quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Mudança Política da Teoria Crítica

Este é um post de debate íntimo em que, como teórico crítico e profissional do pensamento, confrontado com uma situação de insanidade mental generalizada e de degradação cultural acelerada, pretendo iniciar uma reflexão em torno da necessidade filosófica de operar uma mudança política no seio da própria teoria crítica, transfigurando um texto de juventude.
A teoria crítica já tinha perdido a »esperança» de encarar o proletariado como o agente da mudança social qualitativa: a teoria do proletariado foi abandonada e, com ela, iremos também rejeitar os movimentos sindicais, dos quais Lenine desconfiava, e romper os vínculos com os partidos da esquerda tradicional. A teoria crítica deve mudar de rumo e defender a "cultura de elite" contra a sua apropriação por parte de todos os «animais metabolicamente reduzidos», os chamados "cidadãos comuns", incluindo os professores e os intelectuais corrompidos, que se alimentam sofregamente nas praças da alimentação e que nunca leram uma obra da Tradição Ocidental ou, se a leram, foram pela força das circunstâncias incapazes de a compreender.
Isto significa que, em termos políticos, a teoria crítica deve assumir uma nova tarefa: garantir a manutenção da civilização ocidental, despojando-a da noção de "igualdade", a ideia mais terrível produzida pela nossa própria cultura democrática. A teoria crítica já não precisa do apoio de grupos sociais estranhos à sua matriz (as elites genéticas) e, mesmo no plano da educação, dispensa os professores, as escolas e os alunos, bem como os seus organismos estatais ou privados.
A nossa perspectiva da teoria crítica da educação em mutação inspira-se basicamente em perspectivas radicais exemplificadas pelos trabalhos teóricos de Paulo Freire, Henry Giroux, Peter McLaren, Michael W. Apple e S. Aronowitz. A pedagogia do oprimido de Paulo Freire constituiu, durante muito tempo, o modelo crítico que mais se aproximava das intenções práticas de uma teoria crítica da educação fortemente comprometida com a educação das massas populares. Contudo, neste momento de ofuscamento total da Tradição Ocidental, devido à ascensão social do «homem-massa» (Ortega y Gasset), precisa ser submetida a uma crítica imanente, de modo a «corporificar» o pensamento de Adorno, sem o despir do seu elitismo: a teoria crítica da educação deixa de defender a universalização da cultura superior e, num só e mesmo movimento, regressa à Filosofia onde se fecha, numa rememoração permanente de Platão. Ou, de modo provocante, regressa aos «mosteiros do conhecimento puro», donde justifica todas as lutas que visam a eliminação dos «animais metabolicamente reduzidos» numa atitude de perfeita indiferença pelo seu destino social.
Confrontando-se com as diversas problemáticas administrativas ou mesmo «democráticas» da educação e com o sistema de ensino tal como este vigora nas nossas sociedades, a teoria crítica da educação trabalha a sua própria diferença, ao mesmo tempo que reclama a exclusividade. Partindo do pressuposto, empiricamente irrefutável, de que os homens são seres não livres e não iguais que habitam um mundo repleto de contradições e assimetrias de poder, a teoria crítica da educação propõe modelos dialécticos que reconhecem o conceito de sociedade como relação mediada e mediadora entre indivíduos isolados. A sociedade não é um mero aglomerado de indivíduos, nem é algo absolutamente autónomo situado fora dos indivíduos, mas possui em si mesma simultaneamente os dois momentos. A sociedade realiza-se através dos indivíduos, mas, enquanto relação, não pode reduzir-se a eles. Os indivíduos realizam-se através da sociedade, mas, enquanto entidades isoladas, não podem constituir a sociedade. Esta compreende uma interacção entre os indivíduos e uma objectividade que os enfrenta de modo autónomo.
A dialéctica da sociedade tenta reconstituir a experiência que nos é denegada tanto pelo sistema social estabelecido como pelas suas formas de consciência reificada. A sociedade é experiência: algo que encontramos imediatamente em nós e diante de nós e algo que reconhecemos como a condição dos problemas que podem ser criticados e subvertidos, de modo a que a "experiência viva" (não-regulamentada) possa prevalecer sobre a experiência coisificada e endurecida (Adorno). A totalidade social actual só une os indivíduos entre si mediante a sua «alienação». O indivíduo cria e é criado simultaneamente pelo universo social de que faz parte. Os conceitos de indivíduo e de sociedade medeiam-se entre si e, por isso, não podem ser pensados independentemente um do outro. Como escreveu Horkheimer:
«A individualidade é prejudicada quando cada homem decide cuidar de si mesmo. À medida que o homem comum se retira da participação nos assuntos políticos, a sociedade tende a regredir à lei da selva, que esmaga todos os vestígios da individualidade. O indivíduo absolutamente isolado foi sempre uma ilusão. As qualidades pessoais mais estimadas, tais como a independência, o desejo de liberdade, a simpatia e o senso de justiça, são virtudes tanto sociais como individuais. O indivíduo totalmente desenvolvido é a consumação de uma sociedade totalmente desenvolvida. A emancipação do indivíduo não é uma emancipação da sociedade, mas o resultado da libertação da sociedade da atomização. Uma atomização que pode atingir o cume nos períodos de colectivização e de cultura de massas».
A heteronomia predominante na sociedade de consumo liquida completamente a interioridade da subjectividade, transformando-a numa espécie de "consciência feliz", absolutamente massificada, ignorante, apática e resignada perante o poder da sociedade completamente administrada. Os indivíduos atomizados, no seu excesso de zelo para atingir a adaptação e a reacção imediata a situações pontuais, previamente produzidas pelas empresas capitalistas, são impedidos de levar a cabo a conformação de um "eu fixo" — uma identidade subjectiva e objectivamente real, que não mude de situação em situação, em função dos papéis sociais desempenhados e socialmente atribuídos durante o longo processo de socialização primária e secundária. A escola transformou-se, ela mesma e com o empurrão da racionalidade administrativa, numa indústria cultural e, como esta, atrofia aquilo que devia ajudar a libertar: o poder da imaginação do indivíduo rebelde.
Ora, diante deste cenário de falência do esclarecimento, a teoria crítica da educação não tem outra alternativa senão alertar os "pensadores profissionais independentes" e convidá-los a ver a escola simplesmente como um meio de sustentar, legitimar e reproduzir os interesses do sistema tecno-económico generalizado, dirigidos para a fabricação de indivíduos obedientes, dóceis e activamente ignorantes. Isto significa que a escola não é e nunca será um terreno cultural que confere poder ao estudante (qualquer indivíduo) e promove a auto-transformação — ou seja, a tarefa de reconquistar a individualidade perdida no seio de um aglomerado de consumidores passivos e alterdirigidos pelo poderoso sistema das indústrias culturais.
Assim, a anterior visão da escola como instituição contraditória deixa de ser a mais adequada para se cumprir a tarefa do pensamento, exaustivamente preconizada por Marcuse em diversas das suas obras: fazer com que «a interioridade e a subjectividade venham a tornar-se o espaço interior e exterior da subversão da experiência, da emergência de outro universo». A escola não escapa à mediação universal de todo o social através da sociedade: a crítica da escolarização é necessariamente a crítica da sociedade administrada e da sua economia política globalizada. A teoria crítica da educação confronta a realidade efectiva do ensino escolar (escolarização), no seu contexto histórico, com a sua falsa promessa de realizar a formação cultural (educação), a fim de criticar a relação entre ambos, de modo a rejeitá-los.
A escolarização é fundamentalmente um modo de controle social, que procura produzir os indivíduos de que a sociedade capitalista precisa para se perpetuar no tempo, sem alterar a sua estruturação global. A educação teve supostamente no passado o potencial de transformar/transcender a sociedade, mediante a transformação do estudante num sujeito activo e consciente comprometido com o crescimento do seu poder pessoal e social. A escolarização que não esteja ligada à luta por uma vida qualitativamente melhor e sem angústia para todos, através da construção de uma sociedade baseada em relações livres de coerção e na justiça social não responde à exigência dos seus princípios conceptuais.
Hoje, a escola integrada ensina sem educar. Pode, num determinada disciplina ideológica, ensinar a preencher um cheque, sem, no entanto, fornecer conhecimentos conceptuais e orientação histórica para aqueles que, no processo educativo, ainda ousam ter esperança — sobretudo, aqueles poucos professores competentes que ainda não perderam a esperança de voltar a educar e a formar alguns dos seus alunos, pelo menos, aqueles que resistem aos condicionalismos e constrangimentos do currículo oculto e da sua matriz: a ideologia dominante das novas classes dirigentes.
Neste sentido, Henry Giroux desenvolveu uma teoria do currículo, a qual articula uma "teoria dos interesses" e uma "teoria da experiência"
. A teoria dos interesses explica o modo como o currículo reflecte os interesses da ordem social estabelecida: as visões particulares do mundo que representam e as relações sociais que glorificam ou descartam. A teoria da experiência mostra que o currículo é uma narrativa historicamente construída que produz e organiza as experiências do estudante no contexto de formas sociais fetichizadas, tais como o uso da linguagem, a organização do conhecimento em categorias de alto e baixo status e a afirmação de tipos particulares de estratégias de ensino. O currículo configura os interesses e as experiências particulares, em função dos imperativos do crescimento económico contínuo, de resto uma ideologia perigosa em termos de ambiente.
O currículo oculto que se insinua na prática diária pedagógica é consciência reificada. A linguagem pedagógica administrativa é sedimento do "pensamento único". A consciência colonizada é consciência coisificada que, incapaz de problematizar, se deixa pensar pelo opressor. Pura heteronomia! O consenso obtido na e pela linguagem ordinária é a vitória do opressor. A linguagem vulgar silencia a voz do oprimido: nela o oprimido vê-se a si mesmo com os olhos do opressor. «A terapia linguística — isto é, o esforço rumo a palavras (e assim conceitos) livres de tudo, sem distorção do seu significado pelo establishment — postula a transferência de standards morais (e da sua validade) do establishment para a revolta contra ele» (Marcuse)
. A linguagem do opressor pode ser radicalmente remodelada e extirpada da sua falsa neutralidade. Contudo, neste momento de indigência mental e cognitiva, uma linguagem, metódica e provocatoriamente «moralizada» em termos de recusa, já não é capaz de confirmar as vozes dos professores e dos estudantes, ambos colonizados pela ideologia dominante, e muito menos associar o propósito da escolarização a uma visão transformadora do futuro. Dar a palavra ao oprimido é renovar e recriar uma nova linguagem: a que nomeia as coisas pelo seu verdadeiro nome. Mas o oprimido não é actualmente qualquer pessoa proveniente das classes sociais inferiores, mas todos aqueles que são dotados geneticamente de uma inteligência superior.
O professor que abandone a investigação fundamental depois de ter obtido fraudulentamente o diploma de licenciatura ou qualquer outro grau académico mais avançado, na maior parte das vezes obtido de modo precipitado e demasiado fácil, deixa, por isso, de ser um professor empenhado e responsável e, mais cedo ou mais tarde, ingressa na categoria dos frustrados que consultam o psiquiatra para adormecer o seu vazio existencial. Já não está à altura da sua verdadeira missão educativa. Pedagogia e investigação contínua foram sempre inseparáveis até que se criou a burocratização da arte de ensinar; a partir desse momento, os professores, bem como os alunos, foram aprisionados, condenados a não ter direito à palavra autónoma. A pedagogia administrativa monopoliza a palavra e, ao negá-la aos outros participantes do processo educativo, mais não faz do que silenciar o seu protesto — o protesto contra a invasão da consciência por parte dos inimigos do pensamento e da imaginação criadores. Ou melhor, estes participantes já não sabem o que significa o protesto: a sua linguagem visa apenas a defesa das suas regalias egoístas. O corpo engorda, enquanto a mente definha, pensando unicamente na refeição seguinte.
Comprometida irrevogavelmente com os humilhados e ofendidos, a pedagogia crítica foi radicalmente revolucionária: sendo a História fundamentalmente um processo aberto, a libertação é um objectivo autêntico e um mundo radicalmente diferente pode tornar-se real, desde que as pessoas não tenham medo de se servir do seu entendimento para determinar racionalmente, em diálogo umas com as outras, os fins da sua acção. Ora, este ideal do esclarecimento reproduziu o seu contrário: a idade das trevas. Por isso, a teoria crítica deixou de acreditar na escola e nos seus intervenientes, abraçando o sonho de Ivan Illich de uma «sociedade sem escolas». Deste modo, a teoria crítica pode estar pronta a escutar Hannah Arendt e desconstruir a "questão social" em nome de uma cidadania elitista. Portanto, como funcionários públicos ou privados, os professores devem obedecer às ordens dos seus superiores hierárquicos e acatá-las submissamente, porque são eles que lhes pagam os ordenados que lhes permite garantir o seu aprisionamento à esfera da necessidade. E, como se sabe, segundo os mestres gregos, aqueles que estão prisioneiros da necessidade não têm direito à palavra. Esta é a lição de Hannah Arendt integrada pela nova teoria crítica da sociedade. Só os cidadãos livres da necessidade têm direito à palavra e de participar na esfera pública. Os restantes são uma espécie de «escravos» que devem obedecer aos seus amos. (Para quem não sabe, a Teoria Crítica é o Marxismo.)
J Francisco Saraiva de Sousa

33 comentários:

quintarantino disse...

Caro Francisco, apreciei a passagem onde reafirma que a escola ensina sem educar.

Sou mais pessimista e atrevo-me a ir mais longe um pouco. Nalguns domínios a escola nem ensina, nem educa. Simplesmente existe.

No resto, e sem que daqui se retire mais que o conteúdo da mera citação, Goebbels no último discurso que efectuou aos berlinenses asseverou que um dia as pessoas, fartas do comunismo (que entretanto faliu) e da plutocracia capitalista, se iriam virar para novas alternativas.

Obviamente que o orador pensava no nacional-socialismo; obviamente que penso em qualquer coisa diferente (não sei quê) onde se respeitem as pessoas, se aposte na educação e no conhecimento e num novo modelos social.

lp disse...

Não sei porquê, pelos vistos, não consegui enviar ontem a minha última resposta ao seu post sobre o debate do «Prós e Contras». Submetia-a agora novamente. Mas se calhar era escusado... Algumas das minhas objecções ficam esclarecidas com este seu último post. Da leitura deste, só posso concluir que o que comecei por apontar de contraditório ao seu discurso, se revela agora de forma mais explícita e de uma forma muito mais radical do que eu estaria à espera. Como eu já disse por diversas vezes, você mostra ter uma vasta cultura, mas na sua forma de argumentar (e, agora, também no conteúdo do seu post), você dá mostras de um pedantismo e de um desprezo pelas «pessoas comuns», reveladores de pouco espírito democrático. A maneira como você conclui o seu post, afirmando que os «prisioneiros da necessidade não têm direito à palavra» é bem demonstrativo disso. Em última instância, você defenderia que o direito de voto deveria estar restringindo a uma «minoria esclarecida». É um apologista de um regime à Platão governado por reis-filósofos iluminados e dividido em classes sociais bem demarcadas e com funções bem especificas e diferenciadas. Mais: quem tanto cita Marx, mas ao mesmo tempo abandona a «teoria do proletariado» (a teoria da sua emancipação), e quem se diz de esquerda e cita diversos autores politicamente situados nessa área, mas ao mesmo tempo considera a igualdade, como «a ideia mais terrível produzida pela nossa cultura», nunca poderá honestamente dizer que é socialista ou de esquerda. Quando muito pertence à tal «esquerda» não tradicional, como você e como o discurso dominante esvaziado de ideologia e alinhado com terceiras-vias a definem. Sinal de que as suas ideias políticas estão contaminadas pelo pragmatismo, tecnocraticismo e relativismo pós-moderno reinantes que banalizaram a palavra «esquerda». É, portanto, você próprio quem se serve da tal «linguagem vulgar que silencia a voz do oprimido». Dir-se-ia que o Francisco se aproxima e muito de teses da direita conservadora (preocupada com a erosão de uma determinada ordem e tradição) e também das teses do neoliberalismo defensor da competição como factor de diferenciação social e de selecção dos «melhores», isto para não dizer que as suas ideias conduzem a um darwinismo social reaccionário que divide as pessoas em escravos e em senhores. É nessa medida que o começo a ver como alguém intelectualmente muito «perigoso»: porque dominando a palavra e o discurso conseguirá manipular facilmente os ditos «cidadãos comuns» ou «animais metabolicamente reduzidos», de que você, naturalmente, não faz parte. Hitler também era um «socialista», um mestre na hipnotização das massas e um indivíduo pertencente a uma raça ou casta superior.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

lp

Admiro muitos os seus comentários inteligentes e é com prazer que os leio. Contudo, detecto neles a presença do "politicamente correcto": esta nova ideologia que tenta impedir-nos de dizer a verdade.
Sou de esquerda e, antes de tudo, democrata. O pragmatismo a que se refere deve-se ao facto da política estar sujeita periodicamente ao sufrágio universal. Os políticos precisam de votos para conquistar o poder e, por isso, no final dos mandatos fazem promessas populares. Este jogo está viciado e, ele e não eu, é perigoso para o próprio futuro da democracia, tal como Platão já tinha previsto. A "igualdade" foi uma ideia interessante no passado, mas actualmente está a destruir a cultura e a tradição crítica, porque nivela a partir do nível inferior. A educação foi vista como uma via de ascensão social, mas o seu resultado é a sua decadência: aquela que constatamos diariamente. A classe dos professores (as excepções são excepções) tal como se manifesta mostra a triste figura da degradação da cultura. Os professores não são agentes culturais mas funcionários públicos, relativamente privilegiados em relação ao seu proletariado ou a outras profissões. Quem não tinha mérito ia para professor: anarquia democrática, carreira garantida pelo acumular dos anos, ordenado e reformas garantidas, férias pagas pelos contribuintes, e a educação onde tem estado? Fora das escolas!
A imagem social dos professores é efectivamente negativa e esta manifestação não os vai ajudar. Quando criticam o neoliberalismo, não o fazem por razões políticas ou ideológicas, mas para defender o seu "tacho". Temem ser avaliados cientificamente e, já que pensa que sou darwinista social, ser submetidos a um processo de selecção. Uma classe sem mérito! Nunca falam de questões culturais ou pedagógicas, mas apenas da sua "carreira": funcionários públicos, pequenos burocratas da papelada!
Não me identifico nem revejo nessa "causa", simplesmente porque sou demasiado honesto para o fazer.
Ainda ontem na "Quadratura do Círculo" falou-se deste assunto. A ministra fez bem em tirar a força que os sindicatos tinham no seio do ministério da educação! É uma mulher corajosa! Reconheça! Marx e sobretudo Lenine não viam com bons olhos os movimentos sindicais: aburguesaram efectivamente a classe dos assalariados! Por isso, só sabem reivindicar aumentos salariais que vão gastar nas praças da alimentação (os capitalistas gostam da ideia), enquanto os seus dirigentes tratam dos seus interesses particulares. Aliás, muitos professores sabem disso: os sindicatos só reivindicam em relação ao Estado; os trabalhadores das empresas privadas não têm esses privilégios.
Ora, este Estado gordo deve emagrecer: é uma questão de justiça social. Por isso, não posso aprovar a sua crítica a José Sócrates. A esquerda tradicional está profundamente corrompida! Luto por uma NOVA Esquerda! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quintarantino

Exacto: A Escola "nem ensina, nem educa. Simplesmente existe". De facto, o capitalismo não precisa de "letrados" mas de consumidores.
As novas alternativas... No domínio da educação, com a maioria destes professores existentes que escondem o rosto por detrás de um "título" (professor), não há esperança. Como mudar a educação com esta escola que "simplesmente existe"? E com as eleições a ficar próximas! :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

lp

Já que parece estar interessado nestas coisas do pensamento, vou partilhar consigo duas experiências reais:

1) Fui contactado por um (ou uma?) responsável por uma editora escolar de prestígio nacional (sic) para escrever uns manuais escolares. Forneceram-me o material necessário e fiz uma proposta. Ele disse-me: "Brilhante para um manual universitário. Mas, Sr. Dr., os professores do ensino secundário são burros. Escreva umas merdas que eles vão gostar!". Abandonei o projecto e a editora.

2) Um responsável de Departamento numa universidade particular disse-me: "Sr. Dr., Anda a dar pérolas a porcos". Os "porcos" eram os alunos. Afastei-me dessa instituição de Ensino Superior.

Como vê, não sou "escravo da necessidade". A vida deve ser digna de ser vivida... :)

André LF disse...

Tenho lido atentamente os posts de Francisco e, sinceramente, não noto neles o pedantismo e o desprezo pelas "pessoas comuns". O que noto nos seus textos é uma preocupação em evitar o nivelamento a "partir do nível inferior". A meu ver esta preocupação não deve ser confundida com pedantismo ou alguma forma de elitismo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

André

Estes últimos posts foram bombardeados por alguns professores do ensino secundário. Foram momentos de "guerra"...
Obrigado pelo apoio. Eles não percebem que luto por um mundo mais justo, transparente e habitável.

lp disse...

Em relação ao «politicamente correcto», o que eu diria é que essa é uma daquelas expressões (importada dos EUA) que é constantemente utilizada pelo novo discurso dominante; pela tal nova «linguagem vulgar que silencia o oprimido». É caso para dizer que os apelidados de «politicamente correctos» são afinal aqueles que, verdadeiramente, são, hoje, «politicamente incorrectos». Aliás, essa é uma expressão que começou por ser utilizada, e é recorrentemente utilizada, por opinadores políticos mais situados à direita, o que revelaria como incorporado no seu discurso estão muitos conceitos e ideias defendidos por essa direita (liberal ou conservadora). É que aquilo que você considera ser verdadeiro, outros podem considerar ser uma ideologia mascarada de verdadeira. Desta forma, aquilo que você se esforça por denunciar, pode ser apontado também a si e às suas ideias.
Depois, a sua rejeição do princípio da igualdade também é (e sempre foi) um presença constante nas ideologias de direita, que entendem que a liberdade é incompativel com a igualdade. Desculpe lá, mas nem um considerado liberal de esquerda, como Rawls, faz essa rejeição tão radical. Daí que as suas ideias acabem, inevitavelmente, por se identificarem com um projecto político de direita.
Acrescente-se a isto que se há um nivelamento cultural por baixo, isso tanto se pode imputar à ideia de igualdade (como você faz) como à ideia de liberdade. Lá está, depende da perspectiva em causa... Pode-se muito bem afirmar que foram a sociedade de consumo e o mercado dito livre quem promoveu essa degradação cultural. Os Big Brothers televisivos não foram uma criação do socialismo, mas sim do capitalismo. Hoje o «ópio do povo» já não é a religião; é o consumismo. E se a escola é um reflexo da sociedade, então a degradação do ensino só pode reflectir o dominio de uma existência dominada pelo individualismo, pelo consumismo e pelo desejo em ter uma vida de prazer constante e imediato.
Um outro nivelamento por baixo relevante e de que você se esquece começa a verificar-se nas relações laborais com a liberalização e flexibilização destas. Aquilo que você considera serem «privilégios» (mais uma vez como se ouve à direita), é visto à esquerda como direitos sociais, que se não estão universalizados deviam estar - desde sempre foi esta a igualdade defendida pela esquerda. Afinal, quando você se referiu ao dever de não se esquecerem os princípios históricos do socialismo estava a referir-se a quê? O que é o «socialismo» para si? Se em termos das relações económicas e laborais se está a voltar ao mundo do século XIX, ser socialista só pode ser lutar contra a exploração do trabalho.
Depois você continua a culpabilizar os professores pela ausência de educação de qualidade nas escolas, quando não são eles que determinam os programas a leccionar. Volto a dizer: o sistema de avaliação que este governo quer impôr obriga e pressiona os professores a fazerem a nivelação por baixo (que você critica) e a serem burocratas de facto. E a culpa é dos professores?! Se antes havia quem se recusasse a seguir a pedagogia do eduquês, agora o que vai acontecer é que quem não alinhar com essa orientação está tramado. O medo de serem avaliados reside aqui, devido ao conflito entre os seus legítimos interesses profissionais e a sua ética e dignidade profissional.
E deixe-me que lhe diga, a mediocridade que diz existir entre os professores das escolas, existe também nos professores das faculdades (que no que toca à defesa da cultura ainda têm mais responsabilidades). Não se admire, portanto, se eu lhe disser que dos três melhores professores que eu tive na faculdade dois eram considerados meros «professorzecos» de liceu (porque foi daí que vieram), por um catedrático que era uma nulidade a dar aulas e que só falava para o seu próprio umbigo. Um outro catedrático chegava sempre meia hora atrasado às aulas. Pois é, pelos vistos as ditas elites não são um exemplo para ninguém.
E não reconheço qualquer coragem à Ministra. Mais uma vez, esse reconhecimento não tem nada de espantoso quando vem de alguém conotado com a direita liberal, como é o caso do Pacheco Pereira. O que eu lhe reconheço, como a todo este governo, é um maquiavelismo que tem, até agora, conseguido ser bem sucedido.
Por tudo o que acabei de dizer só posso reafirmar a minha convicção de que aquilo que você considera ser a «nova» esquerda, já não tem nada de esquerda: este governo é um governo tecnocrático que se limita a gerir as contas do Estado, e que está vazio de política. Mais: a vida de Sócrates é um exemplo perfeito e paradigmático de tudo aquilo que você quer denunciar e critica: corrupção política, oportunismo, chico-espertismo, trafulhices, esquemas e tachismos, carreirismo político, diplomas comprados, etc. Não, corrupta é a essa nova «esquerda» que conseguiu o facto inédito de ultrapassar o PSD pela direita! Tanto é assim que até Sarkozy (modelo actual do Menezes) elogiou as medidas de Sócrates.


PS: Se não é escravo da necessidade (económica) ainda o pode vir a ser. Mas se é assim, então, realmente, não precisa que o mundo capitalista sofra qualquer transformação no sentido do socialismo, como diria Marx. De qualquer forma a escravatura pode dar-se em muitos domínios da vida. Você lá saberá se consegue dizer «não» em qualquer situação. Mas as suas experiências mostram, mais uma vez, que a grande responsabilidade pelo estado do ensino não é dos professores. Só o é em parte, na medida em que pactuaram (consciente ou inconscientemente) como quem os trata como burros e como burocratas, com quem faz negócios à custa do mau ensino. O que é algo que se verifica, também, na orientação e medidas deste Ministério da Educação: quer-se poupar dinheiro (ou ganhar conforme a perspectiva) e tratam-se os alunos como porcos a quem qualquer porcaria pode ser ensinada desde que depois haja sucesso estatístico. Penso que está na altura de você se abandonar o barco, meu caro.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

lp

A sua esquerda está localizada no século XIX. Já estamos no século XXI: O Estado Social é, em grande medida, insustentável e não há nenhum ideal que o possa salvar, sobretudo se levarmos em conta as variáveis demográficas. Marx nunca definiu positivamente o socialismo. E, neste momento, não temos um modelo económico viável alternativo à economia de mercado. As políticas de esquerda devem ser levadas a cabo no âmbito desta economia de mercado globalizada.
A igualdade é um conceito político, cujo âmbito não deve ser arbitrariamente alargado até se converter na mais terrível uniformidade. Ora, o pensamento de Marx solta a diferença: todo ele é negativo! Essa era a visão soviética desmentida pelo decorrer dos acontecimentos.
Os professores são também responsáveis..., pactuaram com o sistema e colocaram a sua vidinha à frente dos interesses da educação. Sabe muito bem que muitos decretos são mal interpretados pelos professores: em vez de serem inteligentes e "simples", complicam tudo. Aliás, a ministra falou disso quando se referiu ao "projecto escola". Afinal, o que é isto? O que são as visitas de estudo? Os dias das bruxas, dos namorados ou as semanas do queijo francês ou do chá inglês? Isso é educação? Seguir os manuais é educação? Sim, tem razão: muitos professores universitários são responsáveis. Já o disse várias vezes aqui neste blogue e no comentário de "prós e contras".
A diferença reside na coragem (Kant)! Não me deixo corromper e sou efectivamente de esquerda, não de uma esquerda que quer manter os "direitos sociais" dos corrompidos após 25 de Abril, mas de uma esquerda justa e livre, à Rawls, também, sobre quem já fiz vários posts. A luta contra a corrupção exige uma "triagem" e a escola também está corrompida. (Quem meteu os pais na escola ou mesmo as autarquias? Foram os professores que, como pais, começaram a lixar os colegas, e que circulam da escola para a autarquia... Outro erro...)
Não entendo a sua animosidade em relação ao PM! Talvez tenha outro candidato. Partilhe! Portugal não pode viver da "esmola" da Europa!
Não sou homem para abandonar o barco! Sabe que esta foi a primeira vez que houve insultos nos comentários! E, no entanto, há por aqui alguns professores! Mas são corajosos... Querem mudar Portugal.
Cumprimentos

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

lp

O Ensino em Portugal tal como o conhecemos é indefensável! A "causa dos professores" não é efectivamente do "interesse de Portugal", como qualquer outra causa corporativista associada aos "sindicatos" e aos partidos da "abolição do poder". Quando referir Marx, refira a obra, para me "localizar"... :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Usei o termo "necessidade" no sentido de Hannah Arendt. não se reduz a necessidade económica! Aliás, mencionei o seu nome... Na ciência, devemos ser rigorosos! :)

Manuel Rocha disse...

Numa sociedade que, por muito que o negue, privilegia o conformismo , a irreverência é sempre mal recebida. Se a irreverência se revela sólida, a rejeição redobra de intensidade porque basicamente o que se passa é que raros são os de nós que têm a abertura de espírito necessária para se atreverem a olhar o mundo do lado de fora do quadradinho de certezas dentro do qual tendemos a organizar o nosso quotidiano de rotinas, e por isso defendemos do “invasor” com tudo o que tenhamos ao nosso alcance.

Vir a público afirmar que igualitarismo e igualdade não são a mesma coisa, e que na nossa democracia esta tem derivado naquela, é claramente uma situação que coloca em alerta todos os mecanismos instintivos de auto defesa da mediania instalada.

Do mesmo modo que os consensos não têm que se definir em redor dos menores denominadores comuns, também a igualdade de oportunidades que a nossa sociedade deveria prosseguir não pode ficar refém do facto de as características distintivas que nos individualizam não se ajustarem necessariamente a qualquer função que nos sejam pedida.

Quando, como tem sucedido entre nós, se contemporiza com dinâmicas que não incorporam a noção de o progresso de uma sociedade depender também da capacidade dos mais aptos potenciar a esfera de acção para que estão mais vocacionados e preparados, a mediocridade das performances é inevitável. E parece-me que há que assumir essa discussão sem preconceitos. Com frontalidade, coragem e conhecimento. Como faz o o Francisco, e por isso o cumprimento.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

É uma questão de querer mudar as coisas: empenhamento, racionalidade e coragem. Nunca tive jeito para ser "monárquico": a igualdade de oportunidades e o mérito. Aliás, sem essa competição, a produtividade desce: os funcionários públicos portugueses tendem ou são parasitas do sistema. Não há mérito, qualidade, classe... :(

lp disse...

«Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de diferentes maneiras; o importante, porém, é transformá-lo». - Teses sobre Feuerbach



Francisco, tudo o que você diz é mais uma confirmação (a somar às anteriores) de que os seus ideais são convergentes com os ideais de direita. Você vai ainda mais longe do que Sócrates que afirmou querer garantir a sustentabilidade do Estado Social. Para si é impossivel salvá-lo: resta desmantelá-lo como defendeu Menezes, que suponho seja outro «socialista» pertencente à nova «esquerda».
E se tanto a sua insustentabilidade como o capitalismo globalizado e sem controlo são inevitáveis, então, como eu disse, voltamos à essência das relações económicas, sociais e laborais do século XIX (estejamos no século XXI ou não), voltamos à exploração do trabalho típica desses tempos, como os indicadores acerca da diferença de rendimentos entre os mais ricos e pobres revelam estar a intensificar-se (tanto em Portugal, como no resto do mundo).
Para si ser de esquerda é aceitar este «novo» estado de coisas; para outros, como o alemão ex-SPD LaFontaine, é dizer não a esse tipo de ideias e romper com partidos com o nome de «socialistas» ou «sociais-democratas», mas que não passam de partidos submissos ao tal neoliberalismo «inevitável». Mas é você próprio quem se reclama duma esquerda à Rawls, portanto só se pode concluir que você não é socialista: é um liberal dito de esquerda, que pertence ou apoia um partido que, por acaso, tem o nome de «socialista». Na ciência, afinal, devemos ou não devemos ser rigorosos?
A minha animosidade para com este PM é ideológica, como penso estar claro em tudo o que eu escrevi. Eu é que «não percebo» a sua condescência para com alguém que andou a tratar da sua «vidinha» e dos seus interesses próprios (como você diz àcerca dos «professores corruptos») servindo-se dos mais variados esquemas e dos tachos oferecidos pelo partido. Lembre-se também que o Sócrates muito rigoroso e poupado com os gastos do Estado foi um dos maiores responsáveis pelo despesismo inútil que se teve com a construção de estádios de futebol que, agora, estão às moscas, como muitos na altura alertaram que iria acontecer.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

lp

A 11º Tese sobre Feuerbach enuncia uma nova prática da filosofia e uma mudança na concepção de praxis, mas não define positivamente o outro princípio de realidade (o socialismo ou o comunismo).
Para além do PS, não vejo outro partido de esquerda responsável em Portugal. Acabei de ver "Corredor do Poder" (RTP1) e torna-se evidente que o PCP e o BE são forças sem projecto político responsável. Favorecem a Direita, porque tal como os partidos de direita ficam contentes com a suposta descida do PS.
Não sou contra o Estado Social. Apenas disse que precisa ser reformulado, de modo a ser sustentável. Mas sou a favor de um Estado mais "pequeno" mas mais "competente". O seu papel na regulação da economia é fundamental e aqui o PS marca a diferença. Um Estado competente deve garantir a "igualdade de oportunidades" (Rawls) e não a imposição da anarquia pseudo-igualitarista. Esse foi um erro de certa esquerda do passado. A Nova Esquerda é herdeira de Marx mas não é comunista, como é evidente, até porque o comunismo não tem nada a ver com Marx. Recusa-se a "colonizar o futuro", mas promete "sonhar para a frente": uma grande diferença.
Além disso, não concebo o "socialismo" sem liberdade, portanto, sem democracia (Rosa Luxemburgo, Rawls). O primado da liberdade é fundamental: sem ele não estariamos aqui a debater ideias. O marxismo herdou esse "espírito liberal", manchado pela experiência comunista. O neoliberalismo não me intimida! Sou um marxista liberal: o socialismo da liberdade e da justiça.
Quanto a José Sócrates, não lhe vejo alternativa! Aquilo que narra do seu passado, de resto pouco importante politicamente, foi possivelmente uma invenção dos "interesses instalados" que não desejam a mudança! A corrupção é endémica em Portugal! O que interessa é a sua acção como PM. E não vejo neoliberalismo em Sócrates! Até seria bom sermos arrejados por uma onda fértil de liberalismo económico. A economia crescia e criavam-se empregos. Ao contrário do que pensa, o Estado não pode ser o único empregador e, quando o é, a corrupção cresce a ritmo acelerado.
Cumprimentos

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

PS:

Estou satisfeito e orgulhoso pelos nossos estádios de Futebol. Adoro futebol! :)))

lp disse...

Sim, eu sei que da 11º tese sobre Feuerbach nada se pode concluir a respeito do socialismo. Mas eu não citei a frase para ela ser vista de forma abstraída de todo o pensamento de Marx, nem desligada do seu materialismo histórico. Será que eu preciso de recomendar-lhe a leitura do Manifesto do Partido Comunista (e não do «Partido Marxista-Liberal»)?! O comunismo não tem nada que ver com Marx?! Você talvez queira dizer que os antigos regimes de leste se desviaram dos ideais marxistas, tendo-se transformado em sistemas capitalistas de Estado, e onde se verificava, de facto, uma pseudo-igualdade em que uns eram mais iguais do que outros. Mas é precisamente aquilo que de pior e de degenerativo existiu nesses regimes que você entende dever ser integrado no novo «marxismo»: a distinção clara entre uma classe dirigente e que manda e uma classe obediente e que cumpre ordens, assim como a adopção e adaptação às «inevitáveis» regras de funcionamento de um sistema neoliberal e capitalista global. E a isto você acrescenta mais uma receita ou slogan liberal: a de um Estado mais pequeno, mas melhor ou mais eficaz, que o que quer dizer, ao fim ao cabo, é ele ser construído à semelhança de uma empresa que procura maximizar os seus lucros. Um Estado que reflecte e que está ao serviço da classe dominante, como diria Marx. Um Estado que – aceitando-se as suas teses da inevitabildade do neoliberalismo global – inevitavelmente não terá possibilidade de regular nada. As deslocalizações das empresas mostram como são mais os Estados que se têm de sujeitar às condições ditadas por aquelas, do que o contrário: é a política submissa aos interesses económicos. Marx é actualíssimo, de facto. O verdadeiro, e não o transfigurado em liberal.
Quanto a Sócrates, se você prefere ignorar os seus diversos esquemas (com alguma relevância no seu presente porque revela uma forma de estar e agir, para além da possibilidade de ele poder estar a mentir) e prefere acreditar em teorias da conspiração, só posso concluir que, para si, nem todo o tipo de corrupção e mediocridade deve ser investigada ou denunciada. E o mesmo se diga em relação ao futebol, de que você gosta, e que, por isso, parece ser-lhe indiferente se se gastou dinheiro nesses estádios desnecessariamente, assim como parece ser-lhe indiferente se esse desporto, onde há muitos interesses económicos e políticos em jogo, é um antro de corrupção. Estou a ver que, afinal, também você não consegue dizer não a certas realidades, e que também está preso a determinados interesses. Parece que se é escravo ou senhor conforme as circunstâncias e as questões em causa, ou não?
Cumprimentos

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

lp

O comunismo é uma criação de Marx? Avalia a originalidade de Marx por uma ideia greco-cristã?
Já que nega a economia de mercado, como pode criar empregos? Digo novamente: O papão do neoliberalismo não me intimida! Isso é treta do bloco de esquerda ou do PCP!
Os estádios foram maus investimentos? Ninguém se queixa deles! Pelo contrário, são uma referência que permite a Portugal organizar mais eventos mundiais! A "corrupção" do futebol é, se existe, mais inofensiva do que a corrupção da qualidade do ensino.
E já que defende um Estado forte, só lhe resta submeter-se a ele! :)

Isa disse...

Meu caro Francisco

De facto ainda não percebi qual o problema que tem com os docentes deste País.
De facto é ofensivo e extremamente mal educado, por acaso já deu aulas em Escolas da periferia onde alunos o ameaçassem constantemente e fizesse das tripas coração para ensinar fosse o que fosse?
Esfalfo-me a trabalhar e a dar o meu melhor para pessoas como o Sr tecerem banalidades e generalidades e olhe que somos muitos docentes que damos o que pudemos e o que não pudemos.
De um momento para o outro todos são grandes educadores é curioso? Traumas escolares ou mais treinadores de bancada?
Passe bem

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Isabel Cristina

Imagino que deve ser muito complicado e vejo nisso uma boa causa! Os professores devem partilhar publicamente essa "indisciplina": as ameaças, os insultos, a pancada, etc. Sem disciplina e autoridade do professor não há ensino de qualidade. (Não tenho nada contra os professores.) :)

António disse...
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J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O réptil chamado OSGA escreveu:

"Eu tinha dito que voltava aqui ó parvalhão, espécie de Gay camuflado de esquerdista e a dar uma de pseudo intelectual.
És tu Professor dalguam Escola básica ou secundária? Então cala-te e reduz-te à tua insignificância, filósofo de merda". Pode eliminar... Também está guardado.

António disse...
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António disse...
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António disse...
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António disse...
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António disse...
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António disse...
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J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Então porque escreve essas coisas?

E. A. disse...

Essa osga é mesmo indecente. Além de ter 10cm de pila, ejaculação precoce e o cu vendido a 5 tostões, ainda tem o descaramento de transcrever o manifesto anti-Dantas do grande Almada, como se o F. fosse um aluno seu da escolinha de retardados mentais onde o puseram a dar explicações. Desapareça! Morra longe! Pim!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ele eliminou os comentários. PIM

António disse...
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António disse...
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