A corrupção é uma doença que devora a sociedade portuguesa, impedindo-a de caminhar numa direcção de desenvolvimento equilibrado, sustentável e justo e de aprofundamento real da democracia.
A herança fascista marca profundamente a vida social portuguesa e, com o 25 de Abril, surgem novas elites que promovem muitas mudanças sociais reais, mas sem mexer nas estruturas de decisão, de resto usadas pelos partidos, autarquias e governos para satisfazer as ambições das suas clientelas. Estas elites que invadem todas as altas esferas de decisão fecham-se e tentam barrar a mobilidade social e a igualdade de oportunidades, de modo a garantirem a sua perpetuação nas diversas esferas do luso-poder.
A sociedade democrática portuguesa, após 25 de Abril, é tão ou até mesmo mais fechada do que a sociedade autoritária anterior: o que as distingue é apenas um acréscimo significativo de incompetência, ignorância activa e corrupção que caracteriza essencialmente o sistema democrático português. Aliás, as elites anteriores nem sequer foram seriamente abaladas e destituídas, mas reintegradas e refeitas pela democracia fascista portuguesa.
Quando assisto a programas da televisão portuguesa e ouço os luso-burricos a dizer barbaridades da democracia mais antiga e sólida do mundo, a democracia americana, fico perfeitamente esclarecido sobre os mecanismos motivacionais que determinam os luso-comportamentos desses crápulas que «ladram» como se fossem alguém, quando na verdade, como diria Gil Vicente, não são ninguém. São indivíduos dotados de uma mente doente e cobarde que negociam entre si esquemas maldosos e perversos para destruir a vida de outros que pretendem lutar e trabalhar por um país verdadeiramente democrático e solidário.
Os luso-burricos conspiram contra a competência e, inventando genealogias sociológicas e outras do género, fazem-se passar por «gente importante»: gente de influência, inserida numa rede de conexões que fomenta a cunha em vez da competência. Estes seres reduzidos não olham a meios para atingir os fins e, uma vez estabelecidos, bloqueiam tudo à sua volta, de modo a evitar serem confrontados pela sua má-consciência. Eles são simplesmente mentes criminosas e é como tal que devem ser julgados e condenados, com as penas que prontamente defendem contra os supostamente criminosos. A banalidade do mal não é coisa apenas do passado, dos campos de concentração nazis, mas uma realidade viva na democracia portuguesa.
Infelizmente, os portugueses não são demasiado curiosos e corajosos para contemplar a realidade de frente e lutar por um outro princípio de realidade: as pseudo-elites nacionais tratam-nos como «cães» e eles pouco fazem para mudar a sua situação, e, quando têm oportunidade, imitam os seus «donos», perpetuando o sistema de luso-corrupção. Dizem que a mortalidade iguala todos os homens, mas o que iguala efectivamente os portugueses é a sua profunda estupidez activa: o horror pelo conhecimento e por tudo o que seja distinto.
J Francisco Saraiva de Sousa
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