Aristóteles dizia e com razão que os olhos são as janelas da alma e actualmente a medicina mostrou como podemos observar o cérebro a partir dos olhos.
Por princípio, dado ter sido educado pela minha mãe a privilegiar a troca de olhares como via de acesso à leitura excelente dos comportamentos, das intenções e do grau de sociabilidade adequada ao momento, sempre utilizei o olhar e a sua expressão para analisar os meus interlocutores e as pessoas com as quais participo em interacções sociais. Desde bebé, tenho detectado que o olhar dos portugueses é social e psicologicamente pouco expressivo, o que parece indicar ausência de espírito e de competência social. Os portugueses não sabem ler os olhares e criar cumplicidades através de uma mera troca de olhares e, quando julgam estar a corresponder ao olhar, comentem frequentemente gafes comportamentais: a dissonância é total.
Esta dificuldade de perscrutar o olhar de outrem e, deste modo, estabelecer com ele um diálogo silencioso, constitui um sintoma de mau funcionamento da inteligência emocional e social e, em contextos complexos de interacção social, revela debilidade mental e cognitiva: a única expressão facial evidente, associada a respostas fisiológicas visíveis, que os portugueses exibem está sempre relacionada com a inveja e, infelizmente, os jovens portugueses já nem essa inveja sabem detectar, donde resultam muitos embaraços, incompreensões ou mesmo conflitos agressivos.
Temo que os luso-olhares revelem ausência de alma e que a sociedade metabólica dominante roube a condição de mortais aos portugueses, condenando-os a serem meros animais prontos a ser abatidos, como se abate gado nos matadouros.
J Francisco Saraiva de Sousa
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