quinta-feira, 17 de julho de 2008

Homens e Mulheres perante as Leis

Os homens têm controlado as leis ao longo dos tempos e as leis podem ser usadas para regular o sexo. Se o propósito do controle masculino fosse sufocar a sexualidade feminina, os homens poderiam ter usado o sistema legal para regular e punir a sexualidade feminina. A questão que se coloca é, portanto, a seguinte: Os homens usaram e usam o seu poder jurídico-político para restringir ou suprimir a sexualidade feminina? A resposta a esta questão é muito mais relevante para a teoria do controle masculino do que para a teoria do controle feminino da sexualidade das mulheres. Muitas leis parecem apontar na direcção do controle masculino e as teorias feministas tendem a apresentar as mulheres como vítimas do domínio dos homens, esquecendo que o sistema prisional é muito mais duro e pesado para os homens do que para as mulheres.
1. As leis relativas à sexualidade adolescente parecem proteger mais as adolescentes femininas do que os adolescentes masculinos. A promiscuidade sexual tem sido usada pela polícia e pelos tribunais como um sinal de delinquência sexual e este comportamento é mais atribuído às raparigas adolescentes do que aos rapazes adolescentes. Porém, estes esforços para controlar a sexualidade feminina adolescente têm sido realizados por instituições que visam prevenir a gravidez e a promiscuidade entre as mulheres adolescentes. As agências governamentais dirigidas para o controle da sexualidade feminina tendem a ser lideradas ou apoiadas por mulheres e, em Portugal, as ordens religiosas femininas cumprem essa missão.
2. As leis relativas ao adultério parecem confirmar completamente o modelo do controle masculino da sexualidade feminina. Com efeito, ao longo da história do Ocidente, a infidelidade feminina tem sido mais severamente punida do que a infidelidade masculina. Neste aspecto, não podemos negar o controle masculino: a figura do "homem enganado" pela mulher é alvo de escárnio e de desprezo. Nos léxicos eróticos heterossexuais, o campo lexical do adultério ocupa uma posição de relevo, não tanto pela sua frequência, mas sobretudo pelos estereótipos sociais associados às infidelidades: 3,59% e 15% respectivamente num léxico português e num léxico brasileiro.
3. As leis relativas ao controle do nascimento e ao aborto podem ser interpretadas como contributos masculinos para a supressão da sexualidade feminina. O controle de nascimentos e o aborto permitem às mulheres envolver-se facilmente em actividades sexuais, sem correr o risco de alternar períodos de gravidez e períodos de disponibilidade sexual. Para assegurar as gravidezes, as leis são feitas de modo a ter efeitos indirectos sobre o comportamento sexual feminino e estes efeitos tendem a restringir a sexualidade feminina.
4. As leis sexuais, isto é, aquelas leis que punem os chamados crimes sexuais, concentram a sua atenção mais sobre os homens do que sobre as mulheres. Deixando de lado as leis homofóbicas e a violência conjugal, três categorias de leis sexuais merecem especial atenção, porque mostram claramente que o sistema legal procura regular a sexualidade masculina: a coerção sexual (violação), a prostituição e o vício comercializado, e as ofensas sexuais.
4.1. Coerção Sexual. A violação sexual é praticada predominantemente pelos homens (99%) e, por isso, os homens são mais frequentemente punidos e presos do que as mulheres. As leis procuram controlar o comportamento coercitivo dos homens. Porém, alguns estudos mostraram que 22% das mulheres e 16% dos homens disseram ter estado envolvidos em sexo contra a sua vontade. Estes dados não alteram o padrão anterior: os homens são presos por terem praticado violação com recurso à força.
4.2. Prostituição e Vício Comercializado. A prostituição é fundamentalmente uma actividade feminina e, por isso, são predominantemente as mulheres que constituem os alvos das leis. Porém, a prostituição é mais combatida pelas mulheres do que pelos homens. Os homens são geralmente apoiantes activos da prostituição, cuja supressão está mais presente na agenda feminina do que na agenda masculina.
4.3. Ofensas Sexuais. Os homens (92%) envolvem-se muito mais em comportamentos sexuais ofensivos do que as mulheres (8%). Por isso, as leis sexuais são mais dirigidas para os comportamentos masculinos do que para os comportamentos femininos. Convém levar em conta que esta categoria é a que está mais sujeita às construções sociais dos actos sexuais inaceitáveis: a base sexista destas construções revela que a sexualidade masculina está sob forte vigilância legal.
A evidência empírica disponível parece contrariar seriamente a ideia de que os homens têm usado agressivamente o sistema legal como meio para suprimir a sexualidade feminina, embora o tenham historicamente controlado. É certo que algumas leis pontuais e específicas foram e são usadas para regular a sexualidade feminina, mas a maior parte das leis relativas ao sexo sugerem uma "clara indiferença" em relação ao comportamento sexual das mulheres: as leis são mais usadas para controlar a sexualidade masculina do que a sexualidade feminina. O conceito de que os homens usam o seu poder político-jurídico para fazer leis que restringem as mulheres, deixando os homens livres, é refutado pelos dados relativos às "prisões sexuais". Isto significa que os homens fazem leis sexuais para regular o comportamento dos outros homens e este mecanismo intramasculino pode ser integrado na teoria do controle feminino: ambos os géneros controlam o sexo através da regulação do comportamento sexual dos membros do seu próprio género. As mulheres utilizam a reputação, a bisbilhotice e outros controles para regular o comportamento de outras mulheres, e os homens recorrem às leis e a outras forças para restringir o comportamento de outros homens.
J Francisco Saraiva de Sousa

53 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Estou de luto: um dos meus melros morreu e estive a fazer-lhe o funeral. Agora a fêmea ficou sem macho: está viúva. Espero que atraia rapidamente outro macho. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Curiosamente, a teoria que tenho elaborado nos últimos posts recebe apoio empírico da blogosfera: Se "observarem bem", detectam que, sempre que surge uma mulher a participar na caixa de comentários de um blogue, os homens "presentes" começam a alterar o seu comportamento, restringindo os comportamentos uns dos outros, de modo a ver quem leva a mulher para o messenger com o objectivo de uma "queca". O mesmo se passa com as mulheres: rivalizam umas com as outras para saber quem seduz quem...

Outra implicação desta teoria tem a ver com a produtividade do trabalho e a cooperação: Qualquer entidade que empregue homens e mulheres corre o risco de ter a sua produtividade prejudicada. Exemplo: as escolas mostram que a crise da educação e a indisciplina podem estar associadas ao predomínio de professores do sexo feminino. É uma questão de boa gestão empresarial! :)

E. A. disse...

O Francisco é um ser extraordinariamente observador, porque eu não me apercebo desse sentido "quequiano" nas caixas de comentários.
Profissionalmente, concordo. Gosto muito mais de trabalhar com homens; apesar da tensão sexual e, eventualmente assédio, poderem existir e serem inibidores. E mulherio a mais, o caso da educação é sintomático, é antro de inveja e picardia. :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Oi Papillon

Ainda não enterrei o meu melro: gostava que ressuscitasse. :(

Apesar do luto, contimuo atento e tenho experiência de campo na matéria. A teoria começa a ganhar corpo: muitos mecanismos já foram expostos. Estudo agora o mecanismo de acesso às fêmeas... :)

E. A. disse...

«As mulheres utilizam a reputação, a bisbilhotice e outros controles para regular o comportamento de outras mulheres, e os homens recorrem às leis e a outras forças para restringir o comportamento de outros homens.»

Ah! Adorei!
Mas, não concordo com tal distinção. Acho que os homens se preocupam mais com a "reputação" das mulheres do que as próprias mulheres. (Reportando-nos nós, aos tempos modernos, claro).
Aliás, ente homens o que se fala muito é se aquela "vai com todos" ou se é mais selecta, protegendo desta maneira um futuro atraiçoado. :) Repare que entre mulheres protege-se mais esse aspecto: lembro-me das mulheres mulçumanas que têm de casar virgens e que vão, secretamente, fazer operações de reconstrução do hímen, sempre sob alçada de outras mulheres, porque de homens seria impensável!

E. A. disse...

Francisco,

Não me diga que têm aí consigo um melro morto! Agora com o calor, começa a cheirar mal! Desfaça-se dele... é assim a vida. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hummm... Papillon menina inteligente.

Um bom argumento esse das mulheres muçulmanas. Vou pensar nesse assunto: harém e controle feminino.

Sim, mas actualmente estamos a viver mergulhados na degradação das relações sociais: torna-se necessário recorrer à "patologia"...

Enterro amanhã: agora está na caixa perfumado e fora de casa, claro.

E. A. disse...

Ya Francisco, é comum os homens dizerem-me isso. Mas, pelos vistos, é porque sofrem de uma patologia "quequiana". ;)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os homens privilegiam relações a curto prazo, enquanto as mulheres se inclinam mais para as relações a longo prazo: os homens são mais promíscuos. Porém, raros são os que casam com mulheres promíscuas ou com reputação manchada pelas suas conversas: aqui está em questão a garantia da paternidade.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sim, os homens desejam quecas sem compromisso e, se as mulheres não os forçarem, raros são os que avançam para o compromisso.

E. A. disse...

O que é uma mulher promíscua? É difícil precisá-lo, hoje em dia. Daquilo que vou vindo a perceber dos homens é assim: querem uma mulher a longo prazo, sim, e fiel, e depois têm amantes, promíscuas ou não, tanto faz.

E. A. disse...

Os homens quando estão apaixonados, sofrem e desejam o eterno, como as mulheres.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A promiscuidade pode ser avaliada em função de vários critérios, um dos quais o número de parceiros sexuais. Estudos interculturais mostram que as mulheres são menos promíscuas do que os homens.

A revolução sexual desvaloriza os recursos femininos e talvez as mulheres sofram mais de solidão do que os homens e tendem a ser mais assexuais do que os homens. A revolução sexual é masculinização ou melhor homossexualização da vida sexual das mulheres: o modelo é masculino. Mas até mesmo as mulheres mais promíscuas procuram reter um homem em termos afectivos e de segurança. Exemplos são as mulheres casadas e com filhos e altamente, compulsivamente, adulteras. E, nalguns casos, os maridos sabem..., com efeitos de todos os géneros.

Lá pelas mulheres mudarem de parceiro sexual, isso não significa que sejam mais tipicamente femininas; pelo contrário, é um padrão atípico, quer queiram ou não, porque aqui o padrão é biologicamente determinado.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E escusado será dizer que essa elevada rodagem ou contabilidade sexual é um factor que perturba as futuras relações a longo prazo e causa muitos sofrimentos...

E. A. disse...

Não creio que as mulheres decidam, tendo em conta se estão a ser femininas ou não. O que interessa é serem felizes. Há mulheres "presas" a um homem e não são suficientemente satisfeitas, afectiva e sexualmente, e há outras mulheres com excelentes amantes e são profundamente infelizes. Penso que seja isso que interessa ou, pelo menos, que me interessa. :) Ter coragem de mudar quando é preciso.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Qualquer divorciado sabe que, se voltar a casar, o vínculo é mais superficial: a separação tem um elevado custo emocional. E à partida volta a casar-se com a ideia de que a relação pode ser breve: não investe tanto como na primeira relação. E as pessoas começam a ser menos alegres e felizes...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A felicidade não depende exclusivamente do sexo: o orgasmo contínuo é pura ideologia e o sexo não funciona como escape de todas as outras frustrações. Nesse caso, o sexo evapora-se numa imensa estatística... e as pessoas nunca estão satisfeitas e a autoestima é muito baixa.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E não há maridos presos a uma mulher que não amam? Sim, há muitos... e tb muitas justificações para tais sacrifícios...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Já viu que os homens tendem a não sentrir-se satisfeitos com os trabalhos sexuais das suas mulheres? Por vezes, gostam delas, mas em termos sexuais a coisa não funciona...

E. A. disse...

Sim, mas n é preciso casar e divorciar-se para perceber isso. O primeiro amor é intenso e se correr mal, formos traídos ou defraudados nas expectativas, a próxima relação será mais contida e calculista. É assim a vida. :) Mas acho que temos muita capacidade de amar; é só preciso sermos generosos e abertos a receber também. E fazer amor é muuuuuito melhor do que dar uma queca. Por isso, até é melhor estarmos apaixonados: inflaciona o prazer!

E. A. disse...

Sim, sei perfeitamente. Tenho muitos amigos homens e sei que sim. Por isso têm amantes. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sim, acredito no amor que é uma adição saudável... e existem diversos tipos de sistemas afectivos: o amor entre pais e filhos não é sexual. O amor pode transcender e transcende a esfera sexual, mas o amor sexual é o mais "completo" e fundamental para o paternal e filial.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Papillon

Olhe que as mulheres não são unidas e isso revela-se nas relações entre pares de namorados e as amigas dela (ou dele). Muitas provocam os namorados das "amigas" e estas são traídas pela suposta "melhor amiga". A rivalidade intrassexual é terrível...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Algumas já conscientes disso preferem amigos gay, mas nalguns casos podem surpreendê-los na cama. O mundo humano é demasiado complexo: devemos estar abertos às novidades e alterar as teorias...

E. A. disse...

Independentemente de se ser mulher, temos princípios: era incapaz de me meter com um namorado de uma amiga e não perdoaria que amiga minha fizesse tal. Ia namorado e amiga pró *******. :)))
Não faço parte de nenhum colectivo feminista. Acredito que as pessoas (homens e mulheres) podem superar-se a si mesmos serem fiéis e verdadeiramente amigos. :)

E. A. disse...

Mas, sim, a rivalidade entre mulheres é muito feia. :( Há muita inveja, muito ciúme, muita futilidade.
Mas, os bons amigos são dificéis de ter. Há que estimá-los. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ya, os amigos/as que temos são poucos, mas o que interessa é a qualidade, não a quantidade. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O próximo post será sobre economia sexual e violência conjugal. :(

E. A. disse...

Oi F.

Continuo doente e pior que ontem :(
Mas gostaria de fazer referência ao estudo recentemente publicado sobre violência no namoro, do qual a Helena fez o seu apontamento:
http://sociologavense.blogspot.com/2008/07/violncia-no-namoro.html

Parece que quanto mais as pessoas andam anestesiadas, mas necessidade têm de ter grandes descargas de energia. Já só percepcionam o grosseiro, as variações subtis escapam-lhes.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A violência é muito velha como a humanidade... A Helena desapareceu do mapa: deve estar zangada com alguma coisa.
Ya, o sol e o calor têm os seus inconvenientes... :(

E. A. disse...

Zangada? Pode estar apaixonada! :)

Não está em causa a antiguidade da violência, mas a sua permissividade num tempo em que já não deveria acontecer. Falo do ponto de vista feminino, que costuma ser o da vítima.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Papillon esquece que os jovens regridem a passos acelerados: uma geração da Idade das Cavernas. Já não são "humanos" mas "pitecos" grotescos... Vi o Diário de Notícias, não conheço o estudo, mas não apreende o fundamental: as diferenças de género.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

As metodologias utilizadas podem distorcer os supostos "dados", porque os portugueses, além de mentirem sistematicamente, revelam incapacidades cognitivas graves e são propensos a dar a resposta que julgam ser mais conveniente para si e aquela que está na moda. De resto, a violência é visível nas ruas e nos espaços comerciais...

A regressão cognitiva pode indicar uma perturbação mais grave: um cérebro escravo de impulsos "primitivos"... O problema populacional de Portugal é muito mais grave..., é um problema de saúde...

E. A. disse...

Se calhar tem razão: são "pitecos", mais animalescos e, então, gostam de fazer sexo forçado, como os outros machos para com as fêmeas no mundo selvagem.
«You and me baby ain't nothing but mammals, so let's do like they do on the Discovery Channel» :)))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Também estou "quebrado" hoje: tenho a cabeça exausta e farta do tempo... Puf

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A regressão é racional, emocional e social: a violência e a insanidade começam a estar na oredem do dia. Veja os tiros daí da sua zona... Se o Estado não combater a corrupção interna, perde autoridade e os portugueses avançam para a violência a todos os níveis: pense nos casos de homicídios mediáticos... :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E pense que algumas das leis que refiro aqui foram "abolidas" ou "suavizadas": a lei cria o crime e "elimina" o crime... Um bom exercício de pensamento!

E. A. disse...

Refere-se ao tiroteio da Quinta da Fonte? Os ciganos não se dão com os pretos. Lembro-me de ter colegas que moravam em bairros suburbanos problemáticos e nos contavam histórias semelhantes, quase diariamente. Só que desta vez alguém filmou. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Acabo de testemunhar mais um caso de mentira patológica: a pessoa em questão não compreende que é vítima de um cérebro doente e que o preço da mentira é o aceleramento de uma doença crónica. Eu não me interessa: Que morra!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O português típico é invejoso, mau, pouco criativo, macaco de imitação, mentiroso, emotivo e histérico, pouco responsável, carente de orgulho sélfico, enfim tudo aquilo que bloqueia o desenvolvimento de Portugal.

E. A. disse...

O F. serve-se muito de categorias clínicas, as pessoas ou são saudáveis ou doentes. Isso é muito tecnicista. As pessoas não são as doenças que possam ter ou não ter.

André LF disse...

Francisco, soube hoje que seu melro morreu. Também estou de luto.
Dostoievski dizia que a beleza salvará o mundo. Os melros, seres especiais e muito belos, são fundamentais à salvação do mundo.
Dedico a você e ao seu amigo melro dois sonetos de Antônio Barbosa Bacelar e Francisco Barbosa, dois grandes poetas portugueses seiscentistas:


A uma ausência

Soneto.

Sinto-me sem sentir todo abrasado
No rigoroso fogo, que me alenta,
O mal, que me consome, me sustenta,
O bem, que me entretém, me dá cuidado:
Ando sem me mover, falo calado,
O que mais perto vejo, se me ausenta,
E o que estou sem ver, mais me atormenta,
Alegro-me de ver-me atormentado:
Choro no mesmo ponto em que me rio,
No mor risco me anima a confiança,
Do que menos se espera estou mais certo;
Mas se de confiado desconfio,
É porque entre os receios da mudança
Ando perdido em mim, como em deserto.

Antônio Barbosa Bacelar (1610-1663)



A um rouxinol cantando.

Soneto.

Ramalhete animado, flor do vento,
Que alegremente teus ciúmes choras,
Tu cantando teu mal, teu mal melhoras,
Eu chorando meu mal, meu mal aumento.
Eu digo minha dor ao sofrimento,
Tu cantas teu pesar, a quem namoras,
Tu esperas o bem todas as horas,
Eu temo qualquer mal a todo momento.
Ambos agora estamos padecendo
Por decreto cruel do Deus Menino;
Mas eu padeço mais, só porque entendo.
Que é tão duro, e cruel o meu destino,
Que tu choras o mal, que estás sofrendo,
Eu choro o mal, que sofro, e que imagino.

Francisco de Vasconcelos (1665-1723)

André LF disse...

É sempre bom um pouco de poesia para acalmar os ânimos :)

André LF disse...

Papillon, espero que vc fique boa logo :)

E. A. disse...

Obrigada caro amigo paulista! Vou fazer por isso. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Oi André

Obrigado pelos poemas!

Papillon

Estou muito f---dido hoje! E procuro controlar-me; caso contrário, agrido certas pessoas!
Existem pessoas que prejudicam a saúde dos/as outros/as, que os/as contagiam... e mereciam ser punidas nos tribunais. :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Papillon

Existem pessoas que são apenas doenças ambulantes e perigosas: as compulsões são incontornáveis; reinicidem sempre nos mesmos erros; são meros erros. :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Imagine famílias infectadas devido à estupidez de um membro sexualmente promíscuo e predador!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Aliás, o homem é uma doença mortal; a antropologia é patologia; que venham os insectos ou os répteis! :(((

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

André

Ando preocupado com os melros e os outros pássaros: está muito calor e penso que foi o calor que o matou. Quando chegar a casa, vou refrescar o ambiente e renovar a água... Custa muito educar o animal, ele esperar que abrisse as janelas todos os dias para lhe dar de comer e vê-lo ontem morto. Terei que habituar o próximo...

André LF disse...

Francisco, é bem provável que o calor o tenha matado.
Sim, o homem é uma doença mortal.
Ando muito estressado ultimamente.
Para tentar prevenir uma falência psíquica, decidi visitar amanhã alguns parentes meus que moram no interior de São Paulo. É uma tentativa de fugir, mesmo que por alguns dias, deste caos paulistano.
Minha cidade está repleta de mazelas que me aniquilam rapidamente.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

André

O interior de S. Paulo é o interior do estado de S. Paulo: faz bem sair da grande cidade. Relaxe e aproveite o interior. Eu tb gosto de sair do Porto, mas por pouco tempo; fico com saudades da city: uma estupidez mas é verdade. :)

André LF disse...

Francisco, há muitas cidades interessantes no interior do Estado de São Paulo. Vou para Botucatu, cidade conhecida pela ótima qualidade do ar :)
Até a volta,
Um abraço!