De todos os titulares do comentário político, apenas um se destaca pela sua excelência: António Vitorino. Os restantes são demasiado «alterados» em termos de temperamento e de pensamento político para serem dignos de merecer a credibilidade e a confiança dos portugueses. Contra esta luso-amostra de falsos candidatos a comentadores políticos, António Vitorino sobressai pela sua prudência, pela sua orientação política partidária mas não dogmática e alterável em função das conveniências, pela sua inteligência e sabedoria e pela firmeza simpática com que defende as suas posições.
Todas estas qualidades do comentador político chamado António Vitorino e dos seus comentários transparecem no programa semanal «Notas Soltas» (RTP1) e ficaram particularmente evidentes nas posições que defendeu nesta última segunda-feira sobre a Cimeira União Europeia/África.
De facto, nos últimos anos, o PS tem sabido gerir a sua imagem e conquistar a liderança política do país, devido em parte aos homens competentes que fazem parte das suas fileiras. E, também neste domínio, o PS parece não ter oposição credível: a oposição existente está completamente desorientada e, por isso, histérica. Esta desorientação denuncia-a: ela carece de ideologia política e, quando deteve os aparelhos de Estado, abusou do Poder, para gerir e garantir os interesses pouco políticos dos seus simpatizantes oportunistas. O PSD não tem ideologia definida e, por isso, saltita da social-democracia para o populismo, e o CDS simplesmente é uma contradição: a democracia cristã não é verdadeiramente uma ideologia política, mas uma maquinação para assaltar as almas e os corpos dos seus fiéis. É bom que os portugueses meditem nestes assuntos e não se afastem da política, porque abdicar da política é perder o direito de participar na esfera pública e mesmo perder o direito de reivindicar.
J Francisco Saraiva de Sousa
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