segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Escola do Porto Revisitada

«Nestes últimos meses, a cidade do Porto, que representa o norte do país, tem manifestado verdadeira simpatia pela nossa sociedade devido ao entusiasmo de algumas almas que sonham estimular e orientar, num sentido superior e definido, as acordadas energias da Raça. /E este movimento de simpatia a favor da Renascença revela as qualidades organizadoras do norte. Será o norte, portanto, que edificará, sobre as ruínas da monarquia que o sul gloriosamente derruiu, a Democracia Lusitana. /Por isso, o Porto é o berço da Renascença, o lugar carinhoso e natal onde desabrochou para criar raízes em toda a terra portuguesa. /As manifestações da Câmara Municipal e do Centro Comercial mostram bem o que acabamos de afirmar: a plena identificação do Porto com a Renascença e o seu programa». (Teixeira de Pascoaes)

«O absoluto é dos poetas e o relativo é da ciência. O sábio observa, analisa, decompõe; o filósofo generaliza, dá o conjunto; o poeta dá o significado anímico das coisas, a sua própria natureza». «O inimigo da poesia não é o sábio verdadeiro, mas o pseudo-cientista, muito pedante do que imagina saber oficialmente. Ser homem é já ser poeta ou possesso duma grandeza misteriosa». «A essência das coisas, essa verdade oculta na mentira, é de natureza poética e não científica. Aparece ao luar da inspiração e não à claridade fria da razão». «Em todo o poeta verdadeiro existe um filósofo adormecido, como existe um poeta adormecido em todo o verdadeiro filósofo. O poeta filosofa depois de cantar e o filósofo canta depois de filosofar». (Teixeira de Pascoaes)

Já publiquei diversos textos sobre a Escola do Porto. Uso esta expressão para designar uma escola de pensamento - sobretudo filosófico - em língua portuguesa, sediada na Cidade Invicta. Não a associo apenas ao nome de Sampaio Bruno: atribuo-lhe um âmbito mais vasto, de modo a abarcar todo o pensamento filosófico e científico e até mesmo os movimentos artísticos que emergiram no Porto. Eis alguns dos links mais importantes:

1. Escola do Porto e Antropologia Existencial. (A exegese apresentada neste texto é «violenta», mas absolutamente legítima: conservo a mesma chave de leitura ou chave hermenêutica.)

2. Leonardo Coimbra, Filósofo Portuense. (Leonardo Coimbra fundou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde foi professor de Filosofia: a sua obra é integralmente filosófica.)

3. Guerra Junqueiro e Fernando Pessoa. (Este texto permite apreender a génese da Escola do Porto, a partir da Renascença Portuguesa. Porém, a questão da génese da filosofia portuense é muito mais complexa, se pensarmos no contributo decisivo e ímpar de Sampaio Bruno. Usei a expressão filosofia portuense para quebrar o feitiço do pensamento português, a falsa identidade. )

4. Porto Filosófico. (Texto importante para compreender a génese da Escola do Porto e a estrutura geral da filosofia portuense.)

5. Guerra Junqueiro: Poesia e Filosofia. (Foi a partir desta conferência internacional que decidi iniciar o estudo do pensamento dos ilustres portuenses.)

6. Guerra Junqueiro: O Projecto da Trilogia Poética. (Analisa aspectos da obra de Guerra Junqueiro que tinham sido negligenciados no estudo anterior, mas a chave de leitura permanece a mesma, tendo sido reforçada.)

7. Teixeira de Pascoaes e o Sentido da Vida. (A controvérsia entre Teixeira de Pascoaes e António Sérgio merece ser revisitada.)

8. Jaime Cortesão: Historiador da Nacionalidade. (Este texto é um resumo muito esquemático de um trabalho mais extenso.)

9. Jaime Cortesão e os Descobrimentos Portugueses. (Membro da Renascença Portuguesa, pelo menos durante um certo período da sua vida, Jaime Cortesão permite apreender histórica e culturalmente o âmbito universal da Escola do Porto.)

10. Teixeira de Pascoaes: Materialismo e Clericalismo Científico. (Com este texto liberto o pensamento de Teixeira Pascoaes do preconceito provinciano sulista.)

11. D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto. (Infelizmente, não cheguei a concluir este texto. Refiro-o para mostrar o âmbito vasto da matriz portuense, tal como a concebo.)

J Francisco Saraiva de Sousa

2 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

"Escola do Porto" é uma boa entrada para ter acesso a outros textos - aqui no blog!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Aqui no Porto não suportamos a Ministra da Cultura: um autêntico calhambeque açoriano! Um horror total! :(