoeiro. Portugal lutou contra holandeses, espanhóis, franceses, ingleses e alemães. A guerra entre portugueses e alemães no norte de Moçambique só terminou em 1914-18: os alemães foram expulsos do território colonial.
Chamar "negros" aos bantos, aos indianos ou mesmo aos japoneses era hábito na correspondência dos Reis de Portugal e Goa. Algumas vezes a palavra "negro" era acompanhada pela palavra "boçal". Mas, apesar desta linguagem, não vejo nisso racismo. O padre espanhol José de Acosta é que estabeleceu uma espécie de hierarquia racial: os ibéricos atribuíam maior valor às culturas asiáticas - China e Japão, a seguir às civilizações americanas - asteca, inca, maia, e valor nulo aos negros africanos que disputavam o último lugar com os Caraíbas, os Tupi e outros "selvagens" do Novo Mundo. Os padres portugueses Fernão Guerreiro e António Gomes reconheciam o potencial banto.
Já falei diversas vezes do Porto herético e heterodoxo. Hoje vou referir outra heresia que existiu no Ocidente da Península, nomeadamente na Galécia e na Lusitânia: o Priscilianismo. Prisciliano atribuía natureza divina à alma humana, pregava uma doutrina anti-trinitária, impregnada de panteísmo e fatalismo astrológico, e defendia o princípio da igualdade revolucionária: ninguém era excluído do ministério do altar. Se quiser aprofundar o assunto, leia a "História de los Heterodoxos Españoles" de Menendez y Pelayo
Estou fascinado com o Império Português do Oriente: Afonso de Albuquerque dizia que bastavam 4 boas fortalezas para garantir a manutenção do império; porém, entre Sofala (Moçambique) e Nagasáqui (Japão), foram construídos 40 fortes ou estabelecimentos comerciais e não apenas quatro. As carrancas portuguesas de 1000-2000 toneladas navegavam entre Goa, Macau e Nagasáqui. Em 1536, Portugal possuía mais de 300 navios oceânicos. Ao contrário dos espanhóis, os portugueses lutaram contra culturas sofisticadas e conseguiram manter o domínio marítimo do Índico ao Pacífico, para já não falar do Atlântico, com uma população entre 1 000 000 e 1 400 000 indivíduos. Os visitantes invejosos - holandeses e ingleses - fazem relatos de surpresa: Portugal foi escola para os restantes europeus.
Na Alta Guiné, alguns comerciantes portugueses que penetravam no interior pelos rios (Rio Senegal, por exemplo) e ribeiros fixavam-se nas aldeias negras, onde funcionavam como chefes nas trocas comerciais de ouro, marfim e escravos, entre brancos e negros: Estes portugueses assimilados pelos nativos eram denominados "tangomãos" ou "lançados". O português foi durante séculos a língua franca da Alta Guiné. Na costa ocidental africana, destacam-se os castelos da Mina e de Axim.
A dinastia Ming proibiu o comércio entre a China e o Japão. Os chineses viam os japoneses como seres boçais e reles. Porém, os portugueses estabeleceram-se em Macau (1557) - acto sancionado pelo Imperador de Pequim vinte anos mais tarde - e, a partir daí, criaram o comércio entre Nagasáqui, Macau e Goa.
Os portugueses conquistaram Ormuz, onde construíram uma fortaleza. Goa, Ormuz e Malaca foram três fortalezas fundamentais na manutenção do Império Português do Oriente.
Os cronistas portugueses insinuavam que Portugal Imperial era densamente povoado mas era "mentira": a conquista à força despovoou o país e dizimou muitos portugueses. Porém, a gestão política e administrativa do Império foi inteligente: D. João II foi um imperialista inteligente. A manutenção do Império era dispendiosa e convém lembrar que Portugal estava envolvido em diversas guerras, sobretudo as guerras com Espanha e, mais tarde, com a Holanda, França e Inglaterra. Portugal de Quinhentos foi a vanguarda da Europa. O primeiro Império dos tempos modernos foi também o último a cair.
Quando os portugueses se instalaram em Nagasáqui, o Japão era um país em tempo de guerra - sengoku-jidai: a autoridade nominal do imperador e do shogun (generalíssimo) estava reduzida a zero. A insubordinada nobreza feudal japonesa - daimyo - lutava entre si pela posse de terras e de poder. E, com os portugueses, estabeleceram-se os jesuítas. Nunca mais outro povo europeu desfrutou os mesmos benefícios concedidos aos portugueses no Japão Imperial. O mundo deve aos portugueses os primeiros relatos completos sobre a China e o Japão. "Shogun", antes de ser um filme americano, foi um relato português. Re-escrever a história de Portugal é um exercício de libertação e de diplomacia no actual palco mundial dominado pelo capitalismo anglo-saxónico.
Os Holandeses não foram descobridores nem colonizadores: Foram meros LADRÕES que seguiram uma política de destruição na Ásia! Os portugueses podem reescrever a história denunciando o ódio teológico que moveu o protestantismo e a sua derrota cultural e linguística. O mesmo pode ser dito dos ingleses, dos franceses, dos dinamarqueses e dos alemães. Os seus aliados indígenas depressa compreenderam que o seu comércio os empobrecia: a língua de Camões derrotou a língua de Vondel.
Os povos ibéricos - Espanha e Portugal - contribuíram mais para a vitória do Ocidente do que os restantes europeus: holandeses, ingleses e franceses, além de ladrões, espalharam o ódio pelo mundo. O capitalismo anglo-saxónico é responsável pelo declínio do Ocidente. O Calvinismo não deu nenhum contributo para a ocidentalização dos não-europeus.
Quando estudei História, a obra que abriu o meu horizonte mental às Descobertas foi - "L'Expansion Européenne du XIII au XV Siècle" de Pierre Chaunu, que li e estudei em francês. Infelizmente, tanto quanto sei, ainda não há tradução portuguesa. Chaunu concede a primazia aos portugueses tecendo observações importantes sobre a problemática dos descobrimentos, termo usado pelo Infante D. Henrique. Porém, destaca mais a conquista da América do que a Goa Dourada de Vasco da Gama. Os autores portugueses que me marcaram foram Jaime Cortesão e Vitorino Magalhães Godinho. C.R. Boxer li mais tarde embora já conhecesse textos da sua autoria.
Pierre Chaunu, autor da monumental obra "Sèville et l'Atlantique", foi marcado pelos historiadores portugueses: "Ouvrir le dossier du Portugal, c'est soulever deux énormes débats: la revolution de 1383-1385, la personnalité d'Henri le Navigateur". A Índia Portuguesa foi um sucesso colonial: Goa Dourada foi muito culta e geriu o destino do Império Português do Oriente. A monarquia dual de Filipe II de Espanha e I de Portugal foi fatal para o nosso desenvolvimento: os Filipes de Espanha usavam os nossos homens nas suas guerras. Os portugueses esquecem que a Invencível Armada era também constituída por portugueses.
Humboldt, o velho sábio alemão, tentou denegrir os descobrimentos portugueses, mas o visconde de Santarém e Joaquim Bensaúde responderam-lhe pensando as Descobertas à escala da Cristandade e do mundo global. Os europeus do Norte da Europa roubaram os documentos portugueses, apropriaram-se deles e republicaram-nos como se fossem eles os seus autores. Conhecemos estas falsificações chauvinistas da História e outras em curso: os povos invejosos que não têm um passado glorioso apropriam-se indevidamente dos méritos alheios. A verdade é que foram os povos ibéricos que descobriram novos mundos e arrancaram a Europa ao seu isolamento. A Carta do Descobrimento do Brasil de Pêro Vaz de Caminha dá início à doutrina do Bom-Selvagem que os portugueses depois abandonaram quando conheceram o canibalismo ritual dos índios brasileiros e as suas flechas envenenadas, e a passagem do mundo fechado ao universo aberto só foi possível graças à obra pioneira dos portugueses. Camões disse-o claramente.
Ao "Milagre Grego" devemos acrescentar o "Milagre Português": o primeiro já foi explicado, o segundo ainda não foi delimitado e definido. Como é que a mais velha nação europeia conseguiu sobreviver até hoje, apesar dos erros de palmatória dos seus dirigentes gatunos e vigaristas? A história da revolução industrial inglesa ainda não foi explicada como deve ser: o segredo da acumulação do capital reside no desvio do ouro português e espanhol.
Estou muito desiludido com os historiadores portuenses que se limitam a descrever pequenas coisas sobre a vida portuense sem fazer a sua história social e económica. A sua mediocridade impediu-os de escrever obras tais como "O Porto e o Atlântico", "O Porto e as Descobertas", "O Porto e o Brasil" ou "O Porto e o Rio Douro". Ora, sem estes estudos económicos, não podemos compreender os outros aspectos da vida portuense ao longo dos séculos. F. Braudel só faz três referências insignificantes ao Porto na sua obra "O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Filipe II".
Os Brasileiros herdaram todos os defeitos "hereditários" dos Portugueses: o Luso-Tropicalismo de Gilberto Freyre pode ser retomado noutro molde. Esbanjamento de riqueza, baixa auto-estima, a mania de pensar que o que é estrangeiro é bom, ingenuidade nas relações diplomáticas, exibição de sinais de riqueza exterior, enfim estupidez: eis traços comuns!
Enfim, não sei como resolver os problemas chamados Portugal e Brasil porque as populações estão na origem desses problemas, isto é, portugueses e brasileiros são o grande problema. Deve ser por isso que só os períodos de ditadura garantem alguma governabilidade nestes países. Luso-tropicalismo é sinónimo de mau uso da liberdade em regime democrático! O Marquês de Pombal aboliu a escravatura para evitar a vinda de escravos negros para Portugal! Já nos chegam os "mouros" e os "fidalgos" gatunos! Estou desiludido com o Minho e os seus "solares"! Daí o embaraço do Norte!
Hoje resolvi dar uma volta pela Baixa do Porto e, claro, fui visitar uma nova livraria de livros esquecidos. A publicidade é enganosa: os livros são relativamente caros. Enfim, prefiro os meus livreiros tradicionais: pelo preço de um livro nesta nova livraria trago quatro livros para casa. Encontrei muitos livros sobre o Porto.
Estou impressionado com o Império do Oriente e com o Império Atlântico ligado ao Brasil: as carreiras da Índia e do Brasil. Os corsários ingleses e holandeses roubaram-nos muitas naus da rota do Brasil. As madeiras do Brasil eram mais resistentes e a Coroa Portuguesa - contra tudo e todos - instalou três estaleiros no Brasil e outros tantos em Goa. E reparem num comportamento intemporal dos luso-brasileiros: compravam a madeira a 5 e vendiam-na à Coroa a 40 X. Em suma, a derrapagem das obras públicas é uma instituição quase milenar.
Adorava ler uma História Militar de Portugal. Sei que existem algumas mas nunca tive acesso a elas. Os nossos soldados em Ormuz - actual Irão - eram muito desleixados: comiam, dormiam durante o serviço e deixavam as armas algures na fortaleza. Portugal debateu-se com dois problemas: a formação de marinheiros profissionais - os fidalgos opunham-se - e o recrutamento militar. Lisboa caçava os degredados e os deserdados e amarrava-os ao navio enquanto saiam do Tejo. Chegavam à Índia e fugiam. As caravelas do açúcar brasileiro eram presa fácil porque geralmente viajavam sem navios de guerra e sem artilharia pesada. Os ingleses roubaram-nos um navio de guerra para o estudar: o almirante inglês ficou impressionado com o navio.
Jaime Cortesão não chegou a concluir a sua História dos Descobrimentos Portugueses; porém, levando em conta toda a sua obra, podemos refazê-la nas suas linhas gerais. Anteontem resolvi revisitar a sua obra e reparei que ele foi o primeiro historiador português a analisar os povos descobertos pelos portugueses. Este assunto interessa-me. Quanto aos reinos africanos, a Coroa Portuguesa seguiu uma política ambígua, tanto em Angola, Guiné e Congo, como em Moçambique. Portugal reconheceu esses reinos e tentou "domesticá-los" evangelizando-os. Fundou fortalezas e feitorias no litoral e raramente fez incursões pelo interior africano. Porém, acabou por liquidar esses reinos pela força das armas. E, deste modo, surgiram Angola e Moçambique tal como os conhecemos.
Qual o maior erro de Portugal? A Expulsão dos Judeus e, logo a seguir, ter alinhado com a Contra-Reforma, deixando a Inquisição instalar-se em Portugal. Porém, devemos ter em conta o Padroado de Portugal: o Rei tinha amplos poderes em matéria eclesial e exerceu-os, entrando mesmo em conflito com o Vaticano. Cá em Portugal não se estuda a Inquisição em Goa ou mesmo na Baía. Por detrás destes erros, há a fidalguia portuguesa, o inimigo número 1 de Portugal. O cunhismo e a rede de influências de hoje estão ligados à "fidalguia", a rede dirigente - vigarista e corrupta - do país.
Raízes do Porto Cidade-Estado: A minha desilusão com as obras de António de Sousa Machado levou-me a pensar uma nova hipótese sobre as "origens" do Porto. Os "Privilégios dos Cidadãos da Cidade do Porto" (1611) marcaram a diferença portuense, lançando luz sobre o seu passado distante. As cidades coloniais da Baía, Rio de Janeiro e Luanda receberam os privilégios da municipalidade do Porto. A municipalidade surgiu em Moçambique em 1763. A maior parte das cidades coloniais preferia receber os privilégios do Porto. Olinda no Brasil é uma criação portuense. O nascimento do Porto enquadra-se no modelo proposto por Pirenne: o Porto não se enquadra no modelo mediterrânico. O Porto foi sempre uma cidade marítima e mercantil, cuja história é atravessada pela luta entre a cidade episcopal e a cidade dos mercadores ou dos burgueses. A nobreza teve dificuldade em estabelecer-se no Porto, bem como o clero. O Porto nunca teve um tribunal do Santo Ofício. O Porto é desde o século XII uma cidade dos tempos modernos: autonomia, cidadania e liberdade foram as suas palavras de ordem.
Nós portuenses devemos começar por publicar uma série de Documentos fundamentais sobre as origens e a evolução da Cidade do Porto. Alguns desses documentos já foram publicados e actualizados mas estão dispersos. Aliás, os documentos deviam ser agrupados em função de temáticas e/ou de períodos históricos. Sem estes instrumentos de trabalho sacados dos arquivos e actualizados em termos de língua portuguesa, não podemos elaborar a História Social do Porto.
Hoje quando abri um livro de Henri Pirenne confrontei-me com uma hipótese que elaborei há diversos anos. O que estava em mira era a questão do feudalismo em Portugal. A Idade Média portuguesa varia de região para região: Porto e Lisboa, mas sobretudo o Porto, eram cidades marítimas e na composição dos seus Conselhos Municipais encontramos o predomínio da burguesia, quer da burguesia legista, funcionária e filosófica, quer da burguesia comercial, industrial e financeira. A Casa dos Vinte e Quatro já era uma instituição urbana e burguesa, na qual participavam as corporações dos artífices. O Juiz de Fora não era bem visto na Cidade Invicta.
Ora, se a nobreza não ocupou um lugar de destaque no Porto durante o seu período medieval, embora tenha havido casas de nobres na cidade, então no plano cultural devemos procurar não a literatura cavaleiresca mas sim vestígios de literatura citadina. Sabemos que os burgueses do Porto, em vez de lutar, preferiam financiar as frotas que partiam para as conquistas e as descobertas: o seu ideal não era cavaleiresco mas sim comercial. As cidades francesas foram invadidas por contos sobre animais, onde figuras de animais representavam os cavaleiros, os cidadãos e o clero. Assim, por exemplo, o leão representava o rei; o lobo, o cavaleiro; o burro, o cura; a raposa, o cidadão arguto; e os animais miúdos, os camponeses. Há lendas sobre o Porto que parecem apontar para a difusão desta literatura citadina. O romance francês mais famoso é O Romance da Raposa. No teatro, havia as representações chamadas mistérios, muitas vezes acompanhadas de curtas peças burlescas, as farsas. De certo modo, as peças de Gil Vicente enquadram-se aqui. Porém, conhecemos mal a cultura portuense durante este período.
JAIME CORTESÃO: "Algumas destas cidades (da Idade Média) conquistaram ainda outras regalias tão importantes que se elevaram a democracias urbanas, pequenos Estados, ou independentes de todo ou dotados duma certa independência dentro do Estado, como, entre nós, aconteceu com o Porto". A História de Portugal oficial tende a omitir que o Porto foi uma Cidade-Estado dentro do Estado: os burgueses portuenses - tais como João Alvo e Pedro Feido-Tirou - dirigiram a revolta popular contra o bispo Martinho Rodrigues, em prol das liberdades cívicas do povo.
Suspeito que existe um enigma por solucionar na História de Portugal: Houve muitos escravos negros e mouros no país. Lisboa, Porto, Viseu e Lagos tiveram mercados de escravos. Em Lisboa, os escravos eram usados nos afazeres domésticos e no Alentejo nos trabalhos agrícolas. Pelas descrições das cores dos marinheiros, suspeito que a Coroa tentou limpar o sangue nacional enviando esses indivíduos para o ultramar. Porém, há outro pólo enigmático: a conversão dos judeus ao cristianismo, os chamados cristãos-novos. Uns fugiram para o exterior ou mesmo para o Brasil, mas outros ficaram isolados algures nas imediações da capital: os "saloios". Há relatos de estrangeiros a dizer que os tripulantes das naus portuguesas eram "judeus", donde a fama mundial dos portugueses serem judeus. A limpeza final de sangue foi decretada por Pombal quando libertou os escravos na metrópole. Infelizmente, os arquivos da Casa da Índia desapareceram com o terramoto de Lisboa, bem como alguns arquivos brasileiros. É muito feio ocultar factos do passado!
Acho que foi um antropólogo brasileiro que, pesquisando os arquivos da Torre do Tombo, descobriu casos de homossexualidade negra em Lisboa. Um escravo angolano libertado prostituía-se na ribeira de Lisboa, vestindo-se de mulher e seduzindo os marinheiros. Foi preso e condenado a trabalhos forçados nas galés, tendo sido enviado para Sagres. Ele era originário de Angola.
O que pensas disto? Ou melhor o que pensas do feminismo?
http://www.esquerda.net//opiniao/masculinidades-feministas-um-homem-feminista-nao-e-um-heroi/32994?utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook
Senhores do engenho que procuravam o título honorífico de "coronel", criadores de gado e mineiros: eis três classes privilegiadas do Brasil Colonial. Os nomes das cidades criadas no interior profundo do Brasil reflectem este movimento social que vai do litoral para o interior: Campinas onde está a selecção portuguesa é um exemplo disso. Porém, a cidade brasileira que me seduziu foi Olinda. Os portuenses brasileiros residentes em Olinda fizeram aquilo que ainda não fizeram em Portugal: Exigiram a Independência! Os filhos que estudaram na Europa levaram para o Brasil as novas ideias. Pombal e os "estrangeirados" prepararam o terreno para isso.
Infelizmente, não conheço toda a literatura brasileira. Sei que houve poetas luso-brasileiros na Baía. Ora, acho que uma História da Literatura Portuguesa não pode omitir esses poetas da Baía ou doutra região do Brasil. Ainda não temos uma boa História da Literatura em Língua Portuguesa que não pode ser "nacionalista". É fundamental libertar a cultura do chauvinismo estreito e da inércia dos povos que falam português.
Eu adoro revoltas e revoluções desde que tenham um projecto político alternativo a sustentá-las. O pior é que as grandes manifestações que ocorrem por todo o mundo não têm projecto político alternativo, sendo por isso manipuladas por forças políticas obscuras que não sonham com um mundo melhor. A TV portuguesa está a transmitir imagens do Brasil em directo, mostrando tanto a recepção acolhedora da selecção nacional como os protestos em São Paulo. A luta dos brasileiros por um Brasil mais justo não beneficia com a transmissão de imagens negativas: o Capital Mundial é predador e não deseja o bem do Brasil. Neste momento, convém separar futebol e política e fazer tudo para que a Copa do Mundo seja um sucesso de organização e de disciplina. Prefiro reter as imagens de um bom povo brasileiro, em vez das imagens de destruição e de pobreza.
Comecei a estudar de novo o Império Romano para compreender as origens da cidade do Porto. José Mattoso é engenhoso a elaborar hipóteses sobre Portucale mas há algo obscuro que se perde na noite dos tempos: o Porto é uma cidade muito, muito antiga. Um mito funda Roma e julgo necessário retomar os diversos mitos fundadores do Porto.
Na sua obra "Identificação de um País", José Mattoso afirma que o espaço nacional é um prolongamento de Portucale e que o problema da nacionalidade portuguesa só surgiu no século XII. Apesar do interesse da sua obra, Mattoso nasceu em Leiria e não podemos confiar as origens do Porto a um "estranho". Sou contra a hipótese moçárabe. A relação de Portucale que deu nome a Portugal com o espaço nacional é ambígua e Mattoso reconhece-o quando aborda a Reconquista.
Entretanto, descobri que Mattoso se alia ao grupo de historiadores espanhóis que desconstrói o modelo francês do feudalismo. A polémica sobre o feudalismo na Península Ibérica sempre me fascinou. Marx trabalhou com modelos e a sua periodização da história constitui uma hipótese de trabalho. A passagem do Império Romano ao feudalismo é longa e complexa e a hipótese de Marx pode ser aprofundada e reavaliada em função das especificidades de cada região geográfica. Ora, é durante este longo período que surge o Porto como cidade autónoma, em luta contra Braga, Guimarães e Coimbra.
Enfim, já não há nada a dizer sobre o Brasil que virou piada mundial. Na comunicação mundial, "Brasil" é sinónimo de "corrupção" e de "africanização". Ninguém acredita no Brasil! Dizem que a FIFA pode e deve suspender o mundial, referindo a grande penalidade de ontem marcada contra a Croácia. A imagem do Brasil está no charco. Os brasileiros radicados na Europa estão preocupados com as consequências dessa perda de credibilidade.
Entretanto, a bandeira europeia é identificada com a bandeira nazi! Sim, é a onda neofascista na Europa! A ortodoxia predominante na Europa está a criar sérios problemas. Ou mudamos ou vamos para a Guerra! Neoliberalismo é fascismo! Quando o poder está nas ruas, tudo pode acontecer para o bem ou para o mal.
Ser EUROPEU é ter consciência de que o federalismo não é solução. A Europa é constituída por nações antigas que, apesar de partilharem a mesma civilização, são muito distintas entre si e dotadas de um passado cheio de rivalidades e de guerras. Eu sou contra a solução "mais federalismo" para a Europa. A globalização está a produzir o efeito contrário: o poder local afirma-se em todos os cantos da Europa. A UE tornou-se a URSS dos novos tempos! Para nós portugueses, a Europa significa "guerra" e foi talvez por isso que partimos à descoberta de novos mundos. Guerras com Espanha, aliança com Inglaterra para combater a França aliada a Espanha, guerra mundial com os holandeses, enfim estivemos sempre envolvidos em guerras com os nossos "aliados" europeus.
A Ortodoxia reaccionária que governa a Europa só teria credibilidade se tivesse políticos competentes a liderar o empobrecimento dos europeus tendo em vista a reindustrialização. Para reindustrializar é preciso haver trabalhadores disponíveis e estes já não podem ser recrutados no espaço extra-europeu. O empobrecimento está a acontecer. Porém, as pessoas reagem aliando-se às forças neofascistas e o ensino não melhora de qualidade. A saída desta crise é, quase tenho a certeza, guerra e ditadura.
O calor obrigou-me a fazer uma pausa. Quando me iniciei no marxismo, li a "Decadência do Ocidente" de Oswald Spengler, uma obra que admirei na altura. (Tinha 17 ou 18 anos.) Hoje resolvi lê-la novamente: os primeiros capítulos são impressionantes. Spengler define a alma fáustica - a alma ocidental - pela sua matemática. Concordo plenamente com este conceito da alma ocidental. Os conceitos metafísicos de Spengler são "gostosos": Destino é um deles.
Mollin Rouge, Beira, Moçambique: a Casa do Pecado Colonial. A Beira era uma cidade muito bonita: o seu clima era quente e húmido. Nunca gostei do clima da Beira. O negócio da prostituição tinha um carácter planetário: as prostitutas eram provenientes de diversos países. E os clientes vinham de todos os lados da África Austral. Os soldados portugueses frequentavam estas casas do sexo, embora o ideal deles fosse arranjar uma namorada branca de Moçambique e casar.
Uma das fontes de rendimento de Moçambique era o turismo, e os turistas eram fundamentalmente sul-africanos e rodesianos. Ora, os chamados movimentos de libertação da África Austral quebraram o império austral, levando logo à falência a indústria do turismo e o restante império económico. A libertação tornou-se piada: a miséria abraçou a África Austral, o pólo mais desenvolvido do continente africano.
Moçambique deve recuperar o seu património histórico colonial, não só para promover o turismo histórico, mas também e sobretudo para não perder a sua memória e a sua identidade. Um país sem passado não tem futuro. Moçambique precisa de uma revolução política e cultural: apostar na verdade e criar verdadeiros partidos políticos. Frelimo e Renamo fazem parte de um passado destrutivo que bloqueou o desenvolvimento e a modernização de Moçambique. Trouxeram a guerra, a pobreza, a destruição e a infelicidade dos moçambicanos. Moçambique não si libertou; Moçambique empobreceu. As estátuas da falsa-libertação são presenças do terrorismo comunista.
A evolução da arquitectura colonial portuguesa em Moçambique é muito interessante e ainda não foi estudada. Convém distinguir a arquitectura do campo - as casas das farmas - e a arquitectura da cidade e, no âmbito desta última, a arquitectura do Estado e a arquitectura privada. E há ainda a arquitectura religiosa, a das missões espalhadas pelo meio agrícola e a das igrejas e mosteiros urbanos. E há também a arquitectura dos povos africanos que foi nalguns casos adoptada e modernizada pelos portugueses. É uma pena perdermos essa memória colonial!
Em Moçambique, existem 11 grupos étnicos: Makwa-Lomwe, Tsonga, Povos do Baixo Zambeze, Xona-Karanga, Povos islamizados do litoral, Chopi, Maravi, Yao, Khoka-(Bi)Tonga, Nguni e Makonde, Há estudos etnográficos sobre cada um destes grupos étnicos. Seria necessário escrever uma História da Etnografia Portuguesa em Moçambique. Já falei do Império do Monomotapa, mas os portugueses lutaram com outros dois impérios: o Império de Gaza e o Império Marave. Os malditos holandeses tentaram estabelecer-se em Moçambique mas foram derrotados.
A missão de Etnologia chefiada por Jorge Dias - um portuense - estudou em pormenor o grupo Makonde de Moçambique. Os Makondes viveram sempre divididos em pequenos grupos familiares, conhecendo apenas a soberania do seu chefe de povoação. Eu penso que a diferenciação linguística que existe entre os Makondes de Moçambique e os Makondes da Tanzânia não se deve apenas ao isolamento mas sobretudo à colonização de Moçambique pelos portugueses. Apesar da sua agressividade natural, os Makondes de Moçambique dizem que nunca fizeram guerras com outros povos.
Mouzinho de Albuquerque foi nomeado governador militar de Gaza para acabar com as revoltas nessa região de Moçambique. Os monarcas de Gaza foram eliminados e Gaza foi ocupada militarmente pelos portugueses. A revolta de Maguiguana foi derrotada pela força das armas e o revoltoso foi abatido em combate. Um dia faço a história destes combates coloniais.
Acho que Lourenço Marques foi a única capital do Ultramar Português que teve eléctrico. Luanda não teve eléctrico. Ora, o eléctrico foi pela primeira vez introduzido na cidade do Porto, onde está sediado o Museu do Carro Eléctrico. Moçambique podia negociar com o Porto a reabertura dessa linha do eléctrico no Maputo e fomentar assim o turismo histórico.
Foi um amigo brasileiro que me deu acesso a este livro: "Visão do Paraíso" de Sérgio Buarque de Holanda. Não foi editado em Portugal apesar de tratar da descoberta do Brasil. Acho o livro muito interessante, até porque aborda a geografia imaginária. Magalhães Godinho refere o livro mas não o destaca no texto, portanto, ignora-o. A cartografia tem sido estudada e, de facto, algumas teses do livro são polémicas e podem ser refutadas.
Já estive aqui - Torre da Marca - reunido com um cónego do Porto tendo em vista a criação de uma revista de estudos portuenses. Mas quando vi a lista de nomes propostos, desisti do projecto, porque não trabalho com gente burra. Os auto-intitulados intelectuais portugueses são simplesmente burros! E sem mim o projecto morreu. Porém, não fiquei parado no meu canto: fui a congressos para tirar o tapete a esses vagabundos. Quando estou irritado, a minha memória é fabulosa: até com as datas os demoli em público.
Certo dia uma Fundação do Porto telefona-me - tinha eu 24 aninhos! - para dirigir uma revista de cultura. Reuni-me com o Presidente e depois com outras figuras da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Já existia uma revista de semiótica. Apresentei o editorial e um sabujo da FLUP diz que era mais um programa do que um editorial "neutro". Como é evidente, o editorial excluía-os do projecto e era um manifesto, um programa de pesquisa interdisciplinar. O Presidente da Fundação apoiou o meu manifesto que, entretanto, já era científico. Enfim, foi um conflito entre faculdades e a revista acabou por ficar na gaveta. Nunca apadrinho um projecto sem ter confiança na competência dos colaboradores. Enfim, com burros não há obra.
Esta monumental História da Colonização Portuguesa do Brasil é o último grande empreendimento histórico português dedicado ao Brasil. Depois disso o Brasil foi praticamente esquecido. Descobri a razão da omissão da obra de Sérgio Buarque de Holanda em Godinho ou em Cortesão: Só Gilberto Freyre merece destaque na historiografia portuguesa. A Buarque de Holanda falta-lhe a preparação económica e a lucidez na abordagem do Brasil. Desconhece a cartografia portuguesa, desconhece a história dos descobrimentos portugueses, enfim não merece credibilidade aos olhos dos mestres. Enfim, para mediar esta omissão crítica, seria necessário estudar a fundo as obras e os documentos.
Enfim, apesar deste maldito calor, sinto uma enorme atracção pela interpretação da História dos Descobrimentos Portugueses elaborada por Jaime Cortesão. Até já lhe dou razão quanto ao papel da mística do franciscanismo na descoberta de novos mundos. Porém, há um ajustamento a fazer: corrigir algumas teses que explicam acontecimentos anteriores por acontecimentos posteriores. Quando conquistamos Ceuta e tomamos conta de Marrocos, a ameaça turca ainda não era real. E não estou seguro do Infante D. Henrique ter um plano para a viagem à Índia contornando o continente africano. Aceito a noção de política de sigilo proposta por Cortesão ao analisar a Crónica de Zurara.
Ehehee... Apoio a desconstrução da História de França. De facto, podemos desconstruir todos os mitos que têm colonizado a nossa mente a partir da Europa do Norte e do Centro. Aliás, esses povos eram deveras atrasados em relação a nós. E colocar alemães contra franceses? Um exercício fabuloso! Porém, é preciso ter cuidado: os espanhóis tendem a esbater a especificidade portuguesa na Península Ibérica e nós não queremos mais Filipes. Devemos atacar a fusão entre Aragão e Castela e a estupidez dos Reis católicos. E piscamos os olhos à Galiza, à Catalunha e a Biscaia.
Apesar de Vitorino Magalhães Godinho ter escrito a melhor obra sobre os Descobrimentos, nós portuenses devemos passar ao ataque e denunciar a sua subserviência em relação à historiografia francesa e o seu ódio pelo Porto. A desconstrução da História e da Historiografia francesas é fundamental para a busca das origens do Porto. Não podemos permitir que os franceses construam a história da Europa a partir dos seus próprios interesses. O nosso aliado nessa desconstrução é Jaime Cortesão.
O Porto foi uma Cidade-Estado vocacionada para o comércio marítimo que, mesmo depois de ter dado nome ao reino de Portugal, permaneceu autónoma em relação a ele. Cidade fortificada, o Porto não permitia a livre entrada de nobres portugueses. Sem autorização do Conselho, os "mouros do sul" não podiam entrar e circular no Porto, e muito menos estabelecer-se na cidade. Cidade autónoma, o Porto era governado pela Casa dos 24: a burguesia era a classe dominante. Cidade mercantil, o Porto absorvia os produtos agrícolas e industriais produzidos no norte e distribuía-os pelos maiores mercados da Europa: Flandres, Inglaterra, Catalunha, Biscaia, etc. A historiografia falsificou o papel do Porto no âmbito da chamada história nacional. Ora, conhecendo bem a mente moura, suspeito que houve falsificação de documentos: Como é que um sul deserto, despovoado e sem grande património histórico pôde financiar e planear a empresa dos Descobrimentos? Há algo que não bate certo na história de Portugal. O espírito capitalista venceu o espírito de cruzada e de cavalaria na cidade do Porto. A hierarquia das três ordens - clero, nobreza e povo - não se aplica ao Porto.
A interpretação geográfica da História de Portugal proposta por António Sérgio é um disparate: Como localizar o Porto Cidade-Estado na região Entre Douro e Minho? A periodização da História da Cidade do Porto não coincide com a da História de Portugal. A noção de ciclo de negócios deve iluminar a história económica do Porto. A Geografia não é um quadro fixo que molda a história do Porto; pelo contrário, são os homens do Porto que fazem a sua própria geografia e a sua própria história. O conceito de geo-história proposto por Jaime Cortesão é mais rico que o conceito de complexo histórico-geográfico proposto por Magalhães Godinho. E Jaime Cortesão enriqueceu o seu conceito aplicando-o à história da colonização portuguesa do Brasil, destacando a interpenetração dos conhecimentos geográficos dos portugueses e dos índios Tupi.
MIGUEL TORGA: "A velha e livre cidade do Porto, onde há pouco tempo ainda só se podia entrar a tremer sobre pontes, com licença paga, por um túnel, ou revistado de cima a baixo (...), e cujos forais não permitiam a fidalgos, nem poderoso, nem abade bento, o poisar nela mais que três dias, é muito velha no meu sangue e na minha consciência. Quanto em mim é instinto e compreensão, sabe há muito que os valores autênticos da vida têm de ser sólidos como a Praça da Liberdade e altos como a Torre dos Clérigos. (...) Eu julgo ver o Porto com mais carácter português." Claro foi do Porto que nasceu Portugal!
António Cruz escreveu uma obra "O Porto nas Navegações e na Expansão" que não me seduz. Camões deu a palavra ao Velho do Restelo para trazer à baila os perigos da Expansão de Portugal pelos mares e, sempre no domínio da literatura, Miguel Torga parece colocar a Cidade Invicta contra a Expansão: "A aventura dos Descobrimentos foi um espasmo onde a seiva minhota, transmontana e beiroa - o sémen autêntico da pátria - entrou sem convicção. Por isso, o Porto mandou à façanha o Infante de Sagres e Pêro Vaz de Caminha, seus filhos, um para empurrar as naus, outro para dar notícia da chegada delas ao Brasil, e como mãe que tinha cumprido o seu dever, longe do feito, continuou o seu labor de capital telúrica de Portugal". Claro houve uma excepção: o Porto deu tudo para a conquista de Ceuta em 1415 e para a conquista da Índia. Convém lembrar que D. João I casou-se com Dona Filipa de Lencastre na catedral do Porto. O interesse do Porto na Expansão era comercial e o seu desejo era desenvolver o país. Daí talvez o seu distanciamento em relação aos disparates do governo de Lisboa. Houve cruzados no Porto e não podemos esquecer o sangue nobre francês que o criou, mas o Porto já era uma cidade burguesa.
O Porto e a Revolução Industrial: eis o título de um novo estudo. A Cidade do Porto foi a primeira cidade a industrializar-se em Portugal. Não li todos os estudos portugueses sobre a revolução industrial, mas os que li deixaram-me decepcionado. O conceito de revolução industrial foi forjado por Engels e Marx retoma-o dando o primeiro quadro histórico da revolução industrial em Inglaterra em "O Capital". Considero a sua tematização inultrapassável: os capítulos históricos d'O Capital são fabulosos. Os historiadores portugueses que se dedicaram a este tema não conhecem bem a teoria de Marx e desconhecem as grandes obras económicas sobre o desenvolvimento capitalista. Armando de Castro analisou textos fundamentais para compreender a revolução industrial no Porto, mas não soube realizar as análises técnicas necessárias.
A teoria da decadência de Portugal de Oliveira Martins seduz-me um pouco: Portugal inaugura uma nova era e depois atrasa-se em relação a outros países europeus. João Ameal criticou profundamente esta teoria escrevendo uma outra História de Portugal. Porém, a sua obra falha na caracterização económica de Portugal. Ora, se o Porto era uma cidade industrial em 1830, apesar da perda do Brasil para onde exportava os seus produtos manufacturados, então há um problema que urge analisar: a incompetência de Lisboa, a cidade da palermice. Mas há mais: a industrialização do Porto é muito anterior a 1830. E, neste aspecto, o atraso em relação a Inglaterra não é grande, até porque foram os ingleses que comercializaram o Vinho do Porto.
Marx esteve sempre atento ao fenómeno da colonização e dos mercados coloniais, tendo dedicado muitas páginas às guerras do ópio. Ao contrário de posteriores historiadores marxistas russos, Marx não trata "mal" Portugal: a Holanda como potência capitalista no século XVII é severamente criticada por Marx que chega mesmo a associar o protestantismo com a pilhagem e a morte dos indígenas das colónias. E mais: Lembra que o povo holandês dessa altura era pobre e miserável. O certo é que os holandeses tão orgulhosos da sua raça superior se casavam com as mulheres resultantes do cruzamento luso-indiano, tomando-as como mulheres brancas.
A revolução agrícola precede e prepara a revolução industrial. Ora, nós não temos uma História da Agricultura em Portugal, nem sequer temos uma História da Vida e da Morte em Portugal. É possível esboçar a história da revolução industrial no Porto, porque podemos fazer uma estimativa da população e dispomos de bons documentos. Quanto à agricultura pouco sabemos, excepto que o Porto exportava produtos agrícolas do Norte de Portugal onde predomina a pequena propriedade. Houve uma revolução agrícola no Norte? Suspeito que não! A grande revolução ocorre mais tarde quando se começa a cultivar a vinha nas margens do Douro. Portugal nunca foi capaz de organizar o sector primário da sua economia. Outro problema a clarificar é o da produtividade do trabalho: Sem a aplicação da ciência à economia, a produtividade era baixa. Ora, o Porto só tem universidade depois do liberalismo. Os burgueses do Porto mandavam os filhos para Inglaterra onde faziam os seus estudos superiores. É talvez este contacto entre o Porto e os ingleses que fomenta a industrialização da cidade.
Enfim, precisamos de elaborar a Biologia da História de Portugal, porque há claramente uma clivagem racial que divide o país a meio. Ora, uma tal biologia permite clarificar políticas de limpeza de sangue e demográficas. Não podemos tolerar a contaminação racial. O Norte precisa de recuperar a sua pureza celta atraindo sangue nórdico. Concordo com Werner Sombart! Admiro povos racionais e disciplinados, como os alemães; desprezo povos emotivos e gatunos.
Já repararam que as grandes marcas de Vinho do Porto são inglesas? Pois, foram os ingleses que organizaram este sector da economia duriense. Afinal, para que servem os portugueses? Os portugueses destroem o negócio! Inúteis! Imbecis! Gatunos! Corruptos!
O Tratado entre Portugal e Inglaterra foi benéfico para o Porto e foi um burguês portuense que negociou esse tratado. A industrialização da Bélgica, de França e da Alemanha deve-se à iniciativa inglesa, como sabem. Os portugueses devem ser humildes e reconhecer a sua incompetência para os grandes negócios: O Ideal seria termos toda a nossa economia nas mãos de empresas estrangeiras do Norte da Europa. Desse modo, não teríamos de pagar a electricidade a preços tão elevados. Onde há portugueses há roubo e corrupção! É a impureza racial dos portugueses que não permite Portugal vencer!
Os portugueses orgulham-se muito do seu pão, da sua culinária e da sua doçaria. Porém, não conseguem organizar uma empresa mundial capaz de levar esses produtos a todos os cantos do mundo. Isso só poderá ser realizado por empresários estrangeiros, porque os portugueses são insuportáveis no trato directo. É do interesse de Portugal não ter portugueses à frente das grandes instituições europeias: os portugueses são os piores inimigos de Portugal.
Se o arrependimento matasse, eu já estava morto. De facto, não tenho vínculo afectivo com Portugal. Mas por vezes tomo o partido de Portugal, como sucedeu agora na Copa do Mundo. A derrota humilhante com a Alemanha acordou-me e uma voz disse-me para me afastar dessa causa perdida. Enfim, sinto-me estrangeiro em Portugal e não aprecio a companhia de portugueses.
Paul Valéry: "NÓS, CIVILIZAÇÕES, SABEMOS AGORA QUE SOMOS MORTAIS". E Oswald Spengler profetizou que "o mundo explorado" se vingaria "dos seus senhores".
Soares dos Passos:
"ESTA NAÇÃO DE LAUREADA FRONTE,
ESTA A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA!
DITOSA E GRANDE QUANDO FOI POTENTE,
HOJE ABATIDA, SEM PODER, SEM NADA".
E António Nobre saca a conclusão certa:
"... AMIGOS,
QUE DESGRAÇA NASCER EM PORTUGAL!"
Lisboa deseja ser grande mas acaba por ser provinciana e parola. Hoje foi dia de revisitar a História dos Caminhos de Ferro em Portugal. Na Europa Continental, a industrialização operou-se por acção do Estado, e o mesmo sucedeu em Portugal. Lisboa queria ser o porto da Europa (sic!) e, por isso, começou a construir o troço que a liga a Espanha. Lembram-se de que ainda recentemente a mesma ideia estúpida esteve em debate: os ciclos de estupidez dominam a capital. Os caminhos de ferro foram construídos com empréstimos e, como seria de esperar, com endividamento. Ora, as ligações mais produtivas e lucrativas nunca foram construídas: a ligação com a Europa passa pelo Porto. Com a mania de grandeza saloia de Lisboa Portugal não tem futuro. Lisboa é um elefante branco.
Já leu "Os Famintos" de João Grave? O "enredo" do romance passa-se nas «ilhas» portuenses, e o tema é a miséria operária, que as greves, em vez de minorarem, reforçam, empurrando para a prostituição operárias forçadamente ociosas e, portanto, sem vintém para atenuar a fome. Ora, a obra de Raul Brandão retoma o tema da miséria nos corpos e nas almas. Se é portuense, deve ler os romances portuenses.
Estou cada vez mais convencido de que o estudo da identidade portuguesa passa necessariamente pelo estudo do romance português. Na literatura portuguesa encontra-se exilada a alma portuguesa. Vejam o caso de Aquilino: o regresso às origens num tempo de mudanças sociais e técnicas aceleradas. De certo modo, Aquilino é reaccionário; porém, nos seus romances identificamos as forças de bloqueio nacional. A alma portuense é distinta: sonda os efeitos sociais da revolução industrial, o empobrecimento da classe operária. Habita na literatura portuense um Porto que ainda não foi elucidado.
A literatura portuguesa abrange a literatura produzida em Portugal e no Brasil. Eu defendo uma leitura "marxista" da literatura, aliás a única leitura que nos permite compreender o lugar do romance na sociedade, bem como a relação dialéctica entre literatura e sociedade. Um tal estudo pode revelar identidades e afinidades. Porém, surgiram novas literaturas portuguesas: a moçambicana e a angolana. Conheço mal estas novas versões da literatura portuguesa, mas condeno toda a poesia revolucionária moçambicana. Sampaio Bruno esboçou uma leitura "social" do romance português, e Teixeira de Pascoaes destacou a filosofia subjacente. Joel Serrão realizou talvez a melhor aproximação teórica mas sem esgotar o assunto.
Os amores entre fidalgos e fidalgas de Camilo Castelo Branco: O que pensar deles? O peso do mundo rural faz-se sentir em grande parte da literatura portuguesa. A investigação dos amores portugueses ilumina a História das Sexualidades em Portugal. O conhecimento que tenho dos portugueses leva-me a suspeitar que há um desfasamento entre o amor idealizado e ficcional e o amor sexual tal como era praticado. Há um romance portuense que trata das infidelidades conjugais: a mulher está cansada do marido infiel.
A Crítica Literária portuguesa ofuscou a verdade que se revela na literatura portuguesa, roubando-lhe a sua autonomia radical ao fazer dela uma província subserviente da literatura francesa. Ora, a leitura que proponho visa autonomizar a literatura portuguesa: o que importa é elucidar o seu momento de verdade em confronto com a sociedade portuguesa no seu devir histórico. O Porto foi palco da revolução industrial: a miséria estava nas ruas e não era preciso ler Hugo ou outro francês para fazer a experiência da miséria operária. O estudo das influências eclipsa a verdade literária.
A Universidade de Coimbra é a principal responsável pelo atraso cultural - científico, filosófico e técnico - de Portugal. De certo modo, não houve universidade em Portugal até à criação das Universidades do Porto e de Lisboa em 1911. Vejam o desfasamento cultural: Do século XII até à segunda década do século XX. O destino de Portugal jogou-se e perdeu-se neste hiato de ignorância jesuíta. É possível desconstruir a História de França mas nunca a favor de Portugal. Para mim, a universidade surge na Alemanha com a Reforma.
Já todos ouviram falar do Velho do Restelo de Camões. Geralmente, as pessoas têm uma má imagem do Velho do Restelo que condenou a expansão de Portugal. Porém, esta figura de Camões é mais complexa do que isso: o Velho do Restelo defende uma política de fixação ou, como diríamos hoje, uma política de desenvolvimento do país. Ora, de certo modo, a história deu-lhe razão: a riqueza passava por Portugal para ir enriquecer o Norte da Europa. Portugal despovoou-se, empobreceu e atrasou-se!
Ortega y Gasset é uma das grandes figuras da Filosofia do Século XX. Acho muito estranho as histórias da filosofia contemporânea omitirem o seu nome: a sua confrontação entre a alma espanhola e a alma alemã é deveras curiosa. É sem dúvida o maior filósofo que surgiu na Península Ibérica.
Convém deixar de ler os filósofos franceses pós-estruturalistas. Perda de tempo porque eles são muito medíocres. Ortega y Gasset e Oswald Spengler são companhias mais interessantes. Aliás, chegou a hora de ler a chamada filosofia conservadora.
O Idealismo Alemão é a maior criação filosófica do mundo ocidental. A interpretação proposta por Ortega y Gasset é interessante: Kant é reduzido ao "subjectivismo" e a alma alemã torna-se consciência reflexiva. Ortega y Gasset fala de um "eu plural", a subjectividade do mundo meridional. Gosto da noção de eu plural mas nesse confronto sinto-me mais alemão do que meridional. Com efeito, penso que no caso português o eu plural acaba por anular a própria subjectividade e, o que é pior, a reflexão. O eu português não tem dentro: está fora em prolongamento do mundo circundante.
Em Filosofia, devemos utilizar o "eu português" como sinónimo de ZOMBIE: quer dizer que não precisamos de improvisar uma figura conceptual que existe efectivamente em Portugal. Os portugueses são literalmente zombies. Ora, sendo assim, podemos aprofundar a noção de "eu plural" e definir a sua figura degenerada: o português condenado à sua imbecilidade. Em conversa com franceses, desenvolvi esta ideia. A psicologia portuguesa é, por definição, psicopatologia. Convém aprofundar este assunto. E se há realmente ontofobia, ela é portuguesa! O português vulgar é merda!
As obras de três "filósofos" portugueses - Álvaro Ribeiro, José Marinho e Delfim Santos - devem ser reeditadas e estudadas. Claro que se trata de filosofia da merda onde não encontramos uma única ideia a ter em conta. A aversão à reflexão caracteriza a alma portuguesa. Leio a tese de doutoramento de Abel Salazar e não compreendo nada do que diz sobre Kant. Não consigo compreender os chamados filósofos portugueses porque não há nada para compreender: o disparate não se compreende.
As filosofias da técnica de Ortega y Gasset e de Oswald Spengler são profundas e partem de um conceito alargado de técnica. Porém, apesar de ter dito coisas curiosas sobre a relatividade e a mecânica quântica, Ortega y Gasset não conseguiu prever a nova tecnologia, e Spengler fica preso ao maquinismo mecanicista. Ora, as novas tecnologias da informação e da comunicação exigem uma releitura das obras destes dois grandes pensadores. O que me fascina nestes autores é o facto de falarem abertamente das raças. Porém, não sei se a distinção entre Vikings do Norte e Vikings do Sul faz sentido em função do protagonismo tecnológico. Mas de uma coisa estou certo: os portugueses são merda.
O que me liga genética e estruturalmente ao pensamento alemão é o conceito de ALMA. Ainda não tinha entrado na Universidade e já publicava artigos. Durante esse período juvenil que, de certo modo foi marxista, eu dialogava com Spengler e com Ortega y Gasset, o que quer dizer que o meu marxismo era "conservador" e fortemente idealista. O meu biologismo radical é azul-anímico e, claro, as filosofias da vida atraiam-me. Devo ser o último ocidental a habitar a terra. O destino está selado. Sou molecular e molarmente rebelde e não abdico da minha individualidade alemã. A heteronomia portuguesa choca-me! Odeio Portugal! E não perdoo a Hitler o facto de não ter bombardeado Portugal levando os portugueses para os campos de extermínio.
Ninguém escapa ao seu destino. Se o tempo permitir, vou dedicar-me ao estudo exaustivo da tecnologia durante o período de férias. O renascimento da filosofia implica retomá-la onde os franceses a abandonaram. O conceito de razão vital pode ser mais interessante e mais produtivo que o conceito de existência. A Escola do Porto aproximou-se muito da problemática da filosofia da vida, mas talvez por falta de um ambiente de controvérsia produtiva o seu esforço acabou por se perder. Os portugueses não foram talhados para pensar. Tenho muita dificuldade em inserir os portugueses na humanidade do homem.
Ortega y Gasset morreu em 1955 e Dilthey foi um homem do século XIX. A Filosofia da Vida, o Historicismo e a Fenomenologia floresceram na Alemanha, bem como a Antropologia Filosófica. Os seus pioneiros não assistiram à revolução da biologia molecular. No entanto, a filosofia da vida prepara o terreno para a BioFilosofia, aliás outra especialidade alemã. O mocinho satisfeito de hoje deve ser a criatura mais burra da história da humanidade.
As Universidades não estão à altura dos desafios: Esta frase soa a lugar-comum porque tem sido dita por diversas figuras ao longo do tempo. No entanto, a sua verdade é de hoje: as nossas universidades são mentiras oficiais. O declínio da produção científica e filosófica pode ser constatado nos diversos departamentos. Hoje não temos grandes filósofos, historiadores, literatos, economistas, juristas, enfim não temos absolutamente nada. A mediocridade é total. É triste viver neste tempo da estupidez generalizada.
Os portuenses desejam fazer do Porto uma cidade da cultura. Apesar da minha reserva mental quanto ao sentido a dar à "cidade da cultura", constato uma contradição: aqueles que defendem um tal projecto pouco fazem para estudar a História da Cidade do Porto. A teoria do portus de Pirenne pode ser aplicada ao Porto, introduzindo outros factores: o Porto nasceu a partir de um portus adjacente a um castelo feudal, mas devido à presença romana foi desde logo o núcleo de uma nova sociedade que implicava novas estruturas sociais, redescobriu o Estado, desenvolveu uma nova cultura e uma nova economia. Convém lembrar que o Porto participou da revolução urbana dos séculos XI e XII, aliás o prelúdio da revolução industrial do século XIX. O facto do Porto estar inserido em Portugal é fatal para o seu desenvolvimento. Porto Cidade-Estado é futuro!
Ehehee... De facto, se não tivesse havido Portugal, o mundo seria muito diferente. Portugal iniciou as Descobertas e levou atrás de si a Europa. Bem, Portugal é como os anjos talmúdicos: Deus deu-lhe a vida suficiente para garantir a vitória da civilização ocidental. Depois disso Portugal foi esquecido. No entanto, suspeito que o mundo não seria melhor. A alma islâmica ameaçava a Europa. Vitória do Império Otomano e do Islão? Ou ligeiro atraso da expansão europeia? É complicado imaginar como seria o mundo sem as descobertas portuguesas!
Quando olho para uma cidade, vejo a arquitectura e todo o espaço urbano, mas também vejo as pessoas que a habitam. Quando vim para o Porto apaixonei-me pelos telhados e pela cidade em si mas ainda hoje não admiro "incondicionalmente" os portuenses. Cidade é para mim espaço de liberdade e de cultura. Ora, isto que é fundamental na vida das cidades não existe nas cidades portuguesas. Em Portugal, não respiro cultura! Mas em Viena, por exemplo, respiro cultura! E o que acontece comigo acontece também com os turistas que amam a cidade sem desejar o contacto com os portugueses.
Acho que vou deixar de criticar os portugueses. Tenho estado a estudar algumas boas histórias económicas do Ocidente e fico chocado com o facto da história ensinada aos alunos omitir os seus aspectos económicos e tecnológicos. Noutro dia li algures que os portugueses eram, por natureza, historiadores. Porém, para compreender os "feitos" dos portugueses, sou forçado a ler autores estrangeiros.
Este texto sobre marxismo cultural é um disparate! Só uso dois argumentos contra: 1) O autor leu as obras de Marx, em especial as teorias sobre a mais-valia? Ora, nessas obras, encontramos em acção a crítica da ideologia. 2) Como é que o autor pode reduzir o marxismo ao economicismo? Leu as obras políticas e históricas de Marx-Engels? O marxismo nega a força das ideias? O marxismo é uma religião? Afinal, o que é a religião? Porém, o argumento de base é este: O marxismo não é uma teoria concluída! Marx alterou diversas vezes a sua posição política. O que impede os marxistas de fazerem o mesmo?
O que é o marxismo para si? A leitura de Marx passa hoje por este inquérito. A teoria de Marx deve ser libertada das suas deformações ideológicas. Quem não leu as obras de Marx deve ficar calado: uma pessoa séria não tem opinião sobre aquilo que desconhece. Uma obra não pode ser avaliada a partir do que dizem os americanos que, tal como os portugueses e os ingleses, não foram talhados para pensar.
Nunca admirei os pelintras que nutrem um ódio de estimação pelas classes trabalhadoras. No Brasil feudal, os mulatos ocupavam os cargos de capatazes, agredindo selvaticamente os escravos. E o mesmo acontece com todos aqueles que pretendem escapar à miséria: aparecem no mercado de trabalho como carrascos da classe dominante. Paradoxal não é o marxismo cultural; paradoxal é o indivíduo que acusa o marxismo de ser uma religião, ao mesmo tempo que acredita em fantasmas!
Em Portugal, o único filósofo que pensou a técnica foi Leonardo Coimbra. Para mim, Marx foi o pensador da técnica, embora não tenha esgotado o assunto. Se a essência da técnica reside no perigo, como diz Heidegger, então podemos repensar o pensamento da técnica planetária de Marx de modo mais alargado, criticando o tecnicismo da técnica, que traz consigo o esvaziamento. A Web Social é um tremendo vazio: a técnica esvaziou a mente humana. No mundo da comunicação generalizada, não há diálogo sobre o mundo porque as pessoas não têm nada a dizer sobre o mundo. O herói da Web Social é o animal que desalojou o homem do seu lugar no mundo. Regressão total: a Web Social é a rede dos animais.
No meu período juvenil, escrevi três artigos sobre tecnocracia, alargando a tese da técnica planetária de Marx. Eu sabia que não estava a ser fiel ao pensamento político de Marx; porém, o conceito de administração das coisas que ele foi buscar a Saint-Simon dava legitimidade à minha teoria do progresso técnico. Hoje reconheço o perigo que habita um tal pensamento que liberta o engenheiro do trabalhador. A Filosofia da Técnica elabora uma teoria não-técnica da técnica: os discursos dos técnicos são incapazes de estabelecer projectos sociais. A técnica entregue a si mesma pode ser fatal para o homem, não a técnica do homem primitivo ou a técnica do artesão, mas sim a técnica do técnico. O homem de hoje depende de tecnologia que desconhece.
O facto dos jogadores brasileiros chorarem tanto confirma uma teoria da minha autoria que não quero partilhar aqui. Homens chorões desafiam a antropologia filosófica de Plessner. Pessoalmente, prefiro o riso ao choro: Um homem digno da sua condição deve morrer a sorrir. Porém, a existência de homens chorões aponta para o efeito deletério da domesticação civilizacional. Degenerescência genética: o homem está em colapso genético! A Guerra produz Homens; o Futebol produz Bichas! A natureza homossexual do futebol é demasiado evidente!
Através de historiadores estrangeiros, confirmei o que sempre soube: a História da Cidade do Porto é uma história de sucesso. No século XVIII, o Porto era uma cidade industrial, acompanhando as cidades inglesas. O que não conhecemos é o movimento dos preços e dos salários. O mercado brasileiro não estava aberto à Inglaterra, como se diz frequentemente. O Porto passou por períodos de crise e alguns deles devem-se mais às invasões francesas do que ao tratado com Inglaterra. 1808 foi ano de crise. É preciso fazer o estudo: O Porto e Napoleão. A Espanha deve o seu atraso económico à aliança com a França. Mais tarde os produtos portuenses perdem a concorrência com os produtos ingleses mais baratos. Porém, o Porto soube dar a volta por cima e parte à conquista dos mercados africanos e brasileiro. O Porto só não é a cidade feliz de sempre por causa de Lisboa.
Infelizmente, as pessoas sabem pouca coisa ou não sabem mesmo nada. Não consigo compreender como se dão licenciaturas a indivíduos de Humanidades que desconhecem completamente o mundo dos números. A distribuição de diplomas está a gerar uma nova figura: o diplomado analfabeto. Os alunos de Humanidades entram analfabetos na universidade e saem analfabetos diplomados da universidade. Isto não é ensino de qualidade e, num mundo cada vez mais global, é preciso dominar os cálculos económicos e financeiros.
Sophia de Mello Breyner Andresen é portuense:
"Este é o amor das palavras demoradas
Moradas habitadas
Nelas mora
Em memória e demora
O nosso breve encontro com a vida".
Lisboa esquece que Sophia era portuense. Este poema intitula-se BREVE ENCONTRO.
Os escritores portugueses jogam com as palavras e raramente conseguem pensar aquilo que as palavras dizem. Leram o poema de Sophia? Que leitura faz desse poema? Pois, as aulas de literatura deviam preparar a sua mente para captar o que as palavras dizem. Já pensou na riqueza da palavra "demora"? E consegue fazer uma leitura filosófica do poema? Pois, para isso é preciso ter conhecimentos. A leitura do poema é mais complicada do que parece... Claro, estou a falar sozinho!
Sophia de Mello Breyner Andresen:
"Exilámos os deuses e fomos
Exilados da nossa inteireza".
Poema intitulado Exílio.
O que acontece com a mente auto-consciente depois da morte cerebral? Há diversos estados que nos permitem vislumbrar o que acontece, tais como o sono e os sonhos, o ataque epiléptico e os comas. No coma profundo há cessação de todas as descargas neuronais e, se isso ocorrer durante 30 minutos, os hemisférios cerebrais morrem. A isso chamamos morte cerebral. A mente auto-consciente verifica então que o cérebro que testou e controlou durante uma longa vida não lhe fornece mensagens: os módulos do hemisfério esquerdo fecharam-se e a mente auto-consciente deixa de comunicar com ele. Ela distancia-se do corpo que habitou e refugia-se no seu próprio espaço-tempo. O mundo da mente auto-consciente é autónomo do mundo material tal como o vemos.
Platão pensou no Fedro e noutros diálogos a imortalidade da alma, bem como a autonomia do mundo do conhecimento. Nós continuamos a ser platónicos. As pessoas mergulhadas no consumismo ficaram imunes à linda palavra "alma". Elas vivem o presente sem profundidade. O materialismo monista é má-filosofia que elimina aquilo que devia explicar. O paralelismo psico-físico é rejeitado pela diferença entre estados de sonho e estados de vigília. Um mundo paralelista seria um mundo de sonho e não o mundo que vivemos quando estamos despertos. Só há um caminho a seguir: o interaccionismo entre mente e corpo.
Não devemos fazer troça da sabedoria antiga: os nossos antepassados captaram padrões que traduziram numa linguagem religiosa. Na luta contra o poder da Igreja, fomos longe demais sem saber distinguir entre o conceito e a sua ganga religiosa. Como podemos descartar a alma sem deixarmos de ser humanos? Hoje a ciência fornece-nos todos os instrumentos para pensar a autonomia da mente auto-consciente. A parapsicologia diz que as pessoas que sofreram mortes violentas conservam a memória da sua morte violenta quando encarnam em novos corpos. A teoria das reencarnações desafia o sistema de vinculação entre pais e filhos: o corpo da criança foi gerado pelos pais mas a sua alma teve outras vidas. Como é evidente, não sabemos avaliar criticamente esta teoria. Porém, há crianças pequenas que se lembram da sua vida passada.
Como será o mundo da consciência depois da morte? Cada mente autoconsciente possui o seu próprio espaço, e provavelmente não há espaço entre este espaço mental e o espaço do mundo de três dimensões. A morte implica quebra derradeira da comunicação entre a mente autoconsciente e o corpo. Dizem que a mente liberta consegue ver o seu corpo morto de cima. O seu mundo seria uma espécie de mundo de sonho desperto e activo. Como comunicam as mentes entre si? Não sei; porém, desconfio que Deus pode ser a memória infinita que alimenta as inúmeras mentes que povoam esse outro universo mental.
Uma alma imortal que encarna sucessivamente diversos corpos desafia a nossa noção de individualidade. A criança que se lembra da morte violenta da sua anterior encarnação vive o dilema: ou vive a sua presente vida, criando uma nova identidade, ou é atormentada pela pessoa que foi noutra vida. Geralmente, as crianças saudáveis fazem o luto da vida anterior. Se a reencarnação faz sentido, então a alma liberta conserva a memória de todos os corpos individuais que encarnou. Mas existem outras maneiras de encarar estes fenómenos. O campo da consciência da criança pode ter captado outro campo de consciência julgando ser o campo de uma vida anterior. Há aqui portas que ligam as consciências. Seria gratificante imaginar uma comunidade pacífica de egos transcendentais! Mas nada nos diz que não haja trevas e sombras nesse mundo mental transcendente!
Como é evidente, se continuasse a desenvolver a teoria da autonomia da mente auto-consciente, seria obrigado a rever a psicopatologia. As fobias e as compulsões que desafiam as neurociências podem ser explicadas em função de vidas anteriores. Mas há outros caminhos, dos quais o mais fascinante é o da memória. Bergson tinha razão quando criticava o reducionismo falando da memória pura em oposição à memória-hábito. O mundo torna-se mais "simples" quando levamos em conta a autonomia da consciência humana.
Os anjos negros matam pessoas e, por isso, são temidos pelos humanos. Porém, são anjos fascinantes cuja presença é confortável para quem viva com eles! Amo os anjos negros porque fazem justiça neste mundo cruel.
A noite fascina-me. Geralmente, as pessoas temem a noite imaginando perigos disseminados por todos os lados. Ora, quando a noite nos cobre fitando os limites da nossa individualidade-corpo, acolhe-nos no seu seio como se fossemos "um" com o mundo. É um sentimento cósmico de uma alma que sonha a sua libertação deste mundo cruel e mesquinho. Toda a verdadeira filosofia é nocturna. Onde há sombras há pensamento. O mundo diurno é alienação, é rotina.
As pessoas são palermas mas são mais palermas no verão do que no inverno. Imagine um astronauta extraterrestre que visitasse Portugal neste período de férias: o que pensaria ele das romarias nas praias? Pessoas deitadas nas toalhas a apanhar banhos de sol, enquanto outros se instalam nas dunas para exibir os seus órgãos genitais. Adoradores do mar e do sol? Rituais de acasalamento? Orgias sexuais? A palavra "férias" perdeu o sentido: as rotinas de verão são um pesadelo. Dias longos preenchidos com nada!
Ahahah... Nós somos homens! Porquê? Porque temos embalagem musculada e gostamos um do outro! Curtir a masculinidade! De facto, vivemos numa época masculina: curte-se o corpo masculino musculado e nada mais! Nova adição: o ritual do ginásio!
Assustador! O prolongamento da vida é bom, dizem as pessoas. O envelhecimento é caro e não traz mais-valia ao mundo. Incomodado com o problema da morte, Marcuse chegou a defender uma certa forma de eutanásia: Depois de uma vida feliz, a pessoa devia escolher o momento da sua morte.
Esta foto fez-me lembrar a bolsa dos marsupiais: um ser minúsculo solta-se e trepa até à bolsa onde se aloja durante anos. O que acontece depois é que quando tenta meter-se na bolsa - após uma incursão pelo mundo - descobre que tem lá um irmão que não deseja a sua presença. O nascimento é traumático porque nos lança num mundo hostil. Um bebé tem alma? A teoria da mente autoconsciente é capaz de explicar o desenvolvimento da alma! Porém, até aos 8-10 anos de idade a alma é muito precária. A memória é uma peça fundamental da alma humana!
O Iluminismo descartou-se da diferença sexual alegando que a alma era a mesma no homem e na mulher. Ora, nós hoje sabemos que há um cérebro azul (masculino) e um cérebro rosa (feminino). A partir do momento em que a alma entra em contacto com o cérebro sofre a sua acção e a nova identidade que se forma sofre a acção da hormona pré-natal. A teoria da mente autónoma não entra em choque com as descobertas das neurociências. A nossa personalidade resulta da interface entre alma e cérebro. Isto parece dizer que ela pode sobreviver apenas na memória. Começo a suspeitar da existência de uma memória cósmica: um campo de memória activo e não passivo. Ora, num tal campo não há distinção entre imaginação e memória: trata-se de criação pura.
Podemos viajar no tempo? Se conseguirmos ter acesso ao campo da memória infinita, podemos viajar no tempo e reviver momentos da nossa vida passada. Ora, uma alma desencarnada viaja pelo tempo e revive cada uma das figurações que encarnou. Não sei se esse será o melhor mundo para uma alma liberta da prisão do corpo. Afinal, a sua imaginação é criadora e, assim sendo, ela pode viver os sonhos que pensa criando os mundos respectivos. Porém, se transportar os pesadelos da última encarnação, ainda não é alma liberta. Há sombras negras no mundo dos egos transcendentais.
A Biologia implica uma nova cosmologia: a verdade é esta! Sozinha a Física é incapaz de resolver os enigmas do universo. Eu sempre pensei que vivíamos no interior de um enorme buraco negro, mas hoje desconfio que vivemos à superfície de um buraco negro. Bah, é difícil explicar aqui: Digo apenas que trabalho com dois sistemas de informação, o genoma e o cérebro, e hoje recorri à analogia entre mente e TV. A imagem e o mundo pertencem a geometrias diferentes!
Creio que isto te vai seguramente interessar, estão disponíveis vários números da revista Elements, ainda que pense não serem oficiais.
http://issuu.com/sebastianjlorenz/docs/elementos_n___79._occidente
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