«Os refractários eliminam-se. Ou aplaudir e ser cúmplice, ou protestar e ser vítima» (Guerra Junqueiro). O último "Prós e Contras" (30 de Julho de 2008) foi dedicado ao debate destas questões: "Que estratégias para Portugal?, Como é que o país deve enfrentar a crise internacional?, Quais as estratégias mais acertadas?, Os grandes investimentos públicos devem ser cancelados?". O ministro da economia, Manuel Pinho, defendeu os investimentos públicos agendados pelo governo socialista, liquidando os governos anteriores e a oposição de Direita com os argumentos da défice herdado, do não-crescimento económico (somados abaixo de 0) e da aquisição dos dois submarinos, e Jorge Costa deu rosto à posição negativa do actual PSD, exigindo aquilo que nunca garantiu enquanto esteve no poder: "rigor". Em termos estritamente partidários, o PS venceu o debate: Manuel Pinho defendeu bem as políticas do governo e mostrou que o PSD foi um dos principais responsáveis pela actual situação de miséria em Portugal. É evidente que os governos do PSD nunca tiveram uma estratégia nacional e têm grande responsabilidade na actual crise do ensino e da educação: o PSD é um partido populista talhado exclusivamente para a conquista do poder. O seu peso no Norte é nefasto para os interesses do Norte: a humilhação do Norte e, em especial, do Porto, deve-se muito aos lideres regionais do PSD. Portugal precisa de um novo partido de Direita esclarecida, capaz de anular as duas forças políticas que ocupam esse espaço.
Apesar das conceptualizações enigmáticas de José Manuel Moreira, o debate foi muito pobre e escasso em ideias e em conceitos, o que só por si responde à questão colocada por Fátima Campos Ferreira: Portugal é sistematicamente reduzido a Lisboa e esta carece de ideias. O PSD não tem e nunca teve quaisquer estratégias verdadeiramente nacionais e as que estiveram em discussão são as do governo socialista. A estratégia dos governos de Cavaco Silva foi dirigida exclusivamente para Lisboa e a sua "raça mourisca": o PSD do Porto apoiou. A noção de "Bloco Central" ou de pseudoconvergência dos interesses promove a corrupção nacional, cujo resultado é a democracia cleptocrática, com traços marcadamente neofascistas e nazis, judicial e juridicamente defendida. Ora, diante deste marasmo nacional, podemos retomar um conceito de Nietzsche: o super-homem, ou melhor, o sobrehumano, e aplicá-lo ao caso português. Precisamos afastar-nos de todas as entoações falsas e provocadoras de confusão e de desvio que soam na opinião pública alimentada por criações masturbatórias perversamente imaginadas por jornalistas metabolicamente reduzidos e venenosos. Não se trata de superdimensionalisar o homem português ou de criar uma nova espécie de homem, mas de ir para além da portugalidade vigente desde a fundação de Portugal: trazer o homem português para a sua essência ainda pendente, isto é, ainda não realizada. Este projecto exige uma reforma radical e antropologicamente purificadora da educação e da justiça, bem como a regionalização. Infelizmente, o 25 de Abril não cumpriu a sua missão histórica: a sociedade portuguesa pós-25 de Abril consumou o socialismo capitalista de Estado. O domínio, o poder e a exploração são cada vez mais adquiridos por modos mais mediatos e mediatizados. Isto significa que a supressão da dominação e a completa auto-gestão da sociedade socializada são um mito. A democracia cleptocrática portuguesa resultante desse processo pseudorevolucionário socializou o individualismo, transforma e neutraliza todos os ataques e protestos, integra perversamente toda a crítica, emascula e reconhece as revoltas parciais, e suprime a diferença entre verdadeiro e falso, entre liberdade e não-liberdade. Seguiu o "meio-termo" e contribuiu para a mediocridade dominante: o pensamento único e o politicamente correcto constituem a ideologia das novas classes dirigentes.
Tanto João Ferreira do Amaral como alguns participantes da plateia foram unânimes em reconhecer o carácter estratégico do chamado Plano Tecnológico de José Sócrates, o qual merece maior transparência e aprofundamento. De facto, este é e foi o único projecto nacional de desenvolvimento proposto pelos governos pós-25 de Abril. Manuel Moreira lamentou a existência de duas social-democracias: uma a "diesel", a do PSD, e outra a "gasolina", a do PS. Ora, neste debate, tornou-se evidente a falsidade desta visão: o PSD é um partido sem ideologia, isto é, um partido que usa todas as artimanhas para conquistar o poder sem verdadeiramente governar no interesse nacional. Embora diga ser um partido muito enraizado no Porto, o PSD esqueceu que o Norte e o Porto não fazem parte das chamadas estratégias nacionais. Por isso, diz defender as "classes médias", isto é, os funcionários públicos que se concentram na região de Lisboa. De facto, essa é a sua "matriz popular" e populista: alimentar as classes médias criadas manhosamente após-25 de Abril, as quais são incapazes de revitalizar Portugal. Círculo vicioso da corrupção e da degradação da vida nacional, na medida em que se tornou um ciclo do vício que estrangula Portugal: o da corrupção e da mediocridade, plasmado no caso "Apito Final" e na imaginação incendiária do Benfica, cujos "adeptos" incendiaram um autocarro da claque do FCPorto, aquando do jogo de hóquei em patins, sem que o Procurador Geral da República nomeasse um procurador adjunto imparcial para averiguar o que se passa em Lisboa, como fez com os casos dos (pseudo)crimes da noite do Porto e do falso "Apito Dourado", uma conspiração saloia contra o mérito e a competência desportiva do FCPorto e do seu dirigente, conspiração que conta com dois novos aliados: o miserável clube de Guimarães e o "calhau uéfico" dotado de um par de olhos, uma penca e uma bocarra do tamanho de uma fossa de detritos fecais.
A menos que sejam efectivamente muito "burrinhos", os portugueses não se deixam mobilizar facilmente por estratégias que visam exclusivamente o desenvolvimento de Lisboa e do Algarve: o novo aeroporto, o TGV e o "turismo da alimentação" não vão enriquecer o país no seu todo, mas apenas as áreas referidas. Isto significa que não há uma estratégia nacional e, por isso, as restantes regiões têm o direito de reclamar pela sua autonomia e dizer não ao poder central. A ligação via TGV Porto/Lisboa não interessa o Norte; em vez dessa ligação anómala e não desejada, o Porto deve lutar pela sua autonomia e pela sua ligação à Galiza. Se a Espanha constitui o exemplo a seguir, como foi referido pelos participantes neste debate como a grande referência-padrão, então Portugal deve caminhar aceleradamente para a regionalização e o Porto deve exigir autonomia, tal como a que impera na Madeira e nos Açores. O Porto não pode permitir que os seus magistrados, os seus agentes policiais de autoridade, os seus intelectuais, os seus empresários e as suas gentes sejam constantemente humilhados pela capital saloia: os portuenses devem unir-se e protagonizar um projecto único de autonomia. As diferenças partidárias devem ser superadas, porque os actuais partidos são máquinas de conquista do poder central que anula os interesses nacionais e regionais. Voltaire escreveu que Pangloss, isto é, Gottfried Leibniz, "estava no meio da sua frase, quando o Familiar fez um sinal com a cabeça ao seu serviçal que lhe servia a beber vinho do Porto ou de Oporto": o terramoto de Lisboa obedecia ao princípio segundo o qual "tudo corre pelo melhor no melhor dos mundos possíveis". Isto significa que, diante do desastre de Lisboa, devemos festejar, bebendo um cálice de vinho do Porto, porque Deus assim o desejou. Hoje diríamos que o Professor Pangloss já sabia que Lisboa promove incendiaria e burocraticamente na secretaria a corrupção, vitimizando todos aqueles que a denunciam com mérito.
Lisboa exibida constantemente nestes programas, bem como em todos os canais de TV, é uma náusea: ausência total de ideias e de "sangue novo". O programa foi pura náusea, muito enfadonho e excessivamente saloio: as mesmas pessoas, as mesmas ideias, a mesma linguagem economicista, o mesmo optimismo dos mesmos empresários da "era da informação", os mesmos temas eternos, enfim as mesmas mentiras. Uma excepção ajudou a compreender a essência do debate da estratégia de Lisboa: o "mestre de cozinha" convidado revelou o segredo do novo turismo, aquilo a que chamarei o turismo metabolicamente reduzido, dando coerência ao novo discurso nacional sulista. "O século XXI é, como disse, o século da alimentação": os turistas não planeiam as suas férias em função dos monumentos históricos ou da cultura do país que pretendem visitar, mas em função dos seus restaurantes. São turistas do gosto. Na sua visão muito de acordo com o espírito dos tempos metabolicamente reduzidos, a gastronomia é a grande arte das massas do século, a "arte do gosto" superior à escultura e à pintura, não no sentido kantiano do termo, mas no sentido do paladar e do estômago sulista devorador: os turistas são aquelas criaturas que viajam para longe em busca de "boas refeições". As rotas turísticas converteram-se em rotas gastronómicas e, segundo este brilhante lusopensador do gosto culinário sulista, todas elas levam ao "ALLGarve" e a Lisboa. Afinal, os portugueses têm um futuro: estudar numa escola de hotelaria do Sul ou requalificar-se em hotelaria e servir, de algum modo, os turistas, satisfazendo-lhes o gosto estomacal. A culinária é a grande oportunidade de Portugal: o mar foi um equívoco, porque os portugueses sempre foram cozinheiros, hoteleiros e serviçais. A função de Portugal é servir e agradar o sentido do gosto dos estrangeiros. Portugal é uma imensa cozinha, cujos caminhos conduzem a Lisboa, a capital do plano culinário nacional, e ao ALLGarve, onde se concentram as indústrias culinárias que pressionaram a capital para construir o aeroporto na margem sul. Falta apenas incentivar politicamente a indústria da prostituição, a aliada da sociedade metabolicamente reduzida e do turismo da alimentação, de resto acarinhada por certos sectores da chamada (in)justiça. O exemplo da Holanda pode inspirar essa estratégia nacional.
Portugal cozinheiro, Portugal do Sul: eis a grande estratégia nacional de afirmação da alma sulista e do seu pensamento gordo. Desta ideia de um novo Portugal gastronómico, talvez resultante da crise da educação e da regressão mental e cognitiva predominante, surgiram as restantes ideias: o novo aeroporto e o TGV, as "estradas" que facilitam a afluência de turistas metabolicamente reduzidos. Lisboa governa, não só com impostos, mas também com uma nova orientação sulista e mourisca: o sentido do gosto, cuja rentabilidade e eficácia serão optimizadas pelos investimentos nas novas energias e nas indústrias farmacêuticas. Sim, porque os turistas podem fazer uma intoxicação alimentar ao devorar peixe, vaca ou boi portugueses e, nessa situação, é preciso tratá-los bem para que regressem nos próximos anos. A necessidade de garantir estes tratamentos justifica a construção de novos hospitais. "Coma Vaca Portuguesa": eis o lema publicitário da nova campanha nacional no mundo. "E não tema uma intoxicação alimentar, porque temos os melhores profissionais e cientistas do mundo". De facto, nós portuenses nunca tivemos vocação para ser serviçais da escória turística! Lisboa orienta-se na direcção do Sul, olhando para Marrocos; nós desejamos o Norte da Europa. Viva o Porto autónomo e distante de Lisboa!
Será preciso apresentar mais testemunhos ou indicadores nacionais que atestem a incapacidade cognitiva construtiva dos sacerdotes canibais e incendiários de Lisboa? Abra os sentidos à evidência. Tudo em Portugal pode ser lido como sintoma dessa imbecilidade canibal, que tudo faz para manter o país fechado na sua mediocridade. Políticos, empresários, juristas e magistrados, funcionários públicos, professores, jornalistas, enfim todos os portugueses, cada um no seu posto, revelam esta incapacidade inata e, por isso, o país não avança nem sonha: os seus ritmos são meramente metabólicos. Desde o 25 de Abril, as políticas da educação são simplesmente terríveis. A reforma do entendimento lusíada é eternamente adiada. E os que foram abençoados por Deus à nascença não conseguem escapar à luso-inveja mourisca que tudo devora sem explodir em luz. J Francisco Saraiva de Sousa
62 comentários:
Sabe de quem é culpa desta situação, Francisco ?
Do Afonso Henriques !
Se o gajo tivesse ficado a norte do Mondego expandindo-se para a Galiza em lugar de rumar ao Al-Gharb, hoje teria um Portugal muito mais de acordo com as suas reinvidicações, e o sul entregue ao rei de Marrocos !
:))
Manuel
O debate foi de tal modo pobre e néscio que resolvi ironizar. Com excepção das energia eólicas, não temos estratégia nacional, nem reordenamento do território. Todos falam a MESMA língua em função dos seus interesses privados: pequenas variações do MESMO. :(
Reordenamento ??
Quer dizer que temos um "ordenamento" ??
Estratégia ?!
Então e a Comissão Europeia é paga para quê ??
;))
Manuel
Aí no Algarve as pessoas deviam estar preocupadas, porque estão em vistas de se converterem na sala de turismo da alimentação de Lisboa e dos turistas do gosto.
O caos territorial está em todo o país... :(
Aliás, o país devia isolar Lisboa = poderes centrais e fazer uma nova revolução. Assim não vamos a nenhum lado...
Manuel
Deixei de acreditar na União Europeia e, mesmo nesse aspecto, Portugal é submisso aos interesses das grandes potências europeias. Porquê Durão Barroso? Faz o jogo desses paises... :(
Acrescentei Voltaire. :)
" em vistas de... " ???
Há quanto tempo o Francisco não visita o litoral algarvio ??
Há quanto tempo isto não é mais que uma sala de visitas e respectivo serviço de copa, bar e quarto ?
:))
A minha referência á UE era uma semi-ironia, como bem entendeu, claro! No contexto macro-económico a que resolvemos aderir, quaisquer estratégias internas que se definam serão sempre marginais. A autonomia económica não existe quando as decisões que lhe importam são externas. Num contexto tipo UE, um governo é mero gestor de empresa.
Sei isso e também sei que os empregados dos restaurantes preferem ir para Espanha onde ganham mais dinheiro do que em Portugal.
Era: "em vias de...".
O turismo não é uma estrutura sólida e estável e Portugal não deve tropicalizar-se...
Manuel,
Não sei há quanto tempo mora no Algarve e, todavia, não concordando com a "estratégia" que ingressou nos anos 80, antes disso, o Algarve era uma região paupérrima de Portugal e, se não estou errada, até a mais pobre. O Algarve não poderia ser, ou continuar a ser apenas, um paraíso de estrangeiro rico. Há ainda muita coisa por fazer e outras tantas coisas por remediar, de mal que foram feitas, mas creio que é uma região com muito potencial: só faltam ideias e espírito! Acho o povo algarvio quase ou nada empreendedor: espera pelos 3 meses de Verão para fazer dinheiro e está feito. :(
Francisco:
Pois tb me pareceu que seria em vias de...mas tb passava em vistas...:)
Papillon:
São muitas questões as que deixa em meia dúzia de linhas. E todas elas igualmente pertinentes. Mas mesmo sem entrarmos por considerações sobre a riqueza relativa de épocas passadas, o essencial da questão está sintetizado no comentário do Francisco: o turismo não é uma estrutura sólida...A meu ver, e do que conheço da história das regiões que se têm especializado no Turismo, mais cedo ou mais tarde os turistas acabam por as deixar apeados e de calças em baixo. Por isso turismo como complemento, concerteza, mas como especialização e actividade principal, lamento mas não o acho factor de riqueza e de sustentabilidade nem pensar.
Quanto ao empreendedorismo algarvio ( o que será hoje um algarvio ?? ), e embora confesse a minha dificuldade em aceitar que possa haver quem dele possa falar pior que eu, há ainda assim algumas questões práticas que o condicionam fora do turismo e que não são ligeiras. O preço do imobiliário inflaccionado pela pressão turistica, é uma delas. Se conseguir encontrar uma propriedade agricola no Algarve à venda por valores amortizáveis em 25 anos com único recurso à rentabilidade da actividade agricola, avise-me que estou interessado.
;)
Sobre as riquezas ou pobrezas passadas, prometo-lhe um post logo que tenha vagar. Mas se não tiver paciência para esperar pode procurar " O Algarve Oriental, 1 e 2 " de Carminda Cavaco.
;)
Manuel,
Muito obrigada pelo seu esclarecimento. Concordo que o turismo não deva ser sector sustentáculo de uma economia. Mas repare que desde a nossa união solene com a Europa, o que poderia prover o Algarve, a agricultura e a pesca, têm vindo a decair. Ou seja, os algarvios preferem alugar casas, a trabalhar a terra ou ir para o mar, porque fazem o que lhes rende muito mais! E é uma lástima porque se há terra bendita é a do Algarve - dá de tudo! :) E uma consequência disso, problemática, é a desertificação, a região interior do Algarve, e o Manuel pode-nos elucidar sobre isso, é um deserto verde: andam-se quilómetros e quilómetros sem viv'alma! :/
Ah! E quanto a essa pergunta: o que será hoje um algarvio... essa pergunta deve ser respondida, porque o Algarve tradicional ou pré-invasão turística, deve ser conservado, nem que seja sob a tutela do turismo cultural.
O mais irónico nisto tudo é que muitas das iniciativas para recuperar o Algarve poético, para lá do Algarve sintético, é mesmo por parte dos nórdicos que moram aí há anos...
Boa Noite amigos
Só cheguei agora e estou exausto. E muito triste por ver Portugal a mergulhar em terrenos estranhos, sem luz. :(
Ando chocado com tanta droga a ser queimada publicamente por estudantes universitários: haxixe, mais haxixe e mais haxixe. Até eu sou obrigado a respirá-lo.
Deu-me uma ideia Francisco. Onde há o melhor haxixe? Marrocos! Pois que plantar droga é uma boa aposta para o Algarve: clima ideal e abastecia o país todo, sem termos que atravessar o estreito de Gibraltar. ;)
Aguardente de medronho e canabis de sonho.
Manuel: slogan possível? eheh ;)
Eu narro os comportamentos que observo: só filmando iriam compreender a mensagem. Não sei o que se passa no país mas é estranho.
Até os espanhóis fazem turismo sexual no Porto! Desisto de procurar compreender o que se passa... e muita prostituição. Por vezes, as pessoas comentam que alguns andam no negócio da droga, mas outros prostituem as mulheres.
E o Francisco é um excelente narrador! Avançar numa de realizador, pode comprometê-lo, deixe-se estar.
Os espanhóis vão comer as portuenses, ou *utas brasileiras e de leste?
Há um blog de uma *uta portuense muito conhecida.
Sei lá o que comem: devem ser omnívoros. Há uma confluência de línguas e etnias diferentes e, quando isso ocorre, temos cloaca comportamental.
Conhece aí em Lisboa as estudantes universitárias que se prostituem? É assim Portugal... Donde vem o dinheiro? Do emprego? Bábá..., não evidentemente...
ui... deve-se subentender alguma desinfecção racial e étnica?
Cada macaco no seu ganho! :)
Não, não conheço. Já falámos sobre isso e eu n tenho natureza para artista porno e/ou meretriz e tenho aversão de quem tenha. O corpo e a vagina em particular são sagrados, minhas meninas.
Mas sim, sei que existe porque são noticiados esses casos, n conheço é directamente.
É o desemprego e a vontade de tirar estilo e de consumir que levam a estas situações, além dalguma tara genética.
Desta vez, deixarei de lado a habitual petulante alfinetada com que vou pontuando meus comentários, focarei apenas a minha concordância com uma boa parte do seu post, com a seguinte colherada:
...sempre suspeitei que por detrás de toda da marota vulgaridade das letras de Quim Barreiros (que pela sua generosa musical alegria merecerá sempre um "bem haja" da minha parte) se escondiam reveladores sinais de natureza profética, ouso ir mais longe, Quim Barreiros é, provavelmente, o Bandarra dos tempos modernos. O trovador que nos seus temas Mestre de Culinária, Bacalhau à Portuguesa, Chupa Teresa, Cabritinha e Padeiro, só para citar alguns exemplos, não só definiu os próximos grandes desígnios nacionais, como soube sintetizar e expressar o actual zeitgeist luso, nos seus gostos e nas suas expectativas - é uma caldeirada sem precedentes, bons estômagos (vulgo bons garfos) tudo comem, o melhor tempero, popularmente se diz, é a fome, e não há nada que um copo de vinho não ajude a engolir. Meus caros, nada há temer, Portugal é um paraíso de mesa posta, de comensais e serviçais, cuja organização social, tão estável como um banho-maria, está primorosamente assente nas atávica teoria hierárquica dos tachos - haja ou não bananas entre as coisas públicas - tornar-se um destino turístico, como toda a gente sabe, é apenas o fim natural de todos os paraísos na terra. Brindemos a isso, mas dificilmente será com aguardente de medronhos ou licor de poejo, pois a última vez que atravessei a serra algarvia, era mais fácil encontrar um xarro de haxixe do que um copo de qualquer uma daquelas bebidas; quando por fim encontramos uma tasca onde nos servissem, ainda vencendo a desconfiança de que fossemos agentes ou bufos da A.S.A.E., a aguardente de medronhos estava disfarçada de Grants, o licor poejo de Pisangambom. Meus caros, Portugal tornou-se sem dúvida um país gastronómico, até nas formas da sua clandestinidade.
Tornem-se pois habilidosos nos vossos dotes culinários, e não se esqueçam das sábias palavras :
"Eu sou mestre de culinária e sei enfeitar a travessa vou comprar uma panela de pressão para ver se eu cozinho mais depressa"
Bons refugados e Bon Appétit ;)
:D
Adorei!
«Portugal é um paraíso de mesa posta, de comensais e serviçais, cuja organização social, tão estável como um banho-maria, está primorosamente assente nas atávica teoria hierárquica dos tachos - haja ou não bananas entre as coisas públicas - tornar-se um destino turístico, como toda a gente sabe, é apenas o fim natural de todos os paraísos na terra.»
Eu tenho dotes culinários e outros, por isso acho que conseguirei sobreviver... ;)
E Z. é fácil arranjar aguardente de medronho e licores de várias frutas! O Algarve é um paraíso, tem é que sair do circuito turístico convencional. Ir até ao interior, visitar os agricultores..., não é Manuel? ;)
Caro (Z)
Concordo que "Quim Barreiros é, provavelmente, o Bandarra dos tempos modernos": o nosso futuro parece estar na arte da culinária. O sonho de Portugal tornou-se num pesadelo: a hotelaria. O mar serve unicamente para bronzear!
Falando a sério, apreciei o seu comentário: ainda não perdemos a ironia tão mal compreendida por alguns homens cinzentos da capital. :)
Algo que eu gostaria muito de ver aprofundado por cá seria o turismo literário, com roteiros mais consistentes que os que já existem. Manuel Teixeira Gomes, Teresa Rita Lopes, Nuno Júdice, João de Deus, António Aleixo, Lídia Jorge, entre tantos, mas tantos outros... Seriam mais que nomes de ruas, escolas, fundações ou bibliotecas.
Coisa boa entretanto: a ciclovia! Ainda não se lhe sente sequer o cheiro, mas eu estou desejando, porque adoro andar de bicicleta!
Denise
Turismo literário? Nunca ouvi falar disso, mas gosto de aprender. Ensine-me... :)
É natural que nunca tenha ouvido falar. A designação correcta seria Turismo Cultural, mas é demasiado abrangente para aquilo que eu queria especificar. Existem os chamados roteiros literários. Agora já sabe do que falo, certo?
Certo, embora não simpatize com nenhuma noção que vise comercializar a cultura: cultura-mercadoria é cultura destituída deautonomia e de espírito. Por isso, não posso aceitar esses conceitos de turismo cultural ou literário. Cultura colonizada! :(
Não passa pela comercialização... Passa?!
Por outro lado, parte do mundo culturais a que acedemos passa precisamente pela comercialização: concertos, livros, exposições... Os artistas têm na arte o seu ganha-pão, senão terminam como a cigarra da famosa fábula. E nem todos têm a sorte de um Ramos Rosa, não é?
O nosso mundo não é, definitivamente,um mundo perfeito.
Claro, Denise, os artistas tiveram sempre de ser "subsidiados": ora pelas cortes, ora pelos mecenas, ora pelas instituições, ora pelo público. A cultura compra-se e vende-se. E o nosso país é muito alheio a este fenómeno. Apenas Lisboa oferece um cartaz mais ou menos razoável.
Denise
Não estou a referir o facto dos artistas precisarem de trabalhar e ser remunerados. Todos precisamos.
Referia-me à autonomia da cultura. Reduzi-la a um bem de troca tira-lhe a transcendência e neutraliza a negatividade do seu mundo: integra-a no processo de consumo. Malroux aflora este aspecto no museu imaginário, mas sobretudo Adorno e Marcuse tratam da mercadorização da obra-de-arte.
Aqui no Porto a Casa da Música ou o Museu Serralves ainda oferecem espectáculos livres de encargos, tornando a arte acessível ao grande público.
E poderia falar do Teatro Nacional de S. João ou do Teatro Nacional Carlos Alberto: ambos prestam bons serviços à cultura aqui no Porto. E muito acessíveis...
É Malraux.
Isso é um paradoxo interessante: nunca a arte esteve tão acessível - bibliotecas on-line; música roubada via net; o "museu imaginário", ou seja, através da fotografia, temos acesso às obras plásticas dos artistas reproduzidas em papel, ou digitalizadas, em vez de as percepcionarmos ao vivo; e, no entanto, a involução cultural acontece. Será que a massificação é contrária à essência da arte?
E têm o Rivoli explorado por esse grande gestor de massas: Filipe La Féria.
Claro que a massificação é contrária à essência da arte, sobretudo quando o sistema de educação falhou completamente.
Por acaso n concordo com a acessibilidade dos espectáculos performativos em Portugal: o teatro, a música, a dança estão caros.
Há noites de promoção e preços similares aos das salas de cinema. E penso que existem convites... Aliás, os teatros que referi estão a criar e a educar o público e investem nas escolas, mas estas falham porque os professores não sabem preparar os alunos.
O Rivoli é um sucesso comercial, penso...
Qualquer teatro cuja tutela é do Ministério da Cultura, como os que referiu, têm os chamados "serviços educativos", vocacionados para crianças e jovens, que funcionam mais ou menos bem, dependendo do teatro em particular. O problema, por vezes, é que os projectos educativos, eles mesmos, n têm grande qualidade, são directivas impostas que eles se limitam a executar sem grandes ideias, é considerado "menor" do ponto de vista da programação geral.
E, depois, é como diz, os educadores n preparam a visita cultural, acabando, a maior parte das vezes, a morrer no vazio.
Cá em baixo há alguns eventos também de total acessibilidade, sobretudo ao nível da música e do teatro.
Acompanho o último comentário da P. acerca da falta de trabalho (preparação e avaliação) das visitas culturais que efectivamente se perdem no vazio...
Um imprevisto do tipo melga está a atrasar a publicação da segunda parte da "poética da casa": em Portugal existem muitos homens-melgas. :(
Porém, vou madrugar para ter o post feito: estou a decidir se vou ser pedagógico ou simplesmente eu. Qualquer dia resolvo explicitar a negação determinada e confrontar-se, em termos de metodologia, com a dialéctiva.
Homem-melga ou mulher-melga-cola-chaga?!
:))))
Ya, Denise, é isso mesmo. :)))
Ótimo texto! Li-o agora com calma :)
Disse bem: os turistas metabolicamente reduzidos querem apenas os restaurantes das cidades que pretendem visitar. Trata-se de um rebanho repleto de gostos gastronômicos infinitos:) As coisas estão feias...
O turismo metabolicamente reduzido é mais uma expressão da tragédia capitalista reinante.
André
Estive a ver uma entrevista de Medina Carreira, um especialista de economia, que está muito pessimista. Tudo aquilo que ele disse, eu tenho dito aqui: justiça da merda, educação da merda, economia da merda, jovens da merda, políticos da merda, etc. Ele prevê pobreza crescente com muito "ruído": tumultos sociais.
O mundo ocidental vai implodir!
Ele deixou de dar aulas porque os alunos eram uns "merdas", ignorantes, analfabetos, enfim uns burrecos que já não protestam, mesmo com o futuro hipotecado. Ele disse que daqui a dez anos isto é uma miséria... Um monte de mentiras e a comunicação social é um cancro.
O que se passa em Portugal é preocupante: já não podemos acreditar nos altos magistrados de Lisboa. A justiça é injustiça e vingança ao serviço de interesses escusos. Portugal é uma merda: a corrupção é total e transversal. Portugal é ingovernável: o povo é muito ignorante e o novo-riquismo é uma doença.
Deve ser igual no Brasil, suponho.
Depois do 25 de Abril, os ignorantes apoderaram-se dos centros de decisão nacional, sem preparação e cheios de rancor. E têm governado de modo péssimo: destruiram tudo e hipotecam o país para manter os seus privilégios adquiridos. Sacrificam o futuro de Portugal para manterem o seu padrão de vida ridículo. O povo está pobre mas é incapaz de perceber que o sistema de consumo irracional é insustentável. Também anseia pela falsa riqueza.
A economia administrada pelos economistas está a destruir o ocidente: a sua linguagem e cálculos é morte certa.
Francisco, também acho que o mundo ocidental vai implodir. Na realidade a destruição já está ocorrendo.
O protesto autêntico é cada vez mais raro e freqüentemente confundido com apologia do ressentimento. Atualmente, toda a pessoa sensível e atenta aos sintomas da modernidade- ou seja, realista- é considerada pessimista.
Os universitários parecem zumbis. Só querem saber das drogas que os deixam em estado de permanente alienação.
Sinceramente, acho que no Brasil a situação é pior do que em Portugal. Os problemas daqui têm a mesma extensão territorial do país...
É isso: já estamos em declínio acelerado e ninguém quer ver os sinais.
Este pensamento tira-me o ânimo, porque sinto e vejo esse declínio louco todos os dias. Que podemos fazer? A democracia é uma mentira!
Sempre penso no que podemos fazer para não aumentar a extensão da "merda".
Não encontro respostas. São poucas as pessoas que pretendem mudar o lastimável statu quo.
Diagnosticar os males da atualidade talvez seja o primeiro passo em direção à mudança.
Violência, morte, guerra ou revolução: tudo acontecimentos que não podemos controlar mas que sempre renovaram as sociedades ao longo da história.
A paz aparente que vivemos é similar ao desenvolvimento do cancro: instala-se silenciosamente, sem grandes sinais e vai crescento até ser tarde. Será assim com o ocidente e o mundo: o sonho da riqueza foi plantado pelo capitalismo tardio e, quando as pessoas ficarem mesmo pobres e detectarem que os ricos estão mais ricos, irão sentir-se enganadas, sobretudo as das classes médias e inferiores, e nessa altura recorrem à violência: disparar para matar! As revoluções verdadeiras não se controlam.
Catástrofes naturais também ajudam a renovar e a mudar: podemos ser as suas vítimas ou os seus sobreviventes. Também não interessa; importante é deixar o futuro liberto e morrer com a arma nas mãos, à la Spengler.
Nós em Portugal não precisamos de mais auto-estradas, de mais um aeroporto, outra ponte sobre o Tejo, do TGV e de outras infraestruturas: Precisamos de educação verdadeira, de cultura e de transparência.
Não precisamos de todos os canais de televisão ou de tantas telenovelas, não precisamos de tantos jornais e semanários, não precisamos de jornalistas, enfim tudo o que se faz é um erro terrível. Precisamos de escolas e de universidades limpas, sem os medíocres que as dominam. Portugal é uma mentira total.
Acho que vou ver um filme de terror. :)
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