Hoje (27 de Junho de 2008) este blogue festeja o seu primeiro aniversário, juntamente com o seu irmão gémeo "CyberPhilosophy": Feliz aniversário "CyberCultura e Democracia Online" e "CyberPhilosophy"! E obrigado a todos os ciberamigos/as que os frequentam e que os enriquecem com os seus comentários. Os meus blogues têm sido ao longo deste último ano a minha casa virtual, cujos quartos "CyberBiologia e CyberMedicina" e "NeuroFilosofia" partilho com todos aqueles que a visitam. Sobre a casa Gaston Bachelard escreveu: «A casa é uma das maiores forças de integração para os pensamentos, as lembranças e os sonhos do homem. Nessa integração, o princípio de ligação é o devaneio. (...) Sem ela, o homem seria um ser disperso. Ela mantém o homem através das tempestades do céu e das tempestades da vida. É corpo e é alma. É o primeiro mundo do ser humano. Antes de ser "jogado no mundo" (...), o homem é colocado no berço da casa.»
A minha casa virtual tornou-se, com o decorrer do tempo, um espaço de ligação e de diálogo, onde emergem pensamentos, lembranças e sonhos diurnos, por vezes numa blogosfera adversa e pouco preparada para os sonhos de um mundo melhor. Tal como as casas literárias de George Spyridaki e de René Cazelles, a minha casa virtual é de tal modo dinâmica que permite a todos os que a frequentam habitar o universo: as paredes foram abolidas e nela é possível curar a claustrofobia. A minha querida amiga Denise dedicou este post ao primeiro aniversário dos cybergémeos: Parabéns Gémeos. E agradeço ao blogue "Aniversário de Blogues" por me ter recordado deste acontecimento. J Francisco Saraiva de Sousa
65 comentários:
Bom dia!
E Muitos Parabéns pelos seus blogues que se tornaram, para mim, um pouso virtual:
«The world is so empty if one thinks only of mountains, rivers and cities; but to know someone here and there who thinks and feels with us, and though distant, is close to us in spirit - this makes the earth for us an inhabited garden.»
Goethe
E uma nota, não menos importante:
«Do not forget! – The higher we soar, the smaller we seem to those who cannot fly.»
Nietzsche
Bom dia Papillon!
Obrigado pelas advertências de Goethe e de Nietzche. E pela sua presença neste "pouso virtual". :)
Muitos parabéns, querido F.!
Gosto muito de o visitar nesta sua casa tão acolhedora e de ir espreitando os quartos que tão generosamente connosco partilha. Gosto de me demorar nela, ainda que por vezes tão caladinha.
Mantenha os gémeos, ainda que seja dose dupla de trabalho. Mas compensa sempre muito. Falo por experiência própria ;)
D
Olá Denise
Obrigado e espero que já esteja liberta para a blogosfera... Afinal, as casas virtuais ligadas entre si trazem mais conforto do que as casas reais habitadas por fantasmas. :)
Como afirma o Le Corbusier: «La maison est une machine à habiter». Dispenso espectros e outros que tais ;)
Entretanto, acredito que começo a estar em condições para regressar. Neste dia de festa, ofereço-lhe isto:
http://rabiscosegaratujas.blogspot.com/2008/06/parabns-gmeos.html
Para que eu me recentre no meu regresso, o Francisco sabe dizer qual o melhor antídoto para a produção anómala da oxitocina?
Obrigado Denise: já linkei este seu post cheio de amizade.
Não pensar muito em certas coisas e tomar consciência profunda de que, nesta breve vida, o que interessa é a nossa própria serenidade.
Sim, a casa é o nosso castelo exterior no qual habitamos no devaneio. :)
Os efeitos desse neurotransmissor da confiança são controlados pelas hormonas sexuais: há também nesse aspecto uma diferença sexual entre homens e mulheres. A confiança feminina leva-nos à "casa"; a do homem à vida tribal. É preciso saber viver com a diferença: é a vida! :)
Estou a aprender, F., estou a aprender ;)
Tenha um dia muito bom!
Vou fazer por isso, isto é, refrescar-me porque está muito calor. Também lhe desejo um dia feliz e, tanto quanto possível, fresco. :)
Estou confuso...:(
Mas então porque lhe deixei os parabéns há algumas semanas ?? Era o aniversário doutro blogue seu ??
Adiante, que para o seu trabalho não há felicitações em demasia. Parabéns, pois !
Abraço.
Manuel
Obrigado.
Acabei de ouvir o PM José Sócrates avançar com uma boa ideia: renovar a arquitectura escolar e fazer das escolas um "festival de arquitectura". Novos espaços construídos na direcção de um mundo melhor!
Até parece que o PM, quando tem tempo, vem aqui à casa virtual em busca de um novo sonho diurno! Se ele mudar a linguagem e começar a sonhar, pode conseguir derrotar as oposições. Afinal, é do Partido Socialista! :)
PM à parte, estou a ver a arquitectura da minha escola em forma duplicada. Ontem os meus colegas atascaram-me com uma sangria poderosa; hoje os meus alunos de Leste trouxeram vodka e umas garrafas manhosas para celebrarem a última aula do nível 3e a turma da minha colega de Inglês acaba de me chamar para um brinde com um Porto colheita não sei da quantas!...
Não estou habituada ao álcool...
Manuel,
Os parabéns que deixou há umas semanas eram a antecipação da festa de hoje. O F. e os seus estagiários não brincam em serviço! ;-)
Francisco, parabéns pelos seus blogues!
Num mundo obscurecido pela burrice reinante, é um alívio encontrar locais como este no qual aprendo muito e debato com amigos especiais.
Ultimamente ando sem tempo para as atividades de que mais gosto, entre as quais destacam-se a leitura, a escrita e o debate :(
Consumo a minha energia lutando pela vidinha, num reduto de parasitas chamado Brasil. Aqui não há espaço para a inteligência e para a poesia. País de ogros.
Seu blogue nos mostra que ainda há vida inteligente na Terra :)
André
Obrigado. Em Portugal, as coisas também não são muito melhores: os encarnados, agora aliados ao anões de Guimarães, tentam corromper a UEFA. Perdem e, no entanto, querem vencer com truques e crimes de secretaria.
Denise
José Sócrates disse que vai investir na arquitectura escolar. É bom porque o espaço interfere com a aprendizagem. :)
Como professora, julgo de importância capital um reinvestimento nos espaços interiores. As salas das escolas por que passei estão em péssimo estado e o esquecimento votado aos aparelhos multimedia é vergonhoso. Há luz, o que é óptimo, mas o espaço mantém-se abafado e estruturado de forma muito tradicional.
Concordo com a organização em blocos/pavilhões, mas já dei aulas em escolas de edifício único e sempre funcionou tudo muito bem. O risco que prevejo é apenas o do barulhos infernal que as criaturas adolescentes conseguem produzir.
Em termos exteriores parece-me que tem havido um redobrado interesse aproveitado, depois, e muito bem, pelos CEFs de Jardinagem.
Estamos no final do ano lectivo e eu estou exausta.
Denise
Espero que não se invista nesse modelo de escola/blocos/pavilhões. Seis escolas do Porto e de Lisboa já estão a ser recuperadas. São escolas de arquitectura do Estado Novo e acho essas escolas mais adequadas para o ensino. Aliás, devia-se recuperar as designações clássicas e abandonar esta nova terminologia: as escolas precisam ser efectivamente escolas.
Francisco,
Admito que em termos estéticos as escolas do Estado Novo são muito atraentes. Em termos funcionais já não boto faladura. Não sei. Sei, apenas, que fico no fim do dia com a cabeça cheia de ruídos com a gritaria dos gaiatos.
Preciso de pensar e não encontro sossego no meu próprio pensamento... Há viagens para a Lua?
Denise
Fui até ao Castelo do Queijo passear e depois estacionei um pouquinho na Casa da Música toda iluminada e espectáculo exterior. O Porto é festa todas as noites.
Viagem para a Lua? Só na imaginação! :))
Ui os "gaiatos" deviam levar um par de estalos e aprender a apreciar a vida e a vivê-la sem gritaria! Sem disciplina não há educação!
Eu já estive no Porto e senti-me muito sozinha. É uma cidade muito bonita mas ali não construí a minha história pessoal, não tenho ali memórias nem afectos e por isso é-me estranha.
As pessoas são muito simpáticas, os Clérigos dão-me vertigens, o metro é espaçoso, iluminado e arejado, na baixa as pessoas são sorridentes, estive no museu da arte contemporânea, em várias bibliotecas, detestei o campo de touros com que se parece a Fac Letras.
Mas isto de visitar o Porto sozinha é muito aborrecido. Não gosto muito de ir a sítios novos sozinha.
Sim, F., mas a disciplina não se consegue, necessariamente com um bom par de estalos. Se bem que com os meus gémeos a mão me escorregue mais vezes que eu própria gostaria...
Sim, sozinho numa cidade sem amigos é difícil descobri-la.
Os portuenses valem o que valem: tal como os restantes portugueses, são pouco inteligentes, deixam a realidade escapar à comprensão, não são os melhores amigos da cidade, por vezes, são grosseiros, etc. Mas esse é um problema nacional: a juventude portuguesa está perdida e assusta. É demasiado ignorante, malcriada, irresponsável, indisciplinada e um terrível buraco negro sem futuro. Penso que Portugal vai regredir mais na escala do desenvolvimento. :(
Eu tb não estou optimista em relação ao futuro, tendo em conta o que observo na actual juventude. No então não o creio assim tão negro como o Francisco faz questão de acreditar.
Os jovens de hoje sofrem de um mal terrível: solidão. Os pais trabalham e eles abandonam-se por casa. Perdem-se em referências múltiplas: televisão e internet sem vigilância.
Eu sou uma mãe muito severa porque me assusto com o que observo na escola. Mas há coisas que se nos escapam e, mesmo assim, nós adultos, não podemos desistir de reorientar futuro que agorinha mesmo se está a construir...
No norte, e no Porto, as pessoas parecem-me mais simpáticas. Os rapazes tb são mais atrevidos e até impulsivos. Mas também os mais originais nos piropos às raparigas. Aquele Poeta de que falei no meu post sobre o beijo era um moço do norte e mesmo sem saber o nome dele nunca mais o esqueci :)
Eu gosto da vossa pronúncia. Mas também gosto da nossa cá de baixo.
Portugal é um país muito rico. Eu gosto dele e por ele pugnarei.
Sim, lutar sempre: eu também luto. O que me preocupa é a violência nas escolas entre alunos, o excesso de bebida e a droga.
Então, aí em Portimão andam aos tiros? Além dos tiros aos semáforos, deram hoje 6 tiros, dois dos quais atingiram o pavilhão onde tinha jantado José Sócrates?
Aqui cantavam Porto, Porto, Porto: a vontade de agredir está na ordem do dia. Sempre disse isso aqui neste blogue... Basta pensar na violência incendiária do Benfica! Está impune... :(
Portugal seguiu um mau caminho depois do 25 de Abril: os portugueses tornaram-se burrecos, corruptos e perigosos.
E o que dizer da imunidade que Berlusconi aprovou para se proteger dos chamados "magistrados vermelhos" e evitar ser condenado por corrupção?
Esta é a nova Europa, a que se foi estabilizando após a Segunda Guerra Mundial! Corrupta e oligárquica/cleptocrática! O mesmo se passou em Portugal nestes últimos 30 anos após a revolução!
Por isso, estamos a viver uma crise total. (Viu a professora agredida pela mãe de aluno aqui no Porto: novo caso...) :(
No blog "Aniversário de Blogues", os meus queridos amigos tinham escrito estas palavras amáveis, que passo a reproduzir:
Elsa wrote:
Parabéns ao melhor blog da blogosfera!
André LF wrote:
Em meados de Janeiro, estava a procurar textos sobre Arnold Gehlen, no Google. De repente, fui transportado a este espaço virtual grandioso no qual reina uma completa liberdade de opinião e uma amizade que ultrapassa fronteiras.
Tornei-me, desde então, assíduo freqüentador do Cybercultura e admirador dos amigos que dele participam.
Vida longa a ele e ao Francisco!
Um abraço do amigo brasileiro,
André.
Fernando Dias wrote:
Como tudo o que existe tem o seu começo, felicito o Francisco quando o seu blogue completa um ciclo existencial, medido pela mesma bitola da nossa vida. Associo-me solidariamente a este aniversário e desejo uma boa e saudável longevidade.
É um grande privilégio usufruir o talento, a fecundidade do seu trabalho e a sua imensa generosidade. É interessante assistir à prucura de novos conceitos na arte de filosofar, numa altura em que se vislumbram profundas mutações e transformações.
Por isso, numa ocasião tão especial e significativa, os sentimentos exprimem-se com afectos genuínos.
Um abraço do F.Dias
Manuel Rocha wrote:
Claro que está de parabéns. Sempre esteve. Pela qualidade do trabalho, pela inusitada produtividade ( embora eu continue convencido de quem tem aí um regimento de estagiários … e pela disponibilidade com que a complementa nos comentários.
Não sei se a Internet é fantástica. Mas sei que o Francisco tem feito a sua parte para que o possa ser.
Abraço duplo.
Denise wrote:
Junto-me à festa para brindar o 1º aniversário do CyberCultura e Democracia Online!
Descobri-o casualmente graças a uma pesquisa específica num motor de busca. Aportei. Gostei.
Nem sempre, quase nunca, estamos de acordo. Mas gosto de ler e conhecer os argumentos de quem opina de forma diferente de mim. Faz-me crescer.
O seu blogue é também um espaço de afectos e tem-me enriquecido também emocionalmente.
Admiro-lhe a produtividade incansável, o arrojo, o espaço democraticamente aberto nos comentários, o sentido de humor.
Virtual ou não, o seu blogue mudou a minha realidade. E eu estou-lhe grata.
:-*
Francisco wrote:
Obrigado e um abraço para todos os meus amigos. E um beijo para as meninas. :)
Também venho felicitá-lo pelo espaço de abertura que mantém na ciberlandia :)
Trago-lhe 2 presentes, talvez já esteja servido de algum, mas de onde os trago aceitam trocas e devoluções:
http://www.edge.org/
http://intelectu.com/arquivo.html
Parabéns ;)
Caro (Z)
Obrigado pelos presentes: fui atraído pelo membro amputado/fantasma e a dor que provoca. Porém, não vejo como a filosofia anglosaxónica possa iluminar esse fenómeno, porque é muito pobre em termos de conteúdo. Já não tenho paciência para "discutir" frases e orações... :)
A mudança de rumo impõe-se e precisamos olhar para o mundo de outra maneira: todo o mundo real está fora dos textos e é esse fora que interessa mudar com novos conceitos.
André
Hoje coloco-lhe um desafio: o de editar aqui um texto sobre Miguel Torga, já que se trata de um dos seus autores preferidos. Como já lhe tinha dito, conheço mal Miguel Torga e penso que não sou o único.
Tarde e más horas quero também associar-me aos votos de parabéns ao Francisco.
Aqui vai um grande abraço de felicitações do vagabundo, devasso, vadio…
Fernando Dias
Obrigado Fernando Dias.
Pensei que estivesse de férias. Hoje vamos ter mais calor. :(
Bom dia, amigos!
Francisco, seu desafio está aceito. Necessito, porém, de tempo para escrever um texto sobre Torga, pois ando sobrecarregado :(
Sempre que tenho uma brecha nos meus afazeres, mergulho no Diário e em outros textos deste grande autor. Depois de conseguir formar uma visão panorâmica sobre a sua obra, escreverei o texto.
Novamente parabéns pelo blogue :)
André
Como está muito calor, resolvi "esplanar" e reler uma tradução brasileira de Bachelard: não é má tradução, mas a construção quebra a filosofia. Critico essa aspecto das traduções brasileiras: deixam escapar a subtileza filosófica. Tive de recorrer ao original para repor a filosofia. Só edito o post no próximo mês!
É verdade, aqui em Portimão alguém se lembrou de demonstrar o seu descontentamento com o PM soltando alguns tiros para o ar.
Mas portimão não é uma cidade violenta nem perigosa. Ou, pelo menos, não é mais violenta nem mais perigosa que antigamente. Hoje em dia sabe-se mais do que vai acontecendo por aí grassas à divulgação dos mass media.
A ignorância dos portugueses pós-25 de Abril é mais preocupante que a de antes-revolução, porque se antes era uma ignorância mantida pelos agentes governativos hoje é uma ignorância cultivada pelos próprios cidadãos... :-(
Quanto ao grande Torga, dediquei a si e ao André dois poemas ali no espaço dos meus comentários ;-)
"grassas"!!!! Que vergonha! :D
*graças, pois
Acontece e logo hoje com tanto calor: gosto de sol mas não de temperaturas muito elevadas.
Já fiz um post sobre a poética de Bachelard mas só publico no dia 1.
A leitura de Bachelard faço-a em língua original, como nos restantes autores. Tenho pena de não saber alemão. Sinto, sei, que fico a perder muito com isso...
Porto é uma festa contínua. Hoje deve ser S. Pedro...
Olá,
Peço desculpa mas não percebi: "fui atraído pelo membro amputado/fantasma e a dor que provoca".
Como já disse sou um leigo na matéria, embora me interesse bastante, a The Edge foi-me sugerida porque de vez em quando publicam ou dão ligações a artigos às neurociências e afins, como a mais recente que lá encontrei
" THE SINGULARITY: A SPECIAL REPORT ", foi com essa intenção que a sugeri também; como não estou muito dentro da área, não tenho certeza, mas dá-me ideia que os anglo-saxónicos têm avançado muito nas pesquisas deste campo, mas talvez seja uma impressão consequente da espectacularidade que dão à investigação científica..
Concordo com último parágrafo do comentário.
(Z)
Havia lá alguns textos sobre a dor fantasma: referia-me a isso.
Mesmo no plano científico, existem lacunas grandes: o conhecimento parece avançar mas sem o resultado esperado. Daí o espaço de manobra da filosofia...
Denise
Diga ao Manuel para editar, porque já chega de "preguiça". :)
Hoje é o fogo da Afurada. Diverti-me imenso a comentar as pessoas: está tudo obeso!
Amigos, especialmente o André, que medita Torga.
Temos um novo amigo, o (Z), que deixou no post sobre a utopia arquitectónica de Bloch
"um texto que tem mais de 100 anos (de Raúl Brandão), e que pode ajudar a relativizar temporalmente o problema de fundo" (a corrupção):
"De forma que o homem vive sozinho. O que o obriga a ser justo e grande? A educação? o exemplo? A educação ensina-lhe a guerra; pedaços de ciência fazem-no balofo e seco; e o exemplo mostra-lhe o triunfo dos habilidosos, dos que se curvam e transigem, sabendo ameaçar ou recuar conforme a ocasião; dos que alijando os preconceitos — coração, ilusões, sonho — ficam mais lestos para um combate sem tréguas. A pobreza parece-lhe a desonra, porque vê sempre o pobre desprezado e calcado; o amor uma irrisão e procura um casamento rico; o sacrifício uma tolice. Só teme a valer a cadeia e a pobreza. Depois a luta pela vida é aspérrima. Este moço aspira a tudo e tem na sua frente uma multidão compacta, que lhe barra os lugares. O triunfo de quem é? Dos que calcam para passar, sem que haja gritos ou blasfémias que os detenham. Os menos audaciosos ou os mais honestos afundam-se. Não há energia que resista à luta miudinha de todos os dias — se se tem coração. Embota-se a vontade, gasta-se a ambição, e em torno os que adularam ou calcaram sobem, trepam, com risos desdenhosos e ares de protectores. É por isso que quase todos os rapazes, que até aos vinte anos reclamam justiça e se revoltam, começam, depois, curvos e submissos, a entrar no grande rebanho. Soa a hora trágica da vida, Pesam-se as coisas. Começa-se a ver que o que vale na terra não é o talento nem o trabalho. Para se vencer assim era preciso ser-se um herói ou um santo; gastar-se a existência para se conseguir o que um imbecil alcança numa hora, cortejando e dobrando-se. Principia-se então a ser o quê? Charlatão. A vida é uma comédia. Toma-la a sério para quê — se ela é feita de nulidades, de coisas vãs ou ridículas?"
(in O Padre - 1901, Raul Brandão)
Bom texto! Obrigado (Z).
Aliás, os nossos escritores dão um bom retrato do carácter nacional.
Podiamos reunir esse material, com a ajuda de todos (trabalho colectivo), e editar. Sei que existem uns estudos nesse sentido, mas não atingem o alvo, porque não conseguem a distância suficiente para captar o âmago da luso-alma. Falta de objectividade é um traço nacional! :)
Também gosto de R Brandão, ainda que lhe reconheça uma amargura de que n sou adepta. Em pensar a humanidade sou mais queirosiana...
Reclamo, igualmente, da ausência do meu Vizinho. O F tem o seu contacto, certo? Aperte com ele!
Em vão os meus incentivos... :-(
Torga reflectiu sobre a portugalidade. Pessoa tem o seu famoso De Portugal. Eça é imprescindível. Há ainda toda a geração neo-realista.
Lá no Porto não me pareceu que as pessoas fossem obesas! Olhe, tb eu estou em festa: perdi 2 kg, cheguei aos 48! Iupiiii!!!!
Exacto temos muita coisa, mas era necessário repensar a portugalidade e abri-la ao futuro: inflectir de rumo ou de direcção.
(Vou ver se aperto com o Manuel. :))
Denise
As pessoas podem não ter bons genes mas comer como comem nas praças da alimentação tem com efeito a dilatação da gordura: metabolismo degradado. Ainda por cima só se deslocam de carro: não fazem exercício e não gozam a city. :(
Conhece a obra de Baptista-Bastos? Lisboa como metonímia da nação e da própria humanidade.
André, envie-me se puder e quiser o seu contacto electrónico. Redigi uns ensaios sobre Miguel Torga que gostaria de partilhar consigo ;-)
Sim, a malta que circula pela city do Porto não é toda da city: os ingleses bebem, bebem, bebem, e muito urinam, suponho. :)
Prefiro estudar a Lisboa saloia; penso que reside aí as causas do nosso atraso.
Agora, o verão tb n ajuda. Andar a pé é sufocante. Junte-se-lhe a isso o chamariz dos batidos, dos crepes, dos gelados.
Eu sou teimosa e chegarei aos 45 quilos (dos 40 já desisti...) ;-)
Junto ao mar a temperatura está boa; aliás, refrescou à noite. Eu gosto de andar pela city e pela praia e/ou Douro.
Sim, mas o B-B parte precismante da Lisboa saloia, das memórias dos tempos em que viveu. Tudo isso obriga-nos a pensar nas mudanças que entretanto se operaram, no nosso próprio país pós-25 Abril, na revolução que há po fazer. Na humanidade, na tendência para o agrupamento em manadas, : rectidão e lealdade para com as suas próprias convicções.
Se um dia eu regressar ao Porto, o Francisco leva-me a passear e mostra-me a cidade pela sua perspectiva ;-)
Ui não digo o meu peso; ainda pensava que eu era gordo quando não sou. Sim, também neste aspecto há uma diferença sexual, ligada á leptina...
No Porto comi um arroz de feijão de que nunca mais me esqueci! Delicioso!
Não o imagino gordo. Como sabe, tem a sua foto escancarada na porta da sua casa virtual. Se é pesado é porque é alto e bom de ossos ;-)
Ok, a minha perspectiva da city é gira, embora por vezes entre em ruas desconhecidas e aprendo a vê-las. Gosto da arquitectura do Porto e os seus telhados vistos da Ponte D. Luís cativaram-me de vez. Por isso, cá habito a Invicta. :)
Dispenso que me leve por ruas desconhecidas. Pelo que sei, no Porto há muita violência e disso eu não gosto nada nadinha!
Sim, a comida e a doçaria do Porto são boas. Também sei esses caminhos a percorrer ao longo da noite para saborear esses doces. Mas tudo isso "engorda" mas é bom...
Não estava a falar de doces, mas não me proíbo a um de vez em quando ;-) A Ponte D. Luís parece-me uma excelente sugestão!
Boa noite F.
Hoje vou sonhar com os telhados da sua Invicta!
Essa da violência não é verdade: nunca fui atacado ou roubado no Porto. É evidente que há sítios que devemos evitar, mas com um conhecimento local nada nos acontece. Referia-me às ruas que não conheço: é difícil conhecer o Porto.
Ok, bons sonhos; ainda vou sair... :)
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