segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Bloguismo Cerebral

O autor do blogue «Navegador Solitário», Agry, fez uma excelente entrevista a Carlos Serra, sociólogo de profissão, autor do blogue «Diário de um Sociólogo». Leia essa entrevista: EM CONVERSA COM O AUTOR DO DIÁRIO DE UM SOCIÓLOGO . (Os endereços destes dois blogues amigos encontram-se n'Os Meus Elos.)

Repare na classificação que Carlos Serra faz dos blogues (blogue tipo "gosto de comer amendoins", blogue de distracção descerebralizadora, blogue de exegese erótica, blogue científico, blogue político e blogue comercial directo ou disfarçado) e na sua perspectiva política do bloguismo («arma política de grande eficácia»).
De facto, temos muitas afinidades em termos da visão política do bloguismo e partilhamos a mesma ideia de que a blogosfera é distinta da mediasfera. Apresento uma síntese da minha própria concepção, provavelmente a mais «burguesa» ou limitada das três, em Blogosfera e Democracia Electrónica e Filosofia da Blogosfera (Um). Quando digo nós, refiro-me aos autores dos três blogues em questão: Carlos Serra, Agry e eu. O nosso desejo é fazer uma «revolução» através da comunicação mediada pelo computador. Parabéns Agry pela sua iniciativa.

J Francisco Saraiva de Sousa

5 comentários:

AGRY disse...

O comentário parece-me muito lisonjeiro no que a mim respeita.
Aproveito para lhe apresentar as minhas desculpas por não o ter contactado antes mas não o fiz por total impossibilidade
Abraço
Agry

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Adorei a sua iniciativa e, como sabe, admiro os seus textos e respeito a sua visão dos assuntos.
Obrigado
CyberAbraço

Florêncio disse...

Caro Saraiva de Sousa
 Como sugerido aqui fica um pedaço da história da nossa terra. Em breve trarei coisas interessantes da sua Chimoio dos anos 20.
Abraço.
_______________________
(Transcrição do Boletim da Agência Geral das Colónias, Nº 50, Ano 5º, Agosto de 1929, págs. 246 a 251)

 “A cidade de Lourenço Marques, com seus luxuosos hotéis, os seus edifícios públicos sem grandes pretensões, mas bem distribuídos e elegantes, as suas ruas asfaltadas e limpas, as suas praças ajardinadas, os seus quiosques luxuosos, longas avenidas arborizadas, vivendas entre jardins bem tratados, dá ao visitante uma agradabilíssima impressão de casa carinhosamente arrumada, onde se respira conforto e bem estar, onde há disciplina, ordem e trabalho.
 A vida em Lourenço Marques difere um pouco da vida nas outras cidades coloniais portuguesas e estrangeiras porque é grandemente cosmopolita. Todos levaram para ali um pouco dos seus costumes e dos seus hábitos, das suas qualidades e dos seus defeitos, adaptando-os à vida colonial portuguesa.
 Depois dos europeus portugueses são os ingleses que formam a colónia mais importante. Para lá levaram os seus clubes, os seus desportos, as suas instituições, sendo agradável notar que estas não mantêm as características rigidamente britânicas que eles costumam apresentar em toda a parte. Depois, são os Índios, oriundos da Índia inglesa e portuguesa, pitorescos no seu trajar, de camisa de fora e pernas ao léu, cheirando a caril e a nós moscada, e que conseguiram açambarcar o comércio com os indígenas, até mesmo com os europeus; os gregos, com lojas de fruta, e, nos quiosques, vendendo gelados e jogando impenitentemente aos dados; os chinas, de longa trança e vestidos à europeia, exploram a horticultura e mantêm casas de pasto nas imediações dos quartéis, têm um sumptuoso «Pagode» e um clube republicano. Os índios portugueses católicos formam uma das mais numerosas colónias, ocupando muitos lugares nos serviços públicos e até altas funções na burocracia e magistratura; os italianos exploram hotéis; franceses, belgas e alemães ocupam-se no comércio, na indústria e nas empresas de navegação, etc. Os naturais, indígenas civilizados, são excelentes criados de servir e contínuos nas repartições públicas e escritórios comerciais, vestem à europeia com exagerada elegância. Os “zamzibaristas” e macuas, pretos maometanos, são típicos pelo seu cofió vermelho de longa borla preta e longa cabaia branca. Todos concorrem para o aspecto pitoresco da cidade com a variedade dos seus trajes, hábitos e línguas e todos parecem viver felizes na terra e sob a liberal e justa administração portuguesa.
 A cidade acorda, geralmente, às sete horas da manhã, mas a essa hora é já intensíssima a vida no grande cais. O comércio abre as suas portas às oito horas, fechando às sete da noite, com intervalo das 12 às 14, em que encerra para o almoço e a sesta. Cidade de trabalho, o movimento pelas ruas só é intenso depois das 17 horas, hora a que fecham os escritórios e as repartições, hora a que se invadem os quiosques para o «chá das cinco», os clubes e os “bars” para o primeiro “sundowner”. Muitos automóveis correm então em todas as direcções, os eléctricos e os “omnibus” são assaltados, uns para a praia, outros para os retiros, para os campos de desporto, para os centros de cavaco. Ninguém pensa entrar em casa antes das 20 horas. Senhoras e crianças também não regressam da praia, dos jardins públicos e dos centros elegantes de «chá» antes dessa hora.
 Lourenço Marques, de noite, é uma cidade pacata, três cinemas muito cómodos funcionam com filmes novos e modernos. Uma vez por semana, a monotonia do cinema é quebrada por pequenas companhias teatrais portuguesas e estrangeiras que são geralmente apreciadas. Passeios de automóvel à praia, profusamente iluminada e com uma boa orquestra no Pavilhão de Chá, reuniões nos diversos clubes, bailes «Cinderella» (até à meia noite), e depois o descanso, muito necessário em África e em todas as terras de trabalho.
 A cidade adormece, pois, a esta hora em que fecham os quiosques e os “bars”, e os eléctricos e os “omnibus” recolhem.“

> Ao que parece, a globalização já por cá anda à mais de 78 anos.
Um abraço,
Florêncio

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Florêncio
Muito obrigado. Nunca li estes documentos.
Abraço

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Anos 20?
Nem o pai era nascido! Vou estar atento. Obrigado