quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Futebol Clube do Porto

Os nossos rivais e inimigos recorrem a um imaginário zoológico em vias de extinção e demasiado óbvio: O Benfica é simbolizado pela águia, um animal estúpido, e o Sporting, pelo leão, um animal preguiçoso. Ambos são herdeiros da estirpe maldita e ambos soçobram na agonia da noite. O Dragão Azul vigia-os de perto e triunfa. A sua promessa cumpre-se e cá estamos nós a conquistar novamente a Europa, com passos firmes e triunfais na Liga dos Campeões.
Nós, os dragões azuis, somos a profecia que se auto-realiza. Contra tudo e todos, somos vitoriosos e não há macaco que nos vença, mesmo com o recurso aos meios de comunicação social, afundados na infertilidade pessoana e no seu universo sem fundo e triste, e com a ajuda «legal» dos vampiros, que maquinam em quartos escuros actos malignos. O nosso poeta não é Camões ou Fernando Pessoa, mas Georg Trakl, o profeta da nova humanidade azul.
O Outono do Solitário
Volta o escuro outono cheio de fruta e opulência,
Brilho amarelado dos belos dias de verão.
Um puro azul emerge de capa em decadência;
O voo das aves traz ecos de lendas ao serão.
Pisadas estão as uvas. Na tranquila ambiência
Pairam leves respostas à velada questão.
Aqui e além há cruzes em colinas sem gente;
Na florestas de fogo um rebanho ainda erra.
A nuvem passa sobre o lago transparente;
Descansa o gesto calmo do homem da serra.
A asa azul da noite roça levemente
Um telhado de palha seca, a negra terra.
Em sobrolhos de cansaço aninham-se já estrelas;
Em frias casas entra um surdo cumprimento
E anjos saem silenciosos de janelas
Azuis - olhos de amantes em doce sofrimento.
Sussurram canas; e um horror ósseo nasce delas,
Quando salgueiros orvalham gotas negras num lamento.
Ou então: Sonho e Anoitecer do Espírito
«Oh, estirpe maldita. Quando todos os destinos se consumam em quartos tocados de mácula, entra na casa a Morte com passos de podridão. Ah, se fosse primavera lá fora e um pássaro cantasse alegremente na árvore em flor. Mas o parco verde nas janelas dos filhos da noite seca e fica cinzento, e os corações em sangue maquinam ainda actos malignos. Oh, os caminhos primaveris das meditações crepusculares do solitário (...)».
A Filosofia do Futebol Clube do Porto cumpre-se na azulidade da noite, em cada jogo e aparição, sem invocar o defunto Salazar. Ao contrário dos seus arqui-inimigos, o FCP nasceu sem mácula, num berço azul como o Céu. Daí o nosso desprezo pelas maquinações lisboetas que consomem canibalisticamente Portugal, sem o projectar no Mundo. De Portugal o Mundo só conhece o Vinho do Porto, o F.C.Porto, a Casa da Música, a Ribeira e a Fundação Serralves, embora comece também a despertar para o São João do Porto.
Dispensamos os comentários venenosos de Rui Santos no canal SIC Notícias e as ambiguidades de Rui Moreira na RTPN. Ou é portista ou não é, mas fazer o jogo da comunicação social corrompida e falsificadora dos clãs de Lisboa não é uma atitude inteligente, capaz de repor a verdade no futebol nacional. Verdade? A do Apito Lisboeta, Encarnado e/ou Verde! A do Apito Salazarista que prolongava os jogos para além dos 90 minutos para que o Benfica vencesse ou marcasse mais um golo! Ou a do Apito Financeiro! A corrupção está sediada em Lisboa, sempre foi assim desde que se tornou capital da desgraça nacional.
VIVA O PORTO, a Cidade Invicta e o Clube Invicto, símbolo da regionalização e da autonomia.
J Francisco Saraiva de Sousa

3 comentários:

Helena Antunes disse...

Gosto muito da cidade do Porto e visito-a com alguma regularidade!
Mas no futebol: viva o Benfica!!!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Respeito a sua preferência clubística.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Contudo, devo lembrar-lhe que ser do Norte e amar o Norte não se coaduna com uma preferência por um clube de futebol de Lisboa: O Benfica ou o Sporting não são símbolos do Norte de Portugal e não dinamizam a economia do Norte. Não nos trazem mais-valias; pelo contrário, tiram-nos mais-valias sem nos recompensarem.
É como a RTP: emagrece o centro do Norte a favor de Lisboa. Afinal, a RTP não é um serviço nacional, mas lisboeta. Lisboa empobrece-nos e nós devemos reagir: a riqueza produzida no Norte deve ficar no Norte.