sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Moçambique Terra Queimada

Já não me lembro como este livro de Jorge Jardim - Moçambique Terra Queimada - me veio parar às mãos: penso que me foi oferecido provavelmente por um amigo que nunca se conformou com a mudança de nome de Lourenço Marques para Maputo - leia-se má-puto! - e com as barbaridades discursivas de Samora Machel. Devo confessar que nunca cheguei a ler este livro na íntegra. Neste último Natal, alguém me contou que o movimento das forças armadas tinha tido o seu início em 1973 na cidade da Beira em Moçambique. Escutei a narrativa dessa revolta militar da Beira, mas não voltei a pensar no assunto até hoje. A recepção calorosa dos meus textos por parte de destacados membros da comunidade intelectual moçambicana levou-me provavelmente a procurar o livro de Jorge Jardim perdido algures numa das minhas estantes. Encontrei-o e folheei-o, e, qual o meu espanto, quando reencontro a narrativa da revolta militar da Beira. De certo modo, a minha perspectiva da ditadura de Samora Machel encontra neste livro a sua versão metafórica de terra queimada. Jorge Jardim defendeu a independência de Moçambique noutros moldes: Moçambique para todos e não apenas para a Frelimo, o instrumento do poder expansionista soviético. Alguns dos ideólogos fanáticos da Frelimo são nomeados e analisados por Jorge Jardim. Para evitar o confronto directo com a China, os soviéticos apostaram nos intelectuais comunistas sectários e aqueles que não se sujeitaram a esta lavagem do cérebro foram assassinados. A entrada de Samora Machel em Moçambique está bem documentada: os portugueses mais inteligentes deviam ler ou escutar os discursos terroristas daquele que veio a ser sem entusiasmo do povo o primeiro Presidente - e o primeiro Ditador sanguinário - de Moçambique. Ele e os seus ideólogos fanáticos são os principais responsáveis pela queimada moçambicana. É provável que regresse um dia mais tarde a este livro, cuja leitura aconselho. No entanto, antes de terminar este post, quero partilhar uma ideia: os chamados movimentos de libertação nunca se libertaram do colonialismo - e nunca conquistaram nada digno de memória. O caso de Moçambique é exemplar: a luta da Frelimo foi apoiada por uma potência ocidental, a URSS. O colonialismo português foi substituído pelo colonialismo russo e depois pelo colonialismo chinês. O que é que o povo moçambicano herdou dos novos colonizadores que nem o património português souberam conservar? O discurso do colonialismo não leva a parte nenhuma. Nós ocidentais também nos colonizamos uns aos outros: o colonizado liberto do seu bom colonizador é pobre. Já deviam saber que o colonialismo acompanha a humanidade ao longo da sua história. Samora Machel foi a desgraça de Moçambique!

J Francisco Saraiva de Sousa 

2 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Frelimo também tem os seus intelectuais honestas: 2 ou 3 deles ficaram um pouco chocados com o uso que faço do termo primitivo. Meus amigos: neste post acabei de chamar burros aos portugueses. Sou português e não me sinto ofendido quando lhes chamam burros malvados. É o que são... :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E o que dizer dos políticos portugueses de hoje. Além dos atributos anteriores, são tendencialmente corruptos.

honestOs*