domingo, 6 de abril de 2008

A Tribo do Dragão Azul

O Futebol Clube do Porto consagrou-se hoje (5 de Abril de 2008) tricampeão nacional e, por isso, merece um hino de louvor cantado pelo maior poeta grego. A Papillon sugeriu a 1ª Ode Olímpica de Píndaro e com a aprovação do Manuel Rocha. Eis as últimas estrofes desta primeira Olímpica do poeta Píndaro que cantou as vitórias melhor que nenhum outro, na bela tradução de Maria Helena da Rocha Pereira:

«(...) "Um grande risco não arrasta
um homem cobarde. Para quem tem de morrer,
porque há-de consumir em vão, sentado à sombra,
uma velhice apagada,
sem provar quanto há de belo? Tenho em frente
este prémio; concede-me a tua ajuda amiga".
Assim falou, e não foram vãs suas palavras. O deus, para o exaltar,
deu-lhe um carro de ouro
com cavalos alados, que não conhecem a fadiga.

Superou a força de Oinómaos e desposou a donzela.
Gerou seis condutores de povos, seis filhos
que ardiam em qualidades.
Agora está presente aos esplendorosos sacrifícios
cruentos, reclinado junto ao curso do Alfeu,
num túmulo muito visitado, perto do altar
que mais hóspedes recebe. Brilha ao longe
a glória de Pélops, nas lides Olímpicas,
onde se disputa a rapidez da corrida, a audácia da força.
O vencedor goza, para o resto da vida,

uma ventura doce como o mel, graças aos prémios.
Um bem que se não perde acompanha os mortais até ao fim.
A mim me compete coroar
o ilustre patrono, em ritmo equestre e melodia eólia.
Creio que as pregas gloriosas dos meus hinos
jamais adornarão hóspede, ao mesmo tempo
mais apreciador da beleza e poderoso em força.
Um deus, teu protector,
vela por ti, Hierão, é esse o seu cuidado. E se não te deixar já,
espero que mais doce te será ainda

celebrar tua vitória no carro veloz, indo à colina de Cronos
eminente, encontrar o caminho digno do teu encómio.
Para mim a Musa prepara com energia
as setas mais potentes.
Há umas maiores que as outras; no cimo de tudo,
as dos reis. Não olhes para mais longe.
A ti te seja dado passar o tempo a trilhar as alturas,
e a mim juntar-me aos vencedores,
espalhando a minha arte por toda a Grécia».
De facto, estas belas estrofes mais parecem dirigidas ao Presidente ilustre e invicto do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa, que, agraciado pelo deus, tem conduzido sabia e prudentemente este clube portuense às vitórias consecutivas, quer ao nível nacional, quer ao nível internacional, festejadas pela tribo do Dragão Azul, sempre enriquecida pelos ingressos de mais crianças e jovens de todas as partes de Portugal e do mundo.
Este ano, a cinco jogos do fim do campeonato nacional, já somos tricampeões e o espectáculo está a ser maravilhoso na cidade do Porto e em todas as cidades portuguesas: Pinto da Costa é um grande líder nacional! A nossa vitória é, neste momento de guerra psicológica e pseudo-legal conspirada em quartos escuros por pessoas cobardes e dirigida contra o FCPorto e o seu dirigente máximo, de modo a privilegiar ilicitamente no próximo campeonato o Benfica, uma denúncia da mediocridade perversa da "justiça" feita a partir de Lisboa. Nenhum político conhecido é tão ilustre quanto o dirigente do FCPorto. Pinto da Costa tem mais de 50 mil pessoas a gritar por ele no Estádio do DRAGÃO e outros largos milhares por todo o país, incluindo a Madeira e os Açores. Qual é o dirigente nacional ou membro do governo que reúne todo este mar de gente ALEGRE? Nenhum! A política nacional está desacreditada, porque os políticos se corrompem visivelmente cada dia que passa nos ecrãs da TV, completamente alienados e indiferentes ao pulsar do povo: perderam PODER e recorrem ao aparelho repressivo do Estado (tribunais e polícias) para o conservar. Porém, o poder está na rua. Basta um líder carismático e eis as lusomáfias de Lisboa no limbo!
Viva o FCPorto! Viva Pinto da Costa! Viva a tribo do Dragão Azul! Viva Portugal liberto da corrupção e da cleptocracia instalada em Lisboa! O Porto é a salvação da nação portuguesa!
J Francisco Saraiva de Sousa

20 comentários:

lp disse...

«Qual é o dirigente nacional ou membro do governo que reúne todo este mar de gente ALEGRE?»



Até parece que o Francisco não sabe! É o Jorge Coelho, que conseguiu mobilizar e reunir, ainda há pouco tempo, «milhares e milhares» de pessoas num pavilhão desportivo do Porto. Pinto da Costa ainda tem muito que aprender com pessoas como os «Coelhos do Campo» (e os Pintos de Sousa): não se deve afrontar o poder com bairrismos, clubismos ou provincianismos, mas deve-se sim fazer alianças com o poder e ocupar lugares com influência política e económica, por forma a que, mais tarde, o poder retribua, agradecido, determinados favores (passados, mas também futuros). Só pela construção de pontes (de diálogo e de entendimento) se pode ambicionar ser poder e ser poderoso.
Agora, o que é preciso saber é se aquela gente alegre, tanto num caso como noutro, não é antes gente alienada. Enquanto o circo do futebol e o circo da propaganda funcionarem bem, é garantido que essas pessoas não reclamarão por qualquer justiça nem se preocuparão com os verdadeiros problemas sociais e de Portugal, mas simplesmente alinharão com a voz dos grandes líderes (grandes mestres na «arte» de desviar as atenções dos problemas reais e de reais conflitos de interesses).
Como o «grande» sportinguista Jorge Coelho disse outro dia na «Quadratura do Círculo», é preciso lutar contra a corrupção que se instalou no futebol, pois só assim as pessoas poderão voltar a assistir com prazer aos jogos da liga portuguesa - que perante a suspeita de estarem viciados afastou as pessoas (ele inclusivé) dos estádios. Ele não o disse, mas penso que o seu «afastamento» do programa da SIC também tem que ver com questões relacionadas com apitos - com os apitos de futuros comboios e de carros vindos do Barreiro em direcção a Lisboa... É preciso combater a corrupção, por forma a que pessoas como o Coelho não abandonem o convívio com as massas... para se aproximarem do convívio com a massa.
O poder está na rua, de facto: contra a destruição do SNS e contra a destruição da escola pública. Mas o circo também se instalou na rua, como as «manifestações» dos super-dragões e grupos ou tribos similares revelam.

lp disse...

«Viva o FCPorto! Viva Pinto da Costa! Viva a tribo do Dragão Azul! Viva Portugal liberto da corrupção e da cleptocracia instalada em Lisboa! O Porto é a salvação da nação portuguesa!»




"A miséria «FUTEBOLÍSTICA» constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. «O FUTEBOL» é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. «O FUTEBOL» é o ópio do povo.
A abolição «do FUTEBOL» enquanto felicidade ilusória dos homens é a exigência da sua felicidade real. O apelo para que abandonem as ilusões a respeito da sua condição é o apelo para abandonarem uma condição que precisa de ilusões. A crítica «do FUTEBOL» é, pois, o germe da crítica do vale de lágrimas, do qual «o FUTEBOL» é a auréola.
A crítica arrancou as flores imaginárias dos grilhões, não para que o homem os suporte sem fantasias ou consolo, mas para que lance fora os grilhões e a flor viva brote. A crítica «do FUTEBOL» liberta o homem da ilusão, de modo que pense, atue e configure a sua realidade como homem que perdeu as ilusões e reconquistou a razão, a fim de que ele gire em torno de si mesmo e, assim, em volta do seu verdadeiro sol. «O FUTEBOL» é apenas o sol ilusório que gira em volta do homem enquanto ele não circula em tomo de si mesmo.
Consequentemente, a tarefa da história, depois que o outro mundo da verdade se desvaneceu, é estabelecer a verdade deste mundo. A tarefa imediata da filosofia, que está a serviço da história, é desmascarar a auto-alienação humana nas suas formas não sagradas, agora que ela foi desmascarada na sua forma «sagrada-futebolística». A crítica da «festa futebolística» transforma-se deste modo em crítica da terra, a crítica «do FUTEBOL» em crítica do direito, e a crítica «do FUTOBOLÊS» em crítica da política."

Fernando Dias disse...

Reforço aqui o que disse no post anterior, associando-me a este hino de louvor. Celebremos pois este acontecimento com grande amizade e fraternidade.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

lp

A sua paráfrase do escrito do jovem Marx é curiosa, mas pouco correcta: abandona a verdade histórica do texto de Marx e converte-se em apologia do sistema nacional de corrupção. O futebol não é a fonte da corrupção, mas o seu branqueamento ou, usando as suas palavras, o desvio intencional, logo perverso, da atenção das pessoas da real fonte desse problema. Da crítica do futebol não se vai a lado algum: o máximo que poderia dizer é que certos políticos procuram carreira no mundo do futebol para "enriquecer". Mas esse não é o caso do FCPorto.

Quanto ao seu primeiro comentário, julgo não o ter compreendido: Faz a apologia de Jorge Coelho! Além disso, a intervenção do Jorge Coelho nesse programa foi mais de denúncia da existência de uma dupla-justiça: a desportiva da Liga e a "criminal". Aliás, até Pacheco Pereira foi por esse caminho!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Fernando Dias

Obrigado por partilhar o sentido deste hino de louvor. Pelo menos ontem, as pessoas mostraram alegria e, como sabemos, essa expressão é muito rara na face dos portugueses, de Norte a Sul.
O lp pode dizer que é de curta duração, mas no que refere ao futebol não é. A sociedade é complexa e precisa de válvulas de escape para fazer frente ao stress permanente. A festa é uma dessas válvulas! E a festa do Dragão também tinha uma dimensão política: a manifestação de um sentimento profundo de reprovação da falta de transparência da vida política nacional.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

lp

Estou cansado dessa terminologia: bairrismos, clubismos e provincianismos. Soam-me a defesa do centralismo. Todos esses fenómenos podem ser lidos como a expressão de um desejo de autonomia ou de regionalização! Ninguém usa esses termos, excepto os centralistas que pensam assim: Quem não é centralista, é bairrista! Pura ideologia da manutenção do poder centralizado!

Anónimo disse...

Antes de mais parabéns por mais este campeonato!
Sou do Benfica mas convivo diariamente com o maior e mais querido Portista que conheço, que é o meu filho!
Mas acho que neste seu Post de duas uma, ou está brincar ou quer branquear os actos do Sr. Pinto da Costa.
Falar-se em corrupção e simultaneamente dar vivas a Pinto da Costa, deve ser para o texto ficar mais divertido para alem da sua felicidade de ver o FCP novamente campeão, bem assim com dizer “O Porto é a salvação da nação portuguesa!”.
Acho que para qualquer pessoa inteligente a nação portuguesa já tem idade suficiente para não precisar de ser salva e depende tanto qualitativamente de Lisboa como do Porto, Braga, Faro, Beja, Santarém etc.
Mais uma vez parabéns, mas acho que quanto a mim exagerou nas considerações adicionais à vitoria do FCP.
Parabéns também por este seu BLog, em que o conteúdo deste seu Post foi uma pequenina mancha na qualidade elevada do mesmo!

André LF disse...

Parabéns ao FC Porto, a seus dirigentes e torcedores! Francisco, torço pelo São Paulo Futebol Clube, um time que se destaca pela competência dentro de campo e também fora dele. No Brasil, creio que o São Paulo FC é equipe que possui a melhor estrutura e a mais competente administração. Píndaro foi uma bela escolha! IP está muito ressentido. O "futebol é o ópio do povo", mas também é uma arte que merece respeito. Um fenômeno tão complexo como o futebol não deve ser alvo de unilateralismos ideológicos e posturas maniqueístas.

E. A. disse...

Anti-tretas,

Entenda as ovações últimas como uma epifania conturbada do caríssimo Francisco! Tb concordo consigo: Deus nos livre de sermos "salvos" pelas gentes ambiciosas e materialistas do Norte! Comem demasiada carne... :)))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Anti-Tretas

Já trocamos impressões no seu blogue que leio com prazer frequentemente.

Primeiro: Não sou a favor de nenhuma independência. Defendo moderadamente a regionalização bem feita. Se Lisboa nos governasse bem, nem da regionalização precisávamos, porque somos um país pequeno e unido! Mas Lisboa, entenda-se o poder político centralizado, está a desiludir e mostra muita corrupção, daquela referida aqui pelo lp num comentário anterior: usar o poder público para benefício privado/pessoal, estabelecendo pontos ilícitas entre o poder político e o poder económico. Isto é corrupção!

Segundo: Parte do pressuposto não demonstrado de que Pinto da Costa é corrupto. No sentido estrito do termo, não foi corruptor!
Digo mais: o caso do Major Loureiro também não é evidente. Tenho lido os jornais e acompanhado a TV. Numa entrevista dada a Judite de Sousa, foram exibidos algumas "escutas telefónicas". Não escutei nada de suspeito! Linguagem forte? Isso é corrupção?

Terceiro: Pinto da Costa é efectivamente um grande dirigente desportivo: a sua OBRA mostra-o até à exaustão. O FCPorto funciona como um colectivo solidário, com liderança forte e musculada. Boa organização que lhe foi dada por Pinto da Costa. Inteligência organizacional excelente! Em vez de o difamar por inveja, seria melhor imitarmos a sua coragem e pô-la em prática nas escolas, universidades, hospitais, empresas (já a têm...), no trabalho, enfim na família e na vida. Desse modo, criando colectivos solidários e competentes, podemos libertar Portugal das suas misérias e abrir as portas do futuro.

Abraço e outro para o seu filho por ser membro da tribo do dragão azul. :)))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Aliás, destruir Pinto da Costa significa condenar o nosso futebol e a nossa visibilidade como NAÇÃO no Mundo! Não sei quem o possa substituir com a qualidade a que ele nos habituou e com a sua imensa ironia que as pessoas não percebem, infelizmente! O melhor é aproveitá-lo enquanto anda entre nós!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

André

Obrigado! Vou passar a torcer pelo seu São Paulo Futebol Clube. Nós temos bons jogadores brasileiros no Porto e muitos adeptos brasileiros radicados aqui na city. Dão muita vida às bancadas do estádio do Dragão!
Há pessoas que não percebem que o futebol tem a sua dimensão identitária e de libertação! :)

Papillon

Hummm...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Papillon

Um adepto do Dragão mostrou-me uma figura bordada ou "colada" nas vestes tribais, além dos slogans e das canções "tribais": Um Dragão a ir ao Cu-ração da Águia! Estúpido mas com muita graça! boa imagem!

E. A. disse...

N são vocês que dizem "até os comemos"-- é a mesma imagem.
:)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Papillon: É tudo uma grande metáfora!

E. A. disse...

ya, ya...
vocês comem tripas, e nós sardinhas e alface... :)))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Seria preciso retomar a polémica do historicismo e o modo como Gadamer se posiciona. Apenas aflorei a crítica do iluminismo, que deve ser explanada melhor, em articulação com este problema.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O último comentário era relativo ao post anterior. Enganei-me! Sorry

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Então, Papillon, adeptos do Sporting estiveram aí em Lisboa a festejar com os portistas! Camisa do sporting, a bandeira do Porto! É o sentido de transgressão da festa... :)))

E. A. disse...

Eu acho que é mais o sentido de justificar bebedeira e folia! ;)