segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O meu regresso à blogosfera

Porto at night
A irracionalidade das sociedades ocidentais - em especial da sociedade portuguesa - espanta-me. Os gregos diziam que o espanto estava na origem do conhecimento, mas o espanto que se apodera do meu núcleo existencial confronta-me com a escassez de palavras adequadas para nomear todos os aspectos irracionais das sociedades contemporâneas. Encontrar as palavras adequadas para nomear as irracionalidades das nossas sociedades constitui a primeira tarefa a ser cumprida por uma nova Filosofia: os vocabulários de que dispomos estão esgotados. Dizer a verdade da irracionalidade de um mundo cada vez mais global exige um novo vocabulário. Não é fácil operar uma mudança de vocabulários. Tenho ensaiado alguns novos vocabulários, mas ainda não descobri o vocabulário mais adequado para dizer a verdade. Estou demasiado familiarizado com a tradição do pensamento ocidental para introduzir uma brecha nela, a partir da qual posso renovar o próprio pensamento filosófico. Em Filosofia, nada é radicalmente novo: o novo vocabulário que procuro encontra-se já presente nas entrelinhas da obra de Karl Marx. Actualizar o pensamento de Marx é emprestar-lhe um novo vocabulário que implica a reformulação do projecto político do marxismo. A filosofia contemporânea perdeu-se em jogos de linguagem alienados do mundo. Há mundo: este facto deixou de espantar os filósofos contemporâneos que se refugiam em palavras mágicas para encontrar "soluções" para problemas que não são reais. A filosofia-masturbação mental causa-nos perplexidade: Há mundo, há seres humanos completamente alienados do mundo. Eis a causa da nossa perplexidade: elaborar uma filosofia-mundo para quem? Olhamos em nosso redor e não encontramos audiência: os humanos desapareceram da face da Terra. Hoje a Filosofia não tem audiência: o capitalismo destruiu a humanidade dos homens, reduzindo-os à sua animalidade. O capitalismo é inimigo da cultura: lá onde ele se instala a cultura morre. A teoria filosófica permanece fiel a Marx: a crítica pressupõe a crítica da economia política; as categorias filosóficas fundamentam-se em categorias económicas. Guerrilha filosófica: eis como designo este meu regresso à blogosfera.

J Francisco Saraiva de Sousa 

5 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os portugueses fracassaram como pais: os filhos que lançaram ao mundo são animais que gritam nas escolas, esses antros de poluição sonora. As raparigas comportam-se como prostitutas e os rapazes são completamente imbecis.

A guerrilha filosófica nomeia os bois pelos seus nomes. Há muitas P e bois mansos em Portugal!

Jorge Willian disse...

Belo texto. Curto e contundente.Como nos faz pensar o mestre alemão, é necessário transformar o mundo, mais do que teoria é necessário a práxis, ainda mais nesse tempo de pós-modernismo que tanto nega o ser, mas que ajuda a manter firme e forte o ser (alienado ser) do capital.

Jorge Willian disse...

Desejo um bom regresso e que se faça por longos anos. A importância deste blog sempre percebi e a postura guerrilheira filosófica hoje é ainda mais fundamental.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Obrigado, Jorge Willian! Precisamos de lutar para sair deste caos global!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Há monstros no mundo, não os monstros que atormentam a imaginação das crianças mas sim o monstro capitalista que tudo devora!