sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cântico da Noite e Condição Humana

«Da sombra de um sopro nascidos,
Erramos pelo mundo abandonados
E andamos no eterno perdidos,
Sem sabermos a que Deus consagrados.
«Pobres néscios à porta, ao relento,
Pedintes sem nada de seu,
Quais cegos escutando o silêncio
Em que o nosso rumor se perdeu.
«Somos os viandantes sem norte,
Nuvens, e o vento a dissipá-las,
Flores estremecendo com o frio da morte,
À espera que venham cortá-las». (Georg Trakl)
Este é o primeiro poema que compõe o ciclo do "Cântico da Noite" e o seu autor é Georg Trakl. O poema tem três estrofes, cada uma das quais compreende quatro versos. O conteúdo do poema é compreensível: as palavras não são completamente estranhas, obscuras ou desconhecidas, e não soam mal, as imagens usadas revelam plenitude poética e estética, o que é nele descrito diz respeito à nossa condição de seres mortais e, embora escrito em alemão, pode ser lido em língua portuguesa na tradução de João Barrento e de Paulo Quintela. Pelo menos, o comum dos mortais pensa que compreende o que é dito neste poema e, sem pestanejar, desvaloriza-o, como se também ele o pudesse ter escrito. Mas o comum dos mortais engana-se e engana-se duas vezes: primeiro, porque atribui demasiado peso ao autor do poema, como se a poesia fosse mera expressão de uma subjectividade, do seu génio e da sua visão do mundo, e segundo, porque vive de modo inautêntico no mundo, no sentido de ser um devorador do mundo (Guerra Junqueiro), aquele homem que, depois de ter morto Deus (Pai), destrói a natureza (Mãe), adorando o deus-milhão, o que o incapacita de escutar a linguagem que fala no que é dito no poema. A grandeza deste poema não reside no facto de ter sido escrito por Georg Trakl, mas no facto de poder negar a pessoa e o nome do poeta. Aliás, o poeta não utiliza uma única vez a primeira pessoa do singular. Todo o poema é dito na primeira pessoa do plural: Nós (Wir) humanos nascemos da "sombra de um sopro", "erramos pelo mundo abandonados e andamos no eterno perdidos, sem sabermos a que Deus consagrados", somos "pobres néscios à porta, ao relento", "pedintes sem nada de seu", "cegos escutando o silêncio em que o nosso rumor se perdeu", "viandantes sem norte", "nuvens" dissipadas pelo vento e "flores" que estremecem com o "frio da morte", "à espera que venham cortá-las". Dito deste modo, o poema parece descrever o nosso ciclo vital que decorre, dura e perdura "entre" o nascimento e a morte. Embora o nascimento seja nomeado na primeira estrofe e a morte na terceira estrofe, o "entre" não é somente nomeado na segunda estrofe, mas também nos três últimos versos da primeira estrofe e nos dois primeiros versos da terceira estrofe ou mesmo em toda a última estrofe. Não é somente a estrutura do poema que resiste à domesticação fácil; também algumas palavras e versos soam de modo estranho, porque, como veremos, "estranhos são os caminhos nocturnos do homem" (Revelação e Decadência). Ou, como diz Trakl no poema "Primavera da Alma", "a alma é um estranho na terra" (Es ist die Seele ein Fremdes auf Erden).
O facto do "entre" pervagar todo o poema, delimitado pelo primeiro verso que nomeia o nascimento e pelo último verso que indica a morte certa, mostra que não é a mortalidade do homem que preocupa o poeta, mas sim a vigência do "entre" partilhado aparentemente por todos os homens da sua época: "Erramos pelo mundo abandonados e andamos no eterno perdidos, sem sabermos a que Deus consagrados". O "nós" indica que os mortais partilham presentemente uma mesma circunstância, a de vivermos num momento histórico específico: a época do niilismo anunciada por Nietzsche. Vivemos um presente "demasiado tarde para os deuses e demasiado cedo para o ser", o presente sem presença do nosso tempo e do nosso destino. Como acontecimento fundamental da história do Ocidente, o niilismo funda-se num "nihil" ontológico e axiológico. Segundo Heidegger, o niilismo significa que os valores supremos se desvalorizaram: tudo aquilo que no cristianismo, na moral e na filosofia desde Platão, se encontrava estabelecido como a realidade e as leis intocáveis e determinantes, perdeu a sua virtude vinculativa e criadora. Depois de ter assassinado Deus, o Pai, o homem está a penetrar, a violar e a devorar a sua Mãe, a Natureza: o homem destrói o "seio materno", a sua "terra natal", criando um "mundo interpretado", onde não está "confiante nem à vontade" (Rilke). No poema "O Poeta", Rilke diz: "Eu não tenho amada nem abrigo, /nem sequer um lugar para viver eu tenho. /Todas as coisas em que me empenho /tornam-se opulentas e acabam comigo". Heidegger viu, nesta violação e devastação da natureza, o culminar da metafísica, o derradeiro gesto derivado da vontade de poder e de domínio que faz da Terra um "deserto industrial" e do homem, um ser sem-abrigo, eterno escravo do "órgão procriador do dinheiro" (Rilke). O ser foi eclipsado pela imediatez dos entes, das coisas e dos homens que povoam o mundo, e o pensamento deixou de perguntar pelo sentido da totalidade dos entes, o aberto de Rilke. Reduzida ao sistema do encadeamento da causa e do efeito, a totalidade dos entes presta-se ao pensamento que calcula sobre a sua utilidade e, portanto, ao programa da dominação técnica do mundo e das coisas. A era da técnica é a época do substantivo congelado e do "reino da quantidade" (Marx): o seu esquema da realidade é o deserto do sempre igual a si mesmo, isto é, da pura equivalência e da terrível in-diferença. A decadência do nosso tempo, abatido e perdido pela "geração maldita" e pelos seus filhos, é dita no poema "Ocidente" de Trakl:
«Vós, grandes cidades
petreamente construídas
na planície!
Mudamente,
fronte ensombrada,
o sem-pátria segue o vento,
as árvores nuas da colina.
Vós, rios do longínquo entardecer!
Vermelho crepuscular aterrador
cria portentosos terrores
em nuvens de tempestade.
Vós, povos moribundos!
Pálida onda
desfazendo-se nas praias da noite,
estrelas cadentes».
Os homens nascem, vivem e morrem: esta é uma verdade demasiado banal e evidente, para merecer a atenção de Trakl. O poema de Trakl fala-nos do entre, não do entre o nascimento e a morte, a condição mortal dos humanos, mas do entre o "início originário" e o "novo início", entre a memória e a esperança, mais precisamente do entre como travessia. O homem vive o presente entre a memória e a esperança, mas este homem que sulca "os caminhos primaveris das meditações crepusculares do solitário" na "orla da floresta" não é qualquer homem e muito menos o homem que perdeu o vigor e se afunda na discórdia da abatida geração ou estirpe maldita; o homem nomeado, evocado e convocado no poema de Trakl é o "animal azul selvagem", o outro dos outros, isto é, o outro da geração sem vigor e abatida. (:::)
O poema que melhor explicita o pensamento que se escuta na poesia de Georg Trakl, o "poeta do Ocidente encoberto" (Heidegger), intitula-se "Primavera da Alma" e, dando-lhe a palavra, termino com a sua convocação para a reunião e o acolhimento da geração humana no seu vigor ainda retraído e, portanto, não-cumprido nas actuais circunstâncias de abatimento, de discórdia e de corrupção:
«Grito no sono; por vielas negras despenha-se o vento,
O azul primaveril acena através de ramos que quebram,
Purpúreo orvalho da noite e apagam-se em volta as estrelas.
Esverdeado o rio alvorece, prateadas as velhas aldeias
E as torres da cidade. Ó suave ebriedade
No barco que desliza e os escuros gritos do melro
Em jardins infantis. Já se abre o véu róseo.
«Solenes sussurram as águas. Oh as húmidas sombras da várzea,
O bicho a andar; verdura, ramagem florida
Toca a fronte cristalina; reluzente barco balouçante.
Baixinho ressoa o Sol nas nuvens rosadas no outeiro.
Grande é o silêncio do pinhal, as graves sombras junto ao rio.
«Pureza! Pureza! Onde estão as veredas terríveis da morte,
Do pardo mutismo de pedra, os penedos da noite
E as sombras sem paz? Refulgente abismo do Sol.
«Irmã, quando eu te encontrei em clareira solitária
Do bosque e era meio-dia e grande o silêncio dos bichos;
Branca sob o carvalho bravo, e de prata floria o espinheiro.
Poderoso morrer e a chama cantante no coração.
«Mais 'scuras cercam as águas os belos jogos dos peixes.
Hora do luto, contemplar silente do Sol;
A alma é um estranho na terra. Espiritual alvorece
O azul sobre o bosque abatido e ouve-se o dobre
Longo de escuro sino na aldeia; acompanhamento pacífico.
Calma floresce a murta sobre as pálpebras brancas do morto.
«Baixinho soam as águas na tarde cadente
E verdeja mais 'scuro o mato da margem, alegria no vento rosado;
O canto suave do irmão no outeiro vesperal». (Tradução de Paulo Quintela)
(Post em construção) J Francisco Saraiva de Sousa

46 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Vou ver se termino amanhã este post. Preciso pensar porque vejo no caminho uma dificuldade hermenêutica ou talvez não. Escrever ajuda a clarificar as ideias! Só conheço o resultado desse exercício no fim ou talvez não, porque sei brincar poeticamente com a poesia. O pensamento é uma grande arma de luta contra o obscurantismo! :)

Fräulein Else disse...

Heidegger quando analisa o hino Reno, também fala desse "entre", ou melhor, desse momento, desse enquanto que somos nós a morrermos.

O verso "da sombra de um sopro nascidos" faz remeter inevitalmente ao verso célebre "o humano é sombra de um sonho" de Píndaro. Realmente a voz da poesia (tal como da filosofia) não são os autores. ;)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sim, a angústia do contágio: estava a pensar que posso ler Trakl com recurso aos poetas portugueses, mas ficaria um post muito extenso. Sim, Píndaro clarifica tudo, a começar pelas tonalidades da poesia de Trakl.

Fräulein Else disse...

A grande diferença na subjectividade, é que o poeta e artista do "fin-de-siècle" percebe a sua alma fragmentada, volátil e passa essa dor, hoje já não há dor, há ironia, paz podre, aceitação sofrível da nossa condição.

Fräulein Else disse...

Francisco,

Esse "reino da quantidade", expressão de Marx, pode-se encontrar em que livro, recorda-se?
Interessava-me, porque hoje li aquela conferência famosa de Simmel: A metrópole e a Vida Mental, em que ele fala precisamente do carácter "quantitativo" das grandes cidades.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

É isso mesmo: paz podre! E já não temos poetas capazes de instaurar um mundo. O presente de Trakl continua a ser o nosso, mas estamos cada vez mais afundados e perdidos: o nosso entre é muito mastigado, ruminado, e nada mais... :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O Capital quando Marx trata da maquinaria e Lukács desenvolve isso em História e Consciência de Classe, com reconduções a Simmel.

Fräulein Else disse...

Sim, Trakl é ainda muito presente, como Hoffmansthal, talvez o maior até, a capturar esta atmosfera.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Logo no primeiro volume e nos capítulos referentes ao valor e ao trabalho, mas nas secções da manufactura e seguintes é muito claro.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hoffmansthal só conheço em versão francesa... :(

Fräulein Else disse...

Obrigada! :)

Também só o leio em inglês, n leio alemão. N há trad. da Carta de Lord Chandos em português, penso.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A razão e o entendimento podem ser vistos à luz do predomínio da quantidade, sem ceder a uma versão vitalista: entendimento como entendimento técnico do mundo associado à ciência e à economia. Mentalidade de engenheiro! :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não sei, mas parece que já vi qualquer coisa: Assírio Alvim?

Fräulein Else disse...

N faço ideia. Mas é bom se houver tradução!

Sim, calculismo, técnico e financeiro.

Fräulein Else disse...

Bom, boa noite, amanhã acordo cedinho. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bons sonhos! Também vou sleepar! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, Manuel Rocha: Parabéns e muitas felicidades. Espero que a sua alma azul volte a circular pelas veredas virtuais deste nosso "entardecer outonal".

Dedico-lhe o poema "Primavera da Alma" de Trakl! :)

André LF disse...

Olá, Francisco e Else!
Excelente a idéia de ler Trakl com recurso aos poetas portugueses, Francisco. Farto de ler livros de psicologia, voltei a mergulhar na poesia (Rilke, Pessoa, Hölderlin, Píndaro) e estou renovado! O contato com grandes poetas é revigorante.
Parabéns ao nosso Manuel Rocha. Farei 30 anos no dia 13 de maio. Estou a viver a crise dos 30 :)

Fräulein Else disse...

Ahah... não sabia que havia uma crise dos 30...vou esperar para ver, senao falecer entretanto.

Obrigada por fazer menção aos anos do Manel, nunca o mais vi no messenger...
onde é q anda, Manelito??? Espero que ocupado com coisas interessantes! ;)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Oi amigos

Estava a ler Mário de Sá-Carneiro e descobri o lugar donde a sua poesia fala: a ânsia do jogo de identidades.

Falta pouco para fazer anos, André. Vou ver se lhe dedico um post! A idade é sempre-já crise! Mas é bom amadurecer...

O Manuel perdeu-se algures... :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Pessoa perde consistência por causa da sua dispersão. Interessante mas disperso para a meditação...

Fräulein Else disse...

Pessoa é genial, e bem pensado por Badiou, por exemplo.

Dedica posts a toda a gente menos a mim... ou é só aos homens?

Fräulein Else disse...

Quantos anos tem Francisco? Dou-lhe 36.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Já lhe dediquei, mas qd fizer anos, diga... :)

Homens era o desejo confessado de Sá-Carneiro: leia o poema "Quero ser mulher"...

Fräulein Else disse...

Já fiz anos este ano. Mas obrigada, estava só a meter-me consigo. ;)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Então sugira um tema para lhe dedicar...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Eu não senti a crise dos 30: a única preocupação é o aparecimento de algum cabelo branco, mas como já tinha um ou outro desde os 20, consegui lidar com esse sinal. Não sinto muito a idade, pelo menos até agora que desperto para a maturidade, por vezes muito juvenil. Enfim, ainda não sinto a idade...

Fräulein Else disse...

Adoro Mário Sá-Carneiro! Acompanhou-me na adolescência, como de resto, a todos nós um pouco, creio.

Não sei se ele desejava (só) homens, ora leia:

Como eu não possuo
[...]
«Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...

Desejo errado... Se a tivera um dia,
Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim --- ó ânsia! --- eu a teria...

Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante...

De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.»

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Fazer 30 anos é entrar na segunda adolescência. Aliás, a sociedade convida-nos a viver uma adolescência permanente, o que não é muito saudável, porque corremos o risco de estarmos demasiado velhos para a vida. Paradoxal mas é assim... Isso aprendi com os 30...

Fräulein Else disse...

Ui é tão sensual, q até me "arrepiei"... ahah

Fräulein Else disse...

O poema, claro.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Repare nestes versos:

"Desejo errado... Se a tivera um dia,
Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim --- ó ânsia! --- eu a teria..."

Quase funciona como um luto da heterossexualidade: ele quer ser o outro e o outro é mulher. Logo quer ser mulher e desejar mulheres é, no seu íntimo, desejo errado: ele quer ser a mulher de todos os homens de Paris. Vive com esse desejo amordaçado!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Que resgasta na poesia...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Porquê "crne estilizada"? Ele descreve bem essa transformação no tal poema e, na juventude, falou da mulher grávida...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Tal como Genet, quer "ser criminoso", isto é, assumir o seu desejo real que lhe escapa no passado... Ser criminoso é o desejo de afrontar a sociedade e os seus tabus: revelar o desejo é ir contra a onda social...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Logo que tenha as ideias mais amadurecidas edito o post...

Fräulein Else disse...

Bom, é uma interpretação possível. N ponho em causa, porque não possuo meios para isso. Apenas interpretei de forma fenomenológica: quando desejamos algo, queremos ser esse algo. Mas se calhar é demasiado ingénuo.

Genet assumiu-se sempre, não precisava de ter subterfúgios poéticos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ele vibraria

"Se fosse aqueles seios transtornados,
"Se fosse aquele sexo aglutinante..."

Enfim, em vez do pénis, quer uma vagina capaz de possuir os homens, todos os homens. Uma mega-vagina! Mas, como não a tem, não consegue possuir ninguém. Diz isso noutros poemas. Não tem amigos porque não os possui como amantes. E vai para Paris deixando Pessoa...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sim, Genet era mais do que assumido e experimentado...

Também é só uma interpretação do jogo de Sá-Carneiro...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hummm... Queremos ser ou possui-lo? Interessante o desejo de ser o outro...

Fräulein Else disse...

Sim, esse é um desejo muito feminino, de querermos sugar e aspirar tudo para dentro de nós. Sermos *º!#4&% por todos.
Talvez fosse feminino ou afeminado não sei.

Fräulein Else disse...

De qualquer modo, sou sempre resistente a essas interpretações sob o ponto de vista da identidade sexual... é tão redutor. O poeta é amante do mundo, tem de o ser.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Concordo... No entanto, o mundo do jogo das identidades tb é um mundo. Não me interessa saber ser era ou não gay; apenas vejo nessa chave uma via de acesso à sua poesia. Há poetas gay cuja poesia não oferece qualquer acesso ao mundo íntimo. Dizer o eu tb é uma forma poética de habitar o mundo. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sim, essa é uma experiência feminina que eu, como homem, não tenho, de modo directo e vivido. Por isso, estranhei ela ser dita por um homem, neste caso o poeta.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Rilke, sim, gostava deveras de mulheres, no sentido de as ter para si, só para si, como mostram as Elegias e os Sonetos A Orfeu...

Sobre Rilke, o poeta do sem-abrigo, deixo este verso: " nós não estamos muito confiados em casa neste mundo explicado".

Vou dar um passeio. :)

Fräulein Else disse...

Sim, namorou a Lou Salomé.

Divirta-se, fico em casa :)