segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sol Robbins: Even at Play

Adoro as pinturas e as ilustrações da vida social e urbana do meu amigo Sol Robbins, não só pela afinidade política que nos une na luta contra a exploração e a opressão, mas também e sobretudo pela qualidade estética da sua obra: a arte visual de Sol Robbins é arte política, no sentido de denunciar todas as situações de extrema pobreza que desumanizam a vida dos homens nas grandes cidades americanas. Todos os álbuns artísticos de Sol Robbins têm um mesmo título - Political Art and Visual Commentary, que, só por si, define as linhas gerais do seu próprio programa estético. O empenhamento político de Sol Robbins permite-lhe alcançar um ponto de vista privilegiado, a partir do qual pode observar a vida dos oprimidos nas grandes cidades e pintá-la com as cores do desespero: cada quadro ou ilustração retrata uma cena da vida quotidiana dos deserdados nas ruas e nos espaços devastados da grande cidade, sem perder de vista a totalidade social do sistema-feitiço que gera a pobreza, a miséria e a alienação. Símbolos americanos, tais como o dólar ou as marcas comerciais mais emblemáticas do colonialismo mundial americano, são usados para inserir uma cena particular da vida quotidiana urbana no seio da totalidade social que, englobando tudo e todos, nos oprime e nos nega uma vida sem angústia. A arte visual como comentário político de Sol Robbins requer do receptor algum conhecimento da vida americana: Sol Robbins orienta-o na tarefa de compreender o que contempla em cada um dos seus quadros ou ilustrações através de legendas, algumas mais detalhadas do que outras. (Conheço a vida de algumas figuras humanas retratadas por Sol Robbins: foi ele que teve a gentileza de me facultar informação adicional sobre um dos seus "prisioneiros". Mas não seremos todos nós prisioneiros das ilusões mesquinhas de um sistema que, além do nosso corpo, também coloniza a nossa mente?) A legenda fixa a obra a um determinado contexto histórico específico: a arte visual de Sol Robbins é história, mas não é prisioneira de uma história já feita, porque, à sua maneira, ela aponta na direcção da história que ainda está por fazer. É nesta sua capacidade de transcender o próprio contexto histórico do qual é um comentário visual que reside a função cognitiva da obra artística de Sol Robbins.

J Francisco Saraiva de Sousa

2 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

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J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sol Robbins conhece o Porto através das fotografias que lhe faculto e ele adora a beleza da cidade do Porto. :)