dos cuidados de saúde. Prós e Contras debateu ontem (4 de Maio de 2009) o diagnóstico dos cuidados de saúde em Portugal: "Primeiro a crise económica, agora a ameaça de uma epidemia global. A Organização Mundial de Saúde coloca o Mundo inteiro em alerta. Nenhum país está excluído. O vírus da gripe suína pode espalhar-se rapidamente", e com a ajuda da irresponsabilidade das pessoas que deixaram de cuidar de si e dos outros, comportando-se como lixeiras vorazes. No entanto, nesta semana do alarme, nem a Ministra da Saúde, Ana Jorge, compareceu, sendo substituída pelo Secretário de Estado, Manuel Pizarro, nem Teresa Caeiro (CDS/PP), Bernardino Soares (PCP) e o "conjunto alargado de especialistas", conseguiram fazer o diagnóstico dos cuidados de saúde. A burocracia higienista esquece que as epidemias tiveram sempre um papel importante na renovação das populações e na libertação da sociedade das forças opressoras, e os deputados mostram falta de cultura política sempre que reduzem a questão da saúde à questão da propriedade. Os especialistas de Fátima Campos Ferreira, mais precisamente os peritos que fazem parte de uma elite cuja autoridade assenta na posse exclusiva de um saber manipulativo ao serviço do capitalismo destrutivo e agressivo, não debateram ideias; limitaram-se apenas a confrontar interesses corporativistas, nomeadamente os que opõem as indústrias farmacêuticas aos médicos. Todos eles partem de um mesmo pressuposto: o progresso dos chamados cuidados de saúde significa "progressiva dependência". Esta visão monopolista dos cuidados de saúde reduz o doente e os seus próximos ao status de "clientes dóceis" que se confiam aos médicos e aos burocratas do sistema nacional de saúde, pelo facto de acreditarem que a doença é uma ameaça de morte. Todas as terapias pedagógicas, médicas e administrativas visam o mesmo objectivo: manipular o homem de modo a fazer dele um ser eternamente dependente das instituições dirigidas por burocratas que perderam o contacto com o mundo e a experiência. "A educação produz consumidores competitivos, a medicina mantém-nos com vida no ambiente instrumentado que se lhes tornou indispensável e a burocracia reflecte a necessidade de o corpo social exercer um controlo sobre os indivíduos consagrados a um trabalho insensato" (Ivan Illich). Esta ausência de projectos alternativos permite fazer um diagnóstico mais sério: a medicina está em crise e, tal como a Reforma arrancou o monopólio da escrita aos clérigos, nós precisamos "arrancar o doente aos médicos" (Ivan Illich), o aluno aos professores, o cidadão ao Estado e aos partidos políticos, enfim a política e os assuntos públicos aos burocratas de colarinho-branco. Todos estes supostos peritos que pretendem representar o cidadão monopolizam, mediante um controlo exclusivo, os meios de produção e de venda de um bem ou de um serviço, diminuindo o espaço de responsabilidade de todos os cidadãos num mundo desumano que caminha para a catástrofe total. J Francisco Saraiva de Sousa
1 comentário:
Evitei comentar o debate, porque não tinha uma linha condutora verdadeiramente interessante: uma mistura ruidosa de opiniões díspares! :(
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