Experiência do Túnel |
Hoje resolvi explorar o tema da morte e das experiências de quase morte no Facebook para afastar algumas criaturas indesejáveis. Eis alguns fragmentos de lucidez:
Nada é mais eficaz para afastar pessoas indesejáveis do que os momentos de lucidez: a maioria tende a ser zombie e foge do pensamento como o diabo da cruz. Querem rir mas rir de quê? Da sua vida vazia e idiota?
O Facebook não é saudável para pessoas que sofram determinadas perturbações mentais, como por exemplo a depressão: a identidade virtual adoptada pode assumir uma dimensão egocêntrica exagerada que não corresponde ao perfil da pessoa na vida real. O resultado desta clivagem é um perfil absolutamente tirânico e intolerante. A vida online é alienação.
Há uma hipótese metafísica que merece ser pensada para clarificar a questão da morte: Conceber Deus como memória infinita que alienou a sua majestade quando criou o mundo. Nesta perspectiva, a nossa identidade individual não morre, dado participar da memória infinita de Deus. Porém, coloca-se outro problema: conservamos a nossa individualidade ou submergimos na memória divina? Esta hipótese é sedutora porque livra Deus da responsabilidade pelo mal do mundo: Deus-memória infinita é "impotente"; ele aguarda que o homem o resgate.
Por que sou tão irónico? Herdei a ironia de Sócrates, provavelmente. Porém, tenho outra justificação: a ironia é o meu modo de ser entre os mortais. E por vezes a minha ironia tem uma tonalidade agressiva: ao partilhar a hipótese metafísica - Deus-memória-infinita - com os moçambicanos, fui lúcido confrontando-os com a inutilidade de uma memória colonial destruída. A ironia dissolve mundos e cria outros mundos mais saudáveis. Gosto de rir dos homens e da sua caducidade!
Amo almas metafísicas e, se todas as almas que conheço estivessem a salvo da morte, não desejaria coabitar com elas noutra dimensão: Que inferno de eternidade seria "viver" com essas almas fragmentadas e idiotas!
Vou usar outra imagem para retratar a nossa existência virtual: o nosso perfil é por vezes possuído por estranhas criaturas que na vida real exorcizaríamos. Este fenómeno de possessão virtual deve-se talvez à fome do nosso ego e corremos o risco de explodir de tanto inchar.