(Dia Mundial de Luta contra a Sida (1 de Dezembro de 2007): Leia o meu post A SIDA é uma Metáfora?. Em termos de epidemiologia, o conceito de grupos de risco deve ser tido em conta e bem compreendido, sem demagogia barata. É certo que a Sida contamina todos, mas existem grupos sócio-sexuais que, devido ao seu estilo de vida sexualmente promíscuo, entre os quais o dos bissexuais masculinos, facilitam enormemente o seu alastramento. O que está em causa e merece debate é a sexualidade compulsiva e predadora, contra a qual o uso do preservativo (sempre aconselhável) não é suficiente.) «Os refractários eliminam-se. Ou aplaudir e ser cúmplice, ou protestar e ser vítima». (Guerra Junqueiro) O novo programa da RTP1, em torno da figura heróica e profundamente humana de Mário Soares, de resto protagonizado pelo próprio, revelou, na sua primeira manifestação (29 de Novembro de 2007), mais um magnifico traço de Mário Soares: o seu gosto pela poesia e pensamento de Guerra Junqueiro, uma preferência que aparentemente espantou a jornalista do «Eixo do Mal», mais voltada para Fernando Pessoa e Samuel Beckett. Foi numa livraria de Paris que Mário Soares revelou esta sua vontade de ver Guerra Junqueiro recuperado para o pensamento português, após ter comentado algumas obras, em particular as de Victor Hugo e de Sade, ambas recheadas de belas ilustrações.
Como sou um dos poucos portugueses que admira verdadeiramente Guerra Junqueiro, aproveito esta ocasião para reconduzir os meus amigos e leitores online para alguns textos editados sobre esta ilustre figura nacional, os quais dedico ao «Grande Pai da Democracia Portuguesa»: Mário Soares.
Os textos são os seguintes: Guerra Junqueiro: Poesia e Filosofia, onde elaboro uma nova chave de leitura da obra de Guerra Junqueiro, Um Poema contra a Luso-Corrupção, onde deixo Guerra Junqueiro poetizar a nossa luso-corrupção, A Intencionalidade do Luso-Mal, onde recordo uma expressão feliz e sempre pertinente de Guerra Junqueiro, e Fim das Ideologias Políticas?, onde mostro que a linguagem deste republicano conserva o seu potencial negativo para retratar a actual sociedade portuguesa: a «ditadura do engorda». Estes textos foram editados neste blogue.
No blogue «CyberPhilosophy» editei, pelo menos, mais dois textos: Poesia do Sem-Abrigo na Era Digital e Regresso ao Lar: Desconstrução de Portugal. Estes últimos fazem parte de um projecto mais geral, a desconstrução da «mitologia nacional» que pretende apresentar-se como "filosofia especificamente portuguesa". O projecto está mais ou menos concluído, mas precisa de ser corrigido, tarefa que não suporto, pelo menos em relação aos meus escritos.
Anexo: Mário Soares disse que «Os Miseráveis» de Victor Hugo estavam na origem da sua sensibilidade pela causa socialista. Aqueles, sobretudo os mais jovens, que criticam o marxismo sem o conhecer, deviam ler também esta obra de Victor Hugo e, a seguir, «A Situação da Classe Trabalhadora em Inglaterra» de F. Engels, para compreenderem que a maior parte da população mundial deriva dessa classe humilde e pobre, até mesmo os nobres no seu tempo eram descendentes de "pelintras anónimos", cuja memória foi esquecida pela História. Muitas outras obras deviam ser lidas e relidas. O desconhecimento da história, enfim da historicidade e da temporalidade, pode ser interpretado como um traço esquizofrénico da identidade pós-moderna: o vagabundo. J Francisco Saraiva de Sousa