Contra a intelectualidade medíocre dos nossos dias, é preciso reler Marx como pensador radical da Modernidade e relançá-lo nas lutas contra os novos obscurantismos. No «Manifesto do Partido Comunista» encontramos esta ideia magnífica: «Tudo o que é sólido se dissolve no ar». Esta ideia encontra-se inserida nesta frase:
«O que distingue a época burguesa de todas as precedentes é a alteração incessante da produção, o derrubamento contínuo de todas as instituições sociais, em suma, a permanência da instabilidade e do movimento. Todas as relações sociais imobilizadas na tradição, com o seu cotejo de concepções e de ideias, fixas e veneráveis, se dissolvem; aquelas que as substituem caducam antes mesmo de cristalizarem. Tudo o que tinha solidez e perdurabilidade esvai-se em fumo, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são forçados, finalmente, a encarar com olhos desiludidos as suas condições de existência e as suas relações mútuas».
Hannah Arendt leu e estudou bem as obras de Karl Marx e, no seu confronto corajoso com este pensamento superior, acabou por integrar os conceitos de Marx, que relidos, no espaço liberto da terrível experiência comunista ou mesmo da social-democracia reformista, podem voltar a adquirir uma nova vida, capaz de desafiar a ausência de pensamento e iluminar esta sociedade metabólica criticada por Arendt como decorrência natural do marxismo. Mas devemos ir mais longe e retomar a tradição que, na perspectiva de Arendt, termina com Marx. Só assim podemos continuar a zelar pelo passado, presente e futuro da Civilização Ocidental.
J Francisco Saraiva de Sousa
1 comentário:
karl Marx foi dos teóricos que mais estudei ao longo da minha licenciatura e devo dizer que foi aquele que menos gostei!
Hannah Arendt é bem interessante! Aconselho a sua obra "O sistema totalitário"
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