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quinta-feira, 28 de março de 2013

Revista Desenredos: Ernst Bloch, Ontologia da Possibilidade

Porto: Passeio dos Clérigos
A Revista Desenredos - editada pelos meus amigos Wanderson Lima e Adriano Lobão Aragão - publicou o meu artigo - Ernst Bloch: Ontologia da Possibilidade. Trata-se de um pequeno artigo que posteriormente foi desenvolvido num artigo mais extenso e profundo. Admiro imenso a obra filosófica de Ernst Bloch e lamento o facto de não estar traduzida para a língua portuguesa. Porém, a minha filosofia começa a distanciar-se da Utopia Concreta de Ernst Bloch: o seu optimismo militante é-me absolutamente estranho. Por isso, em escritos anteriores procurei elaborar uma metateoria da História que, retendo o núcleo essencial do materialismo histórico, se desembaraça do comunismo como algo que é anterior ao marxismo. Deste modo, evito todos os discursos e narrativas do fim da História e da Filosofia. O meu objectivo é deixar a tradição aberta a novas actualizações a partir da finitude radical do ser humano. De momento a minha preocupação fundamental reside no futuro da Civilização Ocidental. Em vez da desconstrução da metafísica, quase sou levado a propor a Reconstrução da Filosofia, mas de uma filosofia sem ilusões. (John Dewey escreveu uma obra com o mesmo título!) Eis o meu desafio que tentarei levar a cabo definindo a filosofia nas suas relações essenciais com a ciência e a política. Daí que rejeite categoricamente o primado da democracia sobre a Filosofia. Um tempo indigente como o nosso exige coragem filosófica.  Chegou a hora de despedir a "filosofia" pós-estruturalista e pós-analítica, as quais entraram no jogo da chamada revolução conservadora advogada pelos pensadores da Alemanha Nazi!

sábado, 15 de setembro de 2012

Portugal: Revolta Popular contra o Governo de Passos Coelho

















Portugueses: As manifestações pacíficas não mudam o sistema. À violência das políticas governamentais da austeridade é preciso opor a violência revolucionária: a violência é a parteira das grandes mudanças sociais. Houve muita ingenuidade nas manifestações de hoje: a emotividade deve ceder o seu lugar à Razão Calculadora, à Racionalidade Revolucionária, enfim ao momento de Surpresa! O governo perdeu legitimidade popular para governar, mas, como em Portugal os governantes não têm vergonha na cara, tudo vai permanecer na mesma: o povo unido deve constituir-se em FORÇA POLÍTICA e derrubar o governo. É preciso passar da palavra ou da intenção à acção! O que deve ser feito é simplesmente feito. O Governo de Passos Coelho usa o Estado para enriquecer as empresas à custa dos trabalhadores. Um povo revoltado sem ideologia é inofensivo. Há um nome que assusta o poder neoliberal: Karl Marx. Se tivesse havido cartazes a mostrar o rosto de Marx, eles estavam agora com mais medo! Não queiras ser um povo passivo e pacífico; não vais longe. Algumas figuras públicas, entre as quais jornalistas lacaios do poder estabelecido, dizem que todo o protesto do povo português resultou de uma dificuldade de comunicação do governo: eles estão a tentar desvalorizar as manifestações de hoje contra o governo de Direita. Não deixes reduzir a razão de ser das manifestações a uma dificuldade de comunicação: foca o conteúdo mas de um modo ideologicamente elaborado. Mostra que o povo não quer passar mais fome para alimentar os ricos.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Luís Filipe Menezes: candidato à CMPorto


Luís Filipe Menezes anunciou ontem que é candidato à Câmara Municipal do Porto. Apoio a sua candidatura porque estou de acordo com o seu projecto para o Porto: alguns dos pontos enunciados vão ao encontro de ideias que tenho exposto neste blogue e na página PortoLovers. Os portuenses devem colocar de lado as suas simpatias partidárias e apoiar o melhor projecto para a Cidade do Porto: o de Filipe Menezes. Os candidatos da esquerda são figuras pré-históricas sem projecto de futuro. A fusão Porto-Gaia numa única cidade é fundamental para dar a dimensão necessária ao Porto para competir com os grandes centros urbanos europeus. A marca PORTO tem mais prestígio mundial do que a marca Portugal: Porto património da humanidade, FCPorto, Vinho do Porto, Douro, Universidade do Porto, Siza Vieira, Souto Moura, eis alguns símbolos de prestígio mundial. A recuperação da zona de Campanhã, o repovoamento da cidade e o desenvolvimento do turismo de congressos foram outros pontos enunciados por Menezes, com os quais concordo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Queremos bebés em vez de velhotes!


O conservadorismo da Europa anda associado ao envelhecimento da população: Velhos conservadores desejam sacrificar o futuro - a natalidade que dá origem a um novo mundo - para continuar a viver como se fossem os últimos homens na Terra. Devemos dizer "Não" ao egoísmo geriátrico destes velhotes feios e conservadores! Queremos bebés; não queremos velhos sem futuro!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O Afundamento da Europa


Estamos a assistir ao afundamento da Europa e do mundo ocidental: o ciclo civilizacional do ocidente completou-se e o fim é o seu colapso.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A Ditadura da Estupidez

A Europa e o mundo ocidental perderam o juízo. Há muitas formas de totalitarismo e uma delas é a perda do bom-senso. A democracia ocidental produziu nas últimas seis décadas uma sociedade inviável e, o que não deixa de ser sintomático, anti-democrática. A turba pseudo-democrática é totalitária: a ideologia nefasta dos direitos humanos produziu a ditadura da estupidez. Cada elemento da turba de cidadãos anónimos é um inquisidor. Vivemos numa sociedade inquisitorial, a pior sociedade alguma vez produzida pelos homens ao longo da sua história violenta. Platão já sabia que a democracia produz a sua própria destruição: o que ele não sabia é que a democracia banaliza o mal radical. Este é o momento oportuno para introduzir uma inflexão radical: os agentes ideais desta mudança radical devem estar para além da Direita e da Esquerda. Embora não seja um agente secreto, sou suficientemente inteligente para detectar por detrás dos sites mundiais de esquerda a presença de uma ideologia terrorista: as redes sociais são palcos de manobras obscuras, terrivelmente obscuras, algumas das quais abusam do bom nome de Karl Marx para promover o terrorismo. (E onde há x, há também y, o seu arqui-inimigo, que só se unem contra z, neste caso, a Alemanha!) As forças do bem tornaram-se impotentes perante a prepotência das forças do mal que capturaram as redes sociais. O Mal exterior e interior organizou-se para derrubar o ocidente. Se o ocidente não inflectir o seu rumo, será presa fácil das forças exteriores do mal que agem com a cumplicidade de uma população interior envelhecida, egoísta e terrivelmente inculta. Só vejo uma alternativa: a ditadura. E, quando só temos esta alternativa, já não podemos sonhar: o futuro foge do nosso controle. Eu tenho sido sincero quando digo que sou o filósofo da funda meia-noite: não há filosofia sem um público inteligente restrito. As sociedades ocidentais de hoje não são sociedades sem escola; são sociedades sem ensino e sem educação, são sociedades capturadas pela mediocridade, pela inveja e pela maldade. Infelizmente, estamos rodeados de carrascos que elegeram como inimigo a abater o pensamento independente. Uma sociedade envelhecida sem pensamento não tem futuro. O ocidente tal como o conhecemos não tem futuro. (A situação em Portugal é terrivelmente obscura. O povo português é, profundamente, estúpido, invejoso e maldoso; daí a sua incapacidade para produzir uma sociedade civilizada. Infelizmente, o 25 de Abril não produziu o efeito desejado; pelo contrário, banalizou a maldade radical do povo português. Tenho em mente uma geografia da maldade portuguesa, mas esta deixou de ser a minha luta. Portugal não é a pátria de seres inteligentes, Portugal é a pátria dos zombis anti-cognitivos e da sua brutalidade.)

J Francisco Saraiva de Sousa

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A ideia das Humanidades no plural

Porto: Caminhos do Romântico
Chegou a hora de demolir a ideia de uma única humanidade. Há humanidades no plural, cada uma das quais com a sua própria história filogenética e cultural. Nos últimos textos, tenho omitido a ideia de cultura como processo de pseudo-especiação, mas deve-mos retomá-lo e reformulá-lo, de modo a mostrar as especi-ficidades de cada uma das humanidades existentes e da sua evolução cultural. É um erro fatal - o mais fatal de todos os erros - pensarmos a humanidade no singular, como se todos os homens pertencessem a uma única humanidade. No passado ainda recente, essa ideia levou-nos a classificar as sociedades em primitivas e civilizadas, como se todas elas pertencessem a um mesmo processo contínuo de evolução social e cultural. Porém, a verdade é que as sociedades primitivas não pertencem ao círculo de evolução da civilização ocidental: as nossas próprias sociedades arcaicas pertencem ao passado, mas a distinção que fazemos entre sociedades primitivas e sociedades civilizadas pertence ao presente, um presente que permanece igual a si próprio, apesar da difusão da ideologia igualitária. Não podemos abdicar de dizer a verdade para contribuir para a difusão de uma mentira que ameaça mergulhar o mundo na catástrofe. É urgente reformular a biologia das raças humanas, de modo a elaborar sociobiologias humanas particulares. (Os continentes estiveram isolados uns dos outros durante milhares e milhares de anos e as diferenciações culturais geraram barreiras etológicas que são refractárias aos cruzamentos entre pseudo-espécies. A hibridização não é futuro. Não é o racismo que gera barreiras; é a própria biologia que as gera. Qualquer cultura híbrida é decadente.) O fracasso da implantação da democracia liberal nos espaços ocupados por culturas não-ocidentais aponta nessa direcção. O discurso do racismo ou do etnocentrismo está gasto e já não convence ninguém: lá onde se iludem a violência predomina. Devemos ser corajosos e ousar dizer a verdade: a grande narrativa da humanidade unida é uma mentira. Precisamos pensar as bifurcações antropológicas e culturais, se quisermos pacificar a vida na Terra. Meus amigos, a minha missão é mostrar-vos o caminho da salvação.

Advertência. Muniram-me dos instrumentos necessários para reformular a biologia das raças humanas. O conceito de humanidades no plural não colide com a "unidade" da espécie Homo sapiens, embora acentue a relatividade dessa unidade. Em 1941, Julian Huxley propôs a substituição do termo raça pela expressão mais neutra de grupo étnico. Compreendo a pertinência desta sugestão, mas os dois conceitos referem-se a realidades diferentes, embora interligadas entre si. Tal como o usa, o conceito de grupo étnico está mais próximo da realidade que designo de humanidades no plural. Em princípio, aceito a definição de raça dada por Dunn e Dobzhansky (1946): as raças humanas como populações que diferem na frequência relativa de alguns dos seus genes. Este conceito permite pensar as raças não em termos de diferenças fenotípicas absolutas, mas em termos de diferenças relativas na distribuição de frequências de caracteres ou genes. O que interessa é compreender o mecanismo de raciação: os grupos humanos isolados estão - ou estiveram - sujeitos a processos de mudança evolutiva, nos quais entraram em jogo os seguintes factores: selecção natural, mutação, isolamento, oscilação genética, hibridação, selecção sexual e selecção social. Eu sou contra o racismo, isto é, contra a doutrina ideológica que usa as diferenças raciais para justificar e legitimar a dominação de uma raça sobre outras raças. No entanto, não podemos acusar uma pessoa de ser racista por não considerar os membros de outra raça eroticamente atractivos, por exemplo. Estou convencido de que o estudo biológico das raças humanas pode ajudar a dissolver muitos preconceitos negativos.

J Francisco Saraiva de Sousa 

terça-feira, 8 de maio de 2012

As Fatalidades de Agustina Bessa Luís

Agustina Bessa Luís: Escritora Portuense
«A extraordinária presença de António Inácio, a graça, que era nele uma espécie de investimento da ilusão, tornaram José Matildes no que ele era realmente: um homem só em busca de integração no grupo social. Subitamente produziu-se nele o curto-circuito estratégico, e foi buscar ao imaginário da economia política e da ciência a linguagem; e tecnocrata apareceu muito de um materialismo próprio em que a máquina social se move sem qualquer intervenção da ideologia moral, religiosa ou filosófica. O seu casamento com Rosamaria deu-se nesse tempo, em parte porque ela era o travesti do seu primo António Inácio, em parte porque toda a decisão de alcance económico começa por uma tomada de posição ao nível da vida privada. Amava Rosamaria tanto mais seriamente quanto ela registava o seu domínio de classe, isto é, supremacia da concepção masculina, visão técnica da procriação». (Agustina Bessa Luís)

Um confronto entre Mrs. Dalloway de Virginia Woolf e Os Meninos de Ouro de Agustina Bessa Luís revela a existência de um abismo entre as duas escritoras: Agustina Bessa Luís nunca perde a autoridade, isto é, a omnisciência, em relação às personagens dos seus romances, donde resulta que, na sua obra, a realidade social não é representada através dos pensamentos, impressões e outras experiências imediatas das diversas personagens, como sucede nos romances de Virginia Woolf, mas sim através da omnisciência e da concepção superior da autora. A epistemologia romanceada de Agustina Bessa Luís é profundamente social. Cada personagem tem a sua própria visão do mundo, mas o processo de representação da realidade social não resulta da justaposição das diversas visões do mundo das personagens. Não há, portanto, uma representação pluripessoal da realidade nos romances da escritora portuense: a autora impõe-lhes uma perspectiva superior que permite ao leitor compreender a realidade em que se movem as suas personagens. O realismo de Agustina Bessa Luís tem mais afinidades como a teoria marxista da sociedade do que com o realismo da filosofia de Cambridge: o solipsismo metodológico de Bloomsbury é algo estranho ao universo literário e filosófico de Agustina Bessa Luís. Os seus mundos literários não são construções de um mundo comum - o mundo público de Russell - a partir de perspectivas diferentes da realidade ou mesmo de mundos privados. Virginia Woolf enfrentou um mundo em transformação violenta que tanto produzia tentativas de interpretação sintética e objectiva como as derrubava rapidamente a um ritmo alucinante. Seria demasiado fácil explicar as diferenças entre as duas escritoras alegando os diversos atrasos estruturais de Portugal, aliás evidenciados pela contemporaneidade da escritora portuense. Mas esta não é a única explicação possível. Apesar de ter nascido fatalmente em Portugal, o ermo inóspito da Europa, a terra dos loucos, Agustina Bessa Luís não perdeu o contacto com o mundo exterior, o mundo desenvolvido que sofria essas transformações sociais profundas que demoravam a chegar a Portugal. O atraso estrutural de Portugal e a pobreza mental dos seus habitantes reforçaram a omnisciência de Agustina Bessa Luís, cuja "filosofia" rejeita a construção russelliana de um universo leibniziano hipotético: a realidade social não é, para Agustina Bessa Luís, um somatório de perspectivas das mónadas de Leibniz. Agustina Bessa Luís tem uma concepção sintética e objectiva da realidade social, que ousa articular politicamente com a perspectiva da salvação: «O que significa a salvação senão aquele ponto em que os homens desistem de oprimir outros homens, e se retiram com a sua limitada perfeição?» A escritora portuense detesta o carácter narcisista da sociedade portuguesa: a sua "crónica social" tritura as personalidades públicas portuguesas e a montanha de có-có que produzem desalmadamente. Os meninos de ouro portugueses são feitos de matéria fecal: o seu narcisismo traduz-se no abuso de poder e na síndrome de hostilidade contra os outros, sobretudo contra as mulheres. Agustina Bessa Luís descobriu a síndrome masculina de hostilidade associada ao narcisismo muito tempo antes dela ter sido definida pela psiquiatria. Mais: ela descobriu que os homens portugueses - feitos de matéria fecal - não prestam: a tecnocracia é pura violência. A matéria fecal diz-se de muitas maneiras. Ora, se os homens portugueses são feitos de matéria fecal, a sua diversidade psicológica que exprime a diversidade de matéria fecal tem como princípio denominador comum o travestismo: os homens portugueses feitos de matéria fecal são travestis que partilham uma mesma concepção do mundo, a "visão técnica da procriação". (Natália Correia dizia que os açorianos eram "mariquitas". Uma vez disse-lhe que, no fundo, os homens portugueses eram "mariquitas" e ela concordou, acrescentando que também as mulheres portuguesas eram "mariquitas". J. M. Bailey defendeu recentemente o carácter travesti dos homens latinos, concepção que partilho sem reservas.) Como é evidente, estou a forçar a concepção superior da autora chamada Agustina Bessa Luís, sem no entanto a violar: a escritora portuense ousou ser no seu universo literário aquilo que não foi na vida real, a trituradora das masculinidades travestis portuguesas, cujo abuso de poder reflecte um défice de masculinidade genuína. Todos os seres verdadeiramente inteligentes que nasceram em Portugal, o país onde os homens se comem uns aos outros, real ou ritualmente, odeiam Portugal. O ódio que nutrem por Portugal exprime-se numa espécie de ciência melancólica, a filosofia subjacente a todos os grandes pensamentos partilhados pelos exilados portugueses. Os Meninos de Ouro de Agustina Bessa Luís terminam com este pensamento filosófico: «As geresianas não são produto da insistência da relação com objectos e pessoas. São o tempo original em que a alma convive com a eternidade; o coração repousado no amor do seu destino aguarda e vê. O indivíduo escapa ao nosso entendimento, as grandes ideias não se unificam nem se movem em turbilhão; a identidade extinguiu-se porque as pessoas, como chamas, se confundem, para sempre esquecidas da noção de dois mundos, de duas realidades. Desde que se atingem as vertentes das geresianas, um ser humano dissolve-se num outro «como uma gota de orvalho cintilante» - diria a meu poeta, assim como disse que às vezes Deus dá o sinal de que passa pelas trevas distantes, e tudo se imobiliza, cóleras, segredos, vento que desce da serra, ecos das torrentes, palavras que descem como torrentes, tudo - e um amor imenso paira e reconcilia todas as coisas. Velha amiga que é a terra, ela não nos decepciona, e poderemos durante milénios chamar nobre à raça humana. Se uma lágrima descer sobre estas linhas como um fio de prata, é porque existe consolação até ao último homem que por último desaparecer; quando a Terra rolar à volta do Sol, com noites e manhãs, e só talvez o lírio geresiano olhe e pense no seu seio de cinzas» (Porto, 25 de Junho de 1982).

Infelizmente, ainda não posso realizar uma análise filosófica exaustiva da obra de Agustina Bessa Luís, a maior romancista da língua portuguesa de todos os tempos, e é provável que nunca venha a realizar esse estudo, até porque não há em Portugal leitores inteligentes. Em Portugal reina a insanidade mental. Qualquer tentativa de escapar à loucura reinante é em vão: as palavras não encontram eco em mentes adormecidas e entorpecidas pelas forças da loucura. A primeira grande fatalidade de um ser inteligente é ter nascido em Portugal, o túmulo em vida de todas as individualidades que anseiam pelo seu alargamento e pela sua expansão. Agustina Bessa Luís nasceu fatalmente em Portugal, mas esta primeira fatalidade não é da sua responsabilidade. Se pudéssemos escolher a nossa nacionalidade de nascença, não escolheríamos nascer portugueses. Ser português é um estigma que se carrega para toda a vida. É uma tortura mental lidar todos os dias com criaturas burras e invejosas: os portugueses são especialistas em terrorismo íntimo e na arte de roubar a vida aos outros. Quem lida com portugueses deve saber que está a lidar com malvados. A posição de privilégio que a autora toma em relação às suas personagens "demasiado portuguesas" mostra que Agustina Bessa Luís soube distanciar-se dos portugueses, sugerindo a retirada das personalidades narcisistas da cena política. No entanto, a omnisciência que conquistou no universo literário perdeu-a no universo real da vida quotidiana: Agustina Bessa Luís rodeou-se de pessoas erradas que a levaram a tomar más decisões políticas e existenciais. A sua ligação ao PSD foi fatal para a recepção alargada da sua obra literária. A vida pública de Agustina Bessa Luís é uma sucessão de erros fatais: o PSD é uma espécie de buraco negro que suga a luz de quem se aproxima dele. A Direita não tem cultura: o PSD, o grande amigo das práticas de corrupção, sugou toda a luz de Agustina Bessa Luís, afastou os leitores cultos da sua obra, distanciou a sua vida pública do seu universo literário e não promoveu a sua obra no mundo, de modo a ser lida e admirada por um auditório universal e a garantir a entrega do Prémio Nobel da Literatura à sua autora. (Os portugueses não servem para nada, nem para ler obras!) Todos sabemos como a Direita reaccionária e inculta portuguesa reagiu à entrega do Prémio Nobel a José Saramago: Rui Rio recusou dar o seu nome a uma rua da cidade do Porto e Cavaco Silva não compareceu ao seu funeral. A Direita portuguesa é o coveiro da cultura. "Direita" e "Cultura" são duas palavras que não casam entre si: onde há Direita não há cultura e onde há cultura não há Direita, o que equivale a dizer que toda a cultura superior é de Esquerda. Para resgatar a obra literária de Agustina Bessa Luís das grilhetas incultas do PSD, é preciso conhecer muito bem a sua biografia: alguma coisa a coloca desde cedo na proximidade de um campo social nefasto, do qual a sua obra se distancia de diversos modos, usando diversas técnicas narrativas. Mas, para todos os efeitos, Agustina Bessa Luís não teve na vida real a coragem que demonstrou ter no seu universo literário: ela foi na vida real escrava de um sistema, provavelmente o sistema da "concepção masculina", com o qual o seu universo literário rompe: «A vida de família corrompe muito da originalidade humana». (Quem escreve uma tal frase deve estar cansado da estupidez da família! O arrependimento de ter constituído família?) É a própria autora que aponta aqui para uma fatalidade familiar. Jean-Paul Sartre escreveu duas belas obras, uma sobre Flaubert e outra sobre Jean Genet, nas quais pensa todas essas mediações, incluindo a mediação familiar. Algo semelhante deve ser realizado em relação à vida e obra de Agustina Bessa Luís: as homenagens ritualizadas e formais que lhe são prestadas pelos bajuladores malvados não acrescentam à sua imensa obra as determinações do conhecimento, as únicas que podem garantir-lhe a imortalidade da fama. Sei que esta tarefa teórica ultrapassa o universo mental português e, por isso, resolvi escrever este texto para dar a conhecer ao mundo a obra de uma escritora portuense chamada Agustina Bessa Luís. 

J Francisco Saraiva de Sousa 

domingo, 6 de maio de 2012

União Europeia: a Nova União Soviética

União Europeia
As pessoas que ontem criticavam a União Soviética são as que hoje reconstroem a União Soviética no espaço europeu. A União Europeia está cada vez mais semelhante à União Soviética, excepto no plano da qualidade do ensino: Bolonha desgraçou o ensino universitário. Os eurocratas são criaturas demasiado burras: eles vivem as suas vidas como se fossem os últimos homens. O Projecto Europeu tornou-se indefensável: ele é o suicídio do Ocidente Europeu. Os eurocratas e os gestores e políticos nacionais deviam ser condenados a viver com o salário mínimo. O governo português - a encarnação da maldade radical - só conseguirá legitimar a sua terrível política de empobrecimento quando os seus membros voltarem à escola para estudar como deve ser e souberem viver com o salário mínimo. É fácil decretar a pobreza dos outros, mas é mais difícil viver como esses outros empobrecidos à força da pseudo-fatalidade. Os membros do governo não são melhores do que os restantes portugueses; pelo contrário, são completamente inumanos e brutais: sejam coerentes uma vez na vida e vivam como os pobres que fabricam diariamente. Passos Coelho devia deixar os portugueses sorrirem como ele faz quando anuncia o crescimento galopante do desemprego. Pensando bem, os membros do governo devem ir todos para o desemprego. Quem deseja criar um país de pobres deve dar o exemplo: sejam coerentes uma vez na vida e vivam a pobreza resultante das vossas antipolíticas do desemprego e da vida precária. Afinal, um governo que planeia a pobreza é um gasto desnecessário, uma tremenda palermice, uma brutal perda de tempo. Política do empobrecimento é um oxímoro. Todos os economistas neoliberais portugueses que converteram a economia em "ciência da pobreza planeada" devem ser despedidos e condenados a viver com o subsídio social mais miserável e sem cuidados de saúde. A sua morte precoce seria uma bênção para Portugal: menos "gordura" de Estado, menos parasitas que falam a linguagem do grupo Jerónimo Martins, na expectativa de virem a receber ordenados pornográficos nesse e noutros grupos económicos e financeiros. 

sábado, 5 de maio de 2012

Questões Mortais

Porto: Casa da Música
Lendo e relendo algumas obras de Bertrand Russell, fui reconduzido aos velhos problemas da Filosofia. Algumas soluções são tomadas como evidentes quando, na verdade, elas não chegam a ser verdadeiras soluções. Para já constato que a análise lógica dos problemas filosóficos cria mais dificuldades à sua resolução do que favorece a sua clarificação: a obra de Russell vacila constantemente e muda frequentemente de posição, como o demonstra a sua posição vacilante em relação aos universais. Russell não conseguiu produzir uma filosofia coerente tal como a que foi produzida por Whitehead. Não vejo nisso um fracasso: as suas vacilações são sintomáticas e, nalguns dos seus conceitos, descobre-se um outro horizonte que não chega a tematizar. É precisamente naquilo que Russell mostra sem tematizar que reside o início da solução para os problemas que coloca. E isto que não foi tematizado pela filosofia analítica revela-se no falhanço total da obra de Thomas Nagel. Porém, mesmo com o conhecimento desse horizonte eclipsado pela filosofia analítica, devo reconhecer que a Filosofia realizou uma abordagem errada da mente. (As neurociências herdaram esses erros!) O confronto das diversas filosofias mostra os erros cometidos pela Filosofia ao longo da sua história. Em vez de capitular diante do império ideológico da ciência empírica, a Filosofia deve retomar a crítica da ciência. Esta crítica não deve tomar a forma de crítica do positivismo, porque, como crítica do positivismo, não deixa de ser crítica filosófica de uma filosofia: os alvos da crítica devem ser os empreendimentos teóricos - as teorias, os paradigmas, os métodos, etc. - das próprias ciências. A filosofia matemática de Russell fornece instrumentos preciosos à crítica da ciência, conforme demonstrei em dois seminários, um dedicado às relações entre matemática e estatística e outro ao teorema de Bayes. Nunca ninguém escreveu uma obra sobre a filosofia contemporânea à luz da sua crítica da ciência, talvez com excepção da Dialéctica do Esclarecimento de Horkheimer e Adorno: John Dewey retomou o pragmatismo de William James, invertendo a sua doutrina que surgiu inicialmente como um protesto contra a sobrevalorização da técnica e das ciências da natureza. De protesto a doutrina de James passou a ser usada como apologia da concepção científico-materialista do mundo. O meu conceito de filosofia é demasiado "imperial" para fazer dela uma auxiliar da ciência: a crítica da ciência deve ser levada a cabo não tanto para ajudar a ciência a superar as suas dificuldades, mas sobretudo para nos ajudar a revelar o mundo. Estou convencido que, depois disso, já não poderemos ser materialistas ou realistas ingénuos: a memória está aí para mostrar o fracasso do programa reducionista e materialista.  Mas, para alcançar uma nova visão do mundo, pelo menos uma visão mais lúcida do mundo, é necessário levar a cabo a crítica radical da ciência, até porque o idealismo não é uma filosofia absurda. O caminho será solitário porque, como tenho demostrado diversas vezes, vivemos num mundo despovoado de seres inteligentes e cultos: a mediocridade generalizada tomou conta de todas as esferas da sociedade e da cultura. A Filosofia confronta-se com a escassez não só de filósofos dignos deste nome como também de leitores inteligentes. A barbárie ameaça a cultura, confinando-a ao espaço das bibliotecas e fazendo dela cultura morta: o mundo pode terminar a qualquer momento sem que se tenha invertido a direcção da barbárie em marcha. O animal-homem - o animal humano metabolicamente reduzido - tornou-se um problema histórico e político. 

J Francisco Saraiva de Sousa

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Esplendor do Futebol Clube do Porto

O Futebol Clube do Porto é campeão
 e desfruta de prestígio mundial
Viva o Futebol Clube do Porto!

Há um clube "português" que não sabe perder e que responsabiliza os outros pelas suas derrotas. Não admira o seu vício congénito de recorrer à ajuda de juízes mentalmente estreitos para tentar vencer na secretaria aquilo que não conquista dentro das quatro linhas. Afinal, foi forjado na chama do fascismo salazarento. Não vale a pena nomear o maldito encarnado. Não tem história, não tem prestígio, não tem honra, não tem moral, não tem dignidade. Responsável pela idiotice nacional que nos priva da via do desenvolvimento, o clube sem história é a vergonha nacional personificada, cujo "delírio de grandeza" é insano, digno de ser hospitalizado num asilo de alienados mentais e de figurar num manual de psiquiatria: "grandeza" sem currículo! Mete nojo o maldito saloio de boina encarnada que se habituou a procurar a ajuda dos árbitros para vencer! Ser portista é estar acima desta mediocridade visceral. Deixa de seguir os vencidos: alia-te à tribo vencedora do dragão azul. Angola e Moçambique já se renderam ao charme do dragão azul. Ninguém de perfeito juízo segue o eterno derrotado no seu discurso patologicamente mentiroso. Viva o Futebol Clube do Porto! Viva a verdade desportiva, a verdade do jogo! Viva a saúde mental no futebol! Abaixo o fascismo desportivo dos mentirosos encarnados!

Aforismos contra os mentirosos encarnados:

1. A inveja não conquista taças. O invejoso encarnado não tem taças; tem veneno e maldade. O Futebol Clube do Porto é, todo ele, uma enorme taça de ouro: a sua cultura desportiva é a da vitória, não a de jogos fraudulentos de bastidores. 

2. Já não há paciência para os derrotados malvados! Parecem hienas em busca de carne podre nos gabinetes dos juízes e dos ministros. Recuso-me a dialogar com pessoas que perderam o juízo.

João Moutinho, jogador à Porto

3. Os malvados encarnados falam da "verdade desportiva" para defender um conjunto de mentiras desportivas. Será que pensam que os outros são tontos como eles? Um conselho: recorram à ajuda psiquiátrica para curar a vossa doença.

4. Os portistas não são malucos como os "adversários". Um país confrontado diariamente com tanta maluquice pública, suportada pela arbitrariedade de alguns juízes ofuscados pelas suas hormonas encarnadas! Portugal acorda, porque chegou a hora de internar os malucos encarnados.

Bi Happy

5. O "adversário" encarnado só é "glorioso" na loucura. E ainda por cima pensa que a sua loucura prestigia o futebol português no mundo. "A Bola", já chega de tanta loucura malvada e provinciana.

6. Eu nunca daria o meu consentimento a um dirigente desportivo que deturpa as imagens para se vitimizar. Odeio a mentira encarnada forjada na chama do fascismo! Uma mão cheia de mentiras não tem nada entre os dedos: ela própria é uma mentira. E mentira em excesso é patologia.

7. Abaixo os mentirosos compulsivos! Viva a saúde mental! Viva a saúde desportiva!

8. Os malucos encarnados mentem tanto que já não são capazes de ter percepções sadias dos jogos e dos lances. A sua visão está cativa de um cérebro patologicamente mentiroso.

9. A vossa alma mentirosa e invejosa está doente, gerando constantemente delírios de glória passada que carecem de denotação. As vossas vitórias passadas são fraudes fascistas.

Just Bi - 2010-11, 2011-12

10. Malditas ratazanas de esgoto que criaram uma jaula no Estádio das Trevas para engaiolar os adeptos dos clubes adversários! O espírito fraudulento e fascista dos encarnados revela-se completamente nesta criação da jaula. O solipsismo encarnado é totalitário e os seus resultados desportivos - conquistados com a ajuda do Toni Salazar e de fantasmas de árbitros defuntos (Calabote, por exemplo) - são masturbações totalitárias. A cultura do Futebol Clube do Porto é uma cultura da liberdade, portanto, uma cultura avessa a jaulas e a túneis. O Futebol Clube do Porto não precisa de jogos escuros de bastidores para vencer: a mentira, a calúnia, a corrupção, a difamação, o discurso patológico, os jogos escuros de bastidores, os comportamentos de perseguição, as agressões, a destruição do património alheio, o choramingar no ministério da administração interna, as denúncias furtivas, o controle da comunicação social, a deformação da informação, a deturpação das imagens, os insultos, a invenção fantasiosa do passado, a intimidação, a violência desportiva, a contagem errada de taças, as tentativas de controle das instituições desportivas, a difusão abusiva de vídeos falsificados, a mania de grandeza e muita estupidez, a deformação mental e visual, a aversão à auto-crítica, o ódio pela responsabilidade, todas estas práticas encarnadas de falsificação dos resultados desportivos são estranhas à alma portista. A cultura do Diabo Encarnado é uma cultura do terror, e, tal como os talibãs no Afeganistão, alguns dos diabos encarnados desejam liquidar os adversários. A alma encarnada é fanatismo alucinado e doentio.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Revolution Now


Nos muros e nas paredes das cidades europeias começa a surgir a palavra "REVOLUTION" (Revolução). Abaixo os gestores e os banqueiros! Viva a Revolução! Abaixo o capitalismo! Lutemos contra o capitalismo! (Below managers and bankers! Long live the Revolution! Down with capitalism! Let us fight against capitalism!)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

José Seguro, Inseguro e Sem Projecto

José Seguro, o actual "líder" do PS
Não vou comentar a actual deriva do PS, até porque não há nada para comentar: a Esquerda entrou em crise profunda, não só em Portugal mas também em toda a Europa. António José Seguro, em vez de apresentar uma alternativa política ao actual governo que está a "matar" com prazer os portugueses, propõe mudanças de estatutos do PS e persegue os deputados socialistas que desejam sonhar: vive para dentro sem se preocupar com o destino de Portugal. Enfim, Portugal é um navio a afundar-se. A Esquerda já não consegue contrabalançar o afundamento planeado pelo governo de Passos Coelho ou de Vítor Gaspar. Afinal, quem é o Primeiro-Ministro deste governo sadicamente orientado? Passos Coelho ou o Ministro das Finanças? Pensando bem, nem vale a pena saber! Em Portugal, nada muda: os pobres serão eternamente pobres e os ricos, eternamente ricos. 

quinta-feira, 29 de março de 2012

Congratulations Porto


... For European Best Destination 2012 Awards!

O Porto cativa e encanta o mundo. Viva o Porto, capital do mundo! Mais uma razão para lutarmos pela nossa independência e para nos libertarmos do estigma de ser português! Afinal, somos portuenses, cidadãos da Cidade-Estado chamada Porto! O Porto é a nossa pátria!

sábado, 24 de março de 2012

O Mal de Portugal

Porto: Rua da Reboleira
O descobrimento do mal - o mal existe! - marcou toda a filosofia de Sampaio Bruno, cuja peça-chave é a dialéctica do bem e do mal. Raul Brandão que o acompanhava nas suas deambulações filosóficas pelas ruas nocturnas do Porto, provavelmente à luz do óleo ou do gás, reteve estas palavras suas que nunca mais esqueceu:

Sampaio Bruno: «- Escusam de procurar... a nossa ruína não vem dos políticos nem do regime. Mudaremos o regime e ficaremos na mesma. O mal é mais profundo; o mal é da raça.»

Um dos amigos: «- A raça? Mas com esta raça descobrimos o mundo! ...»

Sampaio Bruno: «O mal é da raça. Se quisermos modificar o País, temos de fazer exactamente o mesmo que se faz com os cavalos, temos de mandar vir homens do norte, ingleses, escandinavos ou suecos, e de montar aqui e além postos de cobrição.» (Raul Brandão, Vale de Josafat)

Ironia portuense? Não sabemos se Sampaio Bruno proferiu estas palavras que lhe foram atribuídas por Raul Brandão, mas elas convencem os espíritos esclarecidos: o mal de Portugal são os portugueses! Infelizmente, esta é a grande verdade: Sem renovação genética - e sem uma revolução radical que liquide as pseudo-elites nacionais - Portugal não tem futuro! Afinal, quem de perfeito juízo quer jogar golfe com os "cagalhotos entalados" que dão rosto às elites portuguesas do poder? Pena não existirem anacondas gigantes a sair dos buracos para os devorarem! Malditos ladrões que nem sequer os répteis os conseguem digerir!

J Francisco Saraiva de Sousa

terça-feira, 13 de março de 2012

Prós e Contras: O que falta cumprir?

Cidade do Porto
Em Portugal, alguns sabem aquilo que deve ser feito para conquistar o futuro, mas os decisores políticos adiam por tempo indeterminado a efectivação dos planos adequados de desenvolvi-mento e, quando os realizam, já é tarde demais: a corrupção política instalada nos aparelhos de Estado - no sentido de Althusser - bloqueia a sociedade portuguesa, condenando-a a um atraso estrutural jamais superado em qualquer período histórico.

«A lógica, por si só, permanece exangue e estéril; não nos traz qualquer fruto do pensamento, se o pensamento (informado) o não conceber por outro lado». (John de Salisbury)

Ando muito ocupado à procura de um livro que deve estar algures perdido nalguma secção da minha biblioteca: quero escrever sobre a Sé-Catedral do Porto, para a colocar entre as grandes catedrais da Europa Medieval, mas o livro teima em esconder-se, obrigando-me talvez a comprar outro se ainda estiver à venda nas livrarias. Com esta desculpa pretendo mostrar o meu desencanto com o teor do debate Prós e Contras de ontem (12 de Março). Sempre que um debate desperta a minha curiosidade intelectual arranjo tempo para o meditar. Mas o debate sobre o que falta cumprir do acordo da troika deixou-me perplexo e preocupado: Carlos Moedas (Secretário de Estado), Eurico Dias (PS) e Pedro Reis (AICEP), três figuras mais novas do universo político português, desiludiram-me com a sua falta de experiência de vida, com a sua perda do bom-senso, com o seu conhecimento lacunar e com a sua insensibilidade social. Foi Basílio Horta (PS) que salvou o debate da "guerrinha medíocre" entre Eurico Dias e Carlos Moedas, com o último a acusar os "socialistas" de lhe darem "tiros". (Mas como é que Eurico Dias pode dar tiros se ele não sabe manejar a arma da crítica? Ai, onde está o PS de outros tempos, o PS de Mário Soares?) Ficámos a saber que existe uma guerra - mais precisamente uma troca de tiros - no seio do actual governo chefiado pelo Ministro das Finanças, já que Passos Coelho se auto-demitiu das suas funções de Primeiro-Ministro: a demissão do Secretário da Energia foi o primeiro sinal da desagregação do governo, aguardando-se já a queda do Ministro da Economia. (A todo-poderosa EDP, de olhos chineses, manda no governo!) Se não fosse a astúcia dialéctica de Basílio Horta, a voz do PS teria sido silenciada por Eurico Dias, cujo cérebro carece de vocação política e de cultura de Esquerda. Em síntese, o discurso de Carlos Moedas foi o seguinte: Como Portugal viveu acima das suas possibilidades, agora os portugueses "têm de sofrer", o governo deve ser duro a implementar o programa de ajustamento imposto pela troika, comportar-se como "bom aluno", prestar vassalagem a Angela Merkel e levar a cabo o empobrecimento do país, porque "não há dinheiro", "não há alternativa". Enfim, a recessão e a pobreza são inevitáveis: Carlos Moedas apelou ao consenso nacional em torno da pobreza e da miséria. O caminho da pobreza foi apresentado como o único caminho para abolir o problema que é a existência de Portugal. Pedro Reis que é mais papista do que o Papa, aconselhou os portugueses a silenciar as suas vozes e a aceitar resignadamente o empobrecimento. (Afinal, quem quer investir num país empobrecido, entregue materialmente a homens insensíveis, mais preocupados com o seu destino pessoal do que com o destino nacional, e espiritualmente ao segredo dos deuses?) Eurico Dias esteve quase sempre ausente do debate, porque, quando intervinha, introduzia novos elementos extraterrestres, sem saber do que se falava. Basílio Horta revoltou-se contra o discurso do consenso e defendeu a crítica, mostrando que há dois caminhos: o caminho do crescimento e do emprego, o caminho do PS, e o caminho da consolidação orçamental sem perspectiva de futuro, o caminho seguido pelo governo de Direita açoitado com vara curta pelo Ministro das Finanças. Pouco mais há a dizer sobre este debate, aliás um debate sem história!, a não ser o seu desenlace. Basílio Horta aproveitou a última intervenção de Carlos Moedas, onde o Secretário Adjunto remeteu o futuro para o segredo dos deuses, para confirmar a sua suspeita fundamentada: Afinal, o governo não tem "horizonte de esperança". Carlos Moedas ficou sem palavras! Lá no fundo ele também não deve apreciar a anti-política orquestrada pelo Ministro das Finanças!

J Francisco Saraiva de Sousa