Acho imensa graça aos blogs que reflectem sobre cybercultura, porquanto a ideia mais simples parece não ser detectada: A Internet é cultura. Outra coisa diferente é saber se ela contribui para a formação cultural. Este é o aspecto que deve ser debatido. Um site pornográfico é cultura. Um site comercial é cultura. Até as páginas governamentais são cultura. Fornecem informação mas podem não contribuir para a formação cultural, pelo menos no sentido superior implicado num tal conceito.
A formação cultural não é alcançada com escritos que usam procedimentos e muitos bloguistas pensam que usar essa linguagem pseudo-técnica dá credibilidade ao conteúdo dos seus textos, sem se aperceberem de que, onde predomina o procedimento, não há conteúdo elaborado conceptualmente. As linguagens dos procedimentos são burocráticas e, como tais, avessas ao pensamento genuíno.
Pensar não é seguir procedimentos ou algoritmos... Planificação do que quer que seja é basura. É certo que não podemos prescindir da burocracia, mas podemos simplificá-la e restringir o seu alcance. A impessoalidade da burocracia é fundamentalmente ausência de pensamento e de coragem de ser. Por isso, certos escritos sobre cybercultura deixam-me perplexo: são vazios e quem os emitiu não deve ter coragem de ser.
As pessoas que precisam de «tirar estilo» são débeis e raramente pensam autonomamente. Copiam, seguem procedimentos, obedecem, fingem ser o que não são, enfim anulam-se: são pessoas canceladas.
É, por isso, que as ditas políticas da cultura, do ensino e da ciência aniquilam aquilo que pretendem promover: secam a fonte da criatividade e congelam o pensamento. Escutar os seus portavozes é uma diversão terrível: eles nunca leram nada e querem promover a leitura! Enganam-se a si mesmos e talvez alguns idiotas mas não enganam aqueles que simplesmente pensam.
A burocracia é má cultura e os agentes culturais não devem imitar esse estilo de emissão padronizada de fórmulas congeladas, que nem sequer compreendem. Isso é um crime... muito grave e provavelmente fatal.
J Francisco Saraiva de Sousa
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