terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Prós e Contras: As Finanças do País

Escolhi esta imagem de miséria para retratar o futuro provável de Portugal, porque hoje no Prós e Contras (30 de Novembro) seis convidados da área da economia debateram a situação das finanças de Portugal, sem terem verdadeiramente vislumbrado soluções sérias e consistentes para resolver todos os problemas sociais, económicos, políticos, judiciais, culturais e educacionais que atormentam o país: Jacinto Nunes, João Salgueiro, Augusto Mateus, João César das Neves, António Carrapatoso e Alexandre Patrício Gouveia. A crise estrutural generalizada que mergulha Portugal no abismo fundo e negro não é apenas uma crise económica, mas uma crise geral que exige uma ruptura radical com o sistema estabelecido depois do 25 de Abril: em vez de implantar e aprofundar a democracia, as classes dirigentes pós-25 de Abril - de todos os sectores da vida nacional - produziram um monstro devorador e corrupto que liquidou paulatinamente a democracia. De certo modo, todos os convidados estiveram de acordo quanto à necessidade urgente de introduzir rupturas, de modo a mudar radicalmente a sociedade portuguesa.
Augusto Mateus apresentou este debate como uma reflexão conjunta, embora os convidados não tenham alcançado um consenso de fundo, a não ser no que diz respeito à profundidade da crise e à necessidade de mudança de paradigmas. Portugal faliu como democracia e o futuro escapa-lhe das mãos. Os cidadãos portugueses e as empresas "tiram mais ao país do que lhe dão" (João César das Neves): os portugueses consomem o seu próprio futuro para viver uma vida de ilusão. Com esta expressão - "tiram mais do que dão", César das Neves responsabiliza todos os portugueses pela catástrofe (João Salgueiro) que o futuro próximo e distante lhes reserva: a sociedade de dependentes (António Carrapatoso) criada por um Estado paternalista - e corrupto - gerou uma massa de indivíduos que exigem direitos sem cumprir deveres. A democracia degradou-se completamente e a questão da justiça portuguesa (Jacinto Nunes) coloca na agenda pública o tema angustiante da qualidade da democracia. Devido à incompetência e à irresponsabilidade (Augusto Mateus), as elites do poder sediadas em Lisboa-asteca que governaram Portugal depois do 25 de Abril destruíram completamente o sistema de ensino e de educação, aboliram literalmente a cultura e o mérito, deixaram a justiça entregue a si mesma e aos seus devaneios autoritários, liquidaram o sistema produtivo, corromperam o sistema financeiro e o sector bancário, desencorajaram a verdadeira iniciativa privada - sem apoios estranhos e dependências suspeitas do Estado, governaram em função dos interesses particulares e não do interesse nacional, geraram uma massa de jornalistas incompetentes e de cidadãos-tolinhos, enfim, com a excepção do sistema nacional de saúde, empobreceram Portugal em nome de uma democracia que não se realizou plenamente. Portugal configurado pelas elites do poder nas últimas três décadas é um défice total. A democracia portuguesa nasceu morta e morta está!
César das Neves afirmou que o diagnóstico e a terapêutica da crise estrutural portuguesa eram conhecidos, mas algumas lacunas do diagnóstico - tais como a não realização da regionalização, a mediocridade visceral da comunicação social dominante e o reforço do centralismo asfixiante de Lisboa - e a definição da natureza da crise ou das crises revelaram diferentes perspectivas de diagnóstico. Jacinto Nunes não acredita na correcção do elevado défice por quebra da receita - acima dos 8% - até 2013, censurando os políticos por falarem muito e fazerem pouco. A lógica dos pulmões não é suficiente para colocar o país no bom rumo: Portugal investe mal, porque o investimento feito não gera empregos. João Salgueiro defende que a crise maior não deriva da crise internacional: o problema do país é gastar mais do que ganha ou produz. Com a entrada de Portugal na União Europeia, o excesso de despesa já não pode ser resolvido com o apagador - a desvalorização da moeda. César das Neves acrescenta o problema do endividamento, destacando o défice externo, a parte mais preocupante do défice público. No entanto, como está satisfeito com o diagnóstico, define o problema como falta de coragem para mudar. Portugal não cria riqueza (António Carrapatoso), porque tem implementado más políticas económicas (Patrício Gouveia). Os economistas e afins descartam-se da sua própria responsabilidade pela actual situação de sufoco que, como disse João Salgueiro, não pode ser prolongada: o único que reconheceu - de algum modo - a própria falência do discurso económico dominante foi Augusto Mateus quando caracterizou a crise como uma crise de irresponsabilidade, não só no sentido das políticas económicas terem alimentado o consumo e a protecção social, mas fundamentalmente no sentido de terem beneficiado ilicitamente os interesses particulares das classes dirigentes e de alguns grupos profissionais, entre os quais os economistas que capturaram todo o poder político.
O não reconhecimento desta captura do poder pela economia neoliberal e pelos seus gestores corruptos, isto é, a subordinação da imaginação política a interesses económicos particulares, conduz necessariamente à formulação de terapêuticas ambíguas e banais - algumas correctas mas nem por isso menos banais. Os economistas e grupos afins não podem acusar o Estado e os políticos por aquilo - a catástrofe, nas palavras de João Salgueiro - que ajudaram activamente a criar, com as suas engenharias financeiras estranhas e perigosas, como mostrou a actual crise financeira e económica: o discurso económico dominante - o fundamentalismo de mercado - é incapaz de resolver a crise que produziu. Todos foram unânimes: a solução é mudar o sistema que, na actual conjuntura nacional, gera mais desemprego e menos receita fiscal (João Salgueiro). Por sistema entende-se o modelo social europeu (João Salgueiro) ou o Estado gordo (César das Neves). A solução é fazer dieta, isto é, emagrecer o Estado (César das Neves) que os economistas ajudaram a engordar para escalar rapidamente a montanha social, instalando-se no topo. Ora, uma tal solução não rompe com o sistema neoliberal corrupto que tem sido ilicitamente prolongado no tempo: os ajustamentos duros a fazer (Augusto Mateus) consistem em mobilizar os portugueses para um conjunto de reformas ditas estruturais absolutamente regressivas ou mesmo perigosas, tais como a privatização dos serviços de saúde (César das Neves) ou a introdução de indicadores de qualidade (António Carrapatoso) - mais burocracia que favorece mais do que combate os poderes dominantes.
O apelo à mobilização geral dos portugueses pretende ser um apelo democrático. Segundo Augusto Mateus, a democracia facilita a busca da solução: aumentar a eficiência (Augusto Mateus) ou a competitividade (João Salgueiro) é realizar reformas estruturais urgentes - redução da despesa do Estado e tudo o que isso implica - para não estragar o futuro (Augusto Mateus), com o consentimento voluntário dos portugueses. Seja como for, o discurso oficial dominante exige sempre sacrifícios em nome de um futuro constantemente adiado: a tentação neoliberal apoderou-se dos economistas, levando-os a querer entregar tudo, incluindo o nosso destino, à economia e à iniciativa privada que, em Portugal, nunca foram capazes de criar emprego e riqueza. Fazer bons investimentos e atrair bons investimentos - sem as grandes obras públicas (Patrício Gouveia) ou com elas - ou construir um Estado ao serviço dos cidadãos (António Carrapatoso) são noções demasiado vagas e, por conseguinte, insuficientes para definir uma orientação estratégica para Portugal. O dilema com que se confronta o governo português - fazer a consolidação orçamental ou prolongar os apoios sociais (João Salgueiro) - ficou sem solução transparente à vista. César das Neves tem razão quando afirma que, em Portugal, ninguém quer saber da verdade, preferindo viver na ilusão. Porém, o recurso ao medo para estimular a mobilização dos portugueses é deveras angustiante, porque, no caso desta emoção se instalar no povo, devemos olhar para as Forças Armadas e procurar saber se elas estão preparadas para tomar conta do país. Mas há outra alternativa mais democrática: um acordo substancial entre o PS e o PSD, a última oportunidade dada a estes dois partidos políticos para "limpar" a corrupção que geraram e conquistar credibilidade política. Precisamos pensar antes de agir!
J Francisco Saraiva de Sousa

12 comentários:

Unknown disse...

Tava eu a chegar a casa qd ja tava essa bosta a dar aí à uma meia hora, mas deu pra ver q eram todos FEIOS COMÓ CARALHO!!!!
Fdx, n há paciencia pra quantidade de abutres especialistas da merda apocaliptica politico-economica.
Mas quem esses gajos pensam q são?? LOL, po caralho coeles - é so o q se me afigura dizer :P

http://www.youtube.com/watch?v=BS3QOtbW4m0

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, essa é outra falência que vou explicitar depois de almoçar! :)

Unknown disse...

lol, tb ainda vou almoçar :)
Antes de ir, vou à minha comuni e copiar pra qui link pro vd do Lucio Anarquista eheh

Unknown disse...

INFO:
Aitor Arregi, Jose Mari Goenaga, Spain, 93 min., Spanish, French, English
http://www.imdb.com/title/tt1082851/
http://www.lucio.com.es/
http://es.wikipedia.org/wiki/Lucio_Urtubia

(en) There are plenty of anarchists in the world. Many have committed robbery or smuggling for their cause. Fewer have discussed strategies with Che Guevara or saved the skin of Eldridge Cleaver, the leader of the Black Panthers. There is only one who has done all that, and also brought to its knees the most powerful bank on the planet by forging travellers cheques, without missing a single day of work in his construction job. He is Lucio Urtubia, from a tiny village in Navarra in North of Spain. Lucio, 75, now lives in Paris, still raising anarchist hell. Lucio has been protagonist and witness to many of the historic events of the second half of the 20th century. His family was persecuted by Franco's regime, he was on the streets of Paris for the phenomenon of May of '68, he actively supported Castro's revolution, he helped thousands of exiled people by providing false documents to them. But without a doubt, his greatest triumph came in the second half of the seventies. The press called him "the good bandit", or the Basque Zorro. He managed to swindle 25 million dollars from the First National Bank (now Citibank), to later invest the money in causes he believed in. Miraculously, he spent no more than a few months in jail throughout his career



Download: (1,75 Gb)
http://rapidshare.com/files/157587415/Lucio.part01.rar
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Aqui podem ver online
http://www.megavideo.com/?v=MOCRCMUY


:P

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Cansei-me do debate: o post está concluído! É preciso pensar antes de agir! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ui... só agora vi os palavrões! Quem usa essa linguagem é o tal homófobo que é pedófilo "panasca"! :(

Unknown disse...

quais palavrões?? ahah
a linguagem dos tecno-politicos e dos seus orgaos de manipulação mediatica é q devem ser repudiados pelo grau de mistificação e violencia q originam!!

“A linguagem normal recusa-se à expressão da violência, à qual não concede senão uma existência indevida e culpada. Nega-a, retirando-lhe qualquer razão de ser e qualquer desculpa. (...) A negação racional da violência, encarada como inútil e perigosa, não pode suprimir o que nega, como o não pode a negação irracional da morte. Mas a expressão da violência esbarra (...) com a dupla oposição da razão que a nega e da própria violência que se limita ao silencioso desprezo das palavras que se lhe referem. (...) Regra geral o carrasco não emprega a linguagem da violência que exerce em nome de um poder estabelecido, emprega a do poder, que aparentemente o desculpa, o justifica e lhe dá uma razão de ser. O violento é levado a calar-se, a instalar-se na sua covardia. Por seu lado, o espírito da covardia é porta aberta para a violência. Na medida em que o homem é ávido de castigar, a função do carrasco legal representa uma facilidade: o carrasco fala aos seus semelhantes a linguagem do Estado. E se as paixões o dominam, o silêncio em que se compraz dá-lhe o único prazer que lhe convém”. (Bataille, 1968: 168-169)


Vou sair um bocado. Na volta talvez ja tenha baixado por completo a comedia da moda

http://www.youtube.com/watch?v=XB0pGnzsAZI


Sou desconfiado qt à qualidade destes filmes AMERICANOS, mas, como no imdb dão quase 8 de nota, darei uma oportunidade ;P

ASTA 0/

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Acho que a chuva acalmou: vou tomar café! :)

Ok, o sistema é uma merda total!

Iacobus disse...

Nao sei se já tinham visto, mas aqui fica. Muito interessante, a meu ver:

http://www.youtube.com/watch?v=JpOB4xkpjgQ

Unknown disse...

Tiago,

sobre essa tematica ha ja uns anos q se fazem bons documentarios. Alguns, inclusive, postei no meu forum:


Food Inc, Surplus, Wee Feed The World, End Game(sobre o gang Bilderberg*) etc

Iacobus disse...

Por qualquer razäo desconheco esse seu fórum. Deixe aqui o endereco para ir espreitar.

E a questäo näo era a história já ser velha, mas q o caso em questäo é de agora. A questäo é q já duas grávidas perderam de facto os bebés após terem sido injectadas por essa droga, aí em Portugal, segundo consta. Achei interessante constatar. That´s all folks

E. A. disse...

ahah o "Sr." é um bocadinho nervosinho. ;)