terça-feira, 17 de maio de 2011

Prós e Contras: Vozes Portuguesas

A beleza da cidade do Porto é única no mundo, mas o Porto sofre de um defeito congénito: fazer parte de Portugal - o oásis da corrupção e da burrice hereditária, e estar neste momento entregue a portuenses verdadeiramente boçais. (Os portuenses que colonizam as instituições da Cidade Invicta não estão à altura da sua beleza: são feios, grotescos, sujos, burros e ordinários.) O cavaquismo consumou o bloqueio do Porto, centralizando tudo em Lisboa que cresceu deslumbrada com a sua própria demência e com os seus discursos mentirosos. Portugal é hoje um país demente e sem futuro: governantes e governados são o reflexo uns dos outros e os fenótipos nacionais reflectem fielmente a essência e o genoma dos portugueses: o terror do vazio de alma. As vozes portuguesas que Fátima Campos Ferreira reuniu neste debate Prós e Contras (16 de Maio) são, de um modo geral, vozes habituadas a opinar sem conhecimento, aliás muito idênticas às que se fazem ouvir no Porto Canal, na SICNotícias e na TVI. Portugal vai pagar muito caro por mais esta mentira - a de que as novas gerações estão bem preparadas. Preparadas para quê? Para consumir? Para ter emprego no Estado sem trabalho? Para exigir direitos? Para "inovar" - as chamadas indústrias criativas - fazendo do seu lixo mental e cognitivo arte do lixo? Para urinar nas ruas e beber até ficarem completamente bêbadas? Para fazer sexo furtivo em determinados lugares escuros das cidades? Para agredir verbalmente os supostos amigos ou colegas de trabalho e violar as companheiras/os? Para assediar sexualmente as pessoas subalternas, como fez o Presidente do FMI? Para bisbilhotar a vida alheia? Além disso, "quem" lhes deu essa suposta preparação? As universidades que reforçam a dose de estupidez do ensino secundário? As escolas indisciplinadas? Os professores que desistiram de ensinar conteúdos objectivos de conhecimento? Os professores cujos diplomas já são uma fraude? Sem exames e com as passagens de ano garantidas por decreto, em que consiste a preparação das novas gerações? Portugal não se livrou do analfabetismo: ontem eram os simplesmente analfabetos, hoje são os analfabetos funcionais, alguns dos quais sobre-diplomados, ontem os analfabetos eram humildes e trabalhadores, hoje os novos analfabetos são arrogantes, improdutivos e ordinários. A estupidez é uma constante da história de Portugal. Infelizmente, Portugal não foi governado nestes últimos 37 anos - ou mesmo durante toda a sua triste história, como lembrou uma Professora de História, por políticos competentes: os governos pós-25 de Abril lançaram-nos na alucinação colectiva. Depois de ter perdido as colónias, Portugal volta-se para a Europa em busca de uma tábua de salvação: a entrada na União Europeia e na zona Euro permitiu-lhe alimentar a sua alucinação colectiva através do endividamento externo e da destruição do seu tecido produtivo. Portugal viveu «em festa», como disse José Manuel Silva (Bastonário da Ordem dos Médicos), consumindo o que não produz e retomando por todo o lado as festas populares dos santos e o feio acto de urinar nas ruas: os portugueses endividaram-se para alimentar vidinhas de ilusão, dignas do pequeno tamanho dos seus cérebros medíocres. José Manuel Silva e Marinho Pinto (Bastonário da Ordem dos Advogados) defenderam a responsabilização das classes dirigentes pela miséria nacional, o primeiro acentuando a responsabilidade jurídica e criminal e o segundo, a responsabilidade política dos lideres políticos. Porém, apesar desta nuance, ficou no ar a ideia de que Portugal só mudará de rumo quando os políticos, os banqueiros e os gestores públicos forem condenados e presos. A denúncia da corrupção esteve no centro do debate: a situação de bancarrota em que nos encontramos deve-se mais à corrupção do que à crise externa. A Solução? Os corruptos para a cadeia (José Manuel Silva)! Mas o que fazer do povo alucinado, resignado e néscio que tem votado nos corruptos? Marinho Pinto respondeu e disse o que ele pretende fazer nas próximas eleições legislativas: não votar em ninguém, em nenhum partido do arco do poder ou da oposição pela oposição, para punir a classe política nacional. De facto, precisamos de reescrever a história de Portugal, ou melhor, de escrever uma filosofia da história de Portugal, capaz de nos dar o conhecimento racional do mundo real que queremos mudar. Porém, com a entrada em cena da troika e das suas medidas recessivas, altamente odiosas para os portugueses, o tempo urge: precisamos de agir antes mesmo de submetermos a história de Portugal a um inquérito filosófico e político. Pessoalmente, sou mais céptico quanto ao futuro de Portugal: a ruptura que devemos operar para libertar o futuro exige uma ditadura pedagógica suficientemente corajosa para sanear todas as instituições públicas e livrá-las dos nichos de corrupção que se instalaram nos seus espaços centrais. Só uma ditadura pedagógica pode resgatar o Estado e refundá-lo em novos moldes. A inovação só será uma realidade quando se operar uma renovação dos quadros das instituições nacionais: o cunhismo que as coloniza deve ser liquidado, bem como as figuras que o promovem. As vozes corruptas e irresponsáveis devem ser silenciadas, isto é, reduzidas à sua mediocridade. De certo modo, operei essa redução ao silenciar as vozes dos outros intervenientes - as de João Rodrigues que quer renegociar a dívida externa, como se Portugal fosse o credor (Marinho Pinto), e Pedro Vaz Teixeira, por exemplo, com as quais discordo em aspectos fundamentais. Quanto às vozes que se fizeram ouvir da plateia, algumas disseram coisas pertinentes, mas fiquei com a ideia de que ainda não tomaram consciência da real situação do país. Os portugueses - quais zombies alienados saídos de túmulos repletos de teias de aranha e de cobras venenosas - fogem da verdade como o diabo da cruz da salvação.

J Francisco Saraiva de Sousa

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