Prós e Contras debateu hoje (27 de Setembro) o confronto político entre o PS e o PSD em torno do novo orçamento de Estado. Escolhi este quadro de Diego Rivera - The Flower Carrier - para evidenciar o peso da exploração e da opressão que os portugueses pobres carregam às costas: o aumento do IVA não vai prejudicar as empresas, mas sim os consumidores (António Saraiva), sobretudo os 5 milhões de portugueses que sofrem na pele os efeitos perversos desta crise económica pelo facto de terem perdido o emprego e/ou de serem demasiado pobres. Diego Rivera repete algumas vezes este tema do vendedor de flores, chegando mesmo a pintar a Festa das Flores. Ele põe a luta de classes na pintura e nos murais, ao mesmo tempo que explora os contrastes gritantes entre o estilo de vida dos explorados e o estilo de vida dos exploradores. O que se detecta nesta figura carismática e típica da sua pintura é o peso da opressão e a humilhação do povo. O confronto político entre o PS e o PSD é absolutamente alheio aos interesses e às necessidades do país real e completamente indiferente ao sofrimento dos mais carenciados: os partidos do poder usam o tema do orçamento de Estado e das medidas severas de combate ao défice para não assumir a responsabilidade pelo aumento impopular da receita, isto é, dos impostos. O relatório da OCDE faz propostas nesse sentido: o aumento da receita sem exigir a redução drástica da despesa e sem levar em conta a questão do crescimento económico, donde resulta que os mais sacrificados são sempre os mesmos - os mais desfavorecidos que carregam às costas os erros fraudulentos das suas classes dirigentes, incluindo os gestores públicos, os administradores bancários e os próprios empresários. Com excepção de Carvalho da Silva, os outros convidados são pessoas mais ou menos comprometidas com a lógica financeira - neoliberal - do sistema vigente que gerou um país socialmente assimétrico, corrupto, endividado, injusto e sem futuro: Jacinto Nunes, Abel Mateus, Fernando Ulrich, António Saraiva e Bruno Bobone, que pretende fazer da sua actividade comercial - o mar - um interesse nacional. Chegaram a um consenso: aceitam o aumento da receita mas acompanhado pela redução drástica da despesa. Bruno Bobone afirmou que não podemos atravessar a crise sem provocar dor, acusando os políticos de discutirem muito sem resolver os problemas nacionais: a dor resultante da redução da despesa através do congelamento ou mesmo da redução dos salários. Para sair da crise, Portugal precisa daquilo que não tem neste momento: uma liderança forte (Fernando Ulrich) capaz de implementar as políticas adequadas à redução do défice e de cumprir os objectivos previstos pelo PEC. Abel Mateus defendeu o entendimento entre as lideranças políticas para aprovar o orçamento de Estado: as actuais disputas políticas degradam a imagem de Portugal e os mercados financeiros podem penalizar cada vez mais o país. Apesar de reconhecerem que o problema fundamental de Portugal é o do crescimento económico, sem o qual é difícil fazer estes ajustamentos, os participantes neste debate moderado por Fátima Campos Ferreira aprovam a proposta da OCDE: a redução da despesa, não a redução das suas remunerações e dos seus prémios pornográficos, mas a redução inumana dos salários, dos subsídios sociais e das reformas magras dos mais desfavorecidos, isto é, daqueles portugueses que foram privados fraudulenta e violentamente de uma vida digna pelo cunhismo corrupto nacional. Portugal é um país obsceno e corrupto: as chamadas elites nacionais são formadas por bandidos sociais que usurpam em rede os cargos de decisão. O único convidado que discordou desta proposta foi Carvalho da Silva, para o qual o futuro vai ser mais do mesmo mas mais aprofundado e acentuado. Sem resolver o problema do crescimento económico, Portugal está condenado à miséria e à pobreza. Para Carvalho da Silva, a actual crise financeira e económica é o maior roubo organizado da história da humanidade. Sair da crise exige nesta perspectiva a elaboração de um novo modelo de desenvolvimento, que não pode ser implementado pelas mesmas figuras da elite do poder que nos mergulharam na crise e na pobreza: as lágrimas de crocodilo derramadas por Cavaco Silva - o mar como futuro de Portugal - não convencem Carvalho da Silva. As figuras nacionais do poder político devem ser responsabilizadas pela actual situação de miséria dos portugueses. E esta miséria não é somente material, mas sobretudo e fundamentalmente mental e cognitiva: as velhas figuras do regime privaram as gerações mais novas do acesso ao conhecimento e, para satisfazer a sua gula desmesurada, geraram e conspiraram um país de mentiras. A mudança de paradigmas exige desde logo o despertar da memória: os que falam de catástrofe são responsáveis pela própria catástrofe nacional - a bancarrota. Despertar a memória é quebrar o feitiço das mentiras oficiais: os carrascos não podem ser salvadores.
J Francisco Saraiva de Sousa
4 comentários:
Portugal encontra-se numa situação de apuro total: a ausência fatal de cérebros bem alimentados no plano intelectual e afectivo. Portugal regrediu nestes últimos 20, 30 anos: a incompetência dos políticos reflecte a atrofia mental e cognitiva do país. Se o sistema de ensino não for reformulado e os actuais diplomados obrigados a regressar à escola para nova requalificação exigente, Portugal ficará entregue a gente perversa e ignorante.
Tal como se encontra, Portugal caminha para uma solução fascista! Para evitar o fascismo, é preciso fazer um saneamento geral e impor uma ditadura pedagógica: dignificar o esforço, o conhecimento efectivo e o trabalho. Introduzir a punição em todas as esferas da vida!
A sociedade portuguesa gerou monstros que vivem num mundo irreal: a malta perdeu o juízo e o sentido de realidade. Vive num mundo de ficção onde o dinheiro surge sem esforço, mérito e trabalho. Claro, esta malta no poder torna-se criminosa. Portugal está constantemente a violar os direitos humanos genuínos em nome dos direitos humanos corrompidos: a cultura foi destruída por esta malta reles e néscia! Política adequada é SANEAMENTO! Sem garantias sociais!
Quem seca o país não são os pobres mas estes malvados que se apropriaram dos recursos nacionais.
A universidade portuguesa é uma MENTIRA! Em Portugal, a universidade foi tomada por criminosos - os coveiros do conhecimento.
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